UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NA REDE DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CAMPINAS NO PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL.

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NA REDE DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CAMPINAS NO PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL.
Autores
  • Leandro Roberto Ferreira de Souza
  • Luís Fernando Furlaneto Graça
  • Evelyn Magalhães de Oliveira
  • Edlaine de Cassia Bergamin
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
CULTURAS ESCOLARES E FORMAÇÕES ÉTICO-ESTÉTICAS
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/375194-uma-experiencia-de-formacao-continuada-sobre-genero-e-sexualidade-na-rede-de-educacao-infantil-de-campinas-no-per
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
Formação Continuada, Gênero, Sexualidade, Educação Infantil
Resumo
*O contexto de surgimento da proposta de formação* A pandemia de SARS-COV-2 no início de 2020 mudou a forma como os educadores dos CEI’s Maria Aparecida Vilela Gomes Júlio e Noêmia Cardoso Asbahr se relacionavam entre si no exercício do seu trabalho. O ano havia acabado de se iniciar e já tivemos que nos distanciar incertos do que viria a seguir. O que veio foi muito trabalho para entender e se adaptar à nova realidade que era posta de educar e se educar a distância. Apesar de grande parte dos educadores não verem com bons olhos e até duvidarem da eficiência da educação a distância, essa era a única possibilidade sã que se apresentava possível na ocasião devido à perigosa situação sanitária que a população enfrentava. O poder público de Campinas, na tentativa de direcionar o trabalho dos servidores, elaborou diversos decretos norteando como as escolas deveriam se organizar, em um destes decretos foi estipulado que 25% da carga horária dos servidores da educação deveriam ser cumpridas com formações, para os Agentes de Educação Infantil (AEI) e/ou Monitores de Educação Infantil I essa porcentagem equivale a oito horas semanais. Pré-pandemia, Agentes de Educação Infantil (AEI) e Monitores de Educação Infantil I já possuíam uma carga horária de duas horas semanais de formação chamada HFAM (Horário de Formação de Agentes e Monitores). Inicialmente cada educador individualmente procurou uma forma de cumprir essa carga horária buscando formações diversas como: palestras ao vivo com temáticas da educação que surgiram aos montes nas mídias sociais, cursos rápidos EAD com emissão de certificado que poderiam comprovar o cumprimento dessas horas, leitura e elaboração de resenha de textos sugeridos pela equipe gestora da escola, etc. Na época o grupo de WhatsApp da escola pipocava com sugestões de formações que as pessoas iam enviando, todos precisavam cumprir os tais horários de formação, mas individualmente e no caos do distanciamento e das incertezas sobre o trabalho a coisa toda ficava uma bagunça e as reclamações das pessoas sobre a ansiedade de cumprir tais determinações eram comuns. Um pequeno grupo de educadores buscando facilitar e deixar mais coeso o processo de formação decidiu propor um grupo de estudos com um tema unificado: Gênero. Fizeram então uma proposta para a gestão da escola de se encontrarem semanalmente por meio virtual para debater algum material estudado previamente a respeito das questões de gênero, as reuniões seriam gravadas e a participação das pessoas comprovaria ao menos duas horas do processo formativo e além disso uma produção baseada no material de estudo da semana poderia complementar mais horas a fim de cumprir o que pedia a nova legislação. A proposta teve anuência da gestão da escola e o grupo que inicialmente era pequeno foi sendo ampliado com a adesão da grande maioria dos educadores da escola. *A dinâmica movimentou o grupo* Apesar da proposta inicial ter sido gestada em um grupo menor, a ideia era de que o grupo não tivesse uma gestão centralizada e que todos os participantes pudessem interferir no conteúdo e no método que se daria a formação. Um grupo de WhatsApp foi criado para a comunicação e o direcionamento dos estudos, a tarefa do primeiro encontro foi assistir ao documentário “O Silêncio dos Homens” (que estava disponível gratuitamente no youtube), fazer anotações e considerações para trazê-las ao debate no dia do encontro. Esse primeiro encontro foi um misto de debate a respeito do documentário, acordos sobre como o grupo deveria se organizar e para onde e como deveríamos direcionar os estudos. Decidimos então como grupo que, para o próximo encontro, iríamos fazer um curso de curta duração online chamado: LGBT+ Conceitos e Histórias, tal curso estava disponível na plataforma Veduca e seria uma importante introdução para algumas questões de gênero que tínhamos dúvidas. O debate a respeito do curso do Veduca suscitou a sugestão de que trouxéssemos para falar para o grupo pessoas que estudavam sobre o assunto de gênero e pessoas que tinham vivências de sexualidade e identidades desviantes da norma. Duas participantes sugeriram pessoas que conheciam e que estariam dispostas a vir conversar conosco, dessa forma os dois próximos encontros foram programados: em um destes encontros recebemos Fernando César Paulino, psicólogo social e professor na UFG e em outro encontro receberemos Marcos Leme, supervisor educacional na Prefeitura Municipal de Campinas. Essa experiência de trazer pessoas para conversar com o grupo se mostrou eficaz e se tornou a principal dinâmica que movimentou os estudos. Um grupo de planejamento se formou e se prontificou a buscar e convidar mais pesquisadores e pessoas com vivências específicas que pudessem compartilhar conosco suas ideias a respeito de gênero e sexualidade. A partir disso, a cada semana tínhamos um convidado e um material de apoio para as discussões, geralmente um texto indicado pelo próprio convidado, um filme, documentário, artigo ou reportagem jornalística, etc. A dinâmica de estudos passou a ser, apreciação do material de apoio, encontro onde o convidado expunha uma ideia ou vivência seguida de um diálogo mais livre onde as pessoas expunham pensamentos, dúvidas sobre o assunto estudado. Vieram compartilhar conhecimento conosco pesquisadores como: Paulo Reis dos Santos, Andrea Moruzzi, Peterson Rigatto, Lígia Évora Constantino, Fabiana Andrade, Heloísa Matos Lins, Gabriela Tebet, além de recebermos também pessoas LGBTIA+ que se prontificaram a nos contar suas experiências e vivências. *Temáticas abordadas e discutidas* Através do primeiro contato com o tema central “Gênero” se fez necessário compreender a diferença entre: sexo biológico, identidade de gênero, orientação ou atração sexual e expressão de gênero. O que formou um primeiro bloco com convidados e materiais de estudos (textos e vídeos) centrado nessa discussão. Este primeiro bloco de encontros não foi planejado, mas caminhou de forma orgânica e foi muito importante para que o grupo começasse a ter um nivelamento de ideias, afinal era um grupo muito diverso de pessoas, com origens, idades e formações muito distintas. Após este primeiro bloco de encontros através de uma primeira avaliação realizada foi levantado temas a serem trabalhados e aprofundados que contribuíram mais profundamente com nossa formação e trabalho. Entre os novos temas trabalhados e discutidos temos: Masculinidades no qual tratamos sobre homens na educação infantil, masculinidades pretas, masculinidades na infância etc.; Gênero na política discutindo Escola sem Partido, Fakes News como “Kit Gay”, ideologia de gênero, etc.; Violências de Gênero falando sobre feminismos, violências físicas, simbólicas e psicológicas, violência contra pessoas trans, travestis e putas (aqui tratando também sobre saúde pública e transição de gênero), abuso e violência sexual infantil, machismo, etc.; Linguagem neutra e não binária, etc. Todos estes temas de forma transversal contribuem para nosso crescimento pessoal e também no trabalho dentro da escola. Possibilitando um trabalho mais direcionado, afinal a escola é formada na diversidade de pessoas e ideias, na pluralidade de formações familiares e sempre com o olhar de que nenhuma criança é igual a outra, mas todas merecem as mesmas possibilidades. *Conclusão* O grupo então surgiu como uma iniciativa dos próprios servidores que precisavam cumprir o que lhes foi determinado legalmente; como são sujeitos históricos e têm autonomia, puderam escolher um tema que tem seus significados disputados no campo político e assim tornaram a própria escola um local de resistência contra o obscurantismo científico e o ataque aos direitos humanos que tentam amedrontar qualquer menção a gênero no ambiente escolar. A dinâmica em que se deu a formação foi possível em grande medida devido a fatores como: ampliação do uso das ferramentas de encontro virtual que todos foram forçados a se familiarizar devido ao isolamento social; a disponibilidade dos convidados de compartilharem seus saberes de forma voluntária; a gestão da escola que abraçou e permitiu um projeto espinhoso e ao próprio grupo que se movimentou para tornar a formação possível. Com o fim do isolamento social e o retorno à formação tradicional de duas horas (HFAM) a gestão da escola em conjunto com alguns dos educadores apresentam ao núcleo de formação da PMC uma proposta com o mesmo tema para o ano de 2021, agora com o nome de Grupo de estudos: Gênero, sexualidade e educação. A proposta foi aprovada e publicada no diário oficial do município, o acolhimento pelo poder público de um tema ousado reforça e legitima que tais assuntos são sim pertinentes ao ambiente escolar. Os educadores de ambas as escolas ainda continuam estudando sobre o tema na tentativa de ampliar o entendimento sobre a importância das questões de gênero que nos atravessam e atravessam aqueles que educamos.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUZA, Leandro Roberto Ferreira de et al.. UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE NA REDE DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CAMPINAS NO PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL... In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/375194-UMA-EXPERIENCIA-DE-FORMACAO-CONTINUADA-SOBRE-GENERO-E-SEXUALIDADE-NA-REDE-DE-EDUCACAO-INFANTIL-DE-CAMPINAS-NO-PER. Acesso em: 06/06/2025

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