EXTENSÃO DIALÓGICA PARA CO-CONSTRUAÇÃO DE UM PROJETO DE COZINHA SOLIDÁRIA NO BAIRRO DA GLÓRIA.

Publicado em 19/02/2025 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
EXTENSÃO DIALÓGICA PARA CO-CONSTRUAÇÃO DE UM PROJETO DE COZINHA SOLIDÁRIA NO BAIRRO DA GLÓRIA.
Autores
  • Lucas Cariboni Fontaine
  • MARIA DE LURDES COSTA DOMINGOS
Modalidade
PRÁTICAS EXTENSIONISTAS - ações educativas, sociais, assistenciais ou de caráter artístico-cultural resultantes das trocas e compartilhamento de conhecimentos e experiências a partir do envolvimento entre comunidade, estudantes e professores, com uma perspectiva transformadora e formadora/reveladora de saberes.
Área temática
TERRITÓRIO, BIODIVERSIDADE E ECOSSISTEMAS - Os territórios são mais do que espaços geográficos; são lugares onde vivemos, interagimos e moldamos a vida. Eles influenciam nossa relação com a terra e uns com os outros, em um constante processo de negociações e disputas, mediado por uma variedade de agentes e movimentos que buscam afirmar suas identidades e pertencimentos. Neste desafiador contexto, torna-se evidente a necessidade de refletirmos sobre nossa conexão com a natureza e a responsabilidade que temos como habitantes deste planeta.
Data de Publicação
19/02/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2024/966598-extensao-dialogica-para-co-construacao-de-um-projeto-de-cozinha-solidaria-no-bairro-da-gloria
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Extensão, Cozinha Solidária, Rodas de Conversa, Canvas, Dialógica
Resumo
Na Extensão Universitária buscamos dialogar com a sociedade de maneira articulada com o ensino e pesquisa para desenvolver ações e projetos de maneira colaborativa junto com pessoas que vivem e convivem num determinado território. Orientados pela bússola da Extensão, que nos aponta a direção, através da sensibilidade das possibilidades, afetos e atravessamentos que as trocas com o território implicam, chegamos em uma das duas maiores favelas de Petrópolis, no Morro da Glória. Nessa chegança, conhecemos três forças comunitárias mais expressivas, a Associação de Moradores, o coletivo de mulheres Juntos Somos Mais Fortes e o movimento Correas Sustentável, envolvidos em dois projetos interligados: uma horta comunitária e uma cozinha solidária. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome define cozinha solidária como uma tecnologia social de combate à fome, definida como uma ação organizada de iniciativa da sociedade civil destinada a produzir e ofertar refeições gratuitas para grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica e insegurança alimentar, incluindo populações em situação de rua. A horta comunitária no Morro da Glória já estava em curso, e propõe que parte de sua produção seja usada numa cozinha solidária, ainda em processo de planejamento e onde concentramos nossos esforços. Assim, fomos mobilizados pelo propósito de co-construção de um projeto de cozinha solidária emancipada e independente naquele território. Nos organizamos com as três forças comunitárias, especialmente com o coletivo de mulheres Juntos Somos Mais Fortes, que surgiu na pandemia através de moradoras que se organizaram para cozinhar e distribuir marmitas para a população em situação de vulnerabilidade social, mas que, quando chegamos, tinham interrompido o trabalho devido à falta de apoio e financiamento do projeto. Para construir um projeto de cozinha emancipado e independente de forma colaborativa e dialógica com as forças comunitárias, utilizamos a metodologia do Business Model Canvas, uma ferramenta de planejamento estratégico que permite criar, analisar e melhorar modelos de negócio. Usamos também a roda de conversa, entendida como um espaço de diálogo e debate coletivo sobre um tema específico, em que os participantes têm a oportunidade de se expressar e ouvir uns aos outros. Fizemos a oficina de Canvas em três etapas e a roda de conversa na última etapa. A primeira etapa foi com estudantes extensionistas dos cursos de administração, nutrição e psicologia no Campus da Unifase. A segunda etapa foi com estudantes extensionistas e com as mulheres do coletivo Juntos Somos Mais Fortes na casa de uma das componentes do grupo. A terceira, envolveu uma roda de conversa com estudantes extensionistas e representantes de todas as forças comunitárias, na escola municipal do bairro. A oficina foi pensada para uma construção colaborativa, que promovesse a participação e o protagonismo dos agentes comunitários. Para isso usamos uma cartolina dividida em nove blocos, cada um correspondente a um aspecto da criação e estruturação da cozinha. A primeira etapa permitiu aos estudantes se familiarizarem com a metodologia proposta e o exercício da criatividade que serviu para sugestão de ideias quando a oficina ocorreu no território. A segunda etapa permitiu o fortalecimento dos vínculos com as mulheres do coletivo Juntos Somos Mais Forte. Além de realizar a oficina, também fizemos um lanche colaborativo na casa de uma delas, comemos um bolo feito pela nossa anfitriã, conhecemos sua família (esposo e filhas), ouvimos as histórias de como surgiu o coletivo, os principais desafios do trabalho e as preocupações que elas tinham em relação a construção do projeto da cozinha solidária. Na terceira etapa foi possível entrar em contato com a complexidade que envolve a articulação, integração e inclusão de interesses das forças comunitárias em prol de um único projeto onde todos se sentissem contemplados. As estudantes tiveram a oportunidade de participar da construção de um projeto, que se iniciou na sala de aula da universidade, seguiu para o território, na sala da casa de uma moradora, e foi até a sala de aula de uma escola municipal do bairro, com diferentes forças comunitárias sendo representadas. O envolvimento neste projeto foi transformador, tanto para as estudantes, quanto para a comunidade. A experiência da equipe multidisciplinar em diferentes espaços, de uma graduação mais controlável (sala de aula da universidade apenas com extensionistas) para uma cada vez menos controlável (casa de uma das moradoras do bairro seguida pela sala de aula da escola municipal da região), atravessada por cada vez maior diversidade de experiências e de pontos de vista (primeiro apenas dos estudantes, que se somaram aos das mulheres do coletivo, que se somaram aos das representações dos movimentos comunitários), permitiu aos estudantes vivenciarem a transformação de suas ideias e dos próprios pontos de vistas, que surgiram no campos e foram sendo afetados, atravessados, alterados ou reforçados, com o avanço do projeto. Além desse processo de transformação, a própria articulação entre a teoria e a prática, desde a identificação das demandas da comunidade, até o desenvolvimento de um projeto colaborativo, quando os interessados foram sujeitos ativos neste processo, produz transformações nas percepções das potencialidades e limitações teóricas quando essas são colocadas à prova. Enquanto isso, as pessoas do território também tiveram a oportunidade de conhecer uma metodologia de sistematização de interesses, preocupações, expectativas e possibilidades umas das outras, passando a compreender-se como um grupo potente para decidir o que quer para seu território. Nesta breve experiência, podemos observar a importância de trabalhar com diálogos mais inclusivos e plurais, base para a aprendizagem colaborativa e o beneficiamento ampliado daqueles que vivem em territórios comunitários.
Título do Evento
XXX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FONTAINE, Lucas Cariboni; DOMINGOS, MARIA DE LURDES COSTA. EXTENSÃO DIALÓGICA PARA CO-CONSTRUAÇÃO DE UM PROJETO DE COZINHA SOLIDÁRIA NO BAIRRO DA GLÓRIA... In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) UNIFASE/FMP, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2024/966598-EXTENSAO-DIALOGICA-PARA-CO-CONSTRUACAO-DE-UM-PROJETO-DE-COZINHA-SOLIDARIA-NO-BAIRRO-DA-GLORIA. Acesso em: 16/07/2025

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