ENSAIO TEÓRICO SOBRE MODELOS DE DESENVOLVIMENTO APLICADOS AO TURISMO E SEUS PROSPECTOS SOCIAIS

Publicado em 23/12/2021

DOI
10.29327/154029.10-34  
Título do Trabalho
ENSAIO TEÓRICO SOBRE MODELOS DE DESENVOLVIMENTO APLICADOS AO TURISMO E SEUS PROSPECTOS SOCIAIS
Autores
  • Loren Caroline Ferreira Dinelli
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 12 - Outros olhares sobre o turismo: resistências possíveis a práticas hegemônicas
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437664-ensaio-teorico-sobre-modelos-de-desenvolvimento-aplicados-ao-turismo-e-seus-prospectos-sociais
ISSN
Palavras-Chave
Turismo, Desenvolvimento, Teorias de Desenvolvimento
Resumo
Introdução O turismo, quanto atividade econômica e fenômeno social de grande complexidade, reflete a necessidade de expansão econômica evidenciada pela globalização, fazendo uso de distintos modelos de desenvolvimento para sustentar suas ações. O presente ensaio teve como objetivo analisar alguns modelos de desenvolvimento apropriados pelo turismo, a fim de identificar quais deles apresentam melhores prospectos, em termos sociais, para a superação de práticas hegemônicas nesse setor genuinamente positivista, cujo desejo de geração de divisas se sobressai sobre as limitações e necessidades dos recursos naturais e sociais com os quais ele dialoga. Para alcançar o objetivo proposto, o estudo foi desenvolvido sob perspectiva crítica, por meio de pesquisa descritivo-exploratória, com uso das pesquisas documental e eletrônica, com abordagem qualitativa, tendo como foco a Teoria da Modernização de Rostow, a Teoria da Dependência, o conceito de Desenvolvimento Sustentável e o conceito de desenvolvimento como expansão de capacidades de Amartya Sen, 1. Fundamentação teórica Ao refletir sobre os modelos de desenvolvimento adotados pelo turismo, percebe-se neles grande influência do conceito de modernização criado por Rostow (1959), que preconiza o crescimento econômico contínuo e linear, onde a tecnologia se sobrepõe às necessidades ambientais e sociais mundiais. A modernização teorizada por Rostow (1959, p. 4-11), que tem nas sociedades tradicionais o estágio primário de seu desenvolvimento e, como estágio final, a criação de sociedades de consumo de massa, atende aos desejos de geração e acúmulo de capital de pequena parcela da sociedade, por meio da errônea difusão de que é possível que todos alcancem o mesmo estágio de modernização dos países economicamente favorecidos, por meio do alto consumo de tecnologia e informações desses países, a fim de alcançar o progresso, por meio de regulações de mercado que resultaram, sobretudo, de políticas neoliberais que favorecem unicamente os interesses das classes dominantes. No turismo, que é produto dessa globalização (Beni, 2004), e que tem seus primeiros caminhos conceituais trilhados sob uma perspectiva extremamente economicista, a utilização da teoria da modernização é bastante difundida, especialmente no que tange à exploração e à subvalorizarão das sociedades subdesenvolvidas, sob a ótica econômica, em localidades turistificadas. Ainda como reflexo dos objetivos modernizantes de expansão econômica, encontramos o Desenvolvimento Sustentável (Sachs, 2008, p.36) como alternativa ética para que os aspectos socais e ambientais não sejam negligenciados em detrimento dos aspectos econômicos e que o uso de recursos pelas populações contemporâneas não comprometa o seu usufruto pelas gerações futuras. Como o estudo tem enfoque, sobretudo, nas populações que tornam-se vulneráveis diante de atividades exógenas como o turismo, acredita-se que o conceito de desenvolvimento sustentável, devido à sua abrangência e flexibilidade de discurso, torne suscetíveis os elos mais frágeis nessas relações sociais, que são as comunidades locais. Bresser-Pereira (2005, p.3) corrobora com a compreensão dessa marginalização social sustentada pelo modelo proposto pela modernização, de viés ideológico liberal, ao criticar a ideia de desenvolvimento por entender que ele direciona para um acordo social em que algumas classes sociais são subalternizadas às classes dominantes em prol da legitimação do capitalismo. Ao propor a Teoria da Dependência, o autor, que a compreende como uma crítica à teoria do imperialismo, pressupõe que ela possa servir como instrumento para uma revolução nacional nos países marginalizados da economia globalizada com o apoio, inclusive, da burguesia nacional. Seguindo esse viés social, parte-se Amartya Sen e seu modelo de desenvolvimento sustentado na expansão das capacidades humanas. Sen (2000) estabelece cinco formas instrumentais de liberdade que permitem refletir o desenvolvimento sob um prisma mais humanista, de forma integrada, sendo elas: i) liberdades políticas; ii) facilidades econômicas; iii) oportunidades sociais; iv) garantias de transparência e v) segurança protetora. 2. Resultados alcançados Já no primeiro momento do estudo, foi possível perceber que o conceito de modernização criado por Rostow (1959), que preconiza o crescimento econômico contínuo e linear, onde a tecnologia se sobrepõe às necessidades ambientais e sociais mundiais, não convém à pesquisa, ao ensino e à prática do turismo, sendo necessária a adoção de alternativas viáveis que equilibrem a utilização dos recursos disponíveis às necessidades das comunidades locais de forma equânime, possibilidade não assistida pela modernização que visa, sobretudo, o acúmulo de capital. Do desenvolvimento sustentável, percebe-se o cuidado para com o manejo dos recursos naturais e a inserção das comunidades locais na prática turística, sendo válido reconhecer, entretanto, a vulnerabilidade percebida na flexibilidade de seu discurso, que pode ser interpretado conforme os objetivos de quem o enuncia, sendo necessário conhecer também modelos alternativos que respondam às complexas necessidades sociais das localidades onde a atividade turística se desenvolve. Como contributo da Teoria da Dependência para o turismo, percebe-se a compreensão de que a marginalização das sociedades economicamente subdesenvolvidas não é proveniente de sua baixa tecnologia ou de suas limitações frente às sociedades modernizadas, mas que são fruto da própria modernização, que as impõe essa condição para estimulá-las a atuar, de forma árdua e desproporcional, para a manutenção das desigualdades sociais e do acúmulo de capital das classes dominantes. A Teoria da Dependência (Bresser-Pereira, 2005, p. 15-16) também permite inferir que os custos sociais do processo de desenvolvimento em curso não se restringem somente aos aspectos macros de desenvolvimento, que subordinam alguns países a outros detentores das ferramentas de dominação e poder, como também às elites locais, que não atuam no sentido de contribuir com o desenvolvimento nacional justo e equitativo, dando maior ênfase às explorações entre classes locais, que entre distintas nações. Seguindo o percurso das teorias de desenvolvimento aplicadas e aplicáveis ao turismo, a pesquisa permitiu inferir que a abordagem fornecida pelo professor, filósofo e economista Amartya Sen (2000), que acredita no desenvolvimento proporcionado pela expansão das capacidades humanas, contribua de forma satisfatória com o viés social do fenômeno, por permitir a compreensão da necessidade de contemplar o bem-estar social no planejamento turístico, em uma ótica de desenvolvimento mais justa e responsável. Conclusões Os modelos de desenvolvimento adotados na contemporaneidade pelo turismo permitem a compreensão de um fenômeno voltado para o acúmulo de capital em uma sociedade sustentada pelos princípios da modernização proposta por Rostow. Apesar de buscar modelos alternativos, como o desenvolvimento sustentável – de grande repercussão na atualidade, a modernização parece estar intrinsecamente associada aos objetivos globalizados de expansão econômica que sustentam estes modelos. O ensaio permitiu, entretanto, indicar modelos e conceitos alternativos, como a Teoria da Dependência e o modelo de desenvolvimento sustentado na expansão das capacidades humanas, de Amartya Sen, que indicam o quão danosa é a adoção de instrumentos que legitimam a marginalização das populações locais e o quão urgente é a apropriação de modelos que permitam sua emancipação socioeconômica e a quebra de paradigmas hegemônicos no turismo. Referências bibliográficas Beni, M. C. (2004). Globalização do turismo: Megatendências do setor e a realidade brasileira. São Paulo: Aleph. Bresser-Pereira, L. C. (2005). Do ISEB e da CEPAL à teoria da dependência. In: Totelo, C. N. de. (Org.). Intelectuais e política no Brasil: a experiência do ISEB. (ed. 1). .Rio de Janeiro: Editora Revan. Rostow, W. W. (1959). The stages of economic growth. New Series, (Vol. 12, ed. 1, pp. 1-16) Sachs, I. (2008). Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond. Sen, A. (2000). Desenvolvimento como liberdade. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia de Bolso.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
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Como citar

DINELLI, Loren Caroline Ferreira. ENSAIO TEÓRICO SOBRE MODELOS DE DESENVOLVIMENTO APLICADOS AO TURISMO E SEUS PROSPECTOS SOCIAIS.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437664-ENSAIO-TEORICO-SOBRE-MODELOS-DE-DESENVOLVIMENTO-APLICADOS-AO-TURISMO-E-SEUS-PROSPECTOS-SOCIAIS. Acesso em: 25/08/2025

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