A CONSTRUÇÃO DE GRUPOS ESCOLARES EM MACAPÁ/AP: EDUCAÇÃO COMO BASE PARA O PLANEJAMENTO URBANO E DESENVOLVIMENTO TERRITÓRIAL

Publicado em 27/07/2022 - ISBN: 978-65-5941-759-9

Título do Trabalho
A CONSTRUÇÃO DE GRUPOS ESCOLARES EM MACAPÁ/AP: EDUCAÇÃO COMO BASE PARA O PLANEJAMENTO URBANO E DESENVOLVIMENTO TERRITÓRIAL
Autores
  • Ananda Brito Bastos
  • José Francisco De Carvalho Ferreira
  • Daguinete Maria Chaves Brito
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
GT 07 – Planejamento e gestão territorial, bens públicos e privatizações, expansão urbana e as relações urbano-rurais
Data de Publicação
27/07/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xicbdu2022/482477-a-construcao-de-grupos-escolares-em-macapaap--educacao-como-base-para-o-planejamento-urbano-e-desenvolvimento-te
ISBN
978-65-5941-759-9
Palavras-Chave
Grupos escolares, Arquitetura escolar, Planejamento urbano.
Resumo
1 INTRODUÇÃO As experiências europeias e estadunidenses no campo da educação influenciaram líderes políticos brasileiros após a Proclamação da República de 1889. A ideia do Estado ser o principal responsável pela instrução primária do povo brasileiro, se mostrava ser um meio de legitimar o poder do novo regime republicano, bem como introduzia a população valores condizentes com a modernidade e com o desenvolvimento socioeconômico do país. No entanto, para que o projeto político do governo republicano fosse efetivado era necessário a construção de espaços específicos e apropriados para seguir os princípios da escola moderna, que deveria ser laica, livre, gratuita, obrigatória, civilizadora, dotada de moral cívica e com condições básicas de higiene. Deste modo, surgiram na década de 1890, no estado de São Paulo, as primeiras e principais referências de edificações para abrigar as escolas graduadas de ensino primário, também conhecidas, como grupos escolares, os quais eram caracterizados por sua monumentalidade e organização racional do espaço. Nesta perspectiva, chama a atenção para as particularidades da implantação de grupos escolares no território amapaense, mais precisamente, na sua capital, Macapá. Desde o período da colonização pelos portugueses até o início da década de 1940, a área que atualmente constitui o Estado do Amapá fez parte do Pará e sempre foi considerado um espaço periférico paraense e da região amazônica. Atualmente suas principais características são seu isolamento, via terrestres, com os outros estados do país, alto percentual de áreas legalmente protegidas (em torno de 70% do território estadual), bem como, sua extensa fronteira internacional com a Guiana Francesa e Suriname. A principal consequência do isolamento no início do século XX foi a constante falta de ações para o desenvolvimento social, econômico e cultural de sua população (DIAS, 2014). Analisando o território amapaense, até a primeira metade do século XX a soma de uma série de fatores, tanto no âmbito nacional quanto internacional, como por exemplo, a questão da segurança nacional, culminaram com a publicação no Decreto-lei n° 5.812/1943, que criou cinco Territórios Federais no Brasil (Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta Porã e Iguassú). Assim, o atual estado do Amapá foi desmembrado do Estado do Pará. neste sentido, pode-se afirmar que após a implantação do Território Federal do Amapá (TFA), Macapá foi a principal cidade a presenciar profundas transformações políticas, econômicas, socioculturais e urbanísticas. Estas transformações foram iniciadas ainda na década de 1940 (LOBATO, 2009; DIAS, 2014). Considerando os contextos nacional e local, questiona-se: Como as construções de grupos escolares, realizada entre os anos de 1943 (criação do TFA) e 1971 (aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, que extinguiu as escolas graduais) contribuíram para o planejamento urbano da cidade de Macapá, com vistas ao desenvolvimento territorial? Avalia-se, que embora seja tardia a implantação dessa tipologia de edifícios, eles contribuíram para despertar o interesse de parte da população amapaense pelo ensino básico. Como consequência, surgiram dinâmicas particulares do espaço de ensino macapaense, o que resultou na construção de bases para uma cultura escolar e seu desenvolvimento tipicamente regional, influenciando no planejamento urbano macapaense atual. O objetivo da pesquisa foi analisar como os programas arquitetônicos dos grupos escolares construídos no período de 1943 a 1971 determinaram as políticas educacionais e culturais, no que concerne ao planejamento urbano contemporâneo da cidade de Macapá. Assim, investigou o alcance dos programas arquitetônicos para a construção de uma cultura escolar notadamente macapaense que influenciou o seu processo educativo, cultural e de desenvolvimento socioeconômico, no período entre 1943 e 1971, e os seus desdobramentos para o planejamento urbano macapaense que subsidie as dinâmicas urbanas e territoriais atualmente. Considerando que não há pesquisas publicadas que abordem os grupos escolares macapaenses, a partir da relação entre cultura material e o planejamento urbano, pretende-se adotar uma perspectiva histórico-documental (MARCONI; LAKATOS, 2018). Em relação aos procedimentos de pesquisa foram utilizados levantamentos bibliográfico e documental. 2 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os principais resultados da pesquisa mostraram que a arquitetura escolar é considerada uma das tipologias arquitetônicas mais emblemáticas e duradouras no cenário urbano. Para Viñao Frago e Escolano (2001, p.26) “o espaço escolar tem de ser analisado como um constructo cultural que expressa e reflete, para além de sua materialidade, determinados discursos”. Assim, os prédios escolares fazem parte do conjunto arquitetônico de determinada cidade e necessitam ser analisados a partir de sua funcionalidade e importância para o processo educacional e cultural da população, bem como para o desenvolvimento de uma determinada região. Pode-se considerar, também, que durante os primeiros anos do regime republicano era nítido os interesses políticos por detrás do discurso de uma pedagogia moderna, o qual objetivava aperfeiçoar a educação intelectual, física e moral dos alunos, “a fim de torná-los capacitados a serem cidadãos úteis à República” (BENCOSTTA, 2011, p.71) e como o então TFA era um ente federativo vinculado diretamente a união, obedecia aos ditames da política federal. Ou seja, o objetivo oficial era desenvolver esta parte do país, tendo a educação como um dos pilares para alcançar o desenvolvimento regional (NUNES, 1946). Deste modo, os grupos escolares fizeram parte da política de desenvolvimento do território amapaense e grande parte do patrimônio arquitetônico macapaense provém do período no qual Macapá adquiria aspectos de cidade urbanizada e moderna devido sua condição como capital do TFA. Entretanto, é possível perceber que parte da sociedade macapaense não reconhece a relevância cultural dos monumentos edificados após a década de 1940, o que ocasiona a destruição ou descaracterização arbitrária dos vestígios arquitetônicos de uma época significativa para a história local (CANTUÁRIA et al., 2014). A análise dos grupos escolares associado a planejamento urbano macapaense foi importante, pois é um elemento que exerce influência sobre como nos relacionamos com o espaço e com as pessoas. Neste sentido, é necessário entender o processo de execução e funcionamento dos Grupos Escolares em Macapá e é importante “[...] para recuperar uma parte da história da educação amapaense e entender o papel da escola, dos alunos e dos demais agentes escolares, bem como situar a responsabilidade e a competência das esferas públicas na construção da sociedade” (SAMPAIO; NERY, p.33), bem como, entender as atuais dinâmicas urbanas. Portanto, é relevante e oportuno apresentar uma releitura sobre as edificações que estão presentes no cotidiano e na memória de cidadãos macapaenses. Além de demonstrar a necessidade de se refletir sobre a construção da educação e cultura escolar em âmbito do planejamento urbano, que possibilitou a criação de costumes e espaços que persiste até os dias atuais. Neste contexto, é significativo analisar a arquitetura dos prédios escolares e os interesses políticos para a formação educacional e cultural da população amapaense, com seus desdobramentos para a cidade e a sociedade atuais. Os grupos escolares macapaenses podem parecer um elemento invisível no cotidiano da população residente em Macapá, porém, a influência que essa arquitetura exerce e continua a exercer na relação espaço construído, sociedade e planejamento urbano, é visível.
Título do Evento
XI Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico
Cidade do Evento
Salvador
Título dos Anais do Evento
Anais do XI Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BASTOS, Ananda Brito; FERREIRA, José Francisco De Carvalho; BRITO, Daguinete Maria Chaves. A CONSTRUÇÃO DE GRUPOS ESCOLARES EM MACAPÁ/AP: EDUCAÇÃO COMO BASE PARA O PLANEJAMENTO URBANO E DESENVOLVIMENTO TERRITÓRIAL.. In: Anais do XI Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico. Anais...Salvador(BA) UCSal, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xicbdu2022/482477-A-CONSTRUCAO-DE-GRUPOS-ESCOLARES-EM-MACAPAAP--EDUCACAO-COMO-BASE-PARA-O-PLANEJAMENTO-URBANO-E-DESENVOLVIMENTO-TE. Acesso em: 15/05/2025

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