DIFERENTES OLHARES PARA UMA EXPERIÊNCIA COM DANÇA NA ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO BANCÁRIA E A PROBLEMATIZADORA.

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
DIFERENTES OLHARES PARA UMA EXPERIÊNCIA COM DANÇA NA ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO BANCÁRIA E A PROBLEMATIZADORA.
Autores
  • Marília Camargo Araújo
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
CULTURAS ESCOLARES E FORMAÇÕES ÉTICO-ESTÉTICAS
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374350-diferentes-olhares-para-uma-experiencia-com-danca-na-escola--reflexoes-sobre-a-educacao-bancaria-e-a-problematiza
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
dança na escola; Paulo Freire; cultura escolar; educação bancária; educação problematizadora.
Resumo
Este trabalho advem de uma reflexão constante sobre a prática pedagógica, com ênfase no pensar sobre o ensino tradicional/bancário e sobre uma educação libertadora/problematizadora e humanizante, desvelando diferentes olhares sobre uma mesma experiência docente com à temática da dança, a partir da leitura das obras de Paulo Freire. O objetivo central é valorizar a expressividade dos/as alunos/as que advem da sensibilidade frente ao estímulo sonoro e das experiências e realidades dos educandos e ducandas, contrapondo uma cultura escolar de dança esteriotipada, roteirizada e padronizada e que visa disciplinar os corpos. Assim, metodologicamente, apresentamos uma proposta reflexiva de uma professora de educação física com aproximadamente treze anos de atuação docente, interpenetrada pelos estudos freireanos, em uma experiência prática com a dança para alunos e alunas do 1º ano do ensino fundamental I de uma escola municipal da cidade de Santa bárbara d’Oeste. Partimos do conceito de que dançar é uma forma de representação cultural que traduz por meio de gestos e movimentos os mais íntimos sentimentos: dançar é vida, dançar é comunicação, dançar é expressão. Ao dançar esculpimos no ar figuras harmoniosas, que são resultados da nossa própria harmonia corporal, que advém dos diversos estímulos (sonoros ou não) em conexão com as nossas emoções. Dançar é uma atividade codificada pelo ser humano em sua história e é linguagem que revela os sentidos e os significados da nossa atuação no mundo, se assumindo como objeto de estudo da educação física. No centro deste trabalho está a atividade denominada “Dança em Roda”, realizada com os/as alunos/as do primeiro ano do Ensino Fundamental. Para realizar a atividade é necessário que todos os alunos e alunas estejam inicialmente em círculo, com o corpo voltado para o centro da roda. Ao iniciar a música, um/a aluno/a por assume um lugar de destaque no centro da roda, no qual pode dançar livremente, enquanto os/as demais alunos/as permanecem em seus lugares. Através desta descrição descrevemos primeiramente o olhar problematizador para a dança na escola, balizada em pressupostos e objetivos educacionais para o desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva. A atividade em foco traz possibilidades para se sentir a dança e para permitir uma expressão corporal livre, longe de padrões, explorando a criatividade dos/as alunos/as, pois tem como característica principal um momento de criação autoral e espontânea, em que um/a aluno/a por vez centraliza-se no espaço para apresentar a sua dança, mediante a diversidade de gestos que constitui o seu cotidiano e a sua corporeidade. Os demais alunos também podem dançar na roda, assim, ao mesmo tempo em que um aluno transmite aos colegas seu movimento, ele/a também aprende com os colegas e os colegas também se conectam com o estímulo provocado pela atividade, manifestando seus sentimentos. Observamos então como metodologia de ensino a improvisação: um caminho educativo que nos traz ricas possibilidades de ação pedagógica para a dança na escola, pois implica na criatividade ao se expressar e permite que todos os alunos e alunas possam dançar. Na improvisação todos/as são protagonistas, evitando-se a formalidade da técnica de movimentos, colocando a si mesmo em experimentação constante. Cada aula se faz única, num processo que possibilita se expressar conforme a sua vivência, suas maneiras de agir, seus sentimentos e sua relação com o outro, destacando assim o processo pedagógico e criativo nas aulas de dança na escola. Neste movimento não há reprodução de padrões ou exercícios pré-fixados e a aula vai além de aprender passos e/ou uma coreografia. Frente a este último aspecto da experiência em dança que apresentamos o segundo olhar, tradicional, pautado na disciplina, no qual a ênfase da aula parece ignorar as propostas de contextualização de ensino frente a realidade dos/as alunos/as. Variados autores apontam que a dança na escola ainda é vista como sinônimo coreografias prontas, limitando essa prática corporal a apresentações nos eventos escolares. São sequencias de movimentos que geralmente apresentam um roteiro engessado e mecanizado de se pensar a dança e não são fruto de um trabalho pedagógico. Esta maneira de ver a dança na escola tem fim nela mesma, como reprodutora de movimentos: movimentos que são estereotipados, ou seja, vinculados pela mídia e associados a determinados gêneros musicais; movimentos criados pelo/a professor/a, sem contexto com o conteúdo da aula, no qual os/as alunos/as não possuem familiaridade com os gestos e não participaram do momento de criação. Olhar para este aspecto da dança corrobora com as ideias de Paulo Freire de uma educação bancária, no qual a dança é produzida pelo professor e apenas reproduzida pelos alunos. Educação Bancária é a expressão utilizada por Paulo Freire no livro Pedagogia do Oprimido, para justificar a educação centrada na figura do professor, sendo ele o único detentor do saber, em que este deposita nos educandos (numa relação verticalizada) os conteúdos. Retomando a Dança em Roda – que permite movimentos de maneira livre, seguindo o estímulo provocado pela música – o olhar bancário tende a nos oprimir, pois observa na atividade um emaranhado de relações não padronizadas. Este olhar também tende a nos domesticar para a necessidade de uma ordem, numa tentativa de adequação dos corpos dos alunos, para que todos possam esperar a sua vez. É inaceitável que outros alunos ou alunas se movimentem enquanto há uma pessoa no centro da roda e é contraditório que o professor ou a professora não esteja direcionando os passos e movimentos dos/as alunos/as. Interpenetrada pelas leituras de Paulo freire é que percebemos fomos educados em uma educação bancária e que ainda há resquícios dessa educação: de uma educação moldada pela necessidade da padronização e do cultivo a “ordem”, por inicialmente avaliar e receber avaliações negativas dessa experiencia em aula. Numa educação bancária é incômodo a experiência autêntica e espontânea vivenciada na atividade de Dança em Roda. Romper com essa concepção não é fácil. Por isso buscamos uma educação que faça a superação dessa concepção e da contradição de que apenas o/a educador/a ensina e o/a aluno/a aprende. A dança pela qual advogarmos nasce de uma experiência, do improviso, que gera ações expressivas e criativas. É neste dançar livre e autêntico que evidenciamos que toda a forma de movimento é válida e que na dança não existe certo ou errado. Quando o/a aluno/a começa a se conectar com a música ele realiza diversos movimentos para colocar em evidência as suas intenções. Paulo Freire nos ensina que um educador humanista se faz na ação e reflexão (práxis autêntica) sobre as nossas práticas e deve se orientar num sentido de um pensar autêntico. Para isso, é fundamental considerar os saberes dos/as educandos/as - sentidos e significados produzidos e partilhados por eles/as - para buscarmos uma educação problematizadora e humanizante.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ARAÚJO, Marília Camargo. DIFERENTES OLHARES PARA UMA EXPERIÊNCIA COM DANÇA NA ESCOLA: REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO BANCÁRIA E A PROBLEMATIZADORA... In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374350-DIFERENTES-OLHARES-PARA-UMA-EXPERIENCIA-COM-DANCA-NA-ESCOLA--REFLEXOES-SOBRE-A-EDUCACAO-BANCARIA-E-A-PROBLEMATIZA. Acesso em: 06/07/2025

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