"POR FAVOR AMOR NÃO PENSE QUE SOU 171": UMA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DO PAGODE NO CADERNO ILUSTRADA, DA FOLHA DE S. PAULO, ENTRE 1995 E 1997.

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
"POR FAVOR AMOR NÃO PENSE QUE SOU 171": UMA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DO PAGODE NO CADERNO ILUSTRADA, DA FOLHA DE S. PAULO, ENTRE 1995 E 1997.
Autores
  • Karina de Sousa Trindade
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 12 - Outros olhares sobre o turismo: resistências possíveis a práticas hegemônicas
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437890-por-favor-amor-nao-pense-que-sou-171--uma-analise-da-representacao-do-pagode-no-caderno-ilustrada--da-folha-de
ISSN
Palavras-Chave
Pagode, Pagode 90, Pagode romântico, Caderno Ilustrada, Folha de S. Paulo, Periferia, Periférico, MPB, Samba, Sambista, Pagodeiro, Diáspora, Negros em diáspora, Indústria cultural, Indústria fonogréfica
Resumo
Karina de Sousa Trindade Graduanda de Lazer e Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. karina.sousa.t@gmail.com Este artigo tem como objetivo analisar, compreender e apontar as concepções e representações do pagode romântico e dos músicos participantes deste gênero construídas pelo caderno Ilustrada entre os anos de 1995, 1996 e 1997, verificando o como a seção de cultura e entretenimento do jornal Folha de S. Paulo pode ter influenciado na construção de um imaginário coletivo que entende o pagode romântico como uma música de qualidade ruim, para um público sem instrução. Além de observar possíveis estereótipos ligados à raça e classe social; paradigmas de “alta” e “baixa” cultura e confrontar diferenças e semelhanças na abordagem do periódico sobre os dois estilos de pagode (romântico e raiz). O trabalho comtempla os campos do lazer e entretenimento, que são áreas do turismo. Sotero (2018) coloca que com o surgimento do pagode ainda na década de 1980, inicia-se um debate sobre “o que é de fato a música do gênero samba” e, a partir do momento que o pagode romântico aparece na cena nacional, esta polêmica é de fato instaurada. O rebatizo da primeira vertente do pagode para “samba raiz” foi uma ação em conjunto da indústria fonográfica com a televisão, sendo a última a maior responsável pela difusão da cultura de massa no Brasil na época. A autora salienta também que este novo gênero musical é jovem, negro e periférico e que tal divisão foi a forma que a elite encontrou para deixar claro qual dos dois estilos era consumido e aceito por eles: “Dessa forma, se tornou fácil julgar o que é de qualidade, o que é aceito e cultuado pelas elites e seus propagadores, e o que não é bom e que tem péssima qualidade musical. Foi no meio nessa polêmica, incluindo a feroz introdução da cultura norte-americana, principalmente nas décadas de 1980 e 1990, nas zonas urbanas mais populosas, que surgiram os grupos de pagode paulistas, cuja formação era feita por jovens homens negros das periferias de São Paulo” (SOTERO, 2018, p. 147). Em 1987 acontece uma estagnação do interesse da indústria fonográfica pelo samba, sem quedas drásticas nas vendagens, mas também sem nenhum aumento expressivo de lançamentos do gênero. Há relatos de sambistas que denunciaram discriminação de algumas rádios, pois estas se recusavam a tocar as músicas do estilo. Tal cenário só muda nos anos 90, quando surge na cena musical o novo pagode (VICENTE, 2014). Nesse panorama musical e socialmente conturbado que nasce o pagode romântico, que a cada novo ano da década de 1990 vai conquistando mais adeptos. Segundo a listagem do Nopem3 nos anos de 1995, 1996 e 1997 dos 10 discos mais vendidos no país, quatro, seis e sete, deste ranking, respectivamente, pertenciam ao gênero pagode, não só ao pagode paulista, mas também ao pagode baiano (VICENTE, 2014), ambos frutos dos guetos urbanos. É notório que periferia é território e sinônimo de pluralidade e sempre foi solo fértil para movimentos culturais. Mas quem são estes indivíduos que ressignificam estereótipos e adversidades diárias? Nesta pesquisa utilizaremos como arcabouço conceitual o que (D’ANDREA, 2013, p. 14) define por sujeito periférico: “[...] a população periférica engendrou uma narrativa e elaborou uma subjetividade para explicar seu lugar no mundo e fundamentar sua existência. A narrativa criada por essa população foi aquela expressa por um movimento cultural que soube condensar expectativas e sentimentos da população periférica. [...] Por outro lado, surgiu uma nova subjetividade por meio de uma intensa luta para se colocar no mundo e se perceber por meio do orgulho, e não do estigma. Quando o indivíduo portador dessa nova subjetividade age politicamente é denominado neste trabalho como sujeito periférico. [...]” É importante salientar que “na década de 1990 havia um genocídio em curso. Nunca na história de São Paulo o índice de homicídios foi tão alto, e estes ocorriam principalmente na periferia. O principal alvo do genocídio eram (são) corpos negros masculinos” (D’ANDREA, 2020, p. 23). Logo, a (r) existência da população negra periférica já é, por si só, agir politicamente: “27 anos, contrariando as estatísticas” (RACIONAIS MC’S, 1997). Neste contexto, buscaremos analisar como a mídia hegemônica impressa retratou a então “nova vertente” do samba e os sujeitos periféricos que a produziam durante os anos de 1995, 1996 e 1997, supracitados como anos de altas vendagens para o gênero. O periódico escolhido para ser analisado foi o Jornal Folha de S. Paulo, mais especificamente o caderno Ilustrada, seção direcionada a cultura e entretenimento: “O caderno Ilustrada traz a cobertura completa de cultura, artes e espetáculos. É o mais completo de seu segmento e tem entre seus colaboradores os mais respeitados articulistas e colunistas do jornalismo cultural do País. O caderno seleciona e oferece ao leitor o que há de mais relevante, abrangente e original nas áreas de cultura, de variedades e de entretenimento. Na edição que circula na Grande São Paulo, o caderno traz o Acontece, o roteiro com a programação cultural da cidade.”4 Em 1995, a média de exemplares vendidos diariamente pela Folha de S. Paulo era de 606 mil, quase que o dobro da tiragem do seu concorrente direto, O Estado de S. São Paulo, que no mesmo período vendia diariamente 381 mil exemplares. A Folha de S. Paulo, durante toda a última década do século XX até a primeira década do século XXI, é o principal jornal em termos de circulação no Brasil (MATTOS, 2014 apud RIGHETTI; QUADROS, 2009), colaborando diretamente na construção de diversos imaginários coletivos, incluindo como a sociedade brasileira percebeu o pagode romântico e sua origem em meados dos anos 90. A metodologia de pesquisa será a análise de mídia (SANTIAGO, 1998). E para a decodificação das mensagens contidas nos textos será feita a combinação de 3 procedimentos metodológicos: Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011); Clipping (RABACA; BARBOSA, 1998) e Análise de discurso (ORLANDI, 2003) Para a coleta de dados será empregado o método de “clipping” (MAFEI, 2010) atrelado as plataformas Google Forms e Sheets. O presente estudo encontra-se na fase de tabulação dos dados obtidos, além da análise de contexto e texto das palavras clipadas, o que não permite considerações finais ou parciais. REFERÊNCIAS BARDIN, Lawrence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. 281 p. D’ANDREA, Tiarajú Pablo. A Formação dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo. Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (DS – USP). São Paulo, 2013.p. ________________________. Contribuições para a definição dos conceitos periferia e sujeitas e sujeitos periféricos. Revista Novos Estudos Cebrap, v. 39, n. 01, p. 19-36, jan-abril. São Paulo, 2020 MAFEI, Maristela. Assessoria de imprensa: como se relacionar com a mídia. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2010. 128 p. MATTOS, Sérgio. Dilemas do jornalismo impresso na busca de um novo modelo de negócio. Revista Eptic Online, vol. 16, n. 1, p. 19-32. Sergipe, 2014. ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2003. 100 p. RABAÇA, Carlos Alberto, Barbosa, Gustavo. Dicionário de comunicação. São Paulo: Editora Atica, 1998. 640 p. RACIONAIS MC’S. Capítulo 4 Versículo 3. São Paulo: Cosa Nostra Fonográfica/Zambia: 1997. (8:06 minutos). SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos. Recife: Cepe, 1998. 380 p. SOTERO, Thalita Gallucci. Os mesmos meninos e meninas: dos cordões ao pagode. In: FAUSTINO, Carmen; FREITAS, Maitê; VAZ, Patrícia.?Sambas e dissembas. São Paulo: Pólen, 2018. 96 p. 4 v. (Coleção Sambas Escritos). VICENTE, Eduardo.?Da vitrola ao ipod: uma história da indústria fonográfica no brasil. São Paulo: Alameda, 2014. 270 p.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TRINDADE, Karina de Sousa. "POR FAVOR AMOR NÃO PENSE QUE SOU 171": UMA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DO PAGODE NO CADERNO ILUSTRADA, DA FOLHA DE S. PAULO, ENTRE 1995 E 1997... In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437890-POR-FAVOR-AMOR-NAO-PENSE-QUE-SOU-171--UMA-ANALISE-DA-REPRESENTACAO-DO-PAGODE-NO-CADERNO-ILUSTRADA--DA-FOLHA-DE. Acesso em: 15/12/2025

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