A INTERTEXTUALIDADE DO COTIDIANO SOB A ÓTICA DISCENTE

Publicado em 23/12/2021

DOI
10.29327/154029.10-86  
Título do Trabalho
A INTERTEXTUALIDADE DO COTIDIANO SOB A ÓTICA DISCENTE
Autores
  • Jaqueline Maria de Almeida
  • MOACIR DOS SANTOS DA SILVA
  • Profª. Drª. Eliana Crispim França Luquetti
  • Prof. Dr. Sérgio Arruda de Moura
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 34 - Estudos dialógicos do discurso e Ensino da Língua Materna e Estrangeira
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437618-a-intertextualidade-do-cotidiano-sob-a-otica-discente
ISSN
Palavras-Chave
Estudos sobre linguagem, Educação e ensino, intertextualidade e gêneros textuais
Resumo
Introdução Ao ingressar no ensino superior, o discente se depara com uma realidade bastante distante à qual eles até então vivia cotidianamente, o ensino médio. A proposta de trabalho teve como tema a intertextualidade no cotidiano e seus diversos conceitos, pela produtividade do assunto em relação à multiplicidade de interpretações e entrelaçamentos de diversos temas, a partir de uma análise com gêneros textuais diferenciados. Em paralelo o exercício da oralidade, por meio da apresentação de seminários, explorando a produtividade do tema. O trabalho é resultado de uma análise de atividade aplicada na disciplina “Português Instrumental II, na Universidade Estadual do Norte Fluminense. O intuito da proposta era que o aluno, após entendimento dos conceitos acerca de intertextualidade, exibisse, de acordo com a sua escolha, dois ou três textos que dialogassem entre si e apresentassem convergências direta ou indiretamente. Quando chegam à escola, os alunos já possuem domínio da língua falada, todavia, imprescindível que a escola assuma a responsabilidade de auxiliar o desenvolvimento das habilidades comunicativas dos alunos desde as séries iniciais, garantindo que ele tenha a fluência necessária nas situações que exigem a interação oral, à mesma maneira que é feito com o desenvolvimento das competências relacionadas à comunicação escrita. 1. Fundamentação teórica Para sustentar a proposta apresentada no presente trabalho, foram utilizados principalmente os pressupostos de intertextualidade e oralidade na visão dos autores Koch (2007), Elias (2011), Marcuschi (2008), Carvalho e Ferrarezi Jr. (2018). Partindo do pressuposto que o texto é um emaranhado de diversos textos, de diferentes fontes, autores e contextos, entende-se, portanto que a intertextualidade se caracteriza pelas referências internas e externas, utilizadas na construção textual. Assim, grosso modo, a intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro, ou com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade. Para que a intertextualidade ocorra, é necessário o (re)conhecimento de outro(s) texto(s) ou fato(s) no processo de leitura. Contudo, muitas vezes a compreensão da intertextualidade se perde, pois o fato ou texto(s)-fonte pertencem a um período de tempo muito específico e, para que ocorra sua compreensão, o leitor precisa buscar informações além das explicitadas no texto. “Vale reiterar que, para o processo de compreensão além do conhecimento do texto-fonte, necessário se faz também considerar que a retomada de texto(s) em outro(s) texto(s) propicia a construção de novos sentidos, uma vez que são inseridos em uma outra situação de comunicação, com outras configurações e objetivos” (KOCH, 2007, p. 86). Ainda de acordo com Koch (2007), existem níveis diferentes de intertextualidade: stricto sensu (quando um texto está inserido em outro texto), mas é valido ressaltar, que toda vez que ocorre retextualização de um texto prévio, isso altera sua força ilocucionária, ou seja, altera seu valor e o seu efeito. Existem diferentes tipos de intertextualidade: intertextualidade temática, estilística, explícita, implícita: intertextualidade com textos de outros enunciadores, intertextualidade intergenérica e intertextualidade tipológica. Refletir sobre a oralidade como conteúdo de ensino de língua portuguesa é retomar a história curricular do ensino de língua materna, uma vez que esse conteúdo está presente na história do ensino desde sua gênese, em meados do século XIX, quando a disciplina língua portuguesa foi-se oficializando nos programas da escolarização formal no Brasil. Ao fazer uso da oralidade você projeta uma imagem de si para o outro, pois as palavras são muito poderosas. Todavia, depois que são ditas elas têm o poder de motivar ou destruir um sonho, de criar ou dissipar sentimentos, de cativar ou afastar pessoas. Isso ocorre porque as relações sociais são baseadas na comunicação, e, em especial no caso da oralidade, no uso e comportamento que os sujeitos usam ao se comunicarem e na projeção que cada um deposita ao estabelecer essas relações comunicativas permite que imagens mentais, conceitos e pré-conceitos sejam construídos a respeito do outro. É importante ensinar aos alunos acerca do que é a fala e como ela se processa, pois, conforme afirmam Cavalcante e Melo (2006, p. 183), atividades do tipo “converse com o colega”, não possibilitam ao aluno compreender os processos de organização e características do texto falado. Os alunos devem compreender que ler um texto em voz alta não é oralidade, essa modalidade possui características próprias de organização e produção, logo é importante que os alunos compreendam como ela funciona. Além disso, o trabalho com oralidade permite ainda que o aluno compreenda que há uma relação, um contínuo, entre o oral e o escrito, ajudando-o a compreender a importância de interagir em contextos sociais diferentes, com públicos diferentes, fazendo uso de variados gêneros orais e escritos. 2. Resultados alcançados O trabalho foi estruturado com base em pesquisa bibliográfica e, a partir daí; a) desenvolveu-se o assunto com aulas expositivas, com interações entre os envolvidos; b) houve o feedback dos alunos com exemplos orais; c) dividiu-se a turma em grupos de 02 (dois) ou 4 (quatro) alunos; d) pediu-se que escolhessem um assunto específico e o apresentasse a partir de textos de gêneros diferentes (dois ou três), discorrendo sobre alguns dos conceitos inerentes à intertextualidade; e) definiu-se que cada componente do grupo falaria um pouco acerca do trabalho, que deveria ser enviado aos professores e, f) estipulou-se um tempo de 10 (dez) a 15 (quinze) minutos para a apresentação. A apresentação de textos diversos, de gêneros diferentes que dialogavam entre si, de autores como Milton Nascimento, Chico Buarque, Criolo, Milton Santos e Giovane Martins, bem como propagandas, tiras, charges, contos, textos de capas de revistas como “Isto é”, “Época”, “Você S/A” e “Placar”, de autores contemporâneos foram trazidos para as primeiras reflexões e debates, em que aspectos gramaticais e linguísticos como intertextualidade, coesão, coerência, pragmática, textualidade, discurso, adequação, situacionalidade e inferência foram expostos e debatidos. A abordagem e estruturação feitas durante todo o percurso do trabalho foram inspiradas e desenvolvidas a partir das ideias de autores como Paulo Freire, com interações, validações ou não, reflexões de culturas, dos meios em que os alunos pertencem e com análise crítica a partir dos textos e dos debates, na construção e consolidação dos conceitos acerca do assunto principal. O desenvolvimento do trabalho seguiu algumas etapas. No primeiro momento, a preocupação foi com a apresentação e consolidação de conceitos concernentes à intertextualidade, indiretamente. Num segundo momento, direcionou-se a discussão acerca dos conceitos estritamente ligados à intertextualidade, como alusão, citação direta, citação indireta, paródia, paráfrase, entre outros. Os 80 (oitenta) alunos da turma foram organizados em 23 (vinte e três) grupos. Desenvolveram-se trabalhos com temáticas diversas, pelo perfil eclético da turma. Os títulos foram os seguintes: suicídio, os preconceitos e os problemas encontrados pelas pessoas com deficiências mentais, a mitológica intertextualidade, autoritarismo, cyberbulliyng, a superficialidade das redes sociais, eugenia, seca no Nordeste, futebol na cultura, intolerância racial, refugiados, sistema carcerário brasileiro, marco temporal, a pandemia de peste bubônica, aquecimento global, a religião como única base de uma nação, prostituição, segunda guerra, preconceito linguístico, violência contra a mulher, desigualdade social, padrões de beleza e poluição marinha. O que chamou a atenção foi que alguns dos grupos acabaram correlacionando a temática a ser trabalhada ao curso que estavam fazendo na graduação. Cita-se, como exemplos aqui, os alunos de Letras que produziram um trabalho sobre “Preconceito linguístico” e alunos de Biologia que produziram um trabalho sobre “Poluição marinha”. A aplicação dos alunos e a forma de apresentação comprometida, eficiente e demonstrando que assimilaram bem os conceitos, chamou a atenção. Cabe ressaltar ainda a qualidade dos materiais elaborados em PowerPoint em todos os aspectos, a satisfação e responsabilidade dos alunos e suas oralidades. Por fim, houve a solicitação do envio do material elaborado para o professor avaliar com mais precisão. Conclusões A forma como os alunos absorveram e desenvolveram as ideias sobre o assunto foi muito produtiva. Pode-se perceber que eles valorizam trabalhos em grupo, que são pessoas ecléticas, em relação a temáticas diversas, e preocupadas com as questões sociais e culturais. Em todos os momentos durante as apresentações houve iteração, integração e respeito ao discurso do outro, mesmo com as divergências de ideias, em alguns momentos. Algumas temáticas de trabalhos, embora concluídas as apresentações, tiveram a continuidade da discussão, no grupo de Whatsapp da turma. Referências bibliográficas CARVALHO, Robson Santos; FERRAREZI Jr., Celso. Oralidade na educação básica: o que saber, como ensinar. SP: Parábola, 2018. CAVALCANTE, Mônica Magalhães; PAULIUKONIS, Maria Aparecida Lino. Texto e ensino. Natal: SEDES, UFRN, 2018. ELIAS, Vanda Maria (org.). Ensino da língua portuguesa: oralidade, escrita e leitura. São Paulo: Contexto, 2011. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; BENTES, Ann Christina e CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Intertextualidade: diálogos possíveis. São Paulo: Cortez, 2007. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

ALMEIDA, Jaqueline Maria de et al.. A INTERTEXTUALIDADE DO COTIDIANO SOB A ÓTICA DISCENTE.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437618-A-INTERTEXTUALIDADE-DO-COTIDIANO-SOB-A-OTICA-DISCENTE. Acesso em: 17/05/2025

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