DIÁRIO DE ITINERÂNCIA COMO ESTRATÉGIA FORMATIVA E REFLEXIVA SOBRE A PRÁTICA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
DIÁRIO DE ITINERÂNCIA COMO ESTRATÉGIA FORMATIVA E REFLEXIVA SOBRE A PRÁTICA EM TEMPOS DE PANDEMIA
Autores
  • Pandora Pimenta Hardt Araujo
  • Talita Da Cruz Coelho
  • Laurinda Ramalho de Almeida
  • Jeanny Sombra Silva
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES E NARRATIVAS: O MUNDO NA ESCOLA E A ESCOLA NO MUNDO
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374466-diario-de-itinerancia-como-estrategia-formativa-e-reflexiva-sobre-a-pratica-em-tempos-de-pandemia
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
diário de itinerância; educação na pandemia; estratégias formativas
Resumo
Diário de Itinerância como estratégia formativa e reflexiva sobre a prática em tempos de pandemia Eixo Temático: 2. Educação das sensibilidades e narrativas: o mundo na escola e a escola no mundo Pandora Pimenta Hardt Araujo boxesperance@hotmail.com Pontifícia Universidade Católica PUC-SP Talita da Cruz Coelho talitapedago@gmail.com Pontifícia Universidade Católica PUC-SP Laurinda Ramalho de Almeida laurinda@pucsp.br Pontifícia Universidade Católica PUC-SP Jeanny Meiry Sombra Silva jeanny.sombra@hotmail.com Pontifícia Universidade Católica PUC-SP Nossa experiência no curso de Mestrado Profissional em Educação: Formação de Formadores da PUC-SP (Formep) tem uma particularidade que afeta nossas vivências de pesquisa e trocas com professores e colegas. Em março de 2020, a pandemia de COVID-19 interrompeu as atividades de ensino presenciais, com apenas duas semanas de aula migramos para as atividades virtuais e os professores tiveram o desafio de construir junto à turma uma identidade de grupo. Nas aulas da disciplina “Relações de Poder: afetividade na escola”, ministradas pela Professora Doutora Laurinda Ramalho de Almeida, a estratégia formativa Diário de Itinerância foi adotada e tem sensibilizado os alunos a partir do compartilhamento de experiências de vida e suas trajetórias profissionais articuladas com as discussões teóricas, permitindo trocas entre modalidades de ensino diversas. O Diário de Itinerância foi proposto por Barbier (2007) como técnica de pesquisa-ação. A abordagem faz uso de blocos de apontamentos, através dos quais cada um mostra o que sente, pensa e retém de uma teoria. Essa estratégia é composta de três fases: o diário rascunho, constituído de anotações que o autor julga importante na sua experiência relacionados ao tema de estudo; o diário elaborado, um texto desenvolvido a partir do diário rascunho e preocupado com a comunicação com o leitor; e, por último, o diário socializado, que é um momento de oferta do texto aos colegas da turma para contribuições com novas ideias e reflexões. Almeida (2012) faz uso da técnica na perspectiva da formação docente, a expressão da afetividade e a importância da socialização dos diários já haviam sido identificadas pela autora em experiências de ensino anteriores, mas assumem um novo significado no contexto pandêmico. Ao longo da disciplina, a proposta foi a escrita de diários a partir de textos base discutidos em aula, seguindo as três etapas da estratégia. Relacionar os conceitos teóricos de autores como Rogers, Wallon, Casassus, Gordon e Almeida às nossas experiências profissionais trouxe a percepção de como os diários aproximam o grupo ao repartir as vivências e angústias dos participantes. É possível dialogar com a experiência do colega. Os profissionais da educação, isolados e pressionados por diversas demandas nesse cenário adverso, têm nos diários de itinerância que escrevem no curso do Formep a possibilidade de encontrar apoio e embasamento para redefinir ou validar suas ações na prática pedagógica cotidiana. Como ilustração de tal movimento, apresentaremos trechos dos diários produzidos por duas autoras deste texto, tendo como base o texto “O Coordenador Pedagógico e a Questão do Cuidar”, escrito por Almeida (2011). Com vivências diferentes, uma no ensino fundamental de uma escola pública e a outra na educação profissional em uma escola particular, os textos dialogam sobre a importância da escola como espaço de formação para o cuidado e suas possibilidades de atuação. Diário de Talita: Ações de cuidado com a comunidade escolar em tempos de pandemia A escola pública se constitui como rede de cuidado às famílias que a frequentam. Almeida (2011) diz que pessoas necessitam cuidar e serem cuidadas e a escola desenvolve em seu fazer uma relação de cuidar especializada e intencional com seu aluno. Não é só o aluno que necessita de cuidado na escola, as outras relações construídas nesse meio também. É importante pensar que cuidar de outra pessoa exige estar atento ao seu bem-estar, olhar para sua vivência com empatia. Na escola pública em questão foram realizadas, no início da pandemia, ligações telefônicas para todas as famílias buscando conversar sobre as atividades online e levantar as condições de acesso à internet. Foram organizados plantões com os professores, que encontraram famílias aflitas. O que eu e meus colegas não esperávamos nas ligações era ouvir de muitas famílias que elas estavam totalmente sem renda, que os serviços conhecidos estavam fechados e elas não sabiam a quem recorrer. [...] Após os dias de ligações, os professores e a coordenação pedagógica se reuniram para conversar sobre a busca ativa e pensar no futuro. Esse mapeamento com as famílias nos trouxe em dados a desigualdade da comunidade escolar e nos chamou a tomar posicionamentos éticos e políticos diante da realidade. Quais seriam nossos encaminhamentos diante das necessidades das famílias? E de que forma nossas atitudes poderiam influenciar no projeto da escola e da vida dos alunos? Essa escola trabalha em seu Projeto Político Pedagógico com Educação em Direitos Humanos e traz como princípios a participação e a transformação da realidade. Os seus profissionais se sentiram convocados à ação e, considerando as urgências trazidas pelas famílias nas ligações, criaram uma ação solidária de arrecadação e distribuição de cestas básicas. A ação ocorreu em 2020 e o movimento de divulgação e doações gerou pertencimento à comunidade escolar: foram atendidas 85 famílias vulneráveis que puderam ser contempladas mais de uma vez, professoras costuraram máscaras que iam junto das cestas e a comunidade foi incorporando seu uso pouco a pouco. Vemos nesse movimento da escola várias habilidades do cuidar implícitas: de fazer-se próximo do aluno, de observar, olhar, ouvir e agir com empatia e de encaminhar soluções (Almeida, 2011). [...] Entendemos que a ação necessária era a que enxergava as pessoas como sujeitos de direitos. Esse era nosso compromisso ético e esse é o projeto de escola que queremos construir, pois acreditamos que aqueles que cuidamos também nos responderão com cuidado. A escuta das famílias e a entrega das cestas básicas foi nossa possibilidade de contribuir para fazer da escola um fator de proteção para crianças e jovens. Diário de Pandora: Ensino remoto: que bicho é esse? [...] Lendo sobre o cuidar do fazer e as habilidades necessárias para estabelecer e manter um relacionamento bom e frutífero com os alunos, penso em meu papel enquanto apoio da coordenação, pois nesse momento de ensino remoto muitos alunos e professores se sentem inseguros ou têm dificuldades em utilizar as ferramentas tecnológicas nas aulas online. [...] Os alunos que possuem dificuldade muitas vezes já chegam com uma baixa autoestima, achando que não vão dar conta da ferramenta, nem do curso, se sentindo mal por “incomodar” ao precisar de ajuda, e é importante garantirmos a eles que a escola, presencial ou remota, é um espaço de aprendizagem contínua e o conhecimento não é algo pronto e acabado. Por vezes eu mesma não sei como lidar com algumas dificuldades trazidas por eles, deixo isso claro e peço para explorarmos juntos a situação e entender como resolver. [...] Certa vez, ao entrar em contato com o aluno para compreender o motivo de suas faltas, este explicou que estava morando em uma casa na qual havia muitas brigas, que o impediam de escutar e participar das aulas. Apesar de não ser amparado pela legislação educacional na justificativa de suas faltas nem caracterizar um problema de acesso propriamente dito, meu papel naquele momento foi acionar a coordenação e articular um espaço na biblioteca da escola para que ele pudesse acompanhar as aulas, mesmo que essa possibilidade não fosse prevista em um primeiro momento. [...] Para Almeida (2011), cabe aos adultos mais experientes e informados tutelar as relações dos jovens na escola, ressaltando ainda que o cuidar é importante em todos os níveis de ensino. O cuidado conta com a reciprocidade, que o entorno acolha o cuidador e que todos possam se comprometer com um ambiente saudável. Em um período pandêmico no qual a convivência foi radicalmente reduzida pela necessidade de isolamento social, é de extrema importância que a escola cumpra seu papel como promotora do bom convívio. Nas duas experiências relatadas nos diários aqui expostos, identificamos a necessidade de cuidar das relações humanas e agir com empatia, uma vez que, independentemente da faixa etária atendida pela escola e da função que os indivíduos exercem, cabe a todos oferecer alternativas e priorizar a convivência e o desenvolvimento da comunidade escolar (ALMEIDA, 2011). Ao entrar em contato com a estratégia do diário de itinerância e adentrar na realidade e experiência dos colegas, fomos levadas a refletir sobre a dimensão afetiva do educador e nos repertoriar de inúmeras possibilidades de fazer na escola. A experiência e o conhecimento andam juntos no diário de itinerância de forma crítica. Palavras-chave: diário de itinerância; educação na pandemia; estratégias formativas Referências ALMEIDA, L. R. O Coordenador Pedagógico e a questão do cuidar. In. ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N de S. O coordenador pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Loyola, 5ª Ed., 2011. p. 41-60. ALMEIDA, L. R. Diário de itinerância, recurso para formação e avaliação de estudantes universitários. Estudos de Avaliação Educacional, v. 23, nº51, p. 250-269, jan./abr. 2012. Disponível em: EAE 51.indd (fcc.org.br) Acessado em: 12. jun. 2021 BARBIER, R. A Pesquisa-ação. Brasília: Liberlivro, 2007.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ARAUJO, Pandora Pimenta Hardt et al.. DIÁRIO DE ITINERÂNCIA COMO ESTRATÉGIA FORMATIVA E REFLEXIVA SOBRE A PRÁTICA EM TEMPOS DE PANDEMIA.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374466-DIARIO-DE-ITINERANCIA-COMO-ESTRATEGIA-FORMATIVA-E-REFLEXIVA-SOBRE-A-PRATICA-EM-TEMPOS-DE-PANDEMIA. Acesso em: 05/07/2025

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