GÊNERO, SEXUALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE: (RE)PENSANDO A FORMAÇÃO MÉDICA VOLTADA À INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQIA+ EM CONTEXTO PANDÊMICO

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
GÊNERO, SEXUALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE: (RE)PENSANDO A FORMAÇÃO MÉDICA VOLTADA À INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQIA+ EM CONTEXTO PANDÊMICO
Autores
  • Emily Amaral Gonçalves
  • Julia Vidal Emery Santos
  • Bianca Magnelli Mangiavacchi
  • FERNANDA SANTOS CURCIO
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 18 - Direito, Interdisciplinaridade e o Novo Normal" Pandêmico
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/437039-genero-sexualidade-e-interdisciplinaridade--(re)pensando-a-formacao-medica-voltada-a-integralidade-da-atencao-a-
ISSN
Palavras-Chave
Direito à Saúde; Gênero; Formação Médica; COVID-19.
Resumo
Introdução Diante de um cenário discriminatório, estigmatizante e violento, a luta pela visibilidade, reconhecimento de direitos, melhorias na qualidade e condições de vida, igualdade de gênero e orientação sexual são pautas que ainda guiam o movimento LGBTQIA+. Sofrendo constantemente com a marginalização proveniente de uma construção social patriarcal e machista, as minorias sexuais são afetadas de várias formas, dentre elas, no exercício ao direito à saúde de maneira humanizada e igualitária. Portanto, as discussões e estudos sobre o assunto em vários espaços e, em especial, na educação médica, vem se mostrando cada vez mais inescusáveis, como preconizado nos artigos terceiro e quinto das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (BRASIL, 2016). Diante do exposto, o presente trabalho objetiva refletir sobre a importância dos estudos de gênero e sexualidade na educação médica, frente à garantia do direito à saúde das pessoas LGBTQIA+ em contexto da pandemia da COVID-19. A construção do estudo pautou-se no desenvolvimento de pesquisa do tipo exploratória e de natureza qualitativa, tendo como técnica de pesquisa a revisão de literatura, sob o formato narrativo, utilizando as bases de dados da SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como complemento e aprofundamento da investigação, foi empregada a pesquisa documental. 1. Fundamentação teórica A Política Nacional de Saúde Integral da população LGBTQIA+ (PNSI-LGBTQIA+) foi mais um avanço em direção a um atendimento médico igualitário e de forma humanizada, sem que haja discriminação e preconceito instituídos a pessoas que fogem do padrão cisheteronormativo (BRASIL, 2011). Mesmo diante da conformação de políticas públicas, políticas públicas, ações e programas específicos, a população LGBTQIA+ enfrenta diversos desafios, principalmente em relação à saúde, onde ainda não há uma integralidade no acesso aos serviços médicos públicos em geral por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre outros desafios, está a falta de conhecimento e uma certa inexperiência dos profissionais em relação a abordagem correta a ser realizada. Isso faz com que haja uma tendência de evasão dessa população do sistema de saúde (NOGUEIRA; ARAGÃO, 2019). Como alertam Morais Neto et al. (2020), pesquisas apontam que as pessoas que fogem dos padrões de gênero e sexualidade acabam tendo menor acesso ao sistema de saúde, produto do atendimento não humanizado, preconceituoso e relutante à diversidade sexual por parte dos trabalhadores da saúde. Os profissionais de saúde acabam estando distantes do público LGBTQIA+, diante do seu desconhecimento no que tange às peculiaridades e demandas desse grupo, fruto do lapso curricular das escolas médicas sobre as questões supracitadas. Com isso, pouca importância é dada às necessidades sanitárias do grupo em questão (MORAIS NETO et al., 2020). 2. Resultados alcançados A recepção proativa – que visa receber de forma empática os pacientes e transformar o ambiente de saúde em um espaço que respeita a identidade de gênero e a orientação sexual das pessoas, sem distinção e preconceitos – e o reconhecimento das vulnerabilidades e das sobreposições de desigualdades são requisições urgentes para os trabalhadores e especialistas que atuam no campo da saúde (NOGUEIRA; ARAGÃO, 2019). A atuação dos diversos profissionais, dentre eles, o médico, quando baseada em valores de caráter discriminatório, leva ao afastamento das pessoas em situação de vulnerabilidade social dos centros de saúde e, consequentemente, dos cuidados médicos. Sobre o assunto, como salientam Nogueira e Aragão (2019), as pessoas transexuais são as que mais evadem das instituições de saúde, principalmente por situações de desrespeito, rejeição e intolerância. Mediante a apresentação das informações dadas acima, infere-se a necessidade de uma formação médica atenta às demandas e às especificidades da população LGBTQIA+, respeitando a particularidade de cada um, a fim de proporcionar um acesso igualitário, sem preconceitos, além de evitar a evasão dessas pessoas do sistema de saúde (CARDOSO; FERRO, 2012). Ademais, no sentindo de garantir a efetividade do direito à saúde e equidade, é imperioso que a temática da violência contra esses grupos ganhe corpo nos espaços de formação profissional. Trazendo para a pauta a situação pandêmica do país, causada pelo vírus SARS-CoV-2, as condições de acesso à saúde da população LGBTQIA+ ficaram ainda mais difíceis. Vulnerabilidades relativas à saúde mental, à prevenção ao HIV/Aids (a diminuição da procura por informações sobre o HIV e as profilaxias pré/pós-exposição ao HIV e o abalo da assistência ambulatorial em infecções sexualmente transmissíveis) e ao incremento das situações de violência são realidades vivenciadas com intensidade por esses grupos em contexto de pandemia. Cabe mencionar ainda a sobreposição de marcadores sociais da diferença, como classe, raça/etnia, geração e localização geográfica, na sobreposição das vulnerabilidades desses sujeitos (KAUSS et al., 2021). A formação médica, nesse sentido, deve tratar da integração da saúde da população LGBTQIA+ de forma concreta e pautada nos direitos humanos. Com isso, tem-se a necessidade de um ensino voltado para as populações vulneráveis, que reconheça a intersecção de determinados marcadores, compreendendo as discriminações contextuais e múltiplas que, agravadas em contexto pandêmico, limitam o gozo de uma vida digna e saudável. Conclusão O enfrentamento das iniquidades em saúde exige estratégias, entre as quais, a formação crítica e ampla dos profissionais de saúde, bem como a educação permanente sobre as relações de gênero e sexualidade. Nesse ínterim, o debate interdisciplinar auxilia na superação do olhar etnocêntrico e generalizante. Por conseguinte, uma formação que tenha a interdisciplinaridade e as ciências humanas e sociais como eixo transversal oportuniza a transformação das práticas e dos espaços organizacionais, no sentido da defesa dos direitos humanos, dentre eles, o direito à saúde. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.836, de 1º de dezembro de 2011. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT). Brasília, DF: MS, 2011. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. RESOLUÇÃO Nº 3, DE 20 DE JUNHO DE 2014 .Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências. Brasília, DF: MEC, 2014. CARDOSO, M. R.; FERRO, L. F. Saúde e população LGBT: demandas e especificidades em questão. In: Psicologia: Ciência e Profissão, v. 32, n. 3, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/8pg9SMjN4bhYXmYmxFwmJ8t/?lang=pt. Acesso em: 18 set. 2021. KAUSS, B. et al. Semente para luta: “ativismos, direito à saúde e enfrentamentos de pessoas LGBTQI na pandemia de COVID-19. In: Saúde e Sociedade, v. 30, n. 3, ago. 2021. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/sausoc/2021.v30n3/e201026/. Acesso em: 10 out. 2021. MORAIS NETO, A. C. et al. Ensino em saúde LGBT na pandemia da covid-19: oportunidades e vulnerabilidades. In: Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, suppl. 1, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/qS6zNvkGhG8BgLqgGWkg4sq/?lang=pt. Acesso em: 19 out. 2021. NOGUEIRA, F. J.; ARAGÃO, T. A. Política Nacional de Saúde Integral LGBT: o que ocorre na prática sob o prisma de usuários (as) e profissionais de saúde. In: Saúde e Pesquisa, Maringá, v. 12, n. 3, p. 463-479, set./dez. 2019. Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/download/7220/3569/. Acesso em: 18 set. 2021.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GONÇALVES, Emily Amaral et al.. GÊNERO, SEXUALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE: (RE)PENSANDO A FORMAÇÃO MÉDICA VOLTADA À INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO LGBTQIA+ EM CONTEXTO PANDÊMICO.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437039-GENERO-SEXUALIDADE-E-INTERDISCIPLINARIDADE--(RE)PENSANDO-A-FORMACAO-MEDICA-VOLTADA-A-INTEGRALIDADE-DA-ATENCAO-A-. Acesso em: 15/06/2025

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