FUNÇÕES EXECUTIVAS E AUTORREGULAÇÃO: ESTRATÉGIAS QUE PARTEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA A VIDA

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

DOI
10.29327/140280.1-15  
Título do Trabalho
FUNÇÕES EXECUTIVAS E AUTORREGULAÇÃO: ESTRATÉGIAS QUE PARTEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA A VIDA
Autores
  • Adriana Batista de Souza Koide
  • Fernanda Cavalcante Ferreira
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES E NARRATIVAS: O MUNDO NA ESCOLA E A ESCOLA NO MUNDO
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374013-funcoes-executivas-e-autorregulacao---estrategias-que-partem-da-educacao-infantil-para-a-vida
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
Funções executivas; autorregulação; estratégias de aprendizagem; jogos de raciocínio.
Resumo
As funções executivas podem ser comparadas como um controle de tráfego aéreo em um aeroporto movimentado, que possibilita o gerenciamento com segurança das chegadas e partidas de aeronaves, em várias pistas. O cérebro seria o aeroporto, os estímulos seriam as aeronaves e as funções executivas podem ser comparadas com os departamentos inter-relacionados que operam em coordenação uns com os outros no comando, orientação, direção e governo dos processos cerebrais que envolvem mecanismos da atenção, seleção e alerta, para eleger a informação mais adequada para o tratamento da informação (CDC, 2011). As funções executivas se relacionam com a autorregulação, contudo, o NCPI (2016) indica que os pesquisadores que investigam as funções executivas concentram-se com maior ênfase nos pensamentos, atenção e ações, enquanto os pesquisadores sobre a autorregulação se dedicam mais ao automonitoramento e autocontrole dos estados emocionais, motivacionais e cognitivos singulares para cada pessoa. A autorregulação ajuda a responder às demandas da vida no momento certo, contribuindo com feedbacks mais assertivos, enquanto as funções executivas possibilitam as competências autorregulatórias. Nas últimas décadas, estratégias pedagógicas em autorregulação e funções executivas tiveram efeitos positivos no funcionamento e desenvolvimento do cérebro estrutural durante a infância (RUEDA; CONEJERO, 2019). Embora tenham percursos individuais, as funções executivas e a autorregulação atuam conjuntamente em planejamentos, tomadas de decisões, estabelecimento de metas, cumprimento de regras, solução de problemas, mudança de foco, aptidão sócio emocional, enfim, em inúmeros aspectos altamente importantes para controlar e autorregular pensamentos, emoções e ações (ALLEE-HERNDON; ROBERTS, 2018). Tais habilidades cognitivas possibilitam que as pessoas possam administrar suas famílias, cuidar de si mesmas e de seus filhos, escolher suas profissões, alcançar estabilidade financeira e social, gerenciando diferentes aspectos da vida de forma autônoma (SHONKOFF, 2017). Nesse contexto, o objetivo do presente estudo pauta-se na relevância de propostas pedagógicas que possam contribuir com um melhor desenvolvimento das funções executivas e da autorregulação, no contexto da educação infantil. Parte-se do seguinte pressuposto: se as crianças tiverem oportunidades de desenvolver melhor as funções executivas e a autorregulação na primeira infância, indivíduos e sociedade poderão experimentar benefícios para a vida toda, porque tais habilidades são cruciais para o desenvolvimento e o aprendizado, além de possibilitar um comportamento favorável para escolhas saudáveis ?(CDC, 2017). Crianças com habilidades executivas e autorregulatórias bem consolidadas podem estar mais bem preparadas para gerenciar complexas demandas acadêmicas, sociais e emocionais (DIAMOND, 2013). Pessoas com bom funcionamento executivo e autorregulação estão associadas a mais saúde física e mental, maior aproveitamento acadêmico e realização profissional, melhorando a qualidade da vida humana. Modificações curriculares, que incluam atividades físicas, jogos e outras práticas pedagógicas que desafiem as funções executivas e a autorregulação podem se transformar em práticas pedagógicas mais significativas para a aprendizagem e para as habilidades que a vida social solicita. Os jogos são uma estratégia de ensino de grande relevância, pois através dele a criança consegue desenvolver suas habilidades cognitivas de forma lúdica e prazerosa. Podemos encontrar jogos de todos os tipos, materiais, regras, níveis, entre outros aspectos, entretanto cada um irá favorecer o desenvolvimento de determinadas habilidades (RAMOS, 2013). Autores como Vygotsky, Wallon, Winnicott, Piaget, Feuerstein, entre outros (MindLab, S/A), destacam a importância do brincar no desenvolvimento humano. Ao jogar a criança ativa um sistema de recompensa no cérebro através da dopamina, ligada ao bem estar. Nota-se que crianças que brincam produzem menos cortisol, substância responsável pelo stress. Outro neurotransmissor detectado durante o jogo é a Noradrenalina, que se relaciona com a atenção e a ação e favorece os mecanismos de aprendizagem nas sinapses e a plasticidade neural (WANG, AAMODT, 2012). É possível dizer que há vários tipos diferentes de jogos, entretanto enfatiza-se no corrente texto o uso de jogos de raciocínio, por estarem diretamente envolvidos com as funções executivas e a autorregulação. Trata-se de uma modalidade lúdica em que os participantes utilizam suas habilidades tanto cognitivas quanto socioemocionais. Um exemplo é o jogo “A hora do rush”, que tem como objetivo retirar de um estacionamento o carro vermelho, mas para isso os outros carros deverão ser movimentados em apenas dois sentidos: direita e esquerda/frente e atrás. A organização dos carros baseia-se em cartas já pré-estabelecidas, que ajudam a refletir antes de agir. Esse recurso possibilita o desenvolvimento de diversas habilidades importantes das funções executivas e da autorregulação, como: planejamento, percepções espaciais e temporais, resolução de problemas, tomada de decisão e flexibilidade cognitiva. Para executá-lo podemos utilizar o jogo em formato e modelo tradicional, como podemos adaptar de acordo com a necessidade demandada. Uma possibilidade é fazê-lo em formato maior, para que um número grande de crianças possam participar do jogo. Também é possível aderir aos modelos on-line, que podem ser utilizados em aulas remotas. Um outro jogo de raciocínio é “Os animais de Lucas”, cuja meta consiste em estabelecer uma organização de animais e alimentos, de modo que os animais adversários naturais e as comidas não fiquem próximos de seus consumidores. Esse jogo igualmente pode ser adaptado às necessidades do grupo e também é disponibilizado no formato on-line. Através dele, é possível desenvolver o pensamento lógico, a autorregulação, controle inibitório, memória operacional, tomada de decisão e o planejamento. Ambos os jogos, citados acima, compõem um material denominado MindLab para crianças de 4 anos. Os objetivos dos jogos de raciocínio da MindLab se apoiam nos mais diferenciados pensadores da educação e sua metodologia está baseada em desenvolver as habilidades do pensamento, o desenvolvimento da consciência, fortalecimento das habilidades para a vida e a transferência interdisciplinar, aspectos consonantes com a proposta de estimular o desenvolvimento das funções executivas e da autorregulação, que é objetivo deste texto. Ao longo de todo o material MindLab para crianças de 4 anos, teremos outros recursos acessórios como o método do semáforo, o método das aves migratórias, o método detetive, entre outros. Descreveremos sucintamente os 3 métodos que mais apareceram no material: O método do semáforo é muito importante para a autorregulação, pois auxilia na organização do pensamento proporcionando uma ação consciente. Na prática, a criança utiliza as cores do semáforo para pautar suas ações. Desta forma a ação é menos impulsiva. O método das aves migratórias possibilita que o grupo atinja os objetivos graças ao trabalho em equipe a partir da cooperação mútua. O método detetive instiga a criança a investigar alguma informação e para isso provocará a mesma a formular hipóteses e perguntas a fim de “desvendar o mistério”. No decorrer de todos os jogos é muito significativo a participação do professor como mediador da aprendizagem, possibilitando aos seus alunos a experiência e o uso de todas as suas habilidades. Essas práticas são muito significativas para o processo de metacognição, pois a partir das práticas dos jogos, as crianças vão adquirindo/amadurecendo essa capacidade de organizar suas ações e seu próprio pensamento. Iniciam-se no concreto, na prática do jogo, para depois serem transportados ao cotidiano. Contextualizado à realidade dos alunos e embasado pelos conhecimentos dos professores, entende-se que as propostas desafiadoras aqui apontadas ou outras tantas que podem ser planejadas, precisam estar pautadas em um planejamento intencional, que visem contribuir com um melhor desenvolvimento das habilidades das funções executivas e da autorregulação, por meio das práticas pedagógicas. Observa-se que as melhorias no funcionamento executivo e na autorregulação são plenamente alcançáveis e essenciais para o desenvolvimento humano. Tal como explica o CDC (2017) as capacidades cognitivas, emocionais e sociais que envolvem as funções executivas e a autorregulação estão interligadas, tal como os fios que em conjunto formam uma corda. Unidos, esses fios compõem as bases que favorecem a aprendizagem. Quando cada fio é resistente e entrelaçado firmemente, a “corda” é forte, flexível e pode ser usada para atender diferentes necessidades da vida. REFERÊNCIAS ALLEE-HERNDON, K. A.; ROBERTS, Sh. K. Neuroeducation and early elementary teaching. International Journal of the Whole Child, v. 3, n. 2, p. 4-8, October, 2018. CDC (CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY). Construção do sistema de “Controle de Tráfego Aéreo” do cérebro: como as primeiras experiências moldam o desenvolvimento das funções executivas. Estudo n. 11, 2011. ____________. Executive Function & Self-Regulation. Retrieved, June 18, 2017. DIAMOND; A.. Executive functions. Annual Review of Psychology , v. 64, p. 135-168, 2013. MIND LAB. Portfólio do professor: Educação Infantil - 4 anos - 1º semestre. São Paulo: Mind Lab do Brasil Comércio de Livros, S/A. NCPI (NÚCLEO CIÊNCIA PELA INF NCIA). Funções Executivas e desenvolvimento na primeira infância: habilidades necessárias para a autonomia. Comitê científico, Estudo nº III, 2016. Disponível em: http://www.ncpi.org.br - Acesso em 26/09/2020. RAMOS, D. K. Jogos cognitivos eletrônicos: contribuições à aprendizagem no contexto escolar. 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Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

KOIDE, Adriana Batista de Souza; FERREIRA, Fernanda Cavalcante. FUNÇÕES EXECUTIVAS E AUTORREGULAÇÃO: ESTRATÉGIAS QUE PARTEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA A VIDA.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/374013-FUNCOES-EXECUTIVAS-E-AUTORREGULACAO---ESTRATEGIAS-QUE-PARTEM-DA-EDUCACAO-INFANTIL-PARA-A-VIDA. Acesso em: 06/05/2025

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