BRINCAR, SORRIR E LUTAR: CONTRIBUIÇÕES DA CIRANDA INFANTIL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SEM TERRINHA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
BRINCAR, SORRIR E LUTAR: CONTRIBUIÇÕES DA CIRANDA INFANTIL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SEM TERRINHA
Autores
  • HARMONY DIOSINAY MACIEL DE ARAUJO
  • Felisa Anaya
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 14 - Movimentos sociais e o Contexto Econômico, Social e Político na América Latina
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437280-brincar-sorrir-e-lutar--contribuicoes-da-ciranda-infantil-na-construcao-da-identidade-sem-terrinha
ISSN
Palavras-Chave
Ciranda Infantil, MST, Identidade, Moviemento Social
Resumo
Brincar, sorrir e lutar: contribuições da Ciranda Infantil na construção da identidade Sem Terrinha Harmony Diosinay Maciel de Araújo Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros/UNIMONTES-MG maciel.harmony@gmail.com Felisa Anaya Doutora em Sociologia. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros/UNIMONTES-MG felisaanaya@gmail.com Introdução Em momentos de crise democrática as ações coletivas se apresentam enquanto parte das dinâmicas de resistência e de enfrentamento político das contradições da sociedade. Baseadas em relações construídas na alteridade, tais ações se constituem enquanto um esforço de subjetivação, de afirmação e de reconhecimento de aspectos culturais e identitários de sujeitos que se juntam em torno de um projeto de transformação e emancipação social. Dentre estes sujeitos estão as crianças dos assentamentos de reforma agrária no Brasil, que se auto-identificam como “Sem Terrinha”. Compreender quem são estas crianças e seu processo de transformação em sujeitos sociais no âmbito do “Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra” (MST), faz parte dos estudos em andamento desenvolvidos para a dissertação de mestrado do Programa de pós-graduação em Desenvolvimento Social, da UNIMONTES-MG. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise parcial da função da “Ciranda Infantil”, enquanto lugar de formação política e de construção identitária dos “Sem Terrinha”. Para tanto, a metodologia utilizada se baseou na revisão e análise bibliográfica de estudos científicos já realizados sobre a temática por outros pesquisadores. Os resultados encontrados apontam para a “Ciranda” como espaço fundamental da infância e das vivências de formação político-identitária compartilhadas pelas crianças dentro dos assentamentos do MST. 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A luta pela efetivação da reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores do campo tem sido representada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde 1984, sendo um dos maiores símbolos de democratização da terra e transformação social atuantes na América Latina. Ao longo desse tempo, mas de 350 mil famílias conquistaram a terra por meio da luta e da organização dos trabalhadores rurais Iniciamos essa discussão considerando que as crianças sempre foram presentes no MST e que, com o passar do tempo, foram sendo percebidas como sujeitos inclusos na luta pela terra. Alves (2001, p. 205) discorre que a “luta pela terra é uma luta em família, e a presença das crianças cria novas necessidades para a organização do movimento”. Nesse sentido, Perez (2008) acredita que quando o movimento oferece espaço e voz para a categoria infantil, as crianças passam de seres passivos a sujeitos ativos, capazes de identificar suas demandas e de expressá-las. Contudo, para que isso ocorra, existe a necessidade de que a criança entenda o contexto em que vive e se sinta parte desse meio, sendo importante trabalhar a construção de sua identidade camponesa e militante, pois como defende a autora: “A criança é parte do lugar em que vive e o lugar é parte da sua subjetividade; sua leitura de mundo é a leitura especializada do lugar e dos acontecimentos que nele operam.” As Cirandas Infantis, atualmente, têm funcionado como espaços para que as crianças exerçam a sua coletividade de maneira lúdica e agradável, tendo a oportunidade de decidirem em conjunto as brincadeiras e atividades, além de debaterem suas demandas e pensarem em alternativas para reivindicá-las. Elas permitem que os Sem Terrinhas possam: “colocar em movimento a história e cultura da qual fazem parte e a qual também são produtoras, produzindo suas culturas infantis, reproduzindo e reinterpretando livremente por meio das brincadeiras. Em um sentido mais amplo, o ato de se reconhecer Sem Terrinha é importante para o próprio fortalecimento e continuidade do Movimento. Rossetto (2009, p. 16) afirma que “para o MST, trabalhar esse pertencimento, essa identidade [...] se faz necessário até mesmo para sua própria sobrevivência, não no sentido de futuros dirigentes, mas no sentido de construção do projeto histórico de sociedade”. 2. Resultados alcançados As informações obtidas através desta pesquisa possibilitaram entender aspectos fundamentais que permeiam a vida das crianças do MST, no que se diz respeito a construção de identidade Sem Terrinha, tendo os espaços de Ciranda Infantil e os Cirandeiros, como agentes facilitares e orientadores desse processo. Aqui, serão apresentadas as três principais questões; autorreconhecimento, importância das Cirandas e papel dos Cirandeiros. Sobre autorreconhecimento, entende-se que os Sem Terrinhas se identificam e são identificados pelo nome próprio a partir dasmobilizações de Encontros dos Sem Terrinhas, criado pelo Movimento para as crianças manifestarem-se na luta pela reforma agrária e direitos sociais como escola, educação, lazer entre outros. Assim é que o nome Sem Terrinha identifica um sujeito próprio e representa um sentimento de pertencimento e formação de identidade (DAMATA, 2015). No que diz respeito aos espaços de Ciranda Infantil, nota-se que desempenham um papel fundamental na formação das crianças Sem Terrinha, em alguns momentos mais organizadas, emoutros, nem tanto, o que ocorre pelas condições materiais e pelas limitações do próprio MST (ROSSETTO, 2009). É dentro desse processo que as crianças vão se reconhecendo como Sem Terrinhas, fortalecendo o sentimento de pertencimento ao MST. O “lutar e brincar” se apresenta então como partede suas vivencias, rumo a uma educação dita emancipadora como na visão de Paulo Freire (1996). O papel dos educadores de Ciranda é fundamental para tangenciar e direcionar as crianças rumo a tomadas de decisões dentro do espaço, sendo importante que o educador seja historicamente envolvido com as questões pertinentes à luta pela terra, à resistência e manutenção da consciência crítica do educando, contribuindo para que a memória não seja apagada e sim valorizada e entendida dentro dos valores da sua práxis. O que a presente revisão de literatura sobre o tema proposto demonstrou, foi que pensar os movimentos sociais, investiga-los, no que se diz respeito à formação de identidade, partindo da mais tenra idade, significa pensar em construção de identidade coletiva, que envolve grupo de pessoas, mas lutam por um coletivo social, que poderá transforma-lhes a vida e sua consciência político-social. Conclusões Para pensar a infância dentro de um movimento social, torna-se necessário considerar a identidade como uma questão essencial para que as crianças compreendam a dinâmica do seu cotidiano e compreendam que lugar ocupam no mundo. Os espaços de Ciranda e os Cirandeiros exercem um papel fundamental nesse processo e tem se mostrado como agentes facilitadores na construção de identidade dessas crianças, que aprendem desde pequenas a reivindicar direitos e a se indignar diante do sofrimento de outras crianças. Nesse sentido, este estudo acredita na importância da inserção das crianças nos movimentos sociais, entendendo que proporcionar a atuação infantil nesses espaços é uma forma de fortalecer a categoria e garantir a existência dos movimentos, além de uma oportunidade de estimular o pensamento crítico e a postura emancipadora nas crianças. Referências Bibliográficas ALVES, Suzy de Castro. As experiências educativas das crianças no acampamento Índio Galdino do MST. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Faculdade de Educação, UFSC, Santa Catarina. 2001. DA MATA, Liene Keite de Lira. Os sem terrinha no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). 2015. 91 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2015. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ROSSETTO, Edna Rodrigues Araújo. Essa ciranda não é minha só, ela é de todos nós: a educação das crianças sem terrinha no MST. Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. Campinas, SP: [s.n.], 2009. PÉREZ, Carmen Lúcia Vidal. Infância, Espaço e Subjetividade: algumas anotaçõessobre lógicas operatórias e práticas espaciais das crianças das classes populares.RevistaContexto e Educação, v. 22, n. 78, p. 93-106, 2007.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ARAUJO, HARMONY DIOSINAY MACIEL DE; ANAYA, Felisa. BRINCAR, SORRIR E LUTAR: CONTRIBUIÇÕES DA CIRANDA INFANTIL NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SEM TERRINHA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437280-BRINCAR-SORRIR-E-LUTAR--CONTRIBUICOES-DA-CIRANDA-INFANTIL-NA-CONSTRUCAO-DA-IDENTIDADE-SEM-TERRINHA. Acesso em: 02/07/2025

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