A INFLUÊNCIA CULTURAL E EDUCACIONAL DOS BARBADIANOS EM PORTO VELHO: LITERATURA AFRICANA COMO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Publicado em 21/06/2022 - ISSN: 2179-8389

Título do Trabalho
A INFLUÊNCIA CULTURAL E EDUCACIONAL DOS BARBADIANOS EM PORTO VELHO: LITERATURA AFRICANA COMO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Autores
  • Fabiola Almeida da Silva
  • Selma Tavares Lima
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
GT - Desobedecer à cishereronormatividade e enegrecer as pedagógicas por uma educação transgressora e insurgente (Linha 1: Formação Docente)
Data de Publicação
21/06/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xseminarioeduca/441117-a-influencia-cultural-e-educacional-dos-barbadianos-em--porto-velho--literatura-africana-como-processo-de--aprend
ISSN
2179-8389
Palavras-Chave
Literatura africana. Identidade. África. Barbadianos. Educação.
Resumo
A influência cultural e educacional dos Barbadianos em porto velho: literatura africana como processo de aprendizagem Dolores Mariana dos Santos Gonçalves Fabiola Almeida da Silva Jean Smilax da Silva Marcos Vinicius dos Santos Sousa Selma Tavares Lima Resumo: A cultura africana é vasta devido à grande diversidade de etnias que possui e à migração de vários povos do mundo para o continente.Seus costumes são dos povos do norte e povos do sul,suas artes são o simbolismo, que dessas formas artísticas remete às divindades ou a elementos do cotidiano e têm significados diferentes para cada povo, representando o sagrado, o profano ou ações que fazem parte da cultura. Suas música e danças são a capoeira ,o samba ,o axé e o reggae. “A diáspora africana é o nome dado a um fenômeno histórico e social caracterizado pela imigração forçada de homens e mulheres do continente africano para outras regiões do mundo.” (INFOESCOLA) “Desde os primeiros registros de compras de escravos feitos em terras brasileiras até a extinção do tráfico negreiro, em 1850, calcula-se que tenham entrado no Brasil algo em torno de quatro milhões de escravos africanos. Mas como o comércio no Atlântico não se restringia ao Brasil, a estimativa é que o comércio de escravos por essa via tenha movimentado cerca de 11,5 milhões de indivíduos vendidos como mercadorias.” “Desde os primeiros registros de compras de escravos feitos em terras brasileiras até a extinção do tráfico negreiro, em 1850, calcula-se que tenham entrado no Brasil algo em torno de quatro milhões de escravos africanos. Mas como o comércio no Atlântico não se restringia ao Brasil, a estimativa é que o comércio de escravos por essa via tenha movimentado cerca de 11,5 milhões de indivíduos vendidos como mercadorias.” A visão colonialista sobre a Amazônia e a diáspora barbadiana “Analisando a vinda dos afro-caribenhos para Porto Velho, percebo que todo esse imaginário construído pelo europeu influenciou na escolha deles para se deslocarem para Rondônia. Apesar da informação trazida por Teixeira (2010) de que a colônia inglesa de Barbados passou por uma reestruturação no século XIX e, com a abolição da escravidão, Barbados ficou com excedente de mão-de-obra negra que foi reaproveitada nos investimentos do capitalismo mundial pelos grandes empreiteiros da época, em construções como Canal do Panamá e na E.F.M.M., vejo que por trás da necessidade de ter trabalhadores especializados como os barbadianos, havia também essa visão preconceituosa de que eles eram, na verdade, os únicos capazes de viverem aqui.”(SCHUINTD, 2016, p. 36). A Imigração Afro-antilhana na Visão Cordelista “Dentre as grandes migrações à nossa terra adorada, a dos afro-antilhanos foi a menos estudada só agora vem à luz para ser analisada. De mão-de-obra treinada nosso país carecia pra tocar um projeto que há muito tempo existia de cortar a Amazônia por meio da ferrovia. Farquhar encabeçaria a construção da estrada Porto Velho a Guajará seria a linha traçada para escoar a borracha à época valorizada. Este “morro da colina” era bem estruturado, nele existia uma escola e o inglês era ensinado para que o dialeto fosse assim perpetuado. Foi o morro apelidado como forma de despeito, “Morro do Alto do Bode”, isso porque um sujeito disse que barbadiano não conversava direito. Este bairro achou um jeito de preservar a cultura de 1910 a 1943 manteve a sua estrutura sendo depois demolido num ato da Ditadura. Apesar de serem vagas algumas informações ou omitidas por quem tinha outras intenções de mostrar como viviam as nossas povoações. De todas as Nações que cederam trabalhadores foi a ilha de Barbados a enviar mais atores pelo seu Porto que era rota dos navegadores ,estes colaboradores (Como a História ensina) fundaram o Barbadian Town no alto duma colina, um bairro onde preservaram acultura genuína. Este “morro da colina” era bem estruturado, nele existia uma escola e o inglês era ensinado para que o dialeto fosse assim perpetuado. Foi o morro apelidado como forma de despeito, “Morro do Alto do Bode”, isso porque um sujeito disse que barbadiano não conversava direito. Este bairro achou um jeito de preservar a cultura de 1910 a 1943 manteve a sua estrutura sendo depois demolido Num ato da ditadura. Segundo a literatura os migrantes de Barbados tinham alguma formação, todos alfabetizados transmitiam o que sabiam aos filhos e agregados. Temos exemplos mostrados no setor da Educação, contribuíram demais para a nossa formação deixando um grande legado à cidade e região. Até na habitação a sua influência emana, as construções que carregam a presença afro-antilhana, que ornamentam o cenário da terra rondoniana partir desta semana veremos doutra maneira esta contribuição duma nação estrangeira trazendo o Mar do Caribe pra desaguar no Madeira!” (apud BLACKMAN,2019). Vindos às terras portovelhense com a promessa de trabalho, moradia e bem estar, os povos anfro-antilhanos, em especial Barbadianos, representaram maior parte da mão de obra utilizada na construção da EFMM. É pujante a importância do povo barbadiano para a formação cultural e educacional de Porto Velho. Esta relevante contribuição é um processo resultado da migração barbadiana para esta cidade, onde uma vez instalados, causaram estranheza e geraram certos conflitos, uma vez que eram diferentes em seus costumes, língua, fé religiosa e hábitos de higiene, um modo de vida totalmente diferente dos negros que já habitavam o país e em especial essa região, mas costumes diferentes inclusive dos nativos brancos, eram tão restritos, tanto por seus costumes, como por suas crenças religiosas, que fundaram o “Barbadian Town”, bairro exclusivamente para povos antilhanos britânicos que resistiu de 1910 a 1943. Pejorativamente, esse bairro ficou conhecido “Alto do bode”, pois associava-se o cheiro dos moradores a um cheiro ruim como o de bode. Esse preconceito que por vezes manifestava-se de forma velada. Em sua obra, Sampaio relembra “Os barbadianos não se descuidavam em hipótese alguma com os cuidados em relação à saúde, pois os mais velhos, até certo tempo, mantiveram a esperança de um dia voltarem para suas terras e a preocupação em não levarem doenças; e os mais novos, disciplinados pela noção do corpo enquanto objeto sagrado procuravam não cometer excessos tampouco ser acometidos por outras doenças, já bastava a malária. Dessa forma os moradores do bairro Barbadian Town tinham a preocupação de saneá-lo terapeuticamente e moralmente (p.123).” O fim do bairro se deu com sua destruição no final dos anos 1950 pelos interesses de urbanizar Porto Velho. Antigos moradores e seus descendentes afirmam que as motivações que levaram a destruição do Barbadian Town tiveram fundo preconceituoso uma vez que o bairro crescia em níveis maiores que muitos outros pontos da cidade. O BarbadianTown contou ainda com uma escola informal de linguagem principalmente inglesa. A escola nunca teve nenhum tipo de documentação que a regulamentasse, muito menos um prédio para abrigar seus alunos. Tudo acontecia de maneira muito informal. Com o ensino do inglês, os Barbadianos puderam, portanto, manter forte sua identidade cultural. Essa escola informal foi uma grande mantenedora de identidade, valores, princípios e atitudes. Através dela a língua inglesa foi propagada entre eles e sem dúvida isso foi um grande elemento agregador. As “mulheres da segunda geração responderam pelo ensino de inglês e de matemática, de piano e música, além de serem professores da escola dominical da primeira igreja Batista de porto velho [...] As descendentes dos barbadianos trabalharam, ainda, como bibliotecárias, destacando-se Anita Julien, ou como enfermeiras – Lucinda Shockeness foi a primeira enfermeira formada da capital de Rondônia [...]” ( TEIXEIRA, 2012, p. 45-46). A atuação principalmente das mulheres barbadianas merece destaque, pois seja entre as moradoras mais antigas, como Judite Holder, e Aurélia Banfield ou as professoras de geração mais recente como Gertrudes Holder, Ursula Maloney, Silvia Shockness, Ruth e Raimunda Simoa Shockness destacaram-se na estruturação da rede de ensino médio do setor público e do setor privado em Rondônia. Outras como as irmãs Eunice e Berenice Johson atuaram na implantação do Ensino Superior em Rondônia. A base desse trabalho estrutura-se nas seguintes referências bibliográfica: a lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003; SCHUINDT (2016); SAMPAIO (2010); CAPUANO (2008); MARIOSA; DOS REIS (2011); BLACKMAM (2020); TEXEIRA (2012); FREIRE (1978). A proposta do presente trabalho parte do significado da literatura africana na sala de aula visto que é um campo muito rico e fundamental para a (re)construção da identidade negra na educação do município de Porto velho, observando as marcas linguísticas que permeia, ensinando o sentido da palavra e a expressão literária para que as crianças (re)conheçam sua identidade e cidadania na cultura e na linguística africana tendo como ponto de partida a oralidade. O objetivo do trabalho é resgatar para o cotidiano os ensinamentos próprios da cultura afro expressado na arte, na música, na dança e religiosidade que foram silenciados pela colonização e que está assegurado no Referencial Curricular de porto velho e na LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003, que torna obrigatório o ensino da cultura História e Cultura Afro-Brasileira no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. Ambos trazem um quadro que permite as desconstruções das teorias antigas e do preconceito que ainda circulam atualmente, assim, a lei ora mencionada restitui a participação dos africanos na construção da trajetória histórica da humanidade e permiti que as escolas reproduzem juntos com seus gestores e sua equipe pedagógica a inclusão no seu projeto político pedagógico, para que o espaço escolar tenha uma historiografia Africana, dentro das salas de aulas ainda falta a inclusão da história afro dentro das escolas em meios aos conteúdos apresentados, e assim pensar no currículo que é um campo de conhecimentos e saberes necessários para a formação dos indivíduos. Tendo em vista que a literatura é um campo fértil e que pode influenciar o processo de construção da identidade das crianças, assim, que saberes da cultura africana se tem nas escolas de Porto Velho? “a falta de representação da criança negra fará com que a diversidade não seja contemplada e o processo de branqueamento acabará por deturpar as identidades em formação dos pequenos leitores. O que ocorrerá com as crianças negras é uma ausência de conteúdo que conte sua história e que faça com que, no futuro, elas tendam a transformar-se em adultos problemáticos em suas afirmações como sujeitos” (MARIOSA e REIS). É necessário trazer o resgate da cultura africana nas escolas, da literatura produzida pela ancestralidade de seu povo. A formação do universo pelos orixás e o candomblé em si, parecem ser esquecidos pelos professores, que muitas vezes não vêem com bons olhos as religiões africanas. O resultado dessa intolerância reflete na educação de seus alunos que, por desconhecimento, discriminam a religião e seus seguidores. O problema se torna ainda mais grave se pensarmos que a maioria das escolas brasileiras, quando ligadas a alguma religião, restringem-se ao catolicismo e protestantismo [...] A criança afrodescendente brasileira só poderá “acender a fogueira” a partir do momento em que se enxergar como parte formadora da sociedade, não como vítima, mas como colaboradora. Tão importante como denunciar a discriminação é apresentar ao universo infantil motivos para se interessarem e valorizarem as culturas africanas” (Horta 2010: 6 Apud MARIOSA e REIS). Podemos observar que as datas que mais são lembradas dentro das escolas são o dia ,13 de maio, Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo;20 de novembro, Dia da Consciência Negra;21 de março, Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial; 25 de julho, Dia da Mulher Negra e Dia de Tereza de Benguela. Todas essas datas dizem respeito à luta pelo respeito e valorização da história e cultura de origem africana no Brasil, Mas dentro do contexto escolar essas datas, assim como o ensino da cultura africana tem que estar presente todos os dias ,para que seja trabalhado de forma que os alunos entendam quem são dentro da própria história. Para direcionar essa empreitada lançamos perguntas ao qual correspondem: quem somos e para onde vamos? De onde nós conhecemos? para onde devemos conhecer? Lei 10.639/2003 como marco histórico, onde se torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira, se há obrigatoriedade significa também que se tinha ausência com a lei essa ausência se foi ou persiste? Na escolha da proposta apresentada elaboramos uma oficina com o tema Formação de pequenos grios para o resgate da cultura Africana e juntos das escolas desenvolver esse tema, que traz o regate do ensino da história na literatura das escolas de Porto velho e as estratégias utilizadas para estimular as atitudes e o respeito, para mostrar a importância da cultura para os alunos, através dos contos africanos mostrando sua simbologia, contação de histórias com bonecos, o reconhecimento da literatura produzida pelos africanos, bem como a incorporação de narrativas que tragam os negros como protagonistas. Portanto, incontáveis foram as contribuições de barbadianas e barbadianos à consolidação do município de Porto Velho, ao estabelecimento de uma cultura portovelhense, bem como a formação de um sistema educacional formal. Essa história representa não somente a história de barbadianos, mas a história de todo um povo quem sem a contribuição destes muito menos teria. É necessário trazer o resgate da cultura africana nas escolas, da literatura produzida pela ancestralidade de seu povo e bem como diz o educador Paulo Freire (1978, p. 13) quão importante foi, para mim, pisar pela primeira vez o chão africano e sentir-me nele como quem voltava e não como quem chegava. Palavras Chaves: Literatura africana. Identidade. África. Barbadianos. Educação. Referências bibliográficas BLACKMAN, Cledenice. A mulher afro-antilhana de porto velho e sua anterioridade na educação. Marília, São Paulo. 2020. CAPUANO , Mariângela Monsores Furtado. A literatura afro-brasileira na sala de aula. In: Anais do XI Congresso Internacional da ABRALIC Tessituras, Interações, Convergências. São Paulo. Disponivel em: https://abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/009/MARIANGELA_CAPUANO.pdf FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau. 4 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. MARIOSA, Gilmara Santos; DOS REIS, Maria da Glória. A influência da Literatura infantil afro-brasileira na construção das identidades das crianças. In: Revista Estação Literária, v. 8, n. 1. Londrina, Paraná. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/estacaoliteraria/article/view/25625 SAMPAIO, Sonia Maria Gomes. Uma Escola (In)Visível: Memórias de Professoras Negras em Porto Velho no Início do Século XX. 2010. Tese (Doutorado em Educação Escolar) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. SCHUINDT, Elisangela Lima de Carvalho. A Diáspora Barbadiana e o Legado Educacional em Porto Velho. Porto Velho, 2016. TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues. As populações da diáspora africana na Amazônia: as estruturas do povoamento e o caso de Rondônia. Brasília: FCP, 2012. • http://www.ciadejovensgriots.org.br • https://youtu.be/MYDKTEGTC8M
Título do Evento
X SEMINÁRIO NACIONAL EDUCA
Título dos Anais do Evento
Anais do X Seminário Nacional EDUCA PPGE/UNIR
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Fabiola Almeida da; LIMA, Selma Tavares. A INFLUÊNCIA CULTURAL E EDUCACIONAL DOS BARBADIANOS EM PORTO VELHO: LITERATURA AFRICANA COMO PROCESSO DE APRENDIZAGEM.. In: Anais do X Seminário Nacional EDUCA PPGE/UNIR. Anais...Porto Velho(RO) UNIR, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/XSEMINARIOEDUCA/441117-A-INFLUENCIA-CULTURAL-E-EDUCACIONAL-DOS-BARBADIANOS-EM--PORTO-VELHO--LITERATURA-AFRICANA-COMO-PROCESSO-DE--APREND. Acesso em: 28/05/2025

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