Comunidade, coletividade – fazeres da cena nos desafios
do tempo
O bem comum supõe um sentido de comunidade e coletividade
constantemente invalidado em um tempo impregnado de discursos e práticas que
isolam as pessoas e responsabilizam o indivíduo por sucessos e fracassos que
estão relacionados a um contexto mais amplo. Neste panorama, agenciamentos
coletivos são um imenso desafio, supõem nadar contra corrente, em exercícios de
rebeldia e desobediência. Como contraponto à lógica da individualização,
isolamento e desconexão do ser humano com o meio, se destacam perspectivas
afrodiaspóricas, indígenas e periféricas nas quais comunidade e coletividade
são condições inalienáveis de existência.
As artes cênicas implicam construções coletivas, no encontro
entre pessoas e na composição de microterritórios de sociabilidade que
vislumbram outras realidades possíveis. Desde este fazer onde continuamente nos
confrontamos com condições precárias e criamos mundos, articulamos experiências
de comunidades temporárias através do convívio, da colaboração e da partilha,
que também supõem contradições e fricções. Para atuar em colaboração, é preciso
perceber e contrapor a lógica da individualização; só podemos nos encontrar ao
admitir o desencontro, afinar cumplicidades ao reconhecer diferenças. Os
espaços-tempos da cena, concretos e imaginados, compõem frestas e festas,
ocupações dissidentes, que se infiltram no possível e articulam impossíveis,
evocando o encantamento do mundo em sentidos e práticas de corporeidade,
comunidade e coletividade. Como nossos fazeres e saberes podem colaborar nos
desafios urgentes de um mundo sob ameaça de sua própria destruição? É preciso
renovar e lembrar futuros.
A partir de tais inquietações, o VI Seminário do Festival
Palco Giratório propõe diversos encontros de reflexão e criação compartilhada,
reunindo artistas, docentes e pesquisadores de todo país, em uma parceria entre
o Sesc/RS, o Departamento de Arte Dramática e o Programa de Pós Graduação em
Artes Cênicas do Instituto de Artes da UFRGS. A organização do evento já
implica um exercício coletivo de construção, em diálogos entre pessoas,
instituições e ideias que enriquecem possibilidades. A partir da provocação
central de comunidade/coletividade, as temáticas abordam acessibilidade, a
escola como lugar de criação, a cidade como espaço de convívio, conflito e
criações, o encantamento como agente de transformação.
Entre criação, reflexão e desejo político de outras
realidades, oferecemos este espaço- tempo privilegiado de encontro: um
seminário em um espaço independente de arte e convívio de Porto Alegre, no
tempo vibrante de um festival, no movimento vivo do Palco Giratório Sesc/RS.
por Patrícia Fagundes
Artista da cena, encenadora, docente no DAD e PPGAC UFRGS, produtora, gestora, pesquisadora.
Coordena o projeto de pesquisa Cabarés do Sul do Mundo e o grupo CNPq Fresta – Investigações e Criações em Artes da Cena. Diretora na Cia Rústica.
As atividades contarão com acessibilidade em Libras.
O seminário oferece certificado de 30 horas de participação para aqueles que tiverem pelo menos 75% de frequência. O conteúdo é transmitido ao vivo pela área de transmissão da plataforma, porém o conteúdo estará disponível até 06/06/25, permitindo o registro de frequência. Serão disponibilizados sugestões de leituras e materiais complementares.
Os certificados serão emitidos a partir de 09/06/25, mediante preenchimento de uma pesquisa de satisfação.
Serão disponibilizadas vagas presenciais, mediante inscrição no LOTE PRESENCIAL. Para acompanhar o evento online, os interessados devem se inscrever no LOTE ONLINE.
Dúvidas e mais informações? Envie um e-mail para: palcogiratoriosesc@sesc-rs.com.br.