FORMAÇÃO DOCENTE E SUBJETIVIDADE CONSTRUINDO CAMINHOS PARA UMA ATUAÇÃO CONSCIENTE

Publicado em 21/06/2022 - ISSN: 2179-8389

Título do Trabalho
FORMAÇÃO DOCENTE E SUBJETIVIDADE CONSTRUINDO CAMINHOS PARA UMA ATUAÇÃO CONSCIENTE
Autores
  • Fabiano Sales de Aguiar
  • Ariam Ayesha Barros Rodrigues
  • Caroline Reis dos Santos
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
GT- Formação Docente (Linha 1)
Data de Publicação
21/06/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xseminarioeduca/435591-formacao-docente-e-subjetividade-construindo-caminhos-para-uma-atuacao-consciente
ISSN
2179-8389
Palavras-Chave
Formação Docente. Subjetividade. Educação Inclusiva.
Resumo
FORMAÇÃO DOCENTE E SUBJETIVIDADE CONSTRUINDO CAMINHOS PARA UMA ATUAÇÃO CONSCIENTE TEACHER EDUCATION AND SUBJECTIVITY BUILDING PATHS FOR A CONSCIOUS PERFORMANCE EDUCACIÓN Y SUBJETIVIDAD DEL MAESTRO CONSTRUYENDO CAMINOS PARA UN DESEMPEÑO CONSCIENTE Ariam Ayesha Barros Rodrigues Caroline Reis dos Santos Fabiano Sales Aguiar RESUMO: A educação inclusiva é um movimento que está presente no nosso cotidiano e contém influência em diversos âmbitos. Dessa forma, a formação docente manifesta possibilidades para melhor atender aos alunos considerados público-alvo da educação especial. A formação do professor deve garantir-se como um processo contínuo e integrado, visto como parte de sua atividade na escola em que atua ou em outros espaços, seja professores ou profissionais da educação. No entanto, é necessário refletir sobre a natureza das formações oportunizadas aos professores em seu lugar de fala e conhecimento. Bueno (1999), Martins (2007; 2010) apontam que as ações formativas devem levar em conta a subjetividade docente. Considerando, tais apontamentos, este breve estudo tem o objetivo de analisar o processo inicial de um projeto de extensão desenvolvido no município de Nova Mamoré. O projeto objetiva a formação docente para professores da rede municipal de ensino, apoiado nas discussões e reflexões sobre a educação escolar do aluno com deficiência matriculado no ensino regular. Onde será evidenciado uma atividade realizada com 33 professores, no qual atuam em escolas da zona urbana, no qual tem o propósito de identificar as dificuldades e as perspectivas de enfrentamento especificadas pelos docentes no cotidiano escolar. A atividade que a equipe do projeto propôs para análise das respostas suscitou reflexões acerca das dificuldades, das possibilidades de enfrentamento e responsabilidade do professor na atuação com alunos com deficiência. As respostas dos professores apontam questões intrínsecos às seguintes temáticas de subjetividade, de recursos, de políticas públicas, de família e de gestão escolar. Considera-se que o projeto pretende a construção de um caminho que ressignifique os conceitos e as concepções no que se refere a deficiência, viabilizando uma formação continuada que reconhece a subjetividade do professor, concebendo-o, de antemão como sendo um indivíduo que possui valores, crenças, por fim, que é um sujeito histórico-cultural. INTRODUÇÃO A formação docente é uma temática sempre atual, pois relaciona-se diretamente ao educador e este é um ser subjetivo e pode atuar como sujeito ou objeto da história. Como objeto da história, sofre a ação do tempo e dos movimentos sociais, sem interferir nesse processo, não desempenhando o papel de educador, na sua autenticidade. Mas, sendo sujeito da história, é autêntico, constrói, traduz e executa o projeto histórico e pedagógico de desenvolvimento do estudante, junto com outros sujeitos conscientemente engajados em fazer a história (LUCKESI, 2012). De acordo com Freire (1989), ao considerar tal perspectiva, torna-se imprescindível que o docente repense sua própria ação educativa e como sujeito operante na sociedade. Essa reavaliação se dá por meio da prática reflexiva, que é quando apresentamos a consciência de que estamos em constante aprendizagem e evolução num processo de desenvolvimento mutável. Luckesi (2012), afirmar que formar o educador seria criar condições para que o sujeito se prepare filosófica, científica, técnica e efetivamente num procedimento dialeticamente crítico. A formação continua de professores requer a necessidade de conhecer sua realidade, integrando-a ao ambiente próprio do professor como sendo parte do fenômeno. Onde a formação contínua esteja vinculada às necessidades que as integram ao seu exercício profissional. A formação do professor garante-se como um processo contínuo e integrado, sendo parte de sua atividade na escola em que atua ou em outros espaços, seja professores ou profissionais da educação. Bem como isso, consentiria no desenvolvimento de ações coletivas em que se possa, mesmo que em um curto período de tempo, institui diálogos e compartilham significados com seus parceiros. Apresenta-se uma necessidade de integração das ações desenvolvidas em tais espaços de formação com o trabalho docente, pois o processo de apropriação só concretiza-se ao mesmo tempo que os professores relacionam-se ao conteúdo da ação e isso tem ligação direta com a sua vida docente. Caso essas relações, professor com a realidade, transforma-se no esforço de suprir as necessidades e interesses, em outras palavras, remete a ação da formação continuada que precisa ser reorganizada em sua vida docente. Essas, consequentemente, passam a fazer sentido ao professor, já que equivalem a algo extremamente valioso para sua atuação pedagógica e pessoal, por fim, na prática social concreta. (FRANCO e LONGAREZI, 2011) Diante desse movimento, o professor também é chamado a uma mudança que envolve não apenas sua prática pedagógica, mas suas concepções e crenças sobre a pessoa com deficiência. Assim, a formação docente para atuar com o público da educação especial torna-se imperiosa. Bueno (1999) defende que a qualificação profissional é fundamental, embora não seja única no processo de construção efetiva da educação inclusiva. Sendo assim, é impositiva a inserção da formação docente nas políticas educacionais. No âmbito das políticas educacionais a formação docente para atuar com alunos público-alvo da Educação Especial é um tema presente, desde a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (BRASIL, 1996), a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). Enfim, há diretrizes que apontam a elaboração de ações para a preparação do professor para responder às necessidades educacionais especiais do alunado da Educação Especial. Alicerçado nessas afirmações, foi elaborado o projeto de extensão intitulado Formação continuada de professores: caminhos teóricos e práticos para a inclusão de alunos com deficiência no espaço escolar, visando promover a formação docente a partir de discussões e reflexões sobre a educação escolar do aluno com deficiência matriculado no ensino regular. METODOLOGIA O projeto de extensão Formação continuada de professores: caminhos teóricos e práticos para a inclusão de alunos com deficiência no espaço escolar é voltado para professores do município de Nova Mamoré, Estado de Rondônia. A rede municipal de ensino conta com cinco escolas na área urbana. O Projeto iniciou no mês de maio a partir da parceria entre o Departamento Acadêmico de Ciências da Educação (Universidade Federal de Rondônia) e a Secretaria Municipal de Educação. Os encontros com os professores da zona urbana acontecem mensalmente pela plataforma Google meet e têm duração de uma hora e meia. Apresentaremos aqui alguns dados coletados no primeiro encontro, onde os coordenadores compartilharam a proposta da formação e em seguida, realizaram uma atividade para identificar as dificuldades e perspectivas dos professores acerca do contexto da sala de aula. Esta atividade foi composta de perguntas que objetivaram suscitar reflexões em três âmbitos: 1) Dificuldades observadas no cotidiano da escola; 2) Possibilidades para sanar as dificuldades e 3) De que forma o professor poderia ajudar a enfrentar as dificuldades. Para introduzir as perguntas os facilitadores mostraram a imagem de um barco e pediram para os professores imaginarem que ele representava a sala de aula e, por algum motivo estava impedido de navegar, então solicitaram que eles escrevessem uma frase ou palavra que explicasse o motivo do impedimento. Para cada questão foi criado um formulário no google forms e o link era disponibilizado de acordo com a ordem das perguntas. Após este momento, os facilitadores socializaram as respostas e abriram para discussão do grupo. No primeiro encontro participaram cerca de 33 docentes, assim obtivemos 27 respostas na primeira pergunta, 22 na segunda e 23 na última pergunta. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS Com base nos dados obtidos, organizamos um quadro com as respostas relacionadas aos problemas apontados pelos docentes, bem como os caminhos possíveis para lidar com tais dificuldades. Em seguida, apresentamos as respostas que suscitam o comprometimento docente para a construção de soluções frente à problemática apontada. Na primeira questão sobre o que impede a navegação do barco, ou seja, dificuldades encontradas no processo de ensino e aprendizagem na sala de aula, as respostas apontam diversas situações consideradas impeditivas para alcançar sucesso na sala de aula. No entanto, para romper com o discurso, muitas vezes cristalizados de apenas apontar problemas, foi solicitado aos docentes que apontassem um possível caminho para enfrentar as dificuldades identificadas. As respostas permitiram identificar as situações mencionadas perpassam temas de ordem subjetiva, como no que impede a navegação do barco: medo, falta de imaginação e criatividade, sentimento de impotência, falta de empatia, despreparo, falta de intencionalidade do professor, ausência de determinação, força de vontade e estímulo e o que é necessário para a navegação: motivação, ter um olhar diferenciado para os saberes de cada um, criatividade do professor, metas de rotas. Políticas públicas, no que impede a navegação do barco: falta de conhecimento pedagógico para atendimento aos alunos com deficiência; falta de orientação e informações sobre o percurso e o atendimento às necessidades da diversidade encontrada em sala e falta de apoio do sistema. O que é necessário para a navegação: ajuda mútua, que os políticos encaram a educação como fundamental para o desenvolvimento do País, muita comunicação, preparo e cuidado com todos e capacitação continuada para equipe escolar Recursos, no que impede a navegação do barco: indisponibilidade de recursos e materiais, falta de apoio, falta de materiais pedagógicos, acesso à internet, falta de estrutura das escolas, família. O que é necessário para a navegação: Apoio com recursos materiais, estrutura tecnológica, estrutura física. Família, no que impede a navegação do barco: falta de apoio da família, falta de entendimento dos familiares, superproteção da família e comprometimento das famílias. O que é necessário para a navegação: apoio dos pais, compreensão da família; maior apoio entre a família; o apoio de todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem, dar mais importância ao grupo de sala, levar mais a sério esse novo modelo de ensino. Gestão escolar, no que impede a navegação do barco: organização das salas de aula, autonomia do professor e falta de apoio da gestão nas dificuldades enfrentadas pelos docentes. O que é necessário para a navegação: apoio da direção da escola, espaço adequado para desenvolver melhor o ensino e quantidade adequada de alunos em sala de aula. Quando a terceira questão foi apresentada aos professores, as respostas evidenciaram uma tomada de consciência acerca do papel e responsabilidade de cada um frente às dificuldades identificadas no processo de ensino e aprendizagem. Os professores falaram da necessidade de mais dedicação e mudança de estratégias e práticas pedagógicas na atuação com os alunos, especialmente àqueles com deficiência. De um modo geral, os docentes se colocaram como agentes do processo educacional, reconhecendo que poderiam atuar de forma diferente, mesmo diante das dificuldades elencadas. As respostas dos docentes coadunam com a afirmação de Martins (2007, p. 5) “[...] não existe ação educativa que não seja permeada pela personalidade do educador”. Ao confrontar a experiência vivenciada no primeiro encontro com os referenciais teóricos é possível vislumbrar os apontamentos de Martins (2007; 2010) ao destacar que o processo de formação deve restituir ao docente sua qualidade de agente da história, que modifica intencionalmente as condições exteriores. Acreditamos que o projeto em tela, coaduna com as discussões aqui referenciadas, pois representa um passo inicial para a construção de um caminho para que os professores se apropriem de ferramentas teóricas e práticas para atender não apenas alunos com deficiência, mas promovam a educação escolar de todos os estudantes. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de extensão que visa a formação para professores se propõe a construir um caminho de ressignificação dos conceitos e pré-julgamentos das compreensões acerca da deficiência, algo muito além das teorias, promovendo uma formação continuada que se constrói por meio de trocas adquiridas das experiências de todos os docentes. É uma formação que reconhece a subjetividade do professor, concebendo-o, antes de tudo como um indivíduo que possui valores, crenças, enfim um sujeito histórico-cultural. E, conforme afirmam Bueno (1999) e Saviani (2009) a qualificação docente é um fator importante para que a educação cumpra a sua função de transformação social e formação de sujeitos emancipados que atuem de forma crítica no meio social, independente de possíveis limitações impostas pela deficiência. Não negamos a concretude a respeito das questões políticas, familiares, gestão escolar entre outros, mas devemos lembrar que o professor tem um importante papel na mediação da educação escolar. Assim ele precisa ser instrumentalizado teórico e metodologicamente para desempenhar seu papel de forma consciente, intencional e planejada. Palavras-chave: Formação Docente. Subjetividade. Educação Inclusiva. Referências BUENO, J. G. S. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalista ou especialista. Revista Brasileira de Educação Especial, Piracicaba, SP, v. 3, n. 5, p. 7-25, 1999. Disponível em: https://abpee.net/homepageabpee04_06/sumarios/sumariorevista5.htm. Acesso em: 01 jul. 2021. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: DF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Marcos político legais da Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, DF, 2010. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. FRANCO, P. L.J; LONGAREZI, A. M.; MARCO, F. Organização do ensino de matemática na perspectiva histórico-cultural: um processo didático-formativo. Zetetiké, Campinas, v. 24, n. 45, p. 127-140, 2016. DOI: https://doi.org/10.20396/zet.v24i45.8646533. Acesso em: 28 jul. 2021. FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1989. LUCKESI, C. C. O papel da didática na formação do educador. In: CANDAU, Vera Maria. (Org). A didática em questão. 33. ed. Petrópolis: Vozes, 2012. MARTINS, L. M. A formação social da personalidade do professor: um enfoque vigotskiano. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. MARTINS, L. M. O legado do século XX para a formação de professores. In: MARTINS, L. M.; DUARTE, N. (Org.). Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 13-31. SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Rev. Brasil. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 40, p. 143-155, Apr. 2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-24782009000100012>. Acesso em: 15 out. 2021. UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994.
Título do Evento
X SEMINÁRIO NACIONAL EDUCA
Título dos Anais do Evento
Anais do X Seminário Nacional EDUCA PPGE/UNIR
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

AGUIAR, Fabiano Sales de ; RODRIGUES, Ariam Ayesha Barros; SANTOS, Caroline Reis dos. FORMAÇÃO DOCENTE E SUBJETIVIDADE CONSTRUINDO CAMINHOS PARA UMA ATUAÇÃO CONSCIENTE.. In: Anais do X Seminário Nacional EDUCA PPGE/UNIR. Anais...Porto Velho(RO) UNIR, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/XSEMINARIOEDUCA/435591-FORMACAO-DOCENTE-E-SUBJETIVIDADE-CONSTRUINDO-CAMINHOS-PARA-UMA-ATUACAO-CONSCIENTE. Acesso em: 12/06/2025

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