TURISMO E POLÍTICA CULTURAL: O PATRIMÔNIO IMATERIAL ARRAIAL DO PAVULAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
TURISMO E POLÍTICA CULTURAL: O PATRIMÔNIO IMATERIAL ARRAIAL DO PAVULAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Autores
  • Maria Augusta Freitas Costa Canal
  • Ana Flávia Santa Brígida Feijó
  • Jéssika Paiva França
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 12 - Outros olhares sobre o turismo: resistências possíveis a práticas hegemônicas
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/438975-turismo-e-politica-cultural--o-patrimonio-imaterial-arraial-do-pavulagem-na-amazonia-brasileira
ISSN
Palavras-Chave
Turismo, Política Cultural, Patrimônio Imaterial, Arraial do Pavulagem, Amazônia
Resumo
TURISMO E POLÍTICA CULTURAL: O PATRIMÔNIO IMATERIAL ARRAIAL DO PAVULAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Maria Augusta Freitas Costa Canal Professora Adjunta da Universidade Federal do Pará augustageotur@gmail.com Ana Flávia Santa Brígida Feijó Graduanda do Curso de Turismo - Bolsista Voluntária do Projeto de Pesquisa Festa e Turismo FACTUR/ICSA/UFPA. aflaviafeijo@gmail.com Jéssika Paiva França Professora Adjunta da Universidade Federal do Pará francafarah@gmail.com Introdução A área central da cidade de Belém na Amazônia Oriental brasileira vivencia anualmente, durante o mês de junho e no segundo sábado do mês outubro, cortejos dançantes conduzidos nas vias públicas daquela área pelos músicos e produtores culturais do arrastão do Arraial do Pavulagem com expressão de folias juninas populares na cidade desde o século XVI. O Arraial originado em 1987 das práticas culturais do Boi Pavulagem do Teu Coração, que ao longo de décadas passaram a formar multidão de brincantes que ocupam/perpassam dois bairros tombados como patrimônios culturais brasileiros em 2012 e polígono do núcleo turístico da cidade, sendo que em 2020 o próprio Arraial passa a ser considerado como patrimônio imaterial paraense. A análise de política cultural de patrimonialização de um bem cultural como o Arraial do Pavulagem em espaço turístico permite corroborar ao entendimento de questões sobre a expansão do turismo cultural e as mudanças de seus significados à apropriação de aspectos da cultura popular e de como esses aspectos persistem como permanência de grupos sociais populares em segmento turístico. Para tal análise, realizamos os seguintes procedimentos de pesquisa qualitativa (MINAYO, 2002): Levantamento documental e bibliográfico com destaque aos projetos de lei e de patrimonialização na área em questão e políticas culturais nas décadas de 2000 e 2010, além de dados secundários da Secretária Estadual de Cultura; Dois trabalhos de campo realizados em junho e outubro de 2019 e um realizado em outubro de 2021 para acompanhamento e descrição dos fazeres da expressão cultural e o acompanhamento das redes sociais mantidas pelos integrantes do Arraial do Pavulagem. 1. Fundamentação teórica Richards (2012), a ampliação do turismo moderno se fez sentir na diversificação de seus segmentos a partir do que se transitou o “turismo cultural” elitista e de alta cultura para segmentos com “atrativo cultural” incluído a cultura popular e suas vivências. No contexto da globalização, segundo o autor, se intensificou o consumo de locais de relevância cultural em especial aqueles expressos como patrimônio material e imaterial engendrando a conformação do segmento de Turismo do Patrimônio Cultural que, por vez, expandiu o próprio significado de turismo cultural. Analisando Espeso-Molinero (2019) inferimos a compreensão da institucionalização da patrimonialização na interface da produção de atrativos turísticos em espaço de relevância social-cultural que apesar de apontar aspectos intangíveis acabam reproduzindo não em estereótipos do patrimônio imaterial dispostos nas programações turísticas de destinos e, destarte, destituído da construção social e de uma imagem turística multifacetada. A patrimonialização dos bens culturais na Amazônia atende aos parâmetros das políticas culturais estabelecidas no território brasileiro, políticas que, segundo Bezerra e Barbalho (2015), privilegiaram o “concreto e edificado” e o folclore como dimensionamento dos aspectos populares da cultura. Segundo Simis (2007), às políticas culturais brasileiras é possível descrever um quadro temporal que oscilam entre processos e períodos ditatoriais com ênfase em projetos culturais autoritários e processos e períodos democráticos de baixa efetividade dessas políticas a exceção das duas primeiras décadas do século XXI. Para a autora, a cultura enquanto construção social é um direito de todos e dever “predominantemente” do Estado, portanto, exigem ações e diretrizes de longo prazo dirigidas por meio de políticas públicas culturais. Nessa direção, de acordo com Simis (2007) e Bezerra e Barbalho (2015), a década de 2000 foi importante à política cultural brasileira, na primeira metade, foi estabelecida a legislação de patrimônio imaterial e, na segunda metade, foi institucionalizada como política de Estado. E, a partir de então, as ações e diretrizes da política cultural passou a enfatizar a diversidade e o pluri-multicuturalismo e implementou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) com o registro de “Bens Culturais de Natureza Imaterial” cujos reflexos vão se espraiar por toda década de 2010 em escala intersetorial e em três esferas governamentais: municipal, estadual e federal, além de propor a noção de patrimônio imaterial como sinônimo de cultura popular e buscando identificar suas manifestações e fortalecer seus saberes e fazeres. 2. Resultados alcançados A patrimonialização do Arraial do Pavulagem se dimensiona por titulação de Patrimônio Cultural Imaterial municipal em 27 de junho de 2017 e estadual em 04 de agosto de 2020 refletindo o cenário ao quadro das políticas culturais brasileiras estabelecidas a partir da década de 2000 cujas ações e diretrizes enfatizavam a diversidade e o saber fazer cultural popular tradicional. Esses dois títulos enfatizaram a importância do fazer cultural sem, contudo, garantir a sua preservação, manutenção e salvaguarda, pois tanto na esfera estadual quanto na municipal a patrimonialização do bem imaterial se processa por meio de projeto de lei propostos e votados nas câmaras dos respectivos poderes sem processos de registro e nem garantia de recursos. Apesar disso, esses títulos ratificaram a importância do fazer cultural do Arraial ante o patrimônio material da área onde ocorre, o que implica a imposição de um fazer e bem imaterial ao polígono patrimônio cultural material da Cidade Velha e Campinas e, a partir disso, evidencia no espaço turístico esse bem como um atrativo turístico, fato usado como estratégia, visibilidade e possibilidade de capitação de recursos através de apresentações musicais no interior do espaço turístico em especial em complexos turísticos belenenses, como a Estação das Docas, o Ver-o-Peso e Feliz Lusitânia que concentram fluxos turísticos no Pará, além da área da Praça da República que abri o Teatro da Paz, que é um atrativo turístico e cartão postal da cidade. Mas, a dimensão do turismo cultural no complexo turístico urbano revela o Arrastão do Arraial do Pavulagem como estratégia de persistência e permanência de expressões juninas populares como uso e apropriação de espaço turístico proporcionando a grupos sociais diversos uma ampla participação nos fazeres festivos sem remuneração ou custo financeiro na brincadeira de cortejos dançante pelas ruas do patrimônio material e complexo destinado aos fluxos turísticos belenenses. Portanto, o Arrastão do Arraial do Pavulagem mantém expressões culturais típicas das festividades juninas de rua que era intensamente realizadas na cidade de Belém até a década de 1990 com traços dos toques musicais e batidas de tambores, movimentos corpóreos e vestimentas coloridas com destaque ao uso de largos chapéus com grandes fitas coloridas ao longo das bordas, logo, evocando um espaço turístico usado pelos grupos sociais populares. Conclusões Mesmo não refletindo um processo de institucionalização e não proporcionar estratégias e recurso de salvaguarda do bem, o que permitiria a manutenção dos fazeres dessa expressão, ainda assim a patrimonialização do Pavulagem reforça as estratégias de persistência e permanência de uma prática cultural decorrente das festas populares do período junino no interior do núcleo do espaço turístico urbano de Belém que correspondem a boa parte do conjunto paisagístico, arquitetônico e urbanístico dos bairros da Cidade Velha e Campinas tombados pela Prefeitura Municipal de Belém e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). As estratégias de persistência e permanência se revelam, por um lado, o uso do espaço turístico à manutenção de aspectos da cultura popular e participação de grupos sociais populares o que impõe o reconhecimento da configuração do patrimônio como prática socioespacial pelo/no fazer festivo e impõe às práticas do turismo cultural na área central da cidade um atrativo multifacetado. Referências bibliográficas BEZERRA, J., BARBALHO, A. As culturas populares nas políticas culturais: uma disputa de sentidos. In: pragMATIZES – Revista Latino Americana de Estudos em Cultura, ano 5, n.8, out/2014 a mar/2015. ESPESO-MOLINERO, P. Tendencias del turismo cultural. Pasos. Revista de Turismo y Patrimônio Cultural, Alicante-Espanha, v.17, n. 6, 2019, p. 1101-1112. MINAYO, M. C. S. (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. RICHARDS, G.: “Cultural tourism: global and local perspective”s. Haworth hospitality Press, New York and London. Journal of Tourism Consumption and Practice v. 4, n.2, 2012. SIMIS, A. A política cultural como política pública. In: RUBIM, A. A. C., BARBALHO, A. (ORG.). Políticas Culturais no Brasil. Salvador/Ba: EDFBA, 2007.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CANAL, Maria Augusta Freitas Costa; FEIJÓ, Ana Flávia Santa Brígida; FRANÇA, Jéssika Paiva. TURISMO E POLÍTICA CULTURAL: O PATRIMÔNIO IMATERIAL ARRAIAL DO PAVULAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/438975-TURISMO-E-POLITICA-CULTURAL--O-PATRIMONIO-IMATERIAL-ARRAIAL-DO-PAVULAGEM-NA-AMAZONIA-BRASILEIRA. Acesso em: 14/06/2025

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