FARMACODERMIA NO PÓS OPERATÓRIO

Publicado em 19/02/2025 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
FARMACODERMIA NO PÓS OPERATÓRIO
Autores
  • Emanuele Cabral Assis
  • Ana Clara Magalhães Chaves
  • João Vitor Lanas Almeida do Nascimento
  • Aline Albino Quintanilha Faver
Modalidade
RELATOS DE CASO - casos raros, nunca ou pouco descritos na literatura, assim como situações que incluam formas inovadoras de diagnóstico e/ou tratamento.
Área temática
CUIDADO E HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE - Cuidado em saúde transcende a realização de técnicas e aspectos físicos, contempla a compreensão do conceito ampliado de saúde, e envolve uma interação afetiva que respeita, acolhe e considera a diversidade da existência humana. Nesse contexto, a humanização significa dialogar com a singularidade de cada pessoa, reconhecendo suas crenças e valores, compartilhando assim um ambiente de cuidado implicado com a realidade, com as políticas públicas e com a necessidade dos coletivos que vivem nos territórios.
Data de Publicação
19/02/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2024/925478-farmacodermia-no-pos-operatorio
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Farmacodermia, Síndrome do Homem Vermelho, Vancomicina
Resumo
Introdução: A Síndrome do Homem Vermelho (SHV, ou também conhecida como “Vancomycin flushing syndrome”) é causada pela liberação inespecífica de histamina, sendo mais frequentemente associada com a infusão rápida de Vancomicina, embora haja relatos com ciprofloxacina, rifampicina e anfotericina B. Com infusões rápidas, devido ao efeito tóxico direto do fármaco nos mastócitos, pode ocorrer degradação rápida. No entanto, não é uma resposta mediada pela imunoglobulina E (IgE) e, portanto, não representa verdadeiramente uma reação de hipersensibilidade. Os principais sintomas consistem em erupção macular que aparece inicialmente na parte posterior do pescoço, prurido, calor, bem como hipotensão que pode ser grave o suficiente para causar parada cardíaca. Geralmente, a reação aparece nos primeiros 10 minutos de administração e pode ser evitada diminuindo a velocidade de infusão ou dose do medicamento. A administração de um antagonista do receptor H1 antes da vancomicina também é eficaz na prevenção dessa reação. Método: Consiste em um estudo com delineamento descritivo, de caráter narrativo, cujo os dados são provenientes da entrevista com o paciente, análise de prontuários, abordagem clínica e pesquisa de artigos científicos do tipo revisão sistemática. Relato de caso: Paciente masculino de 53 anos portador de HAS e insuficiência mitral grave NYHA II, foi submetido à cirurgia de troca valvar por prótese biológica. Foram prescritas medicações sintomáticas, anticoagulantes e Cefuroxima 750 mg 8/8h.No 11º dia pós-operatório evoluiu com aumento da temperatura axilar associada a mal-estar, sem alterações em hemograma. Foi decidido alterar o esquema de ATB com Meropenem 1g 8/8h + Vancomicina 500 mg 12/12h por 10 dias. Após esse ciclo, o paciente permaneceu febrícula e com sinais de mediastinite e osteomielite em TC de tórax com contraste. Comitantemente, no 30° dia de internação foi feita a reabordagem da cirurgia torácica para remoção de conteúdo retroesternal. Foi decidido prolongar o uso de Vancomicina + Meropenem. No 36º dia de internação, durante a infusão de Vancomicina, o paciente evoluiu com dispneia e exantema macular pruriginoso disseminado. A infusão foi interrompida imediatamente e foi administrado Hidrocortisona e Fenergan SOS. No 38º dia, após 2 dias mantendo o quadro cutâneo, o paciente foi avaliado por Infectologista, que suspendeu a ATB. Também foi avaliado por Dermatologista que levantou a hipótese de SHV, que prescreveu terapia com Prednisona 40 mg/dia, Fexofenadina 180 mg 3x/dia e Fludroxicortida creme 0,125 mg/g 2x/dia. Apresentou melhora progressiva do quadro em cerca de 5 dias e teve alta hospitalar no 46º dia, tendo continuado o tratamento da SHV em domicílio. Discussão: A SHV é uma condição dermatológica que pode ocorrer principalmente com a infusão rápida de Vancomicina. Ocorre em torno de 4% a 50% dos pacientes que fazem o uso endovenoso. É classificada como grave quando acomete múltiplos órgãos ou grandes extensões de pele, e traz risco à vida por angioedema, hipotensão e broncoespasmo. Com isso, a monitorização cuidadosa é necessária na primeira administração, bem como nas doses subsequentes naqueles pacientes que apresentaram reações adversas após a primeira infusão. Pode trazer impactos negativos, como prolongamento do tempo de internação e redução da qualidade de vida em sua vigência. O diagnóstico dessa condição é clínico e deve ser realizado em tempo hábil, porque pode evoluir para choque anafilático. O tratamento é baseado na gravidade do caso, e envolve a interrupção imediata do uso do fármaco, e administração de anti-histamínicos. Nos casos de hipotensão, deve-se fornecer soluções cristalóides, e epinefrina nos casos de anafilaxia. Se possível, outro esquema de ATB deve ser utilizado, ou a Vancomicina pode ser reiniciada após 4 horas em uma velocidade de infusão de 50% da previamente utilizada. A SHV tem bom prognóstico mediante tratamento adequado.Outro ponto importante são as orientações ao uso futuro da medicação, principalmente pensando nas próximas abordagens cirúrgicas da cirurgia de troca valvar. Deve-se valorizar velocidades de infusão lentas e, caso seja necessário uma infusão rápida, o paciente pode receber um pré-tratamento com bloqueadores dos receptores H1 e H2 da histamina. Atualmente estuda-se a reação cruzada entre Vancomicina e outros medicamentos, mas ainda são necessários mais estudos. Conclusão: É visível a importância do diálogo entre as diferentes especialidades médicas na qualidade do cuidado do paciente visando uma maior humanização durante a abordagem médica. Também é possível observar como a avaliação individualizada das condições do paciente e de suas peculiaridades, tais como os efeitos adversos de medicações, favorece uma internação mais eficiente e tranquila. Outro ponto que deve ser salientado é a necessidade de conhecimentos técnicos acerca dos fármacos empregados na prática clínica, de modo a facilitar o diagnóstico de complicações relacionadas ao seu uso. O envolvimento de toda a equipe no cuidado ao paciente também precisa favorecer um manejo de caráter urgente em situações graves, de modo a reduzir a incidência de desfechos desfavoráveis da SHV, tais como insuficiência respiratória e circulatória.
Título do Evento
XXX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ASSIS, Emanuele Cabral et al.. FARMACODERMIA NO PÓS OPERATÓRIO.. In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) UNIFASE/FMP, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2024/925478-FARMACODERMIA-NO-POS-OPERATORIO. Acesso em: 06/07/2025

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