A VELHICE CONTEXTUALIZADA NA HISTÓRIA HUMANA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
A VELHICE CONTEXTUALIZADA NA HISTÓRIA HUMANA
Autores
  • KATHIA BRAGA DA SILVA TEIXEIRA
  • Rosalee Santos Crespo Istoe
  • Valtair A. Miranda
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 30 - O Envelhecimento Humano: Pré e Pós Pandemia
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437396-a-velhice-contextualizada-na-historia-humana
ISSN
Palavras-Chave
envelhecimento, história da humanidade
Resumo
Introdução O presente estudo é um desdobramento da nossa pesquisa de mestrado sobre as considerações da assistência da enfermagem ao idoso internado em uma entidade hospitalar filantrópica evangélica: a partir da percepção do (a) enfermeiro (a). Durante a pesquisa notou a importância de contextualizar a velhice na história humana, visto que observamos que a ideia de idoso, sofreu mudanças ao longo dos tempos, segundo os interesses ocultos nas mais diversas sociedades, conforme cada período sofria mudanças, com alguns períodos de valorização e outros de depreciação do idoso. Durante o século XXI, a temática o envelhecimento humano começou a ser assunto estudado por inúmeros estudiosos. Todavia, mesmo na atualidade, ainda é escasso encontrar, nos trabalhos que trabalham a temática velhice, informações sobre o fenômeno envelhecimento ao longo do tempo. A temática velhice ao longo dos séculos não era interessante para a sociedade. Acreditamos ser de extrema relevância devido à escassez da temática. A metodologia utilizada será de pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de material anteriormente elaborado, principalmente de livros e artigos científicos. 1. Fundamentação teórica Todos nós trazemos as nossas próprias concepções sobre o que é velhice, sendo elas formadas pelas representações do “velho”, e pelas nossas próprias observações e vivências, fundamentadas em distintas expectativas ao longo de nossas vidas. Durante o século XXI, a temática o envelhecimento humano começou a ser assunto estudado por inúmeros estudiosos. Todavia, mesmo na atualidade, ainda é escasso encontrar, nos trabalhos que trabalham a temática velhice, informações sobre o fenômeno envelhecimento ao longo do tempo. Entretanto, foi possível encontrar na obra de Simone de Beauvoir, “A Velhice”, um levantamento esclarecedor a respeito da velhice ao longo dos séculos. Vale salientar que a autora Simone de Beauvoir é citada constantemente em vários trabalhos acerca do envelhecimento humano, sendo considerada uma pioneira nos estudos sobre o tema. Devido à notoriedade da obra citada e uma carência de outros estudos inéditos acerca do tema, a obra foi de extrema relevância para compor essa seção. 2. Resultados alcançados De acordo com a obra de Simone de Beauvoir, apesar das distintas sociedades atribuírem, ao longo da história da humanidade, vários sentidos à velhice, todavia o declínio orgânico é o que mais aparece nas mais variadas comunidades. A autora destaca também a história da velhice na China antiga e Japão, que privilegiavam e cuidam de seus velhos, e estabeleceram um poder centralizado e autoritário. A autora aponta que o primeiro texto a tratar a temática envelhecimento, foi datada em 2.500 a. C escrito por Ptah-hotep, um poeta e filósofo egípcio. O escritor em seu texto faz lamentações referentes a uma decrepitude física advinda do avanço da idade e declara que a velhice é o pior dos a pior desgraça que pode acometer um homem (BEAUVOIR, 1990). A autora Beauvoir (1990) descreve ainda sobre os relatos dos autores dos livros de santos e deuteronômio sobre envelhecimento. De acordo com os relatos bíblicos referente aos princípios do povo judeu no século IX, a velhice era retratada como uma benção e os filhos deveriam obedecer aos seus pais. Nas sociedades agrícolas os anciões eram respeitados, na Palestina, os anciões também eram respeitados e possuíam um papel importante. As famílias eram governadas pelo homem mais velho, porém para governar era necessário ser saudável, caso contrário o filho mais velho assumia o comando (BEAUVOIR, 1990). Na Grécia antiga, os mais velhos eram aqueles que gozavam de mais riquezas e poder, e na política eram pessoas estimadas. Entretanto, a velhice narrada pelos poetas, surge como um tempo onde não podemos mais contemplar os prazeres da vida, em alguns momentos a morte, era algo desejado (BEAUVOIR, 1990). Em virtude da crise do mundo antigo, o cristianismo se expandiu entre os bárbaros, tornando-se ideologia do ocidente, adotando inovações peculiares entre os povos convertidos, mudando sua essência generosa. Assim, o cristianismo assumiu os valores clássicos, com foco nos mais humildes, desamparando aos idosos. Mesmo com a criação dos asilos, no século IV, a Igreja não fez melhorias pelos velhos nessa época, nessa ocasião os jovens eram responsáveis pelo controle na Alta Idade Média. Os papas eram novos, e, firmemente, submissos à nobreza (BEAUVOIR, 1990). No século IV, foi realizada a construção de asilos e de hospitais, que se destinavam ao atendimento dos órfãos e dos doentes. Muitos idosos eram deixados no asilo pelos seus descendentes, despojando até mesmo das últimas roupas. No período feudal, por volta do século VIII, embora os vassalos não fossem ser relegados com o tempo, precisavam defender os feudos a todo instante. No entanto, o vigor físico não era requerido apenas na vassalagem: entre os nobres, havia o treinamento dado ao jovem para que se tornasse um cavaleiro, forte e bravo. Nota-se, nas literaturas da época, a indiferença em relação aos idosos e ao envelhecimento, pois quando os heróis velhos eram citados, esses eram descritos como se encontrassem no auge e na força da idade, como mencionado no romance “Na Morte de Arthur”, datado em 1495, e comportavam-se como homens na majestade da juventude, apesar de estarem dentre 60 e 80 anos (BEAUVOIR, 1990). Na Antiguidade, durante a Idade Média também existia a busca pelo rejuvenescimento. Pois sem o rejuvenescimento o desejo da eternidade era incompleto, seria insuportável uma longevidade sem a certeza de permanecer com um corpo jovem. A partir do século XIV, no contexto da Renascença, que marcou o início da Idade Moderna, período em que se passou a exaltar a beleza e a juventude, principalmente a do corpo. Desse modo, a velhice passou a ser abordada como detestável, sendo um estágio de vida em que são tiradas todas as prosperidades da juventude. Na Europa, durante o século XVII as crianças e idosos sofreram muito, foram mantidas à margem da sociedade, pois a sociedade era autoritária, absolutista. No século XVIII em toda Europa, a população passa a ter uma melhor higiene e assim melhora as condições de vida, a mortalidade sofre uma queda, as pessoas conseguem chegar aos 80 anos (BEAUVOIR, 1990). No século XX, com a expansão da urbanização da sociedade, com a melhoria das condições de vida para os camponeses, os casos de abandono dos velhos incapacitados e as condenações a morte diminuíram (BEAUVOIR, 1990). No século XXI, a velhice, não é apenas compreendida pelo âmbito das modificações orgânicas advindas da idade. Conforme Bosi (1994) a velhice é uma categoria social “além de ser um destino do indivíduo”. A sociedade atribui valor para todas as coisas, as pessoas e os seus comportamentos, são atribuídos também valores para aqueles que envelheceram. Mesmo estando no século XXI, falar sobre a representação do envelhecimento, no Brasil, ainda é difícil, pois não podemos falar de envelhecimento sem ponderar de uma forma mais ampla a organização dessa estrutura social vigente. Mesmo na atualidade, os idosos quando não conseguem mais sustentar-se, economicamente e fisicamente, são abandonados em asilos ou hospitais. Autora enfatiza, que a sociedade de hoje tecnocrática, não acredita, que com o passar dos anos o saber se acumula, mas, sim, que acabe perecendo, ou seja, acreditam que com os anos exista uma desqualificação. Ainda existem muitos casos de velhos deixados nos hospitais, na sala de urgência, com uma carta destinada ao médico, solicitando a hospitalização por morar sozinho e ser considerado velho. Os hospitais acabam realizando a internação, infelizmente muitos dessas pessoas mais velhas são cuidados por profissionais que atuam nos hospitais e acabam morrendo sem receber sequer uma visita de seus familiares (BEAUVOIR, 1990). Conclusões A velhice denuncia o fracasso de todas as civilizações, pois é inadmissível que um homem chegue ao fim da sua vida solitário e com as mãos vazias. Infelizmente, se a cultura não fosse um saber imóvel, adquirido de uma vez por todas e depois esquecido, se fosse prática e viva, se, através dela, o ser humano tivesse sobre o seu meio um poder que se realizasse e se renovasse ao longo dos anos, em todas as idades ele seria um cidadão ativo, útil. Infelizmente, estamos longe disso, pois a sociedade só se preocupa com o ser humano na medida em que este rende. Quando a sociedade, enfim, conseguir compreender o que é realmente a condição dos velhos, não contentará apenas em reivindicar uma “política da velhice” mais justa, um aumento nos valores das pensões, habitações dignas, lazeres organizados, serviços preparados para prestar a devida assistência. Pois, todo o sistema está em jogo, e a reivindicação só pode ser radical, quando conseguirmos mudar a vida (BEAUVOIR, 1990). Referências bibliográficas BEAUVOIR, S. A Velhice. Trad. Maria Helena Franco Monteiro. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TEIXEIRA, KATHIA BRAGA DA SILVA; ISTOE, Rosalee Santos Crespo; MIRANDA, Valtair A.. A VELHICE CONTEXTUALIZADA NA HISTÓRIA HUMANA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437396-A-VELHICE-CONTEXTUALIZADA-NA-HISTORIA-HUMANA. Acesso em: 16/12/2025

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