HISTÓRIAS DE ALUNOS CARENTES PARA CONTINUAREM NO CHÃO DA ESCOLA.

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
HISTÓRIAS DE ALUNOS CARENTES PARA CONTINUAREM NO CHÃO DA ESCOLA.
Autores
  • Arlete Ribeiro Bonifácio
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES E NARRATIVAS: O MUNDO NA ESCOLA E A ESCOLA NO MUNDO
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374229-historias-de-alunos-carentes-para-continuarem-no-chao-da-escola
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
evasão escolar, educação emancipadora, memória.
Resumo
Histórias de alunos carentes para continuarem no chão da escola. Eixo Temático: 2 Arlete Ribeiro Bonifácio arletebonifacio@gmail.com GEPEC - FE/UNICAMP Eu sou Arlete, Pedagoga, e há dois anos faço parte do Grupo de Estudos Bakhtinianos (GRUBAKH), na FE/Unicamp. Nesse semestre os Grupos de Estudos de Educação continuada da Unicamp - estão com o foco no Seminário X Fala Outra Escola. Para minha apresentação nesse evento, eu escrevo com o foco em possibilidades de alunos carentes continuarem no chão da escola. Em leitura do livro de Bakhtin Para uma Filosofia do Ato Responsável (2017), entendi o quanto o ato de estudar tem esse movimento entre o singular e o coletivo. A educação é o maior bem social e cultural, conferido a um cidadão. A educação move a vida de qualquer ser humano. A ausência desse bem cultural e intelectual na vida de uma pessoa pode causar prejuízos imensuráveis. O ato de estudar reflete e refrata, para além de instituições escolares. O artigo 5 da Constituição Cidadã de 1988 diz que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, e que será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Porém, essa condição de igualdade que a Constituição relata, na prática não reflete o cotidiano dos alunos carentes; basta ler ou assistir os informativos e noticiários através dos meios de comunicação de massa e de outros órgãos, dentre estes o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos informam o grande número de alunos carentes que todos os anos desistem de continuar os estudos. Em 2018, foram 3,5 milhões, alunos de escolas públicas que foram reprovados ou abandonaram os estudos, o que representa cerca de 7% das matriculas do País- segundo a UNICEF. Há muitos empecilhos, no percurso escolar de alunos carentes para dar continuidade aos estudos. Por exemplo, a falta de projetos, através de politicas públicas, que possam identificar esses problemas e minimizar a evasão escolar. Quando o aluno desiste de continuar os estudos, além do aluno e seus familiares, a sociedade também poderá sofrer as consequências dessa ação. Em minhas memórias tenho muitos guardados de vivencias, como aluna de classe, D e E. Depois de formada como pedagoga, como professora de alunos carentes, também tenho experiências parecidas, apesar de anos muito distantes. Trago dois pequenos relatos da minha vivência escolar, que são experiências de desalento de alunos carentes que tiveram que pelejar muito para conseguir estudar; a insistência é apenas uma das formas de resistência, de peleja, para o aluno continuar no chão da escola. O primeiro, enquanto aluna carente e, o outro, como professora de alunos carentes, dialogando com Benjamin (1936), o qual relata a arte/obra/história com aura/alma, ou seja, feita pelo próprio autor, sem cópia. Cheias de significados e sentidos para mim, elas me permitirão refletir e refratar a educação, tanto em tempos passados - (1973), enquanto nos dias atuais, em contextos de alunos menos favorecidos, e lutar contra o processo de exclusão do sistema educacional brasileiro, que é imposto diante das camadas sociais subalternizadas. Ainda mais nesse período pandêmico em que muitos alunos carentes ficaram sem acesso à educação por falta de um celular ou de internet e para muitos o acesso ao sinal da rede é impossível. Os meus relatos: - “Em minha experiência escolar como aluna carente e com um desejo enorme de continuar estudando, por motivos diversos, eu tive que lutar muito por conta da falta de políticas públicas para crianças na minha condição, contra a miséria da minha família em múltiplos sentidos – financeiro, social, de analfabetismo. Enfim, para permanecer na escola, simplesmente por pertencer a uma sociedade com vários vieses que acabam por determinar situações de exclusão de diversas naturezas, inclusive o acesso à escola. Neste contexto, foi o olhar de uma professora do terceiro ano (1973), Helena Machado, que teve a sensibilidade de querer saber qual o motivo de uma aluna ir à escola fazer sua matricula e, depois, não frequentar as aulas; pedindo para eu ir até a escola e explicar o motivo das ausências. Foi quando, então, eu pude relatar à professora, em lágrimas, que os meus pais não tinham condições de comprar o meu uniforme, no que ela pediu à diretora da escola que adiasse a tal lei que “proibia” os alunos carentes de continuar estudando. De modo que a lei fora adiada até o segundo semestre, permitindo a entrada dos alunos sem uniforme, dando assim um pouco mais de tempo para se conseguir comprá-lo. A notícia logo espalhou-se. Eu e outros/as colegas, felizes da vida, conseguimos frequentar a escola, o que não deixava de ser uma humilhação, uma situação vexatória, porque todos os colegas sabiam que nossos pais eram pobres e não tinham dinheiro para comprar os nossos uniformes”. -“Em outro contexto semelhante, quando eu já estava como professora, em uma região rica, como é a de Campinas-SP, um aluno faltou à aula e, no dia seguinte, veio me pedir desculpas, dizendo que ele havia lavado o tênis e colocado em cima do telhado para secar. Mas, como durante a noite havia chovido, seu tênis ficou molhado. E, como a escola não permitia que aluno viesse de chinelo, o jeito foi ele faltar”. Trazendo memórias como essas, para a conjuntura atual, quando as leis e as políticas educacionais são outras em comparação às de 1973, percebo que ainda vivemos em contextos que favorece a exclusão de muitas crianças e jovens carentes da escola. Freire, em Pedagogia do Oprimido, afirma: “A educação problematizadora se faz, assim, um esforço permanente através do qual os homens vão percebendo, criticamente, como sendo no mundo com que e em que se acham”. (FREIRE, 1987, P.72) Para Adorno, em sua obra Educação e Emancipação (1995), a educação é entendida como emancipatória. Nesse sentido os alunos podem ser pessoas críticas, caso contrário, esses sujeitos são apenas sujeitos de manobras. A educação proporciona a democracia, portanto, a educação proporciona a emancipação real dos cidadãos. Para que haja uma Democracia verdadeira, os seus cidadãos devem ser emancipados através de uma educação real. Freire (1979) também vai dizer que “A educação não transforma o mundo. A educação muda às pessoas. As pessoas transformam o mundo”. Estamos vivendo no Brasil, um momento muito desafiador em contexto de educação. Precisamos encontrar maneiras para manter as crianças e os jovens carentes dando continuidade aos seus estudos com qualidade. Palavras-chave: evasão escolar; educação emancipadora; memória. Bíbliografia BAKHIN, Mikhail Mikhailovich-Para uma filosofia do Ato Responsável [Tradução aos cuidados de Valdir Miottelo&Carlos Alberto Fraco], São Carlos: Pedro & JoãoEditores, 2017.160 p. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1987. https://www.youtube.com/watch?v=07IKao3Ypcg-Escola de Frankfurt – Walter Benjamin - Brasil Escola - visualizado em 28/10/20 https://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/6198_3931.pdf Visitado em 07/04/2021 https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/10/31/35-milhoes-de-alunos-reprovaram-ou-abandonaram-estudos-em-2018-diz-unicef.htm- visitado em 09/04/2021 https://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/redacoes/de-acordo-com-o-pedagogo-paulo-freire.htm visualizado em 16/03/2021 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4179825/mod_resource/content/1/EDUCA%C3%87%C3%83O%20E%20EMANCIPA%C3%87%C3%83O.pdf visitado em 17/03/2021 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/adorno-educacao-e-emancipacao/51947 visitado 09/04/2021 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_205_.asp visitado em 8/06/2021
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BONIFÁCIO, Arlete Ribeiro. HISTÓRIAS DE ALUNOS CARENTES PARA CONTINUAREM NO CHÃO DA ESCOLA... In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374229-HISTORIAS-DE-ALUNOS-CARENTES-PARA-CONTINUAREM-NO-CHAO-DA-ESCOLA. Acesso em: 10/07/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes