ANALÍSE DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA DO NORTE FLUMINENSE E SUAS RELAÇÕES COM OS PRESSUPOSTOS DA APRENDIZAGEM AUTORREGULADA

Publicado em 23/12/2021

DOI
10.29327/154029.10-114  
Título do Trabalho
ANALÍSE DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA DO NORTE FLUMINENSE E SUAS RELAÇÕES COM OS PRESSUPOSTOS DA APRENDIZAGEM AUTORREGULADA
Autores
  • Elizangela Tonelli
  • Vera Lucia Deps
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 28 - Informação, Educação e Tecnologias
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437877-analise-do-projeto-politico-pedagogico-de-uma-escola-democratica-do-norte-fluminense-e-suas-relacoes-com-os-press
ISSN
Palavras-Chave
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO, ESCOLA DEMOCRÁTICA, APRENDIZAGEM AUTORREGULADA
Resumo
Introdução As escolas democráticas tem sido referência de práticas pedagógicas voltadas para a autonomia e a autogestão do aluno na construção dos conhecimentos. Tais práticas, quando intencionadas, podem favorecer os processos de aprendizagem autorregulada do aluno para o alcance das metas pretendidas. Este estudo buscou indicadores textuais no Projeto Político-Pedagógico de uma escola democrática norte fluminense, que convergem para os pressupostos da aprendizagem autorregulada. A análise de conteúdo revelou que a metodologia de trabalho de projetos, a flexibilização dos conteúdos e a dupla asserção de currículo, atrelada ao papel de orientação e tutoria dos educadores, se configuram como práticas que oportunizam o aluno a adotar uma conduta proativa, consciente e autorreflexiva sobre suas ações e comportamento nos processos de aprendizagem. 1. Fundamentação teórica Na Educação contemporânea, o conceito de autonomia traz uma concepção pedagógica pautada em práticas educativas democráticas e emancipatórias, que primam em abolir o autoritarismo e melhorar as relações sociais, provenientes do ambiente escolar. As escolas democráticas têm como foco a autonomia dos seus atores. A organização do contexto de ensino e aprendizagem é balizado pelos princípios de a autogestão, corresponsabilidade, prazer no conhecimento e flexibilização do currículo (SINGER, 2010). Em termos de aprendizagem autorregulada, a autonomia influencia positivamente nas variáveis motivacionais de autoeficácia, interesse e metas de realização (PINTRICH, SCHUNK, 2008; PINTRICH, 2003). Na perspectiva social cognitiva, os modelos de autorregulação da aprendizagem se imbricam em quatro pressupostos, entendidos como condições essenciais para a ocorrência da aprendizagem autorregulada, e que devem ser observados no ambiente escolar (PINTRICH, 2000). O primeiro refere-se ao papel ativo e construtivo do aprendiz nos processos de aprendizagem. O segundo considera o seu potencial para o controle. O terceiro refere-se à existência de metas, critérios e padrões que possam servir de referencial para o monitoramento e controle. O quanto, e último, complementa que as habilidades autorregulatórias são mediadoras dos aspectos pessoais (cognitivos, motivacionais e comportamentais) e aspectos contextuais, e entre as metas e o desempenho atual. Assim, Pintrich (2000) define a autorregulação da aprendizagem como um processo ativo e construtivo, pelo qual o aluno estabelece metas e, a partir delas, tenta monitorar, regular e controlar sua cognição, motivação e comportamento, guiados por seus objetivos e as pelas condições do ambiente. Esse processo inclui fases de planejamento, monitoramento, controle e avaliação, abarcando áreas cognitivas, motivacionais, comportamentais e contextuais. Conforme visto, a aprendizagem autorregulada não é uma habilidade mental ou capacidade de desempenho acadêmico, mas um processo de autodirecionamento, no qual os estudantes transformam suas habilidades mentais em competências autorregulatórias. O contexto escolar deve proporcionar ao aluno métodos e ambientes de aprendizagem, que lhe propicie desenvolver as competências necessárias a uma participação ativa (ZIMMERMAN, SCHUNK, 2011; VEIGA SIMÃO; FRISON, 2013). Esses apontamentos justificam a relevância de analisar a intencionalidade formativa do Projeto Político-Pedagógico (PPP) a fim de identificar aspectos que se mostram coerentes com o desenvolvimento de habilidades autorregulatórias. Em concordância com Gadotti (1994), mais do que um documento obrigatório, o PPP é um referencial teórico e prático que baliza a prática pedagógica de uma escola e orienta as implementações necessárias para o alcance dos objetivos formativos esperados. 2. Resultados alcançados Esta análise trata-se de um recorte de tese de doutorado que se encontra em andamento. O estudo qualitativo se baseou na Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011) do PPP de uma escola do norte fluminense, que traz como inovação a prática pedagógica inspirada na abordagem da Escola da Ponte de Portugal. Os pressupostos elencados por Pintrich (2000) foram usados, a priori, para a interpretação e o agrupamento dos indicadores textuais do PPP que se mostraram favoráveis para a aprendizagem autorregulada dos alunos. Sob todos os ângulos, os resultados apontaram indicadores da intencionalidade do PPP em estimular as potencialidades do aluno em ser protagonista do seu aprendizado. O projeto enfatiza o papel ativo e construtivo do aluno na aprendizagem quando destaca que “a concepção democrática de escola respeita o educando como ser único e capaz de encontrar a melhor maneira para construir seus conhecimentos (PPP, p.10). A escola reconhece a singularidade de cada aluno, dando-lhe liberdade de escolhas relacionadas ao interesse e ao uso de estratégias próprias, a partir de um “aprender a aprender’. Em termos práticos, a organização do ensino privilegia a Metodologia de Trabalho de Projetos objetivando aumentar a participação dos estudantes, elevar seus graus de autonomia e adequar os conteúdos aos ritmos e predisposições individuais dos alunos (PPP, p.10). Os alunos são estimulados, desde os ciclos iniciais, a autorregular sua aprendizagem, quando são colocados no papel de definir, planejar, executar e avaliar projetos de seus interesses (PPP p.9). Os processos de ‘aprender a aprender’ e o Trabalho de Projetos, são ações que reforçam substancialmente, o potencial do aluno para o controle da aprendizagem. Nesse processo, o suporte dos educadores e o uso dos dispositivos pedagógicos, como ‘Plano quinzenal de trabalho’, ‘Preciso de Ajuda’ e “Eu já sei”, se mostram como subsídios para autoavaliação e o controle cognitivo e comportamental. Por meio desses recursos, o aluno toma consciência dos conhecimentos adquiridos, da eficácia das estratégias utilizadas, do controle volitivo e da necessidade de ajuda. De acordo com Pintrich (2000), o monitoramento e o controle da aprendizagem se orienta pela definição de metas, critérios e padrões de aprendizagem, que são utilizados por alunos e professores como balizadores do desempenho atual e o esperado. No PPP esses pressupostos se mostram indicados na dupla dimensão de currículo, que integra as metas de aprendizagem e adoção de atitudes de autonomia. “O currículo objetivo é um perfil, um horizonte de realização, uma meta de aprendizagem; o currículo subjetivo é um percurso (único) de desenvolvimento pessoal, um caminho totalmente individualizado” (PPP da escola, p.18). Na intenção de promover desafios ao nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos, os objetivos de aprendizagem são relacionados ao tema do projeto escolhido pelo aluno e, com a ajuda do tutor, são definidos na elaboração do Plano quinzenal de trabalho. Por fim, o quarto pressuposto ressalta que as atividades autorregulatórias atuam como mediadoras dos aspectos pessoais e contextuais, e entre a meta e o desempenho. Conforme já citado, o projeto educativo traz indicadores que convergem para a construção de um ambiente escolar de aprendizagem flexível, colaborativa e cooperativa, que favorece a interação entre os aspectos singulares do aluno e os aspectos contextuais. De acordo com o PPP, os alunos e os professores irão definir as estratégias necessárias ao desenvolvimento do projeto em planos de periodicidade conveniente, assim como serão corresponsáveis pela avaliação do trabalho realizado (PPP da escola, p.20). O professor se destaca como “um mediador que proporciona vários meios de aprendizagem e que interfere nas horas necessárias”, considerando os níveis de dificuldades e de autonomia alcançado por cada aluno (PPP, 2018, p. 9). Nessas situações, as habilidades autorregulatórias dos alunos são mediadas e estimuladas pelos educadores, frente às necessidades de adequação e ajuste das estratégias e do comportamento, para o alcance das metas pretendidas. A abertura para o diálogo e a relação de confiança entre professor e aluno favorecem à autorregulação, uma vez que o aluno se sente à vontade para sugerir mudanças no contexto que possibilitem o alcance dos seus objetivos (Pintrich, 2000). A flexibilidade do ambiente escolar oportuniza a negociação sobre os aspectos da tarefa e os ajustes no comportamento, que por sua vez potencializam as expectativas de sucesso e de um melhor desempenho nas atividades escolares. Conclusões A promoção da autonomia e da aprendizagem autorregulada devem ser objeto da intencionalidade formativa do projeto político-pedagógico, tendo em vista que abarcam a construção de conhecimentos, competências, atitudes e valores, que garantam ao estudante uma atuação autônoma, crítica e intencionada nos seus projetos de vida e na sociedade, conforme determina a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). A partir dos resultados, entende-se que os aspectos inovadores da prática pedagógica da escola pesquisada se mostraram intencionados para o estímulo da aprendizagem ativa e das habilidades autorregulatórias dos estudantes. Embora o objetivo deste estudo tenha sido alcançado, ressalta-se a importância de avaliar a coerência entre a intencionalidade do projeto, a prática pedagógica e seus resultados no comportamento autorregulado do aluno, a fim de identificar possíveis lacunas e sugerir ajustes e adaptações na prática e no contexto escolar que potencialize a regulação autônoma dos alunos. Referências bibliográficas GADOTTI, Moacir. O projeto político-pedagógico na escola: na perspectiva de uma educação para a cidadania. Brasília, 1994. SINGER, H. República de crianças: sobre experiências escolares de resistência. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2010. VEIGA SIMÃO, A.M.; FRISON, L. Autorregulação da aprendizagem: abordagens teóricas e desafios para as práticas em contextos educativos. Cadernos de Educação FaE/PPGE/UFPel, n. 45, 2013, p. 02-20. PINTRICH, P. R. The role of goal orientation in self-regulated learning. In: BOEKAERTS, P.; PINTRICH, P.; ZEIDNER, M. (Eds.). Handbook of self-regulation. New York: Academic Press, 2000, p. 451-502.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

TONELLI, Elizangela; DEPS, Vera Lucia. ANALÍSE DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA DO NORTE FLUMINENSE E SUAS RELAÇÕES COM OS PRESSUPOSTOS DA APRENDIZAGEM AUTORREGULADA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437877-ANALISE-DO-PROJETO-POLITICO-PEDAGOGICO-DE-UMA-ESCOLA-DEMOCRATICA-DO-NORTE-FLUMINENSE-E-SUAS-RELACOES-COM-OS-PRESS. Acesso em: 16/07/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes