Título do Trabalho
O ARTIVISMO DE JOTA MOMBAÇA
Autores
  • Jean Lopes
  • Tarcisio Torres Silva
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 15 - Diversidade, desigualdades e opressões no tempo presente
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/438058-o-artivismo-de-jota-mombaca
ISSN
Palavras-Chave
Arte; diversidade; racismo;
Resumo
O ARTIVISMO DE JOTA MOMBAÇA Jean Lopes Mestrando em Linguagens, Mídia e Arte pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas Bolsista Reitoria/PUC-Campinas jeanlopesvideo@gmail.com Tarcisio Torres Silva Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas tarcisio.silva@puc-campinas.edu.br Introdução Conhecer como o artivismo da artista Jota Mombaça constrói ferramentas criativas de resistência política, práticas antirracistas e luta contra a LGBTfobia. 1. Fundamentação teórica Jota Mombaça (1991, Natal, RN) é uma artista/ativista que atua desde a década de 2010 como escritora, artista plástica performática e pesquisadora cujos interesses giram em torno das discussões que envolvem raça, gênero, decolonialismo, violências e arte. Jota Mombaça também é graduada em Ciências Sociais e mestranda em ciências sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sua pesquisa tem como título: MONSTROLOGIA REVERSA - UMA INTERPELAÇÃO MONSTRUOSA À RETÓRICA DA HUMANIZAÇÃO "Bicha não binária, racializada como parda, nascida e criada no nordeste do Brasil", como ela mesma se define, seu trabalho como artista/ativista tem encontrado interlocutores tanto no Brasil como na Europa, e as particularidades de sua escrita, performances e intervenções visuais reivindicam um lugar de fala e propõem criar fissuras nos regimes de autorização: "Os regimes de autorização discursiva estão instituídos contra esses ativismos, de modo que o gesto político de convidar um homem cis eurobranco a calar-se para pensar melhor antes de falar introduz, na realidade, uma ruptura no regime de autorizações vigente." (MOMBAÇA, 2021, p.70, grifo nosso) “Ativismos” dialoga diretamente com o conceito de lugar de fala, que rompe o “silêncio instituído para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia” (RIBEIRO, 2017, p. 52). Jota Mombaça desdobra-se em frentes de combate a práticas que têm sido vetor de mecanismos hierarquizantes, racistas e opressores e que atravessam todas as estruturas sociais, instauram a violência e criam invisibilidades de camadas historicamente oprimidas, como as pessoas LGBTQIA+, indígenas e negras. Estas camadas, frequentemente mediadas por práticas sistêmicas que desconsideram a diversidade como uma questão fundamental, não se sentem representadas nos ambientes de poder. Para Almeida (2019): "A supremacia branca no controle institucional é realmente um problema, na medida em que a ausência de pessoas não brancas em espaços de poder e prestígio é um sintoma de uma sociedade desigual e, particularmente, racista. Portanto, é fundamental para a luta antirracista que pessoas negras e outras minorias estejam representadas nos espaços de poder, seja por motivos econômicos e políticos, seja por motivos éticos." (ALMEIDA, 2019, p.35) Desse modo, sabendo que uma sociedade só se que constitui diversa a partir de mecanismos que preconizem a construção de espaços onde as minorias sejam reconhecidas como sujeitos integrantes das engrenagens institucionais, os ativismos artísticos de Jota Mombaça se propõem a estilhaçar o conservadorismo nas artes, na política e nos costumes, construindo os diálogos eficazes entre as vozes harmoniosas e dissonantes. 2. Resultados alcançados Para entender as múltiplas faces de Jota Mombaça e seu local de artivista, foi feita pesquisa exploratória de autores que se relacionam com o tema, além de análise de seu material performático e literário. Inicialmente, três livros foram selecionados para realizar os primeiros estudos a respeito do tema: a) "Racismo Estrutural", do filósofo, advogado, pesquisador e colunista Silvio Almeida. Na obra, o autor discute o conceito de racismo estrutural, defendendo a tese de que o racismo não é apenas uma ação individual, mas um mecanismo de dominação infiltrado em todas as estruturas políticas, econômicas e sociais: "O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal” com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e nem um desarranjo institucional. (ALMEIDA, 2019, p. 35). b) “Lugar de fala”, da filósofa e pesquisadora Djamila Ribeiro, que, além de abordar referenciais feministas, tenta esclarecer o tão polêmico conceito de “lugar de fala”. Para a autora, “o falar não se restringe ao ato de emitir palavras, mas a poder existir. Pensamos lugar de fala como refutar a historiografia tradicional e a hierarquização de saberes consequente da hierarquia social” (RIBEIRO, 2017, p. 44). c) “Não vão nos matar agora”, da própria Jota Mombaça. No livro, a interdisciplinaridade é, antes de tudo, uma chave para discutir temas tão urgentes como colonialismo, racismo estrutural, corpos artísticos e identidades, entre outros. Para Mombaça, levantar-se exige uma imediata disposição para o enfrentamento, que se traduz em forma de literatura, produção de conhecimento e artivismos. Não só propõe múltiplas discussões sobre as urgências do mundo – sobre esta nossa “era da emergência” –, como também joga no ar questões inquietantes: "[...] como habitar uma tal vulnerabilidade e como engendrar, nesse espaço tenso das vidas quebradas pela violência normalizadora, uma conexão afetiva de outro tipo, uma conexão que não esteja baseada na integridade do sujeito, mas em sua incontornável quebra?" (MOMBAÇA, 2021, p. 14) 3. Conclusões Além da leitura de artigos levantados na plataforma Google Acadêmico e da análise de vídeos disponíveis no YouTube relacionados ao trabalho da artista no campo da performance, das artes visuais e da escrita, a interlocução entre o trabalho de Mombaça e a bibliografia apontada sustenta um diálogo que se relaciona com os conceitos de lugar de fala e de racismo estrutural, recorrentes tanto nos trabalhos de Ribeiro como de Almeida. A interdisciplinaridade de sua obra alimenta-se desse diálogo contemporâneo com os conceitos citados e descortina preocupações que incidem sobre seu trabalho. Para Mombaça: "Na esteira desses processos, os debates quanto à noção de “lugar de fala” começam a emergir de formas mais ou menos controversas. Se por um lado essa ferramenta aparece como parte de um escopo crítico antirracista e anticolonial contemporâneo, cujo sentido é o de abrir espaço para formas de enunciação historicamente desautorizadas pelos regimes de fala e escuta da supremacia branca e do eurocentrismo; por outro, há também uma crítica tendencialmente branca que insiste em identificar as ativações desse conceito à prática de censura, na medida em que os ativismos do lugar de fala supostamente desautorizam certos corpos (nomeadamente os brancos, cisgêneros, heterossexuais etc.) a falar." (MOMBAÇA, 2021, p.26) Referências bibliográficas: ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. São Paulo: Jandaíra, 2019. (Feminismos Plurais). 256p. RIBEIRO, D. Lugar de fala. São Paulo: Jandaíra, 2019. (Feminismos Plurais). 128p. MOMBAÇA, J. Não vão no matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021. 144p.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOPES, Jean; SILVA, Tarcisio Torres. O ARTIVISMO DE JOTA MOMBAÇA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/438058-O-ARTIVISMO-DE-JOTA-MOMBACA. Acesso em: 06/05/2025

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