DE LUÍS BONAPARTE A JAIR BOLSONARO: OS “MESSIAS” DA DESGRAÇA UNGIDOS PELO CAPITAL

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
DE LUÍS BONAPARTE A JAIR BOLSONARO: OS “MESSIAS” DA DESGRAÇA UNGIDOS PELO CAPITAL
Autores
  • Marlene Souza Dos Santos
  • Igor Souza De Abreu
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 31 - Não vai ter Golpe, Vai ter Luta!
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/438536-de-luis-bonaparte-a-jair-bolsonaro---os-messias-da-desgraca-ungidos-pelo-capital
ISSN
Palavras-Chave
Golpe, capitalismo, luta de classes;
Resumo
DE LUÍS BONAPARTE A JAIR BOLSONARO: OS “MESSIAS” DA DESGRAÇA UNGIDOS PELO CAPITAL Marlene Souza dos Santos Mestranda no Programa de Sociologia Política da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro E-mail: nenasouza05@gmail.com Igor Souza de Abreu Mestrando no Programa de Sociologia Política da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro E-mail: igorsouzadeabreu@gmail.com Introdução A partir da pesquisa que tem como tema as drogas lícitas e ilícitas e como a percepção do lícito e ilícito pode influenciar nas relações que se estabelecem entre profissionais e usuários do Centro Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPSad) de Campos dos Goytacazes, o objetivo do artigo será problematizar como as mudanças na Política de Saúde Mental a contar do Decreto 9761 de abril de 2019, que regulamenta a nova Política Nacional Sobre Drogas, e tem como orientação geral e diretriz a promoção da abstinência reproduz a retórica ideológica anti-ideologia do governo Bolsonaro. Delgado chama a atenção para a divisão que se estabelece entre “saúde mental e a política de álcool e outras drogas; e condenação das estratégias de redução de danos" uma vez que a política de álcool e outras drogas passou a ser gerida pelo Ministério da Cidadania (2019, p.3). “Por paradigma da abstinência entendemos uma rede de instituições que define uma governabilidade das políticas de drogas e que se exerce de forma coercitiva na medida em que faz da abstinência a única direção de tratamento possível [...]” ( PASSOS; SOUZA, 2011, p.157). Transparece na mudança, além de uma nítida submissão do campo da saúde aos poderes jurídico, psiquiátrico e religioso, um retrocesso com relação aos direitos conquistados através das lutas da classe trabalhadora e dos movimentos sociais. Luta a princípio do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental, primeiro sujeito coletivo organizado com vistas a mudanças nas formas de assistência aos pacientes psiquiátricos e posteriormente do Movimento Antimanicomial que buscava não só a superação do isolamento, exclusão e violência institucional, mas a reinserção do portador de transtornos psíquicos à vida social. O Movimento Antimanicomial tanto quando a Reforma psiquiátrica foram movimentos que buscaram reformar suas estruturas físicas, mas eram também de cunho ideológico, uma vez que a luta antes de mais nada era pela inscrição desses sujeitos no mundo social. 1. Fundamentação teórica Nossa análise considera as crises cíclicas do capital, como ele se refaz e como orienta mudanças a partir dos seus interesses, e no contexto recente, diante das crises econômica, política, social, cultural o que vimos no Brasil (assim como em diversos países ocidentais) foi a emersão da extrema direita como chave mágica para o enfrentamento dos problemas pelos quais o país vinha passando. Sobretudo, no Brasil, a partir das manifestações de 2013, que levaram às ruas milhares de pessoas, o que se percebeu foi a perda da identidade de classe das manifestações, pois assim como na França do século XIX sob o governo de Luís Bonaparte, o que se tem visto é “uniões, cuja primeira cláusula é a separação; lutas, cuja primeira lei é a indecisão; em nome do sossego, agitação caótica e sem conteúdo;[...]; paixões sem verdade, verdades sem paixão;” (MARX, 2011, p. 56). As manifestações foram uma prévia do que viria a seguir e “quando o movimento aceitou a “apartidarização” indistinta e não seletiva, ele perdeu a possibilidade real de mostrar lideranças alternativas e projetá-la, inclusive, midiaticamente” (SANTOS, 2014, p.128). O que começou com o Movimento Passe Livre em protesto contra o aumento dos 0,20 centavos se dissolveu em diversas outras bandeiras, entre as quais a insatisfação política. O reflexo das manifestações pôde ser percebido nas eleições de 2014 com a eleição de maioria conservadora entre os parlamentares para o Congresso Nacional, dentre estes, inúmeros fundamentalistas religiosos e militares, o que provocou a volta do discurso armamentista e das pautas como legalização do porte de armas e redução da maioridade penal dentre outras, assim como as alianças que culminaram com o golpe de 2016 e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O ciclo do Partido dos Trabalhadores no poder foi marcado pelas tentativas de conciliação de interesses de classes com a burguesia, reformas neoliberais entremeadas por concessões aos trabalhadores -fruto das lutas dos movimentos sociais- que passaram a desagradar a burguesia que de alguma forma se viu ameaçada de perda de seus privilégios. A burguesia sempre combateu ideias de reforma social e a democracia burguesa sempre se sustentou sobre a desigualdade e a exploração. Segundo Marx a máquina estatal é por excelência fruto das relações de produção capitalista, e assim como em O 18 de brumário foram também as contradições sociais que catapultaram Jair Bolsonaro ao patamar de presidente da república em 2018 e ratificou uma aliança ultraconservadora na direção do país, articulando evangélicos, liberais, privatistas e militares em torno da família Bolsonaro, a máquina, mais do que nunca permanece operada em favor do capital. 2.Discussões preliminares As categorias propriedade, família, religião, ordem defendidas pelos ultraliberais bolsonaristas demonstram o papel das ideologias como armas de dominação de classe, “as ideologias sintetizam as experiências e identidades de classe, viabilizam a formulação dos projetos classistas” (DIAS, 2006, p.76). Segundo Dias (2006), as concepções de mundo, como se organizam, seus confrontos e consensos fazem parte de um processo histórico e em permanente construção. No dia 6 de janeiro de 2019 (ou seja, no Dia de Reis do calendário cristão), na Igreja Universal do Reino de Deus, o pastor Edir Macedo ungiu e consagrou o recém-empossado presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, declarando que este foi escolhido por Deus para governar o Brasil. Como Marido da Terra, Messias Bolsonaro está divinamente autorizado a devastar o meio ambiente; como Pai da Justiça, está divinamente autorizado a dominar o poder judiciário e a exterminar cidadãos por meio tanto de forças policiais como de grupos milicianos; e como corpo político imortal, está divinamente assegurado de que é indestrutível. Da Amazônia devastada a Jacarezinho destroçada, passando pelos cemitérios, com 450 mil mortos, reina Messias Bolsonaro, presidente da república pela graça de Deus. (CHAUÍ, 2021, sp.) O discurso autoritário e violento não só reforça o domínio da classe burguesa com o desmonte das políticas de Seguridade Social, como segue cultuando a violência policial e naturalizando os massacres, principalmente de moradores de favelas e negros, defendendo o armamento da população para defesa do patrimônio e da vida, além se posicionar abertamente contra o aborto, os homossexuais e a pauta feminista, o que agrada os setores religiosos, principalmente as igrejas neopetencostais. Importa aqui relembrar a benção da Igreja Universal do Reino de Deus “que se exprime no pleno apoio ao governante coveiro, miliciano ungido e consagrado pela graça de Deus” (CHAUÍ, 2021, sp.). Conclusões O momento remete à análise de Marx (2011) sobre a permanência do Estado burguês e da burguesia como classe econômica dominante e de como independe quem atua na direção dessa estrutura política capitalista desde que sejam atendidos os interesses do capital. Assim como Luís Bonaparte, um personagem medíocre e grotesco opera no Estado brasileiro e assim como na França, enquanto o circo diverte “a boiada passa”. Nos resta lutar para que o manto imperial não caia sobre os ombros dessa caricatura de uma cópia mal feita. É importante atentarmos para o momento atual onde o presidente Bolsonaro tem atentado sistematicamente contra a democracia, com constantes ataques ao STF, a dança das cadeiras ministeriais e a criação quase diária de factóides e crises que por um lado preocupam uma parte da população - principalmente intelectuais da esquerda- por outro é motivo de galhofa , risos e ridicularização, mas que de forma eficiente tem tirado o foco do desmonte das políticas sociais - qualquer avanço social no momento é tido como ameaça comunista- como um todo, dos ataques às minorias em todas as suas formas, no fortalecimento das milícias dentre tantas outras questões. A pergunta que fica é: A frágil democracia burguesa brasileira sobreviverá a esse arremedo de Luís Bonaparte? Referências bibliográficas CHAUÍ, Marilena. Pela graça de Deus: o “autoritarismo social” como origem e forma da violência no Brasil. Blog da Boitempo. 01 jun 2021. Disponível em : https://blogdaboitempo.com.br/2021/06/01/pela-graca-de-deus-o-autoritarismo-social-como-origem-e-forma-da-violencia-no-brasil/. Acesso em 05 jun 2021. DELGADO, Pedro Gabriel. Reforma psiquiátrica: estratégias para resistir ao desmonte. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, e0020241, 2019. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-77462019000200200&lng=pt&nrm=iso>. Acesso maio 2021. DIAS, Edmundo Fernandes. Política brasileira: Embate de projetos hegemônicos. São Paulo. Ed. Instituto José Luís e Rosa Sundermann, 2006. 240 p. (Série Polêmicas, 4) MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo. Ed. Boitempo, 2011. 174 p. MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. Tradução de Florestan Fernandes. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008b. SANTOS, Vinícius Teixeira. Eleições 2014 e o "Gigante Atordoado". [S.l.], n. 5, p. 123-129, jul. 2014. Disponível em: <http://www.revistacontinentes.com.br/index.php/continentes/article/view/56>. Acesso em: 17 jun. 2021. VARGAS, Eduardo Viana. ENTRE A EXTENSÃO E A INTENSIDADE. 2001. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Marlene Souza Dos; ABREU, Igor Souza De. DE LUÍS BONAPARTE A JAIR BOLSONARO: OS “MESSIAS” DA DESGRAÇA UNGIDOS PELO CAPITAL.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/438536-DE-LUIS-BONAPARTE-A-JAIR-BOLSONARO---OS-MESSIAS-DA-DESGRACA-UNGIDOS-PELO-CAPITAL. Acesso em: 02/05/2025

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