IDENTIDADE, MEMÓRIA E A FESTA DOS DOIS SANTOS

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
IDENTIDADE, MEMÓRIA E A FESTA DOS DOIS SANTOS
Autores
  • Hygo Da Silva Palheta
  • AUGUSTO PANTOJA
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 08 - Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/435907-identidade-memoria-e-a-festa-dos-dois-santos
ISSN
Palavras-Chave
IDENTIDADE, FESTA, CULTURA.
Resumo
IDENTIDADE, MEMÓRIA E A FESTA DOS DOIS SANTOS Hygo da Silva Palheta Mestrando do Programa De Pós-Graduação em Cidades, Territórios e Identidades da Universidade Federal do Pará. palhetahygo@gmail.com Augusto Sarmento-Pantoja Prof. Adjunto da Universidade Federal do Pará augustos@ufpa.br Introdução O trabalho abordará a Identidade na Festividade de São Sebastião e São Benedito de Tracuateua (PA), a Marujada tracuateuense, conhecida na região nordeste paraense como a Festa dos Dois Santos. A origem da festa possui vínculo com a Festividade do município de Bragança, a mais antiga do estado. Na região nordeste paraense, a Marujada também acontece nos municípios de Augusto Correa, Primavera e Quatipuru (AMORIM, 2008). Com todos os seus saberes, tradições e peculiaridades, a festa aglomera uma forma espontânea da cultura local manifestada em identidade e memória. A pesquisa fará uma análise sobre a manifestação cultural da Festa dos Dois Santos que, até o momento, é pouco conhecida e documentada. Compreendendo a identidade pós-moderna marcada pela diferença e descentramento (HALL, 2006), e a existência de outras festividades como essa no Pará: O objetivo deste estudo é identificar a construção identitária da Marujada a partir de elementos e particularidades presentes nessa festividade. A pesquisa foi realizada através levantamento de dados documentais, bibliográficos, e empíricos coletados em entrevista com sujeitos da festa durante uma pesquisa de campo realizada no município de Tracuateua. 1. Fundamentação teórica Para dar fundamento ao campo de pesquisa em relação a localização, historicidade e dinâmicas socioculturais do município de Tracuateua, foi utilizado nesse trabalho a obra de Antônio Jorge Pinheiro (2017) intitulada “Síntese Histórica de Tracuteua”. O material possui uma vasta gama de informações sobre o município e sua construção, formação e demais processos. O autor do livro elaborou o estatuto da Marujada de Tracuateua, e também colaborou com essa pesquisa aceitando ser um dos entrevistados. A discussão sobre Identidade é construída através da perspectiva cultural de Hall (2008), a qual possui relação com o grupo responsável pela festividade. A Festa dos Dois Santos acontece todos os anos pois existe a vontade em comum de um grupo. O anseio coletivo estreita os laços sociais e promove a ação coletiva (HALL, 2008). O autor ainda salienta a mudança e processo de transformação natural das identidades modernas por serem múltiplas. São diversas as ações modernas que interagem com as identidades. A cultura não se perde, mas passa por mudanças na transição entre modernidade e pós modernidade. “A cultura nacional não se extingue, mas se converte em uma fórmula para designar a continuidade de uma memória histórica instável, que se reconstrói em interação com referentes culturais transnacionais” (CANCLINI, 1995, p. 36). A festa, que surge em Bragança dentro do estado paraense, se molda a novas formas de festejar ao chegar em Tracuateua e em outros municípios que possuem outras culturas. Por referir-se a uma festa brasileira e amazônica, com pluralidades e diversidades em seu contexto de construção e transformação ao que foi e ao que é, Moreno (2014) revela a identidade ligada a representações de um ou mais grupos. O autor ressalta os elementos também simbólicos que fazem parte da formação de identidade. Por trás de símbolos, configurações e ações de grupo(s) estão presentes as relações de poder que caracterizam esse universo. Na festividade dos Dois Santos as relações de poder são atreladas a cargos vitalícios e não vitalícios. De acordo com Pinheiro (2017), esses cargos são divididos em uma diretoria que organiza a parte logística da festa, e em outros cargos vitalícios responsáveis pela manutenção da cultura. De modo geral, a entidade é um grupo de pessoas que se unem para homenagear São Sebastião e São Benedito (PINHEIRO, 2017). A Festa abrange a cultura local presente em dança, reza, missas, procissões, mastros, refeições, espaços decorados e outros elementos. De acordo com essa perspectiva teórica, o trabalho busca analisar a Festa dos Dois Santos e a relação de identidade, relações culturais e memória nela presente. Entende-se, a partir de Hall (2008), que a cultura está relacionada a identidade em elementos simbólicos e físicos presentes no espaço/tempo. Os sujeitos do Festa são pessoas que vivem esse momento em tempos diferentes e contribuem para o resgate da memória festiva. Para Bosi (1994), memórias coletivas possuem mais força do que individuais. 2. Resultados alcançados Contextualizando brevemente o objeto de estudo, a Festa da Marujada em Tracuateua (PA) ocorre desde o de 1947 fazendo devoção a São Sebastião e São Benedito e sendo organizada pela Associação da Marujada de São Sebastião e São Benedito de Tracuateua (AMSSSBT), segundo Pinheiro (2017). A festa acontece todos anos entre os dias 18 e 21 de janeiro. De acordo com um dos entrevistados, o ato de fincar os mastros no dia 18 de janeiro significa um aviso a todos que a cidade está em festa. O fim da festividade ocorre no dia 21 de janeiro, esse dia é chamado de “Varrição”. A Festa acontece nas ruas da cidade, igreja e barracão em diversos atos e elementos celebrativos como missas, procissões, cortejos, danças, rezas, mastros, vestimentas e adereços (OLIVEIRA, 2012). Os entrevistados contam os detalhes sobre o tempo festivo e a movimentação na cidade nesse período, com ensaios, reuniões e decorações dos espaços; a Praça e o Salão da Marujada, conhecido como Barracão. Para Silva (2019), identidade e cultura se apresentam nas relações sociais que englobam o trabalho coletivo, saberes e fazeres próprios, diferenciando-os de outros meios sociais. A chega em Tracuateua e é festejada de um modo tracuateuense Os sujeitos desse fazer festivo, componentes do grupo cultural organizador da Marujada, relatam que a festa é muito aguardada por todos pois a cidade vive em constante alegria. A memória coletiva, apesar de ser edificada em grupo, como afirma Bosi (1994), cada um atribui valor ao que lhe mais agrega. Na festividade de Tracuateua, um sujeito lembra da alegria presente no tempo, outro sujeito salienta as riquezas dos atos celebrativos, e um outro recorda das danças no barracão. A memória coletiva traz a identidade festiva contada por pessoas que vivem a festa. Durante a pesquisa em campo os sujeitos relembraram a festa e a relação com o outro, com a vida e com a cidade. Reuniões para conversar e tratar sobre mais detalhes sobre a festa começam a acontecer meses antes. Conforme Barreto (2000), as relações culturais permeiam-se em momentos cotidianos e solidários de um coletivo empenhado na produção e no acontecer da festança. Os sujeitos de Tracuateua vivem a festa em momentos do cotidiano, festejando ou pensando e organizando a próxima. Silva (2019) diz que é importante observar a espontaneidade das pessoas vivenciadas dia-a-dia. O Círio de Nazaré, mesmo sendo uma das festas mais importantes no cenário dos municípios paraenses, para um dos sujeitos entrevistados é um momento muito aguardado em Tracuateua, mas não tanto como a Marujada. “É um momento assim... que eu digo que são dois momentos muito esperados no município: é o Círio e a Marujada. Mas eu acho que a marujada ainda mais [...]” (INFORMAÇÃO VERBAL). Um grupo reconhece suas singularidades, simbolismos e tradições importantes para si (SILVA, 2019). A Festa dos Dois Santos é um momento único para quem vive. Conclusões As heranças, ações e relações contadas pelos sujeitos revelam o sentido de identidade do grupo cultural da Marujada de Tracuateua. Ao contar a festa, os sujeitos relembram o espaço e tempo vivido com regozijo. A festa os representa uma forma de sustentar o humano no social (BUENO, 2008). Para Hall (2015), as identidades são múltiplas e construídas a partir de discurso, práticas e posições que se concordam ou se antagonizam. Em Tracuateua, a Marujada começa a ser vivida antes tempo festivo, e é lembrada a partir das danças, aglomerações, ritos celebrativos e outros simbolismos que a festa proporciona a todos que estão presentes nela. Por fim, entre as danças, rezas e devoções presentes na festividade, a identidade festiva se apresenta nas relações culturais e ressalta a marujada como um dos componentes da diversidade cultural e criativa da Amazônia. Os participantes encontram, à sua maneira, formas de festejar. Os sujeitos dedicam seu tempo e vida para viver momentos que surgem de forma espontânea e no cotidiano. A ordem da festa passa por gerações e resiste ao tempo através da união de um grupo que coaduna com manutenção da cultura, e, de forma solidária, dedicam seu tempo para a festa acontecer. Referências bibliográficas CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos; conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995. HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In. SILVA, Tomaz. T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2008. cap.3, p.103-133. MORENO, Jean Carlos. Identidades brasileiras: composições e recomposições / organização Cristina Carneiro Rodrigues, Tania Regina de Luca, Valéria Guimarães. – 1. ed. – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. (Desafios contemporâneos) PINHEIRO, Antônio Jorge. Síntese Histórica de Tracuateua. Ed. Do Autor, 2017. SILVA, Dedival. Pensando o Folclore, 2019.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PALHETA, Hygo Da Silva; PANTOJA, AUGUSTO. IDENTIDADE, MEMÓRIA E A FESTA DOS DOIS SANTOS.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/435907-IDENTIDADE-MEMORIA-E-A-FESTA-DOS-DOIS-SANTOS. Acesso em: 01/06/2025

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