POSSIBILIDADES DE VÍNCULO E INTERESSE DO ALUNO EM AULAS REMOTAS DURANTE A PANDEMIA

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
POSSIBILIDADES DE VÍNCULO E INTERESSE DO ALUNO EM AULAS REMOTAS DURANTE A PANDEMIA
Autores
  • Karine Cristina de Souza
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES E NARRATIVAS: O MUNDO NA ESCOLA E A ESCOLA NO MUNDO
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/375780-possibilidades-de-vinculo-e-interesse-do-aluno-em-aulas-remotas-durante-a-pandemia
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
educação; vínculo aluno-professor; rudolf steiner; ensino remoto
Resumo
Observar a escola como uma estrutura arcaica que discute sobre si mesma e busca estabelecer pontes que conectam esse espaço com a contemporaneidade já é uma pauta existente antes mesmo da pandemia. O que o atual cenário trouxe para o ambiente escolar — de abertura, debate, luta e resistência — foi a possibilidade de implementar pensamentos e práticas que contribuam para uma nova realidade do espaço institucionalizado. O objetivo deste artigo é estabelecer um diálogo entre a observação e análise de práticas usadas em aulas online síncronas de um projeto social em Belo Horizonte no ano de 2021, refletindo sobre teorias que corroboram para pensar na importância da criação de vínculo entre o professor e o aluno e os desafios para o despertar do interesse no processo de aprendizagem dos dias atuais. Tais reflexões levaram a uma análise bibliográfica a partir de um levantamento temático — o papel do professor no espaço escolar. Isso se deu por meio de um olhar dedutivo sobre 3 aspectos: a importância da criação de vínculo como ferramenta essencial no processo de ensino-aprendizagem destacada por STEINER (2008); a urgência da inclusão da experiência e o saber da experiência apresentados por BONDÍA (2012) e a capacidade de mediação através da transposição didática de FREIRE (1996). Os discursos e ideias que se dedicam a promover uma reforma na educação não são novos. Mesmo assim, os mesmos também ainda não são amplamente difundidos ou aderidos pelo corpo docente e gestores escolares que ainda reproduzem na maior parte das instituições uma estrutura similar à implementada no século XIX. Isso vai desde a disposição das cadeiras enfileiradas dentro da sala de aula até a relação de autoridade professor-aluno em uma estrutura hierárquica piramidal. Em março de 2021 iniciou-se um projeto social que leva o ensino de tênis, idiomas e aulas de reforço escolar para comunidades em situações de risco. Planejado para acontecer em uma época antes da pandemia, a ideia do reforço escolar era contribuir para a manutenção do desempenho dos alunos que participassem das outras atividades. Entretanto, ao iniciar a execução do projeto a cidade se encontrava na onda vermelha (período mais restritivo de isolamento por conta da Covid-19 que permite apenas o funcionamento de serviços essenciais). A maior parte dos inscritos, estudantes de escolas públicas locais, não frequentavam a escola há 1 ano por causa da pandemia e estavam sem a opção de assistir aulas síncronas, recebendo apenas blocos de atividades em papel para entregar na escola após os mesmos serem resolvidos. Um primeiro problema apresentado com o início das aulas foi a criação de vínculos afetivo-emocionais com os alunos usando ambientes virtuais para o estabelecimento desse contato. A partir da perspectiva de STEINER (2008), um ponto fundamental nas relações de aprendizagem é o interesse que o professor demonstra pelo aluno. Tal vínculo deve ser verdadeiro, genuíno e para que o docente consiga tal feito, é comum que ele use de várias técnicas comuns ao encontro físico. Por exemplo, o aperto de mãos e olhar nos olhos. Apesar de a introdução das tecnologias como ferramenta dentro do ensino serem vistas, de algum aspecto como positivas para o desenvolvimento do aluno, as relações humanas perdem qualidade nesse meio e isso pode ser ainda mais comprometedor durante a educação básica. Isso porque neste período o aluno ainda está desenvolvendo suas habilidades socioemocionais. Como resposta para tais desafios, foram aplicadas dinâmicas e vivências que permitissem ao aluno contar um pouco sobre ele mesmo, seus sonhos, seu cotidiano, fortalecendo, além do vínculo, aspectos da autoestima. Por conta da situação apresentada da ausência de uma rotina escolar presencial e a necessidade das aulas online (com a possibilidade de serem síncronas e assíncronas) o módulo de reforço escolar se mostrou um excelente laboratório para colocar em prática o espaço para a experiência. Afinal, por mais que o ensino contemporâneo conte com abertura para experimentos, que nada mais são que processos sistematizados com o objetivo de obter um mesmo resultado, BONDÍA já observa a dificuldade da abertura para a experiência. Uma vivência de português que permitiu observar os obstáculos que poderiam surgir ao buscar a experiência foram exercícios simples e direcionados para produção textual. Ao solicitar que os alunos desenvolvessem texto dentro de determinado gênero (fábula e depois charge), porém com o tema livre, parte dos estudantes demonstraram resistência em escrever sem um direcionamento mais fechado. Nesse sentido, um trabalho constante de demonstração de interesse, a realização de um check-in emocional no momento da chamada inicial das aulas — momento em que o aluno conta como está se sentindo — além da natural aproximação a partir dos encontros frequentes, trouxe novas possibilidades. Um espaço no final da aula se transformou em ambiente para experiências, nos quais os alunos contavam sobre suas expectativas, apresentavam games, animais de estimação e até mesmo organizaram um momento de charadas. Esses elementos se mostraram bastante úteis para o planejamento das aulas subsequentes, criando coerência entre os pontos de interesse dos alunos e as atividades para a apresentação e reforço de matérias. Tal transposição didática aponta o quanto o saber científico, ao ser permeado pelo espaço oferecido pela experiência e o saber da experiência, é capaz de gerar interesse e permitir a autonomia para o estudante se apropriar do conhecimento. O resultado dessa observação e diálogo demonstrou a importância do professor estar aberto para o novo. Assim como Paulo Freire destaca a interdependência entre ensinar e aprender, todo esse processo também se desdobrou a partir da dinâmica entre os dois aspectos. Só foi possível desenvolver novas abordagens e práticas a partir do processo de tentativa e erro. A partir de uma leitura que cada ser humano é único e, dentro dessa característica individual e subjetiva, terá ações diferentes conforme a situação que se apresenta. Palavras-chave: educação; vínculo aluno-professor; rudolf steiner; ensino remoto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONDÍA, Larossa Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Disponível em < ttps://www.scielo.br/j/rbedu/a/Ycc5QDzZKcYVspCNspZVDxC/?lang=pt# > Acesso em 19 de junho de 2021 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. STEINER, Rudolf. O estudo geral do homem: uma base para a pedagogia. São Paulo: Antroposófica, 2018.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUZA, Karine Cristina de. POSSIBILIDADES DE VÍNCULO E INTERESSE DO ALUNO EM AULAS REMOTAS DURANTE A PANDEMIA.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/375780-POSSIBILIDADES-DE-VINCULO-E-INTERESSE-DO-ALUNO-EM-AULAS-REMOTAS-DURANTE-A-PANDEMIA. Acesso em: 06/07/2025

Trabalho

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