TRABALHO POR UM FIO: PLATAFORMIZAÇÃO, UBERIZAÇÃO E TELETRABALHO

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
TRABALHO POR UM FIO: PLATAFORMIZAÇÃO, UBERIZAÇÃO E TELETRABALHO
Autores
  • Alessandro Fonseca Câmara
  • Maria da Luz Alves Ferreira
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 24 - "Eu só vou [trabalhar] se o salário aumentar": mas cadê o emprego? Perspectivas e desafios do trabalho no Brasil contemporâneo
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/434916-trabalho-por-um-fio--plataformizacao-uberizacao-e-teletrabalho
ISSN
Palavras-Chave
Uberização; Plataformização; Teletrabalho; Educação a distância; Internet.
Resumo
Introdução Em um cenário em que as transformações do mundo do trabalho desde a década de 1990 emergiram e emergem nos dias atuais impulsionadas pelas novas tecnologias de informação comunicação e mídias - TIC’s, há que se pensar e refletir sobre as novas relações de trabalho surgidas e intensificadas a partir das plataformas virtuais e o teletrabalho, que utilizam como “fio” condutor a internet, impactando sobremaneira na inclusão ou exclusão do trabalhador nesse novo mundo do trabalho. As mudanças que reconfiguram as relações convertendo-as de físicas para virtuais, levam a possibilidades de trabalho ligadas por um “fio”, a internet, e sem essa conexão não existiria condições laborais. O objetivo do estudo foi responder o que é o trabalho por um fio? Para tanto, utilizou-se de metodologia de caráter exploratório, pautada na revisão da literatura e análise quantitativa por Survey, aplicada a teletrabalhadores da educação, visando alcançar resultados após a discussão, que apontam para unificação de todo tipo de trabalho realizado pelos meios digitais na internet como categorias de teletrabalho. Entretanto, com direitos mais ou menos flexibilizados ou precarizados e como ponto central a dependência de uma conexão, pois sem conexão não há trabalho e renda. 1. Fundamentação teórica A metodologia utilizada para produção desse artigo é a exploratória possibilitada pela revisão bibliográfica baseada em pesquisa de artigos científicos e livros publicados por meios eletrônicos, impressos disponibilizados em periódicos e estudo quantitativo com a utilização de survey. A pesquisa bibliográfica compreende a revisão de literatura. E conforme orienta Salomom (1972, p. 256), é necessário durante a leitura “investigar a proveniência do texto”, “formando um juízo sobre a autoridade do autor e o valor que representa o trabalho e as ideias nele contidas.” Só assim, a pesquisa bibliográfica terá maior consistência. Desse modo, foram reunidos o material encontrado referente ao assunto, subdividindo-os pelos assuntos específicos que foram tratados neste artigo, o que facilitou o trabalho de revisão, dando melhor base para a sequência expositiva. Durante a análise dos títulos, resumos e conteúdos para discussão do trabalho, o critério de inclusão baseou-se na obtenção de artigos relevantes que tratam das temáticas plataformização, uberização e teletrabalho. Para consolidação da discussão, o ponto de partida foi a concepção de plataformização de Abílio (2019, 2020) e aspectos relevantes sobre o teletrabalho (Mill 2006, 2008, 2016). Considerando o teletrabalho na educação um tipo de teletrabalho realizado por meio de plataformas e meios telemáticos, apresentamos ainda dados empíricos de pesquisa, extraídos e analisados a partir da aplicação de questionário on-line survey a teletrabalhadores do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - IFNMG, objetivando a verificação de similaridades entre o teletrabalho das instituições de ensino e o trabalho das plataformas digitais. A emergência desse tipo de trabalho decorrente da pandemia de Covid-19 em 2020, foi ilustrada com a apresentação de dados no Brasil conforme pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil. Para consolidação dos conceitos e definições apresentamos definições de plataformização ou uberização, teletrabalho, plataformas digitais e sua presença na educação por meio da Ead, sempre buscando a correlação e reflexão dessa temática. 2. Resultados alcançados Iniciamos o nosso percurso com a necessidade de definir historicamente a internet, que surge por volta de 1957, criada pelos norte-americanos, como mecanismo de defesa no auge da guerra fria entre os Estados Unidos e União Soviética. Tinha o objetivo de transacionar e armazenar informações em nuvem “assim, caso houvesse um ataque nuclear, a parte danificada da rede não impediria a continuidade da comunicação pela parte remanescente” (Hercilia & Graeff, 2008). O advento da internet abriu a possibilidade real de rompimento das barreiras físicas das redes de comunicação e operação de dados, provocando o surgimento de um novo espaço o “ciberespaço”, o conceito é amplo e em movimento constante, assim, para melhor contextualização do tema utilizou-se o conceito de Pierre Lévi. Após definido esse novo espaço virtual e a internet como fio condutor dessa mudança, nasce a perspectiva das plataformas digitais. As plataformas digitais surgem com o advento da internet e dentro do ambiente virtual, permitem o processamento de dados em grande quantidade que, uma vez transformados em algoritmos matemáticos, que são equações interpretáveis pelas máquinas, produzem resultados lógicos e racionais em alta velocidade de processamento, através de inteligência artificial. Para Srnicek (2016, p. 43, apud Grohmann, 2020), “plataformas são infraestruturas digitais que possibilitam a interação entre dois ou mais grupos”. Boa parte das plataformas tem meramente a finalidade de exploração comercial ou logística voltadas ao varejo, mas há ainda a utilização de algoritmos para fins de interpretar comportamentos na sociedade. Buscamos explorar os sites das principais plataformas em atividade no Brasil e desvelar estratégias de recrutamentos de usuários, bem como a precariedade de vínculo trabalhista. Abordamos ainda a existência de outros tipos de plataformas digitais, em especial as utilizadas na Educação a distância - EaD. As plataformas configuram-se como um dos principais ambientes de trabalho para os trabalhadores que atuam na Ead, não diferente das plataformas de trabalho já mencionadas no item anterior, esses ambientes são fundamentados na utilização de equipamentos de hardware, sejam computadores, tablets ou smartphones e softwares específicos caracterizados que juntos, estruturam o Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA. Para Mill (2006) “Uma Plataforma AVA é um ambiente na Internet que possui diversas ferramentas para elaboração e implementação de conteúdos e cursos”. Podemos destacar a utilização massiva do aplicativo/software MOODLE, “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment”, que na tradução para o português significa ambiente de aprendizado modular orientado ao objeto. Segundo a organização que desenvolve o software, já é um recurso utilizado por 213 milhões de usuários no mundo. Para consolidar as informações, apresentamos dados pesquisados em 2021, junto a teletrabalhadores do Instituto Federal do Norte de Minas – IFNMG, buscando evidenciar a dependência da plataforma e conexão com a internet nesse tipo de atividade e destacar pela legislação vigente a vinculação trabalhista precária dos profissionais. Outro tema de debate foi a característica de trabalho precarizado ou uberizado. A Uberização do trabalho vem se tornando uma alternativa funcional ao desemprego estrutural nos países em desenvolvimento ou com problemas econômicos como o Brasil, a informalidade e simplicidade desse tipo de empreendimento por parte do usuário prestador de serviços, que depende objetivamente de um smartphone conectado à internet e um veículo para transporte, vem ganhando muita notoriedade nos últimos tempos. Cada vez mais vemos brasileiros de todas as idades se identificarem profissionalmente como motoristas ou entregadores de aplicativo, vale aqui retomar os dados apresentados no Painel TIC COVID 19, que demonstram algo em torno de 8% da população trabalhando como entregador ou motorista de aplicativo, e ainda quase 40% realizando trabalho pela internet. O trabalho pela internet identificado por vezes como remoto ou on-line, é na verdade o teletrabalho, o que muda são apenas questões conceituais, mas em essência, a definição básica permanece sendo a necessidade de uma conexão preponderantemente com a internet. Conclusões Em linhas de conclusão, todo trabalho mediado pelas tecnologias e que passa obrigatoriamente pela internet, seja o teletrabalho regulamentado ou o teletrabalho com direitos flexibilizados, como exemplo concreto, aquele desenvolvido nas plataformas digitais que tem como condição sine qua non os fios que fazem parte dessa grande teia em que circulam as informações e dados na internet. Daí nasce a metáfora e o conceito do trabalho por um fio, que pode ser definido como todo tipo de trabalho que passa por um fio independentemente do modelo de organização produtiva. O que nos leva a concluir que, nesse modelo, só existe trabalho se existir conexão. Em termos de expansão desse estudo, no que se refere a outros desdobramentos veiculados por essa nova realidade por um fio, sugere-se então um aprofundamento dos estudos das relações de exclusão digital e seus reflexos no mundo do trabalho. Referências bibliográficas ABÍLIO, L. Uberização: Do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Revista Psicoperspectivas, vol.18, n.03, p. 41-51, 2019. ABÍLIO, L. Plataformas digitais e uberizac¸ão: Globalização de um Sul administrado? Contracampo, Niterói, v. 39, n. 1, p. 12-26, abr./jul. 2020. ABÍLIO, L. Uberização: a era do trabalhador just-in-time? Estudos Avançados. 34(98):111-2, 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/341285277_Uberizacao_a_era_do_trabalhador_just-in-time1. Acesso em: 04 set. 2021. GROHMANN, R. A Comunicação na Circulação do Capital em Contexto de Plataformização. Liinc em Revista, 16, 2020. Disponível em: http://revista.ibict.br/liinc/article/view/5145 . Acesso em 05 set. 2021. MILL, D. Educação a distância e trabalho docente virtual: sobre tecnologia, espaços, tempos, relações sociais de sexo e coletividade na idade mídia. 2006. 252 f. Tese (Doutorado em Educação), UFMG, FaE, Belo Horizonte. VELOSO, B.; MILL, D. Precarização do trabalho docente na educação a distância. CIET:EnPED, São Carlos, maio 2018. ISSN 2316-8722. Disponível em: https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2018/article/view/141. Acesso em: 21 set. 2021.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CÂMARA, Alessandro Fonseca; FERREIRA, Maria da Luz Alves. TRABALHO POR UM FIO: PLATAFORMIZAÇÃO, UBERIZAÇÃO E TELETRABALHO.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/434916-TRABALHO-POR-UM-FIO--PLATAFORMIZACAO-UBERIZACAO-E-TELETRABALHO. Acesso em: 29/06/2025

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