OS EFEITOS NEUROLÓGICOS E EMOCIONAIS DA MEDIDA PROTETIVA DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
OS EFEITOS NEUROLÓGICOS E EMOCIONAIS DA MEDIDA PROTETIVA DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Autores
  • Joelma Machado Guimarães de Azevedo
  • Evandro Monteiro de Barros Junior
  • Linelly Peixoto Morellato
  • Tiago Lisboa Telles Ferreira
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 27 - Saúde Mental e Neuropsicofarmacologia: Discussões Sobre Cérebro, Comportamento e Emoções
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437297-os-efeitos-neurologicos-e-emocionais-da-medida-protetiva-de-acolhimento-institucional-na-primeira-infancia
ISSN
Palavras-Chave
Acolhimento institucional, acolhimento familiar, desenvolvimento infantil
Resumo
OS EFEITOS NEUROLÓGICOS E EMOCIONAIS DA MEDIDA PROTETIVA DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA AZEVEDO, Joelma Machado Guimarães de Graduada em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá E-mail: jmgazevedo07@gmail.com MONTEIRO DE BARROS JUNIOR, Evandro Mestre em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro E-mail: evandroadv2009@hotmail.com MORELLATO, Linelly Peixoto Mestranda em Medicina pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte E-mail: linellymorellato@yahoo.com.br TELLES FERREIRA, Tiago Lisboa Pós-graduando em Direito Civil e em Direito Processual Civil pela Universidade Cândido Mendes E-mail: dr.tiagolisboa@gmail.com Introdução Esta pesquisa propõe a avaliação dos prejuízos que incidem no desenvolvimento neurológico e emocional de indivíduos que, devido às situações de violação de direitos no contexto familiar, vivenciam o acolhimento institucional durante a primeira infância. A relevância do respectivo objeto justifica-se pela necessidade de consolidar, no âmbito das políticas públicas de assistência à infância, a compreensão de que os impedimentos para a preservação dos vínculos com a família de origem devem assegurar, à criança, a medida protetiva de acolhimento familiar, em detrimento da institucionalização. Para tanto, utilizou-se instrumento de revisão sistemática da literatura que subsidia a prioridade do acolhimento familiar e as suas implicações no desenvolvimento integral de crianças submetidas ao afastamento do convívio com a família. 1. Fundamentação teórica O reconhecimento da criança e do adolescente como titulares de direitos decorreu da evolução histórica e normativa do conceito de infância e juventude, cujo processo fundamentou-se nas transformações socioculturais e políticas que ocorriam no país e nas diretrizes de documentos internacionais sobre Direitos Humanos, que, precursoramente, enunciavam a necessidade de conferir proteção especial àquele público. A Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 8.069/1990 instituíram a Doutrina da Proteção Integral ao concederem, às crianças e aos adolescentes, a titularidade de direitos fundamentais, cuja efetivação possui garantia de absoluta prioridade. Dentre os direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), insere-se a convivência familiar em ambiente capaz de favorecer o seu desenvolvimento integral. Contudo, frequentemente, a família configura-se como espaço contraditório, em que prevalecem os referencias de violação de direitos. O ECA dispõe que, neste contexto, a autoridade competente determinará medidas protetivas com a finalidade de cessar os riscos e restituir a capacidade das famílias no enfrentamento das respectivas situações. A gravidade das violações poderá ensejar o afastamento da convivência familiar mediante o acolhimento institucional ou, preferencialmente, a inclusão da criança e do adolescente em programa de acolhimento familiar. A fragilidade ou ruptura dos vínculos familiares na primeira infância, que ocorre quando há encadeamento de situações de risco, afastamento familiar e institucionalização precoce, podem ocasionar significativos prejuízos ao desenvolvimento infantil. Estudos da neurociência apontam que, no nascimento, o cérebro de uma criança corresponde a 25% do peso que atingirá na sua fase adulta, cabendo às experiências relacionais posteriores a completude e o enriquecimento das suas estruturas mediante estímulos sinápticos resultantes de interações permeadas por singularidade, afeto, cuidado e proteção (informação verbal)1 . De outro modo, interrupções no processo de maturação cerebral causadas pela exposição da criança às situações de violência, abandono e negligência, sobretudo, nos Períodos Sensíveis, modelam, de forma limitada, os circuitos cerebrais e impedem a aquisição de habilidades relativas às funções sensoriais, cognitivas e emocionais, cujos efeitos nocivos poderão se estender ao longo do tempo. O acolhimento familiar propicia, na primeira infância, intervenções precoces e individualizadas mediante interações constituídas por vinculações de afeto e segurança que, devido ao seu potencial de reparação, favorecem o desenvolvimento integral da criança e se sobrepõe à institucionalização. Os cuidados coletivos e a ausência de vínculos de referência inerentes à modalidade de acolhimento institucional afastam o elemento afetivo que perfaz as múltiplas dimensões do desenvolvimento infantil a partir da interação com pessoas que, no âmbito da família substituta, desempenhariam funções parentais com condutas de apego distintas das representações que a criança apreendeu frente às adversidades iniciais. 1 Dados fornecidos pelo Dr. Jesús Palacios no 1º Encontro do Sistema de Justiça: A Prioridade do Acolhimento Familiar, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério Público, em setembro de 2021. 2. Resultados alcançados Os resultados preliminares indicaram que, na primeira infância, a vivência de riscos, o afastamento da convivência familiar e a inserção da criança em serviço de acolhimento institucional podem gerar prejuízos ao seu desenvolvimento neurológico e emocional, haja vista, a relevância deste período para o processo de maturação cerebral, em que as interações permeadas por singularidade, afeto, cuidado e proteção moldam as estruturas do cérebro e o tornam responsivo à aquisição de competências sensoriais, cognitivas e emocionais, as quais delinearão as ferramentas que o indivíduo utilizará em suas experiências futuras. Infere-se, portanto, que, quando couber, a situação de violação de direitos em razão da omissão ou abuso da família deverá assegurar, à criança, a medida protetiva de acolhimento familiar em substituição à institucionalização. No contexto institucional, os cuidados coletivos, bem como a ausência de vínculos significativos e estáveis dissipam os elementos essenciais ao desenvolvimento infantil, predispondo crianças aos riscos decorrentes da privação afetiva e da inexistência de estímulos nas interações durante a primeira infância. Conclusões No Brasil, o acolhimento institucional constitui-se, no âmbito da Proteção Social Especial de alta complexidade, como principal medida protetiva destinada a crianças sob violação de direitos. Contudo, os efeitos da institucionalização para o desenvolvimento neurológico e emocional dos indivíduos que a experenciam nos primeiros anos de vida, qualificam-se como deletérios, razão pela qual, exigem o reordenamento da política pública de assistência à infância e a construção de normativas que, efetivamente, afirmem a primazia do acolhimento familiar. Referências bibliográficas BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 16 de out. de 2021. _______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 16 de out. de 2021. Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância (2014). Estudo nº 1: O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/crianca_feliz/Treinamento_Multiplicadores_Coordenadores/IMPACTO_DESENVOLVIMENTO_PRIMEIRA%20INFaNCIA_SOBRE_APRENDIZAGEM.pdf. Acesso em 17 de out. de 2021. COSTA, N. R. A., ROSSETTI-FERREIRA, M.C. Acolhimento Familiar: Uma Alternativa de Proteção para Crianças e Adolescentes. Psicologia: Reflexão e Crítica. 22(1), p. 111-118, 2009. SOBRAL, S. Os efeitos neurológicos da institucionalização e a importância da primeira infância. In: III Seminário de Acolhimento Familiar, 2019, São Paulo. Anais... Campinas: Paulus, 2020. p. 103-112.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

AZEVEDO, Joelma Machado Guimarães de et al.. OS EFEITOS NEUROLÓGICOS E EMOCIONAIS DA MEDIDA PROTETIVA DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437297-OS-EFEITOS-NEUROLOGICOS-E-EMOCIONAIS-DA-MEDIDA-PROTETIVA-DE-ACOLHIMENTO-INSTITUCIONAL-NA-PRIMEIRA-INFANCIA. Acesso em: 17/05/2025

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