FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE E EDUCAÇÃO ESPECIAL: CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA POR UMA PRÁXIS INCLUSIVA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE E EDUCAÇÃO ESPECIAL: CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA POR UMA PRÁXIS INCLUSIVA
Autores
  • Bianca de Souza Moraes
  • Jéssica Novaes Queiroz
  • Luana Leal Ribeiro
  • Renata Maldonado da Silva
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 20 - Acessibilidade em tempos de Diversidade, Inclusão Social e Escolar
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/438824-formacao-continuada-docente-e-educacao-especial--contribuicoes-da-pedagogia-historico-critica-por-uma-praxis-incl
ISSN
Palavras-Chave
Formação Docente, Pedagogia Histórico-Crítica, Educação Especial.
Resumo
Introdução É recorrente o discurso de que faltam aos professores que atuam com estudantes público-alvo da Educação Especial os conhecimentos necessários para o exercício da docência junto a esse alunado. Historicamente, a formação docente no Brasil voltada para atuação nessa modalidade esteve fundamentada na pedagogia tecnicista, que propunha técnicas e recursos específicos para o atendimento das especificidades desses alunos. Porém, compreende-se que não existe um saber-fazer próprio para atuação nessa modalidade de ensino. Nesse sentido, a tendência tecnicista não contribui para que esses alunos sejam de fato incluídos, além de perpetuar sua marginalização no contexto regular de ensino. Diante do exposto, este texto é resultado das experiências vivenciadas no decorrer da elaboração e execução de um projeto de extensão que teve como objetivo, desenvolver um curso de formação continuada voltado para capacitação de docentes da rede municipal de Laje do Muriaé/RJ, como forma de propor alternativas para a discussão sobre a efetiva inclusão dos alunos público-alvo da Educação Especial no âmbito regular de ensino. Como meio de possibilitar alternativas à perspectiva da pedagogia tecnicista, todo o processo de desenvolvimento do projeto foi fundamentado nos pressupostos teóricos e metodológicos da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC). A partir deste trabalho, busca-se brevemente apresentar como o curso de extensão foi estruturado a partir da consideração da imprescindibilidade de discutir a formação de professores com vistas a identificar eventuais fragilidades no processo formativo. 1. Fundamentação teórica Para compreensão sobre a inserção dos alunos público-alvo da Educação Especial no contexto escolar brasileiro e a formação de professores para atender esse alunado, inserido na classe regular de ensino, inicialmente, busca-se a apresentação de alguns pressupostos da pedagogia tecnicista. Suas principais características são a neutralidade científica e a inspiração nos princípios de racionalidade, produtividade e eficiência como forma de reordenar o processo educativo para que se tornasse objetivo e operacional. Saviani (2012) aponta que a pedagogia tecnicista passou a ser difundida principalmente no início da segunda metade do século XX, influenciando as reformas educacionais que orientaram a formação de professores. O tecnicismo chegou ao processo de formação de professores para atuação na referida modalidade por meio da ênfase em técnicas e recursos específicos para o desenvolvimento dos alunos então chamados “excepcionais”, desconsiderando-se as análises do sistema educacional e suas expressões econômicas, políticas e sociais (MICHELS, 2017). A formação de professores para atuação nessa modalidade, até o ano de 2006, acontecia majoritariamente por meio dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, que até então, disponibilizava aos licenciandos, a opção pela habilitação em Educação Especial. Porém, com a divulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia – DCNP, todas as habilitações específicas, inclusive para a Educação Especial, foram extintas, fazendo com que a formação do professor para atuação na modalidade ficasse a cargo, principalmente, da formação continuada em cursos de especialização e pós-graduação. Esses cursos são ofertados predominantemente na modalidade a distância, frequentemente pautados em uma perspectiva prática, instrumental e tecnicista, pela existência de grande enfoque nos métodos, instrumentos e técnicas de trabalho na Educação Especial, reduzindo o trabalho do professor a funções práticas (BOROWSKY, 2010). Por sua vez, a teoria da Pedagogia Histórico-Crítica compreende que o trabalho pedagógico deve se constituir enquanto uma atividade organizada, planejada e dirigida para um determinado fim e, nesse sentido, os conteúdos de sua formação não podem ser aligeirados, concentrando-se nos “saberes e fazeres docentes” esvaziados dos referenciais teóricos que os sustentam (MARSIGLIA; MARTINS, 2013). Possui como premissa a necessidade de se compreender a educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo, tendo como consequência a possibilidade de se articular uma proposta pedagógica cujo ponto de referência seja a transformação da sociedade e não sua manutenção (SAVIANI, 2005). Assim, entende-se que discutir a Educação Especial inclusiva sob a ótica da PHC é condição fundamental, uma vez que alunos público-alvo desta modalidade não podem ser alcançados com técnicas e moldes inflexíveis e compartimentalizados. Por isso, os membros deste projeto de extensão ao elaborar o curso de formação continuada para os docentes do município de Laje do Muriaé, basearam-se na PHC como forma de colaborar para o desenvolvimento de uma prática docente na perspectiva crítica, em relação ao tecnicismo presente nos ambientes de aprendizagem, na busca por auxiliar a traçar novas estratégias que possibilitassem processos de ensino mais significativos, e, consequentemente reduzindo a possibilidade da marginalização dos alunos público-alvo da Educação Especial. 2. Resultados alcançados Nas três primeiras aulas do curso, foram privilegiados debates teóricos gerais por meio dos seguintes temas: A Educação Especial em uma perspectiva inclusiva; A medicalização e a patologização do ensino, laudo médico e seus impactos na Educação Especial; e, o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA): a acessibilidade para eliminação das barreiras pedagógicas. As outras cinco aulas abordaram conteúdos disciplinares inclusivos especificamente para as disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, História e Ciências. Com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da PHC, desenvolvemos, durante as aulas, atividades que articulavam esses dois elementos. Como, por exemplo, durante a aula sobre o DUA, partimos da realidade educacional vivenciada pelos docentes e após abordamos esse tema de forma conceitual, exemplificando como este pode ser usado como ferramenta na aprendizagem. Em segundo momento, elaboramos uma dinâmica em que os docentes precisavam desenvolver um plano de aula, utilizando como base o DUA, sendo essa atividade prática elaborada à luz da teoria, com o objetivo de estimular a ação docente crítica na contramão da prática esvaziada teoricamente e a reflexão sobre o fazer docente. Em todas as aulas, buscou-se abordar o debate sobre a não existência de métodos e técnicas específicas para o processo de aprendizagem desse alunado. Foi indicado que, para a efetivação do processo inclusivo, cada aluno deveria ser percebido como indivíduo singular, com processos de desenvolvimento e sociais próprios. Portanto, para que ocorra a inclusão, o professor precisa de um olhar atento para o aluno público-alvo da Educação Especial com intuito de traçar estratégias de ensino que incluam o aluno não somente em relação ao conteúdo escolar, mas que também na vida social e comunitária na escola. Pode-se afirmar que mesmo com a menção da necessidade do debate sobre a Educação Especial na formação docente, vivencia-se atualmente uma “inclusão marginalizada”, pois apesar da obrigatoriedade da inserção desses sujeitos no âmbito escolar regular, não são ofertadas possibilidades de participação efetiva no processo de ensino-aprendizagem. Assim, compreende-se que a educação, ao menos para esse público, continua reproduzindo essas condições de marginalização. Portanto, considera-se que a teoria da PHC pode contribuir para a minimização dessa problemática, na medida em que propõe a formação de professores críticos e comprometidos com a transformação da atual realidade escolar, interferindo assim, também no processo de efetivação da inclusão dos alunos público-alvo da educação especial no âmbito educacional, pois, ao contrário de correntes pedagógicas da educação que estruturam a teoria em direção à prática, busca um caminho inverso, que vai da prática à teoria (SAVIANI, 2012). As ações que foram desenvolvidas no curso de formação continuada, no âmbito do projeto de extensão, foram estruturadas com base na interconexão de debates teóricos e de experiências práticas que possibilitarão aos docentes, a reflexão acerca dos parâmetros inclusivos que devem ser desenvolvidos no âmbito escolar. Dessa forma, espera-se que o curso tenha contribuído no processo de formação docente desses professores a partir da disponibilização de um espaço reflexivo e dialogado, em que a construção do conhecimento se deu de forma participativa, com base nas diretrizes da PHC, ao indicar a importância da articulação entre as reflexões teóricas e as atividades práticas como importante instrumento que contribuirá para a inclusão no cenário escolar. Conclusões As políticas nacionais de formação inicial docente para atuação junto aos alunos público-alvo da Educação Especial, historicamente pautadas na pedagogia tecnicista, têm contribuído para a (con)formação de professores acríticos e que, em muitos casos, não conseguem ultrapassar as práticas, técnicas e métodos já sistematizados frente aos desafios impostos pela heterogeneidade de seu alunado. Acredita-se que a utilização dos pressupostos teórico-metodológicos da pedagogia histórico-crítica na formação docente continuada torna-se relevante, uma vez que busca estruturar e reestruturar os conhecimentos necessários a uma prática pedagógica direcionada a atender e compreender o discente em todas as dimensões. Portanto, com a proposta do curso de formação continuada, buscou-se “preencher”, ainda que parcialmente, as lacunas deixadas pela formação inicial docente que não estimula o debate crítico e contextualizado sobre a modalidade da Educação Especial. Referências bibliográficas BOROWSKY, Fabíola. Fundamentos teóricos do curso de aperfeiçoamento de professores para o atendimento educacional especializado: novos referenciais? Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2010. MICHELS, Maria Helena. A formação de Professores em Educação Especial no Brasil: propostas em questão, pp. 23 - 57. Maria Helena Michels (organizadora). UFSC/CED/NUP. Florianópolis, 2017. Disponível em: <http://gepeto.ced.ufsc.br/files/2018/03/Livro-Maria- Helena_Formacao-2017.pdf>Acesso em: set. 2020. SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. Ed. – Autores Associados. (Coleção Educação Contemporânea). Campinas, 2005.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MORAES, Bianca de Souza et al.. FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE E EDUCAÇÃO ESPECIAL: CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA POR UMA PRÁXIS INCLUSIVA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/438824-FORMACAO-CONTINUADA-DOCENTE-E-EDUCACAO-ESPECIAL--CONTRIBUICOES-DA-PEDAGOGIA-HISTORICO-CRITICA-POR-UMA-PRAXIS-INCL. Acesso em: 07/05/2025

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