SOBRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E ESCRITA: O QUE É PRECISO ESCRE(VER) NA ESCOLA?

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
SOBRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E ESCRITA: O QUE É PRECISO ESCRE(VER) NA ESCOLA?
Autores
  • Renata Lúcia de Morais Fernandes
  • Inês Ferreira de Souza Bragança
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES E NARRATIVAS: O MUNDO NA ESCOLA E A ESCOLA NO MUNDO
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/375165-sobre--coordenacao-pedagogica-e-escrita--o-que-e-preciso-escre(ver)-na-escola
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
Palavras-chave: coordenação pedagógica; escritas; cotidiano escolar
Resumo
O presente trabalho reflete sobre uma das lições trazidas como resultado da dissertação de mestrado intitulada “Entre encontros e travessias: a formação da coordenadora pedagógica nas linhas a entrelinhas do cotidiano escolar”, produzida pela primeira autora deste texto, como parte do programa de Mestrado Profissional da Universidade Estadual de Campinas. A pesquisa apresentou o relato de uma experiência pedagógica que lançou olhares para as escritas produzidas por uma das autoras, como professora e como coordenadora pedagógica e que serviram como dispositivo reflexivo, permitindo que enxergasse que foi no chão da escola que se deu a sua formação profissional como coordenadora. Uma pesquisa que não tratou sobre a escola ou sobre a formação, mas se fez com: com as pessoas, com o diálogo, com as vivências, com os estudos, com a escola e todas as dores e delícias que se encontra dentro dela. Uma pesquisa implicada com a vida, com a polifonia composta pelas vozes da pessoa-professora-coordenadora que também é pesquisadora-narradora-autora e personagem. Toda essa polifonia representada por uma única voz, constituída por todas as outras. A lição em questão, “Registros reflexivos dizem muitas coisas, mas refletir sobre outros registros pode dizer mais” tem como objetivo compartilhar com outras coordenadoras um aprendizado sobre a importância de valorizarmos as escritas produzidas na escola, de natureza reflexiva, ou não, considerando que na escola escrevemos uma infinidade de coisas. Fazemos anotações diárias, relatórios, memorandos, e-mails, avisos às professoras, relatórios, enfim... registros aleatórios. Por muito tempo a pesquisadora-narradora-autora acreditou que essas escritas não tinham relevância, pois diziam sobre os fazeres do dia a dia, em detrimento de outras escritas, produzidas reflexivamente. No caminho da produção da dissertação aprendeu que escrever na escola é sempre necessário, mas o que fazemos com essas escritas pode dar outro sentido a elas. Durante a pesquisa a autora produziu o inventário a partir dos registros encontrados em seus cadernos de anotações escritos entre os anos de 2012 e 2020. O inventário consiste em um “procedimento metodológico que convida o pesquisador a revisitar a sua prática pedagógica, compreender e visitar escritos, imagens, objetos, suportes de lembranças, que fazem parte de sua história, por terem sido produzidos em tempos e lugares outros” (PRADO; FRAUENDORF; CHAUTZ, 2018, p.535). Com o inventário encontrou em seus cadernos registros de formações, organização das turmas, listas de coisas para fazer, listas de hipótese de escrita dos alunos, registros de formações oferecidas pela Secretaria Municipal de Educação (SME), registros aleatórios, reflexões, rascunho de comunicados aos pais e professores, planejamento e anotações feitas em Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), registro de orientações aos professores, anotações feitas em conselho de classe, rascunho de registro de observação de aula, levantamento de falta dos alunos, registros de palestras, pauta de reuniões na SME e registros feitos durante essas reuniões, anotações como participante em cursos oferecidos pela SME, anotações de cursos que participou como formadora, estudos, anotações sobre atendimentos feitos com os professores, organização dos horários dos professores, reuniões com pais e com profissionais de outras instituições que atendem alunos de inclusão. Assim, depois de muito ler, lembrar, ler de novo, foi percebendo que aqueles escritos nos cadernos não eram da mesma natureza, e optou por inventariá-los seguindo dos seguintes critérios: - Registros aleatórios – São os registros mais comuns, em que anotava diariamente seus afazeres pedagógicos. Esses foram os registros que deu menos importância, porém, eles muito dizem sobre como a coordenadora distribuía seu tempo ao longo de uma semana de trabalho, por exemplo. Disseram, por exemplo, sobre o quanto a coordenadora é requisitada para fazer funções administrativas e o quanto isso a afasta das suas reais atribuições. - Registros reflexivos – Pequenas reflexões feitas nos intervalos entre os registros aleatórios. - Registros de reuniões – São as anotações feitas durante as reuniões de coordenação pedagógica, principalmente entre os anos de 2013 e 2017. - Pautas das reuniões de HTPC – As pautas de reuniões, apesar de serem planejamentos dos encontros, dizem muito a respeito das concepções que a coordenadora tinha suas atribuições. - Listas de coisas para fazer – Frequentemente aparecem listas nas quais ela fazia a relação de coisas que estavam pendentes e que não poderiam deixar de ser feitas. ´ Refletindo sobre essas escritas percebeu que os registros considerados por ela aleatórios, descritivos, não traziam o que pensava sobre o que fazia, mas ler e refletir sobre eles depois lhe permitiu enxergar muito mais sobre sua prática de coordenadora, mostrando o uso que fazia do tempo, quais eram os acontecimentos que impediam que cumprisse seu planejamento. Só se deu conta da importância desses registros durante a pesquisa. Uma outra situação que exemplifica a potência dos registros: Normalmente, após uma reunião de Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) pode ser feito um registro reflexivo sobre o tema estudado, ou, então, um registro descritivo, apenas relatando o que aconteceu na reunião. No primeiro caso, se a reflexão é feita enquanto se escreve, pode-se perceber os aprendizados, dúvidas, estabelecer relação entre o conteúdo da escrita com outros conhecimentos e por fim, construir durante a própria reflexão escrita novos saberes. No segundo caso, pode-se apenas elencar o que foi discutido, sem pensar se isso vai promover novos conhecimentos. Em ambos os casos, o será feito com essas escritas fará toda a diferença. A escrita não pode ficar guardada em cadernos fechados. Ela precisa comunicar. Precisa ser lida. É preciso deixar as palavras saírem voando, deixá-las dançar diante dos nossos olhos. Assim, lendo tanto o registro reflexivo quanto o descritivo, é possível perceber temas que já foram estudados e que poderiam estar resolvidos na ação das professoras. Pode-se refletir sobre o encontro, procurando rememorar o acontecido na tentativa de elaborar o que significou para cada professora que participou dele. Pode-se reconhecer na reflexão da professora que escreveu o que fez sentido para ela e dialogar sobre isso. Outra situação que a coordenadora compartilha como aprendizado diz sobre as vezes em que se exigem escritas das professoras que são burocráticas e sem sentido, mas que tomam grande parte do tempo delas. Por outro lado, é especial considerar que elas podem ter suas escritas individuais, como um diário rascunho (BARBIER, 2002) em que anotam aquilo que consideram importante e muitas vezes recorrem a essas escritas depois, podendo ou não produzir outras reflexões. Ou seja: escrever na escola é necessário, mas o sentido que daremos a essa escrita fará toda a diferença. Referências BARBIER, René. A pesquisa-ação. Brasília: Plano Editora, 2002. PRADO, G. V.T.; FRAUENDORF, R.B.S.; CHAUTZ, G. C. C. B. Inventário de pesquisa: uma possibilidade de organização de dados da investigação. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, v. 3, p. 532-547, 2018.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FERNANDES, Renata Lúcia de Morais; BRAGANÇA, Inês Ferreira de Souza. SOBRE COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E ESCRITA: O QUE É PRECISO ESCRE(VER) NA ESCOLA?.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/375165-SOBRE--COORDENACAO-PEDAGOGICA-E-ESCRITA--O-QUE-E-PRECISO-ESCRE(VER)-NA-ESCOLA. Acesso em: 20/06/2025

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