ABORDAGEM DE RECÉM-NASCIDO DE MÃE USUÁRIA DE DROGAS ILÍCITAS NA GESTAÇÃO

Publicado em 19/02/2025 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
ABORDAGEM DE RECÉM-NASCIDO DE MÃE USUÁRIA DE DROGAS ILÍCITAS NA GESTAÇÃO
Autores
  • Georgia Santhiago Jacobina de Abreu
  • Luisa Siccardi Menezes
Modalidade
RELATOS DE CASO - casos raros, nunca ou pouco descritos na literatura, assim como situações que incluam formas inovadoras de diagnóstico e/ou tratamento.
Área temática
CUIDADO E HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE - Cuidado em saúde transcende a realização de técnicas e aspectos físicos, contempla a compreensão do conceito ampliado de saúde, e envolve uma interação afetiva que respeita, acolhe e considera a diversidade da existência humana. Nesse contexto, a humanização significa dialogar com a singularidade de cada pessoa, reconhecendo suas crenças e valores, compartilhando assim um ambiente de cuidado implicado com a realidade, com as políticas públicas e com a necessidade dos coletivos que vivem nos territórios.
Data de Publicação
19/02/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2024/960307-abordagem-de-recem-nascido-de-mae-usuaria-de-drogas-ilicitas-na-gestacao
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Drogas ilícitas, recém-nascido, comportamento, funções do cérebro, dependência, crescimento intrauterino restrito, PIG, relato de caso
Resumo
As drogas ilícitas podem ser definidas como qualquer substância química, cuja produção, aquisição, fornecimento, comércio, armazenagem, são proibidas por lei, capaz de alterar nosso comportamento e/ou as funções do nosso cérebro e causar dependência. A marijuana ou maconha é uma droga produzida a partir da planta da espécie Cannabis sativa. apresenta cerca de 60 derivados canabinoides diferentes, sendo o delta-9-tetrahidrocanabinol, também chamado de THC, a substância mais psicoativa. O THC tem ação alucinógena e é altamente lipossolúvel, facilitando sua entrada na placenta. O uso de maconha durante a gestação está associado a um maior risco de nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, comprometimento do crescimento fetal, descolamento de placenta e aborto expontâneo. Diante do exposto, ressalta-se que quanto maior o tempo de uso e menor a idade do bebê, piores são as consequências para o desenvolvimento e crescimento. Além disso, a maconha, assim como a cocaína e a nicotina, é uma droga capaz de alterar o volume do leite materno, com relato de supressão da produção láctea. Tais drogas agem como antagonistas dopaminérgicos, suprimindo a liberação de prolactina. Devido ao crescimento do lactente estar diretamente relacionado à produção e ingestão do leite materno, o uso de qualquer uma dessas drogas pode representar risco potencial de déficit ponderal, principalmente durante o puerpério imediato, época mais sensível para a supressão da lactação. A cocaína é a benzoilmetilecgonina, principal componente ativo das folhas das plantas do gênero Erythroxylon. Pode ser consumida por via nasal, via oral e intravenosa. Quando fumada, é mais conhecida como crack. A cocaína atravessa a barreira hematoencefálica e também a placentária, o que se aplica ao caso que vamos relatar. A cocaína atua inibindo a recaptação de catecolaminas, principalmente a dopamina, na fenda sináptica dos centros de recompensa cerebral, o que causa euforia, exagero de prazer e agitação psicomotora. Além disso, por inibir a recaptação de catecolaminas em geral, potencializa os efeitos do sistema nervoso simpático na periferia, cursando com vasoconstrição, hipertensão arterial sistêmica e taquicardia. No uso durante a gravidez, é importante ressaltar que esses efeitos ocorrem tanto na mãe quanto no feto. De forma tardia, o uso pode afetar a vida futura da criança, que poderá ter dificuldade no aprendizado, algum nível de retardo mental, maior chance de se envolver com drogas futuramente, entre outros problemas. Este relato de caso traz um recém-nascido do sexo feminino, nascida no dia 08/04/2024 no Hospital Alcides Carneiro, em Petrópolis, RJ, com peso de nascimento de 2.230 kg, considerada pequena para a idade gestacional. Nasceu com boa vitalidade, Apgar 8/9, sem necessidade de manobras de reanimação e com exame físico dentro da normalidade, sem malformações aparentes. A mãe da RN é usuária de cocaína, tabaco e álcool, tendo feito uso dessas drogas durante a gestação. Relatou o último uso de cocaína 2 semanas antes do parto (SIC). A mãe é G4P4A0, tendo engravidado com 36 anos, realizou o pré-natal de forma inadequada, com apenas 1 consulta, na qual as sorologias vieram negativas. Teve necessidade de internação social 1 semana antes do parto, pela falta de acompanhamento no pré-natal. O parto foi cesariano, com idade gestacional de 38 semanas, indicado por crescimento intrauterino restrito e hipertonia uterina. Após o nascimento, a RN foi com a mãe para o alojamento conjunto, onde permaneceu por 8 dias realizando exames intra-hospitalares e aguardando a decisão judicial sobre a guarda da RN. Realizou 2 rastreios infecciosos, USG transfontanela e ecocardiograma. Todos, com exceção do ecocardiograma, vieram normais. O ecocardiograma mostrou uma comunicação interventricular perimembranosa pequena, sem necessidade de intervenção, apenas acompanhamento ambulatorial. A vara da infância decidiu que a guarda ficaria com o tio materno de forma temporária. As drogas ilícitas podem ser definidas como qualquer substância química, cuja produção, aquisição, fornecimento, comércio, armazenagem, são proibidas por lei, capaz de alterar nosso comportamento e/ou as funções do nosso cérebro e causar dependência. Na gravidez, é sabido que tanto drogas lícitas quanto ilícitas são proibidas. Este relato de caso contribui para a compreensão do rastreio das manifestações clínicas que um recém-nascido que teve contato com substâncias químicas intra útero poderia apresentar, corroborando com outros estudos e referências na área. A solicitação do hemograma completo se justifica pois os bebês PIG podem ter um número de glóbulos vermelhos maior que o normal, e o excesso de glóbulos vermelhos faz com que o sangue fique muito espesso, o que pode desacelerar o fluxo sanguíneo. O recém-nascido com policitemia pode ter cor de pele avermelhada e letargia. A policitemia também pode contribuir para a presença de hipoglicemia, angústia respiratória e hiperbilirrubinemia. Segundo o manual de neonatologia da OMS, o recém-nascido PIG tem uma quantidade menor de gordura e peso corporal para mantê-lo aquecido e ele não tem uma quantidade suficiente de carboidratos para serem utilizados como energia, acarretando uma dificuldade de regular a temperatura corporal. Possuem grande superfície de pele em relação à massa corporal, portanto, foi necessária monitorização da curva térmica corporal da paciente, de 6 em 6 horas, nos primeiros 2 dias de vida. Atualmente, vivemos em um país em que, infelizmente, existem pautas em crescimento como desigualdade de renda, pobreza, negligência pública, desemprego, habitação instável e desnutrição conseguem convergir para a criação de um cenário em que o tráfico e o consumo de drogas encontram-se como forma de sobrevivência no meio social. Como podemos observar, as alterações descritas pela paciente do caso em questão não são nem a ponta do iceberg que poderíamos encontrar em um RN com essa história social.
Título do Evento
XXX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ABREU, Georgia Santhiago Jacobina de; MENEZES, Luisa Siccardi. ABORDAGEM DE RECÉM-NASCIDO DE MÃE USUÁRIA DE DROGAS ILÍCITAS NA GESTAÇÃO.. In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) UNIFASE/FMP, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2024/960307-ABORDAGEM-DE-RECEM-NASCIDO-DE-MAE-USUARIA-DE-DROGAS-ILICITAS-NA-GESTACAO. Acesso em: 23/06/2025

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