ESTRANGEIRO

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
ESTRANGEIRO
Autores
  • Suelen Aparecida de Carvalho Rela
  • Daniela Dias dos Anjos
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
CULTURAS ESCOLARES E FORMAÇÕES ÉTICO-ESTÉTICAS
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374482-estrangeiro
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
ducação; ensino; currículo; sensibilidade;
Resumo
Resumo:O trabalho em questão traz para a discussão a experencia de uma professora alfabeizadora em uma sala de segundo ano. Composta por 25 alunos, e com a expectativa de que todos os alunos ali matriculados encontravam-se na hipótese alfabética da escrita, havia algumas crianças que ainda não estavam nesse processo, entre eles uma criança que carinhosamente será identificado como Estrangeiro, cm o intuito de preservar a identidade dos envolvidos. Estrangeiro, como todos os integrantes de sua família que haviam imigrado para o Brasil, mantinha em seu lar todos os costumes e habitos, não apenas culturais, de seu país de origem, inclusive o vocabilário. Mesmo tenso contato com a língua portuguesa somente quando estava na escola ou no comércio da família, ele estava matriculado em uma rede de ensino para iniciar o processo de alfabetização. Mesmo com um currículo a ser seguido, e com algumas normas de ensino adotadas pela escola, o contexto vivenciado pela professora levou-a a refletir sobre seu papel enquanto professora e todo o caminho já percorrido na educação, questionando situações e sentimentos como: afeto, afetividade, respeito, valores, crenças, sistema, ensino, aprendizagem e o outro. Quem é o outro no processo de ensino – aprendizagem e quem sou eu, professora, no processo de alfabetização e na relação diária com os alunos? É a partir desse ponto de vista, que o texto em questão, apresenta a reflexão sobre a evolução constante na relação comigo, consigo, contigo e com o outro.Aquele que narra a sua história, sempre o faz para alguém, e as vezes, é preciso um tempo para compreender o quanto nossas histórias podem contribuir quando compartilhadas. Registrar as práticas docentes e pesquisar sobre elas, nos permite deixar de ser meros executores de tarefas, nos leva a ser um profissional que reflete e atua, estando em constante desenvolvimento, como nos diz Alarcão (1977 apud Falcão, 2013, p.153): “ser professor implica saber quem sou, as razões pelas quais faço o que faço e conscientizar-me do lugar que ocupo na sociedade”. Foi preciso um tempo, mesmo já tendo produzido um memorial de formação, para que a história compartilhada nesse texto, passasse a ser entendida pela professora como uma possibilidade de reflexão sobre suas práticas e experiências já vivenciadas. Ao participar de um grupo de pesquisas em alfabetização, a professora em questão passou a resgatar suas experiências profissionais na área da educação compreendendo-as então não como relatos de experiência de vida e estudos de caso, mas como fonte de reflexão sobre a prática pedagógica. Gatti citando Schon, nos apresenta a proposta de formação capaz de refletir sobre sua experiência para compreender e melhorar seu ensino , com base na epistemologia da prática, que se sustenta em três conceitos fundamentais: conhecimento na ação, reflexão na ação e reflexão sobre a reflexão da ação (GATTI, 2019 ,p.184). Pensando que a experiência é aquilo que nos toca, nos passa e nos acontece, podemos entender que ela difere do saber coisas e é a palavra que nos dá a possibilidade desta percepção. Somos palavra! Palavras que dão sentidos ao que fazemos, pensamos, ao que somos, ao que nos acontece. A busca incessante pelo novo, nos impede de experienciar aquilo que realmente nos acontece. Experienciar pede parada; para pensar, olhar, escutar, calar, dar-se tempo e espaço. Experienciar não solicita opinião, valores, juízo, vontades. Experienciar é existir, ex-por-se! E foi por compreender a experiência como existência que Professora, afetuosamente por nós definida, compartilhou conosco, algumas das marcas de seu corpo. As fragilidades do corpo que tem o seu poder de autocura. Esse corpo que conta a história passada, presente e futura pelas sensações, imagens, sonhos. Contar a história, possibilita ao sujeito dar forma ao que antes não tinha, refletindo sobre seu poder e do poder do outro em sua vida, construindo-se como um sujeito histórico, marcado pelas relações de cultura, poder. Ao buscar sua história e refletir sobre ela, é possível compreender os processos de transformações pelos quais passamos, reconhecendo ser humano como alguém cheio de possibilidades a ser realizada. Entender a experiência como formação humana permite refletir sobre si e forma-se com a história do outro, ressignificando -a. As experiências pedagógicas, tão comuns no cotidiano docente e compartilhadas de maneira oral, são oportunidades para o manifesto de professores acerca de sua vida escolar, divulgando seus saberes e conhecimentos quando se tornam narrativas escritas, também chamadas narrativas pedagógicas. Essas narrativas, originadas da espontaneidade de narrar as histórias do cotidiano escolar, vêm contribuir para a apresentação daquilo que os registros oficiais não dão conta. Ao empregarmos discursos autoritários nas relações estabelecidas, escondemos as vozes e apresentamos uma única verdade. Mas a verdade de quem? Verdade para quem? Nesse contexto, o espaço para a aprendizagem e a relação entre professores e alunos ficam reduzidos a ensinar(professor) e aprender (aluno). Essa experiência possibilitou compreender a sala de aula como um local produtor de muitas vozes, espaço para a interação entre os que nela se constituem e se fazem, a possibilidade de aproximar os diferentes, enriquecendo e contribuindo para o novo, possibilitando que o visto seja observado por outro ângulo. Ao empregarmos discursos autoritários nas relações estabelecidas, escondemos as vozes e apresentamos uma única verdade. Mas a verdade de quem? Verdade para quem? Nesse contexto espaço aprendizagem, a relação entre professores e alunos ficam reduzidos a ensinar(professor) e aprender(aluno). Ao compreendermos a narrativa docente com significância, compreendemos também como um gênero discursivo que contribui para a manifestação de saberes e conhecimentos docentes, que estão para além dos muros da escola, valorizando as produções humanas não como um objeto de pesquisa. Esses reconhecimentos do conhecimento produzido na escola por meio das narrativas e no reforço dos conhecimentos produzidos pelos professores. Conhecimentos esses que apresentam marcas individuais que emergem das provocações externas as situações diárias, que por vezes se repetem. Entender o professor como ser social que evolui a partir das relações que estabelece, é valorizar a sua história individual e profissional, suas crenças e entender que está em constante aprendizado. Registrar nossas práticas e pesquisar sobre elas, nos permite deixar de ser meros executores de tarefas, mas passamos a ser um profissional que reflete e atua. Aprendemos em nossa construção histórica de ser humano, a valorizar apenas aquilo que é único, normativo, correto. Ainda não compreendemos, também enquanto profissionais da educação, que somos sujeitos inacabados. Ao parar a minha palavra para dar espaço ao outro, entendo, que minha “trans”formação é sempre provisória e que estamos em constante movimento. Somos responsáveis pelo outro assim como ele por nós: EU-PARA-MIM, O- OUTRO- PARA- MIM e EU PARA-O-OUTRO.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RELA, Suelen Aparecida de Carvalho; ANJOS, Daniela Dias dos. ESTRANGEIRO.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374482-ESTRANGEIRO. Acesso em: 06/07/2025

Trabalho

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