Tradição E Turismo Na Terra Do Vinho De Jabuticaba

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Título do Trabalho

TRADIÇÃO E TURISMO NA TERRA DO VINHO DE JABUTICABA

Autores

Lara Passamani Merabet

Modalidade

Resumo Expandido e Trabalho Completo

Área temática

GT 37 - Turismo e Gastronomia

Data de Publicação

23/12/2021

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/xc22021/436008-tradicao-e-turismo-na-terra-do-vinho-de-jabuticaba

ISSN

Palavras-Chave

Turismo, tradição, identidade, cultura

Resumo

TRADIÇÃO E TURISMO NA TERRA DO VINHO DE JABUTICABA Lara Passamani Merabet Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Docente do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro laramerabet@gmail.com Introdução Na busca de reafirmar o grau de pertencimento entre grupos e valorizar seu conjunto de bens, as identidades culturais estabelecem diferenças entre o “nós” e os “outros” como forma de manifestação da memória. No entanto, a memória é algo que está em permanente evolução, vulnerável a usos e manipulações o que torna o processo de construção identitário instável, algo flexível, que diferentemente do que se imagina não é construído e atualizado individualmente, mas através do contato com outro, ou seja, algo construído socialmente. O presente trabalho visa contribuir para uma reflexão introdutória sobre as ações de preservação e/ou de reconhecimento dos saberes previstos no Marco Referencial da Gastronomia como Cultura, objeto de minha tese de doutoramento em andamento. O município analisado foi Varre-Sai, possuidor do maior contingente de descendentes de italianos do Estado do Rio de Janeiro que busca preservar em sua memória, práticas e manifestações culturais tradicionais dentre elas a fabricação artesanal centenária do vinho de jabuticaba. De natureza qualitativa e abordagem exploratória utilizou-se análise de dados secundários retirados de matérias jornalísticas, documentos técnicos e artigos acadêmicos coletados por meio virtual dadas as limitações impostas pelo Covid-19. Inicia-se apresentando a importância local do vinho analisando o seu potencial como um elemento fortalecedor da cultura de imigração e identidade e posteriormente discute-se brevemente a apropriação desta cultura pelo fenômeno do turismo. 1. Fundamentação teórica A italianidade e o vinho Por volta de 1987, chegaram a Varre-Sai, município da região noroeste fluminense famílias imigrantes vindas da região central da Itália em substituição da mão-de-obra escravizada nas lavouras de café. Na época a região fluminense se mostrou desfavorável ao cultivo de videiras, sendo a tradição vitivinícola um traço muito forte para os italianos, repleto de simbolismo associado a cultura, a identidade e a memória coletiva. Os imigrantes manifestaram sentir falta do consumo da bebida, sobretudo no período das refeições e em meados de 1914 a família Constantini adquire um sítio que possuía inúmeras arvores frutíferas nativas dentre elas, a jabuticabeira. A matriarca, estimulada pela curiosidade degusta a então desconhecida fruta e a considera muito similar em sabor a uva, neste momento resolve experimentar fabricar o vinho de jabuticaba A descoberta, inspirou outras famílias a fabricarem a bebida para consumo próprio e somente em 1918 passou a ser disponibilizado para a venda em pequena escala (INEPAC, 2011 p. 568). Atualmente estão em funcionamento as adegas Dario Bendia, Pellegrini e Rodolphi sendo o município reconhecido por sua vocação na produção da bebida que é ainda é um produto pouco explorado, mas possui grande potencial socioeconômico. Para os produtores, a tradição e o conhecimento de produzir o vinho de jabuticaba é um patrimônio social e cultural das famílias. A tradição e o potencial turístico do município A valorização e resgate dos hábitos e tradições têm como objetivo principal atrair os turistas interessados na cultura dos imigrantes e levá-los a consumir os produtos e serviços a eles relacionados, esse interesse tem crescido significativamente, propiciando o surgimento de produtos turísticos diferenciados. O Festival do vinho que faz parte do calendário oficial de eventos do Estado, em 2021 comemorou sua 46ª edição. Surgiu como uma versão da festa da uva (região sul do Brasil) devido a presença da cultura italiana e de adegas centenárias no município. No entendimento da prefeitura, o evento ainda é visto como uma porta de entrada para a divulgação da cidade e sua cultura, pois nenhum outro lugar da região usa a cultura da colônia italiana e a do vinho de jabuticaba para esse fim. De acordo com a Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro – TURISRIO (2021), o munícipio se destaca pelo turismo rural (fazendas de café, hotéis-fazenda, artesanatos, queijos, vinhos e licores) e o turismo de aventura (parapente; motocross; cachoeiras e passeios nas matas e montanhas) pertencendo a região turística Noroeste das Águas sendo também uma rota importante para a Serra do Caparaó. O fato das culturas e populações locais se tornarem meras atrações para o turismo, absorvidas como matéria-prima para o desenvolvimento da indústria cultural acabam consequentemente gerando novos produtos sob o rótulo de “turismo cultural” (MAGNO E ABREU, 2019). Deve-se ressaltar que o uso turístico deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas e exercer uma conciliação entre o uso cotidiano dos bens culturais e da valorização das identidades culturais locais aos objetivos da manutenção do patrimônio. Este estreitamento entre cultura e turismo tem ainda causado inquietação na comunidade acadêmica que vê as manifestações culturais, construções históricas, festas e rituais tradicionais sendo apropriados e transformados pela indústria turística e cultural em novos bens de consumo. A preocupação continua sendo que o mau uso dos elementos simbólicos e identitários pode fazer com que a cultura deixe de ser importante por seu significado primeiro e passe a ter relevância por suas implicações econômicas. 2. Resultados alcançados Como resultados parciais, a partir da análise dos dados foram encontrados indícios do uso do vinho e da cultura imigrante italiana como atrativo turístico ou como um atrativo em potencial. Ações desenvolvidas desde 2019 vem demonstrando o interesse pela temática tanto por parte da comunidade quanto do Estado. Um exemplo, foi a visita do secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa pela primeira onde manifestou apoio institucional aos eventos tradicionais (festival do vinho, festa do colono), considerando-os como expoentes do noroeste fluminense para atração de turistas. Na ocasião, também divulgou uma possível implantação de um selo Sabor e Gastronomia e projeção futura para exportação do vinho de jabuticaba (A VOZ REGIONAL, 2019). Em 2021, a prefeitura municipal realizou o Fórum Municipal de Cultura Identidade e Patrimônio tendo o apoio do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), Instituto Amigos do Patrimônio Cultural (IAPAC). Em seguida, a secretaria municipal de turismo participou do I Encontro de Gestores Públicos do Turismo Fluminense com o objetivo de divulgar e discutir o cenário do turismo atual devido ao forte impacto sofrido pela pandemia da Covid-19. Posteriormente, uma reunião entre os secretários de turismo e agricultura, cooperativas e representantes do setor de eventos se discutiu e apresentou um projeto de uma feira de negócios com objetivo de fomentar o Turismo de Negócios. Por fim, uma reunião entre a secretária de turismo e os representantes do turismo rural, para planejamento de rota turística, plano diretor de turismo, conselho e capacitações para o setor, criação de uma diretoria de Turismo Rural Sustentável e plano de reestruturação do Festival do vinho para o formato sustentável (PREFEITURA MUNICIPAL DE VARRE-SAI, 2021). Conclusões É importante visibilizar as práticas artesanais e saberes enraizados do Estado do Rio de Janeiro na busca do reconhecimento da importância cultural destas práticas e de suas singularidades. Ao mesmo tempo, a conexão entre a tradição e o turismo, provoca uma importante articulação entre diferentes atores que tanto auxilia a legitimidade à visitação que o turista faz ao interior do Estado quanto a busca do desenvolvimento sustentável e mais adequado as realidades locais. Referências bibliográficas A VOZ REGIONAL. Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa visitou Varre-Sai. Disponível em:<https://www.avozregional.com/secretario-de-estado-de-cultura-e-economia-criativa-visitou-varre-sai>. Acesso em: 11 mai. 2021. INEPAC. Inventário Patrimônio Ambiental e Urbano do Núcleo Histórico de Varre- Sai. Marcelo Salim de Martino. Miracema; RJ: Edição do Autor, 2011. MAGNO, Marluce Reis; ABREU, Regina Maria do Rego Monteiro. Patrimônio, turismo e culturas populares: vários agentes, múltiplos desafios. Revista Ibero-americana de Turismo- RITUR, Penedo, Vol. 9, Número Especial, Mar. 2019, p. 97-113. PREFEITURA MUNICIPAL DE VARRE-SAI. Disponível em:<https://varresai.rj.gov.br/site/noticias>. Acesso em: 15 jun. 2021. TURISRIO. Águas do Noroeste. Disponível em:<https://sites.google.com/view/turisrio-conheaoestadodorj/regi%C3%B5es-tur%C3%ADsticas/%C3%A1guas-do-noroeste>. Acesso em: 17 jun. 2021.

Título do Evento: 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

MERABET, Lara Passamani. TRADIÇÃO E TURISMO NA TERRA DO VINHO DE JABUTICABA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/436008-TRADICAO-E-TURISMO-NA-TERRA-DO-VINHO-DE-JABUTICABA. Acesso em: 02/08/2025