ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A ABORDAGEM COM OS GÊNEROS TEXTUAIS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A ABORDAGEM COM OS GÊNEROS TEXTUAIS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Autores
  • PRISCILA DE ANDRADE BARROSO PEIXOTO
  • Michele Da Silva Bastos Rodrigues
  • Karen Gomes Ramos
  • Profª. Drª. Eliana Crispim França Luquetti
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 34 - Estudos dialógicos do discurso e Ensino da Língua Materna e Estrangeira
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437655-ensino-de-lingua-materna--relato-de-experiencia-sobre-a-abordagem-com-os-generos-textuais-no-processo-de-alfabeti
ISSN
Palavras-Chave
Língua materna, Gêneros textuais, Alfabetização e Letramento.
Resumo
Priscila de Andrade Barroso Peixoto Doutoranda em Cognição e Linguagem. Licenciada em Pedagogia. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro pri.bpeixoto@gmail.com Michele da Silva Bastos Rodrigues Licenciada em Pedagogia. Pós-graduada em Supervisão Escolar e Orientação Educacional bastosmichele2020@gmail.com Karen Gomes Ramos Bacharel em Fonoaudiologia. Pós-graduanda em Fonoaudiologia Educacional e em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) kgr.karen.kgr08@gmail.com Eliana Crispim França Luquetti Professora Associada – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro elinafff@gmail.com Introdução Este trabalho tem por objetivo apresentar um relato de experiência sobre algumas ações desenvolvidas na formação continuada em serviço de professores que atuam no primeiro segmento do ensino fundamental da rede pública de ensino da cidade de São João da Barra/RJ em relação às práticas de ensino de língua materna. Com vistas a mitigar os efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus (COVID 19), que dificultou o trabalho com as práticas de leitura e escrita, e ainda, contribuir com o ensino de língua materna, seja no contexto remoto ou regular, foram desenvolvidas ações de suporte, orientação e acompanhamento das práticas de leitura e escrita, por meio de oficinas de leitura e produção textual, elaboração de materiais e planejamentos sistematizados para construção de atividades com ênfase nos gêneros textuais. 1. Fundamentação teórica A alfabetização pode ser definida como um processo de aprendizagem onde o indivíduo desenvolve a habilidade de ler e escrever de maneira adequada, e a utilizar esta habilidade como um código de comunicação com o seu meio. Ainda que inicie de maneira formal na escola, é um processo que ocorre antes, durante e depois do período escolar, e acontece dentro e fora do espaço escolar, por meio das leituras do mundo que nos cerca. Tais considerações embasam o surgimento do termo letramento, o qual passa a ser utilizado para definir a habilidade de ler e escrever no contexto das práticas sociais. De acordo com Soares (2017), a idealização do letramento no Brasil se deu a partir dos meados dos anos 80, mesmo período em que se deu na França e em Portugal. Segundo a autora, nesse conceito está implícita a “ideia de que a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivíduo que aprende a usá-la” (SOARES, 2017, p. 15-17). Deste modo, o letramento não é um conhecimento isolado ele muda a vida e status e relação do sujeito comum. Soares (2017) compara o alfabetizar e o letrar, ao indicar que alfabetizar é a ação de ensinar ou aprender a ler a escrever, estando mais ligada na aquisição do código e das regras e o letramento como um estado ou condição de quem não apenas sabe ler ou escrever, mas cultiva e exerce essa prática. Saussure (2006) define Língua como a parte social da linguagem, “um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação entre os membros de uma comunidade”, onde só um indivíduo não detém a capacidade de modificá-la. Considerando esse aspecto social, entende-se que, ao chegar à escola, a criança já sabe a língua, já se comunica com o seu meio. Sendo assim, o papel da escola no “ensino de língua” deve ser voltado ao desenvolvimento da competência comunicativa dos educandos. Nas palavras de Marcuschi (2008) “a escola não ensina língua, mas os usos da língua e formas não corriqueiras de comunicação escrita e oral”. O autor indica o consenso existente no que diz respeito ao uso de textos como base para o ensino de língua, porém, argumenta que “a questão não reside no consenso ou na aceitação deste postulado, mas no modo como isto é posto em prática, já que são muitas as formas de se trabalhar texto” (MARCUSCHI, 2008, p. 51). O documento da Base Nacional Comum Curricular, aponta a necessidade da criança “conhecer diferentes gêneros e portadores textuais”, desde a etapa da Educação Infantil, a fim de se demonstrar a “compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação” (BNCC, 2019). Nesse sentido, a abordagem a partir do estudo dos gêneros textuais é apresentada como uma alternativa para condução do trabalho com a língua através do texto, seja ele falado ou escrito. Como vemos em Crisóstomo (2018, p. 26), “estudar os gêneros é estudar a língua viva, em seu uso real na comunicação”. Tal perspectiva tem como foco chamar a atenção do educando para a real função da língua em seu cotidiano, ao favorecer a reflexão sobre os modos de agir e interagir. 2. Resultados alcançados A partir do conceito de letramento temos duas implicações para o âmbito educacional. A primeira diz respeito à reorientação e à revisão do próprio conceito de aprendizagem da língua escrita, uma vez que, a partir desse conceito, confirma-se que a alfabetização não consiste na simples aquisição de letras e regras. Nesse sentido, a aprendizagem da língua escrita, ao ser vista como aquisição de uma efetiva linguagem, deve favorecer a comunicação humana e a interpretação do mundo. A segunda implicação necessária é a revisão das metas da alfabetização, pois esta deixa de ser um conteúdo e um conhecimento que as crianças tinham que desenvolver até determinado período de tempo e passa a ser vista como um processo contínuo, o qual tem a ver com a própria constituição do sujeito e com o modo como ele se insere na sociedade. Com base nessas implicações, foi desenvolvido um trabalho na sistematização dos componentes curriculares com ênfase no trabalho com os gêneros textuais, bem como na formação continuada em serviço oferecida aos professores que atuam nos anos inicias do ensino fundamental I da rede pública de ensino da cidade de São João da Barra/RJ. A partir de um levantamento realizado no ano de 2019 por meio de avaliações diagnósticas nas escolas do município, observou-se a necessidade de repensar a organização curricular e o trabalho com foco em minimizar as defasagens de conteúdo encontradas. Como forma de intervir na problemática, para o ano de 2020 foi elaborado um material, por professores de área específica que atuam no município nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, com experiência no primeiro segmento do ensino fundamental, com o intuito de oferecer suporte aos professores por meio de um material rico na abordagem dos conteúdos para as aulas. Considerando a necessidade do material ser não apenas um norteador para o professor, mas também agradável e significativo para os alunos, toda elaboração foi pensada a fim de contemplar aspectos da cultura regional, curiosidades locais, anexos para fixação com materiais de apoio e jogos. Na parte de Língua Portuguesa o trabalho com os gêneros textuais é o fio condutor. A partir deles são propostas as questões ligadas à ortografia, leitura e produção textual. Com vistas a clarificar a abordagem, todo planejamento, construído a partir da BNCC (2019), foi organizado em um modelo de currículo de fluxo, ao retomar habilidades de anos anteriores que são pré-requisito para um bom desenvolvimento no ano corrente. Além disso, a ênfase do trabalho com os gêneros textuais foi explicitada e conectada a todo conteúdo, objetivando favorecer a organização e o trabalho de forma interdisciplinar. Por exemplo: se o gênero textual a ser trabalhado é gráficos e tabelas, o aluno terá contato com o gênero não apenas em Língua Portuguesa, mas também em Matemática, e nos demais componentes curriculares onde for possível explorar. Além da elaboração de materiais e dos planejamentos sistematizados para construção de atividades com ênfase nos gêneros textuais, também foi organizado um ciclo de oficinas de formações e acompanhamento que ocorrem mensalmente. Nas oficinas de formação foram abordados temas pertinentes ao trabalho como: Consciência fonológica; Alfabetização e letramento; Preditores da Alfabetização; Estratégias de leitura; Ortografização e Produção textual. No ano de 2020, algumas ações ocorreram presencialmente, mas com o contexto pandêmico, tanto as oficinas quanto acompanhamento das ações realizadas com os alunos vêm ocorrendo no formato remoto via plataforma Google Meet, YouTube, dentre outras redes sociais. O cenário atual, por um lado traz consigo dificuldades a serem ultrapassadas, porém, o trabalho realizado tem um valor atemporal, assim como todo aprendizado. Conclusões Considera-se que, quando voltado à realidade do aluno, o ensino da Língua Materna propicia a ampliação do repertório linguístico, ao valorizar o conhecimento de mundo como estratégia para o desenvolvimento da competência comunicativa dos educandos. Assim, abordagem proposta buscou oferecer os profissionais uma formação ampla, por meio do trabalho teórico e suporte para a prática do ensino de Língua Materna, pela perspectiva do letramento. Referências bibliográficas BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em outubro/2021. CRISÓSTOMO, M. Os gêneros textuais sob uma perspectiva linguística: uma abordagem para o ensino de língua materna. Tese (Doutorado em Cognição e Linguagem) – UENF. Campos dos Goytacazes, 2018. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. SAUSSURE, F. Curso de linguística geraI. Tradução de Antônio Ehelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. 27ª ed. São Paulo: CuItrix, 2006. SOARES, M. Alfabetização e letramento. 7ª ed. São Paulo: Contexto, 2017.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PEIXOTO, PRISCILA DE ANDRADE BARROSO et al.. ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A ABORDAGEM COM OS GÊNEROS TEXTUAIS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437655-ENSINO-DE-LINGUA-MATERNA--RELATO-DE-EXPERIENCIA-SOBRE-A-ABORDAGEM-COM-OS-GENEROS-TEXTUAIS-NO-PROCESSO-DE-ALFABETI. Acesso em: 22/06/2025

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