“DE CÁ PARA LÁ” E “DE LÁ PARA CÁ”: EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO ESTÉTICA QUE UNEM OS FIOS DA DOCÊNCIA

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

DOI
10.29327/140280.1-17  
Título do Trabalho
“DE CÁ PARA LÁ” E “DE LÁ PARA CÁ”: EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO ESTÉTICA QUE UNEM OS FIOS DA DOCÊNCIA
Autores
  • Adrianne Ogêda Guedes
  • Edilane Oliveira da silva
  • Michelle Dantas Ferreira
  • Vitória Bemvenuto Bonifacio
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES E NARRATIVAS: O MUNDO NA ESCOLA E A ESCOLA NO MUNDO
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/376675-de-ca-para-la-e-de-la-para-ca--educacao-e-formacao-estetica-que-unem-os-fios-da-docencia
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
educação estética, formação, escola
Resumo
“DE CÁ PARA LÁ” E “DE LÁ PARA CÁ”: EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO ESTÉTICA QUE UNEM OS FIOS DA DOCÊNCIA Eixo Temático: 2. Educação das Sensibilidades e Narrativas: o mundo na escola e a escola no mundo Adrianne Ogêda Guedes Adrianne.ogeda@gmail.com UNIRIO-RJ Edilane Oliveira da Silva laneoliveirasilva@hotmail.com SME-RJ Michelle Dantas Ferreira michaduda@yahoo.com.br SME-RJ Vitória da Silva Bemvenuto bemvenutovitoria@gmail.com UNIRIO-RJ Desde pequenas/os habitamos os espaços das instituições educacionais e seguimos durante quase toda a vida revisitando-os, seja em formações iniciais ou continuadas. Somos seres em constante (trans)formação: em processo de vir a ser, transitamos entre a Educação Básica e a Universidade desejando por frestas que convoquem nossas potencialidades. Ter na formação um ambiente que nos impulsione a encontrar outros tantos. Porém, muitas vezes, não estabelecemos diálogos profundos com os processos que vivemos durante nossa jornada formativa, ou ainda, não criamos laços que unam os lugares que pousamos nessa caminhada. Não construímos pontes que interliguem estas duas instituições educacionais, escola e universidade, que possibilitariam que prática e teoria não só convivessem, mas se retroalimentassem. Este movimento, no entanto, foi e vem sendo feito por nós, integrantes do Grupo de Pesquisa Formação e Ressignificação do Educador: Saberes, Troca, Arte e Sentidos (FRESTAS), ancoradas em uma perspectiva de Educação que preza pela integralidade do conhecimento, longe das cisões e dicotomias da lógica cartesiana que insistem em compartimentalizá-lo. Os primeiros estímulos dessa movimentação ocorreram em 2013, ocasião em que três de nós participamos – duas como cursistas e uma como Coordenadora – de um Curso de Extensão ofertado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) em parceria com o Ministério da Educação (MEC). O curso estava voltado para profissionais da rede pública de Educação Infantil do Rio de Janeiro (SILVA; GUEDES; VIEIRA; FERREIRA, 2016; GUEDES; VIEIRA, 2015; GUEDES; LAGE; VIEIRA, 2018; GUEDES; FERREIRA, 2020). Tinha como temática central as artes e uma proposta teórico-metodológica que apostava na proposição de experiências sensíveis, vivências em diálogo com as teorias do campo da Educação e com as múltiplas linguagens artísticas, contando com profissionais-artistas que nos convidavam a experimentações de corpo inteiro. Era uma (des) formação: uma proposta que tensionava e bagunçava as perspectivas formativas do que já nos tinha sido proposto até o momento. O processo diferenciado, inventivo e carregado de sentido fez com que um grupo de cursistas, professoras da Educação Básica, do qual duas de nós fazíamos parte, quisessem se aproximar, mergulhar mais fundo, continuar experimentando e estreitando os vínculos com uma proposta formativa sensível e integral. Deste movimento de escuta sensível para os quereres internos destas docentes, nasceu o FRESTAS, em 2014. Sua gestação ocorreu após o parto, pois somente depois de seu nascimento que, coletivamente, demos seu nome, sentimos suas mexidas e remexidas, acompanhamos seus primeiros passos e balbucios para o mundo. Assim, fomos organizando e planejando os encontros, construindo o referencial teórico e alicerçando nossas bases de atuação no caminho, sempre de forma coletiva e primando pela horizontalidade nas relações. Caminhando, fomos entendendo quem queríamos ser e quais frentes desejávamos abraçar. Hoje, passados mais de seis anos do nascimento do Grupo, nos voltamos a pesquisar e atuar, tanto na Educação Básica, quanto no Ensino Superior, tomando os campos da Educação Estética, da Arte e da Formação Docente, como centros de nossas ações. Mantemos um diálogo recursivo entre teoria-prática-teoria, porque acreditamos que é no contato com as pessoas e o mundo que desenvolvemos formas de sentir, pensar, fazer Educação fora da fôrma (GUEDES; FERREIRA, 2020), mobilizadas pela realidade que nos envolve e viabilizadas pela existência de corpo inteiro, estesiada (GUEDES; LAGE; BEMVENUTO, 2020). Assim, nos empenhamos em compor ações que evidenciem a pesquisa como uma produção acontecimental que se ergue na relação, se modifica no decorrer do processo, acompanha sinuosidades que possam vir a atravessá-la e segue formando seu corpo ao conectar saberes sensíveis e inteligíveis (DUARTE JR., 2000). Desse modo, o FRESTAS se movimenta pelos caminhos da Pesquisa-Formação (LONGAREZI; SILVA, 2013) e, nesse sentido, assumimos itinerários autoformativos (GUEDES; LAGE; BEMVENUTO, 2020) em que as próprias ações que realizamos nos são também formativas. Nos reconhecemos professoras, pesquisadoras e sujeitas que se lapidam, se fazem e (des)formam cotidianamente. Nuance que aciona nossas autonomias, quereres e as questões que nos atravessam, afetam e nutrem nossos corpos para dentro da pesquisa. Nessa aposta, forjamos ações que estejam fundadas no princípio da indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão (BRASIL, 2016) que sustenta a Universidade Pública Brasileira. Buscamos modos de fazer que promovam diálogos entre o ambiente interno da universidade, mais especificamente na Graduação de Pedagogia e na Pós-Graduação em Educação e a exterioridade, integrando os nossos processos formativos e das/dos docentes e estudantes que se aproximam de nós, transpassando as paredes da UNIRIO. O FRESTAS é um rizoma cujas ramificações capilarizam-se na sociedade, por isso, suas ações alcançam diferentes grupos. No entanto, aqui focaremos em dois conjuntos de ações que evidenciam a relação dialógica não só entre duas etapas da Educação – Ensino Superior e Educação Básica –, mas entre duas instâncias educacionais: universidade e escola, tendo como especificidade suas realizações em contexto pandêmico. O primeiro acontece na Universidade, na Graduação em Pedagogia, por meio dos componentes curriculares denominados Corpo e Movimento e Seminário 9. O segundo desemboca na Educação Básica, em um Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) e uma Creche, ambas intituições municipais do Rio de Janeiro, que se propõem a planejar, organizar e ofertar coletivamente, formações a partir de dentro (IMBERNÓN, 2010) para/com a equipe docente, denominadas, respectivamente, “Vivências Formacionais” e “Seminários de Autoformação Docente”. É importante sublinhar que as quatro ações que evidenciamos aqui e tantas outras – Cursos de Extensão Infâncias Cariocas e Brasileiras; Habitar-se; Esvaziar para Preencher; Laboratório de Palhaçaria; Escritas que dançam; FRESTAS Atravessa; Temas em Práticas Educativas, Linguagens e Tecnologias; ações formacionais em Polos do CEDERJ – germinaram a partir do nascimento e percurso formativo do FRESTAS. O Grupo se propõe a ser um grande catalizador e canalizador de energias e saberes sensíveis que conecta a Universidade à Educação Básica, Universidade e sociedade e Universidades por meio de ações que se alimentam, se nutrem e se expandem. Ações que desenrolam um processo cíclico de retroalimentação entre prática-teoria-prática, tendo a Educação Estética e as múltiplas linguagens artísticas como fios que conectam as tramas. Como mencionamos, as ações que destacaremos nesse artigo se deram no contexto da pandemia. A crise sanitária chegou ampliando o caos que já vinha sendo instaurado pelo (des)governo que, dentre todas as atrocidades cometidas, trabalha pelo desmonte da Educação Pública. Fazendo saltar as veias do mundo (SANTOS, 2020), o vírus do silêncio (KRENAK, 2020) modificou drasticamente a forma como nos relacionamos, fazendo com o que nossas práticas precisassem ser repensadas e ressignificadas diversas vezes, conforme o Coronavírus ia nos afetando. Diante disso e enquanto pesquisadoras e professoras compromissadas com um fazer ético, estético e político na Educação afirmamos a urgência em erguermos nossas ações para acolher e responder as demandas que atravessavam a nós e aos nossos pares. Ações que objetivam a consciência e reconexão corporal por meio dos sentidos, emoções e Educação Estética, ratificando a mudança nos paradigmas de construção de conhecimento, uma vez que não se tratava de transpor para as telas o proposto presencialmente. Sendo assim, nos questionamos: como tais ações reverberam, se cruzam, se tocam, se entremeiam entre universidade e escola, especialmente, no contexto da pandemia? Como poderíamos tecer redes de afeto, presença e inteireza por meio de conexões remotas? De que maneira possibilitar vivências formativas estéticas pela tela? Seria possível aguçar as sensibilidades pelos quadradinhos das plataformas de encontros via internet? Foi preciso suspender nossas ações, revisitá-las, transformá-las, demorar nossos olhares sobre as instabilidades políticas, sociais e sanitárias que nos ameaçavam. Foi preciso esperançar (FREIRE, 1998) e olhar para as possibilidades com olhares novidadeiros sedentos por utopias possíveis (SANTOS, 2001) e Inéditos Viáveis (FREIRE, 1998). Foi preciso ratificar a urgência de um conhecimento construído sem compartimentalizações e cisões, que prime pela inteireza dos seres e se dê nas relações, percebendo que as Universidades e as escolas são pontes que produzem e ressignificam teorias e práticas que só fazem sentido em eterno estado de movimento e diálogo. Foi imprescindível firmamos nossas escolhas por metodologias que tornassem o fazer e o estar mais acessíveis, menos árduos, mais acolhedores e mais sensíveis. Os relatos ao longo das aulas e nos trabalhos finais de Seminário 9 e Corpo e Movimento, bem como as narrativas construídas a partir das vivências formacionais e dos Seminários, nos deram a ver como as/os sujeitas/os iam sendo impactados pelas propostas, como as conexões que faziam entre as formações e a pandemia favoreciam uma reflexão crítica a respeito da sociedade em que vivemos e ao contexto mais amplo. Conexões e reflexões que nos permitem compreender os imbricamentos entre o estado atual das coisas e as dimensões políticas e históricas com a qual se relacionam. Decerto que essas experiências não se pretendem prescritivas nem salvacionistas, mas sim afirmativas de que a Educação que faz sentido é aquela que dialoga com o seu tempo. Um posicionamento que no encontro com os detalhes busca enxergar e criar relações que tenham a ver com o que enfrentamos e experimentamos coletivamente. Um modo de pesquisar e fazer Educação para tempos futuros acreditando que só é possível pensarmos o amanhã se estivermos emersas do hoje (FREIRE, 2000), percebendo que é no e por meio do coletivo que as ações fazem sentido. Palavras-chave: Educação Estética; Educação Básica; Formação Docente; Universidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto consolidado até a Emenda Constitucional nº 91 de 18 de fevereiro de 2016. Brasília: Senado Federal, 2016. 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Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
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Como citar

GUEDES, Adrianne Ogêda et al.. “DE CÁ PARA LÁ” E “DE LÁ PARA CÁ”: EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO ESTÉTICA QUE UNEM OS FIOS DA DOCÊNCIA.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/376675-DE-CA-PARA-LA-E-DE-LA-PARA-CA--EDUCACAO-E-FORMACAO-ESTETICA-QUE-UNEM-OS-FIOS-DA-DOCENCIA. Acesso em: 19/07/2025

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