DESIGUALDADE SOCIAIS EM SAÚDE NA CARACTERIZAÇÃO DA TUBERCULOSE EM ALAGOAS ENTRE 2009 E 2019

Publicado em 23/12/2021

DOI
10.29327/154029.10-79  
Título do Trabalho
DESIGUALDADE SOCIAIS EM SAÚDE NA CARACTERIZAÇÃO DA TUBERCULOSE EM ALAGOAS ENTRE 2009 E 2019
Autores
  • Nadja Romeiro dos Santos
  • Verônica Marques
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 15 - Diversidade, desigualdades e opressões no tempo presente
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/434497-desigualdade-sociais-em-saude-na-caracterizacao-da-tuberculose-em-alagoas-entre-2009-e-2019
ISSN
Palavras-Chave
Desigualdades sociais, Tuberculose, Políticas Públicas
Resumo
DESIGUALDADE SOCIAIS EM SAÚDE NA CARACTERIZAÇÃO DA TUBERCULOSE EM ALAGOAS ENTRE 2009 E 2019 Nadja Romeiro dos Santos Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas do Centro Universitário Tiradentes. nadjaromeiro@gmail.com Verônica Teixeira Marques Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas do Centro Universitário Tiradentes. veronica_marques@al.unit.br Introdução Ao reconhecer a saúde como o conjunto de condições integrais e coletivas de existência, influenciado pelo contexto político, socioeconômico, cultural e ambiental, torna-se importante reiterar a necessidade e importância dos estudos sobre o impacto das desigualdades sociais nas condições de saúde, seja do ponto de vista individual ou coletivo. Estudos recentes reforçam o pressuposto de que existe gradiente socioeconômico associado à ocorrência e distribuição da tuberculose, considerada um problema de saúde pública principalmente nos países em desenvolvimento (ACOSTA; BASSANESSI, 2014). Segundo San Pedro et al (2013) a tuberculose - TB opera como marcador de iniquidades sociais em saúde vinculada às precárias condições de vida, pobreza e deficiência do sistema de saúde. O estudo teve como objetivo analisar as características socioepidemiológica dos casos de TB em Alagoas relacionadas a desigualdades sociais em saúde entre 2009 e 2019. Pesquisa epidemiológica, retrospectiva, de abordagem quantitativa, que teve como população-fonte os habitantes do estado de Alagoas. Foram estudados os casos de TB notificados nos residentes do estado, obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) correspondente ao período de 2010 a 2019. 1. Fundamentação Teórica A TB ainda é um sério e desafiador problema de saúde pública global principalmente nos países em desenvolvimento. No mundo, em 2018, cerca de dez milhões de pessoas adoeceram por tuberculose e 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência da doença, sendo a TB a principal causa de morte por um único agente infeccioso. A doença afeta desproporcionalmente pessoas do sexo masculino, adultos jovens em países de baixa renda, apontando para a associação entre a ocorrência de TB e fatores socioeconômicos (BRASIL, 2020). É nítido o grave problema da tuberculose para a saúde dos indivíduos que vivem em desigualdade social. No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 73.864 casos novos de TB, o que correspondeu a um coeficiente de incidência de 35,0 casos/100 mil habitantes. Embora tenha sido observada uma constante tendência de queda entre os anos de 2010 e 2016, o coeficiente de incidência da TB no país aumentou nos anos de 2017 e 2018 em relação ao período anterior (BRASIL, 2020). Para Moreira e colaboradores (2020) as desigualdades na TB são determinadas pela distribuição desigual dos principais determinantes como renda, educação, boa nutrição, moradia adequada, condições ambientais, acesso a emprego, barreiras culturais à assistência de saúde, entre outros. Por sua vez, as condições sociais desiguais facilitam a transmissão da doença na comunidade. A desigualdade contribui na incidência de TB sistematicamente associada à distribuição desigual de alguns dos principais determinantes sociais (MUNAYCO et al, 2015). Quanto mais desfavorecido um país em termos de gasto per capita com saúde, acesso a instalações sanitárias melhoradas, expectativas de vida ao nascimento e, em menor grau, taxa de detecção de TB, maior a taxa de incidência observada desta doença (MUNAYCO et al, 2015). De acordo com Santos et al (2007) a TB e a pobreza mantêm uma relação dependente, pois tanto a pobreza pode estar associada à precariedade das condições de saúde, como essas podem produzir a pobreza, reduzindo as oportunidades de trabalho e de subsistência, resultando assim em um ciclo que tende a piorar. A doença está diretamente associada aos aglomerados urbanos, à falta de serviços básicos de saúde, à má nutrição, à alimentação inadequada e ao abuso de álcool, tabaco e outras drogas (MOREIRA; KRITSK; CARVALHO, 2020). 2. Resultados alcançados Neste estudo, foram confirmados e notificados 12.830 casos de TB no Estado de Alagoas entre os anos de 2010 e 2019 pelo SINAN/NET. Com relação ao perfil sociodemográfico da tuberculose, realizou-se análise das características clínicas e epidemiológicas dos casos notificados, de maneira agregada para todo o período, para dimensionar a magnitude da TB no estado. No que diz respeito às características sociodemográficas, houve destaque para o gênero masculino, com 8.135 (63,41%) dos indivíduos acometidos, faixa etária entre 30 e 39 anos (22.04%), nível de escolaridade com predomínio para 1 a 4ª série do ensino fundamental 1.919 (14.96%), analfabeto1.469 (11.45%) quanto a variável raça/cor houve destaque para a cor parda 8.466 (65.99%) cor branca 1.602 (12.49%) e preta 1.502 (11.71%). O estudo demonstrou que a maioria das pessoas que desenvolveram a doença foram homens, o que gera questionamentos sobre como o sexo e os atravessamentos de gênero podem contribuir para que homens e mulheres adoeçam de modo diferente em cada território. Diferenças quanto ao gênero foram encontradas em outras pesquisas (OLIVEIRA,2018). Características socioculturais podem influenciar no modo como homens e mulheres cuidam de sua saúde, aderem e abandoam a tratamentos, assim como optam por determinados comportamentos vulneráveis em diferentes contextos, os homens quando comparados as mulheres procuram menos os serviços de saúde retardando o diagnóstico. Para a maioria das populações vulneráveis, a mortalidade é maior entre homens em todas as faixas etárias a partir do nascimento, fato este que geralmente é atribuído à diferenças na exposição a fatores e situações de risco ao longo da vida, que costuma ser maior entre homens, seja na exposição a situação insalubres de trabalho, seja em relação a comportamentos nocivos para a saúde como o uso de álcool, cigarros entre outras drogas, e a exposição mais frequente a situações de vulnerabilidades sociais (BARATA, 2009). Conforme San Pedro e Oliveira (2013) a TB atinge o sexo masculino em idade economicamente ativa e com baixa escolaridade, estando diretamente associada aos aglomerados urbanos, à falta de serviços básicos de saúde, à má nutrição, à alimentação inadequada e ao abuso de álcool, tabaco e outras drogas. Autores como Santos e colaboradores (2007) relatam que, onde há privação social, particularmente em áreas de habitação pobre, desemprego elevado e baixa renda, deve haver um incentivo para as ações de busca de sintomáticos e diagnóstico precoce, pois o agravamento das condições sociais e econômicas resulta em degradação significativa das condições de vida, aumentando a vulnerabilidade e, consequentemente, o risco de adoecer por TB. Quanto ao grau de escolaridade, predominou-se o ensino fundamental incompleto, como corroborado por outros estudos de delineamento semelhante realizados no Brasil, por (SAN PEDRO et al ,2013; FIHO et al, 2017) o baixo grau de instrução dos pacientes pode influenciar negativamente na aquisição de informações, configurando-se como um fator determinante para o aumento da vulnerabilidade social ao qual o indivíduo está exposto. No que concerne à caracterização dos indivíduos acometidos no recorte temporal deste estudo, especificamente na variável raça, foi possível identificar que 65,99% dos indivíduos acometidos por TB se declaravam pertencer à cor parda 11,71% preta, corroborando com investigação conduzida em Juiz de Fora, Minas Gerais, por Pereira et al (2015). Esses grupos populacionais estão mais expostos à influência das más condições de vida, o que amplia exponencialmente o risco de adoecimento. Além disso, ainda vivenciam a discriminação e o frágil acesso aos serviços de saúde, gerando e fortalecendo o ciclo “doença-pobreza-doença”. Conclusão Diante dos resultados verificados é evidente que a TB é um persistente problema de saúde pública, que acomete grupos destintos em situação de desigualdades sociais. Compreender a desigualdade sociais é fundamental na elaboração de políticas de saúde quem levem em considerações grupos sociais e os indivíduos na elaboração de estratégias compensatórias. Estratégias que considerem que as necessidades são diferentes e, portanto, requerem recursos diferenciados obtidos através de políticas de proteção social de forma a contribuir na melhoria dos indicadores da tuberculose. Referências bibliográficas ACOSTA, L. M.; BASSANESI, S.L. The Porto Alegre paradox: social determinants and tuberculosis incidence. Rev Bras Epidemiol 2014; 17(2): 88-101. DOI: 10.1590/1809-4503201400060008. BARATA, Rita Barradas. 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Bras Pneumol. 2020, v. 46, N. 5. 2020. Acesso em: 17 out. 2021. Disponível em: file:///C:/Users/nadja/Dropbox/My%20PC%20(LAPTOP-EA4SVGFV)/Downloads/completo_v46n5_pt.pdf MUNAYCO, C. V. et al. Determinantes sociais e desigualdades na incidência da tuberculose na América Latina e no Caribe. Rev. Panam Salud Publica. 2015; 38(3): 177-85. Acesso em 17 out. 2021. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/10071/v38n2a03-por.pdf?sequence=5&isAllowed=y SAN PEDRO, A.; OLIVEIRA, R. M. Tuberculose e indicadores socioeconômicos: revisão sistemática da literatura. Rev Panam Salud Pública 2013; 33(4): 294-301. DOI: 10.1590/S1020-49892013000400009. SANTOS, M. L. S. G. et al. Pobreza: caracterização socioeconômica da tuberculose. Rev Latino-am Enfer. 2007. Acesso em 17.out. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/vSFQGFTfKSjzdx74qgWSkct/?format=pdf&lang=pt
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
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Como citar

SANTOS, Nadja Romeiro dos; MARQUES, Verônica. DESIGUALDADE SOCIAIS EM SAÚDE NA CARACTERIZAÇÃO DA TUBERCULOSE EM ALAGOAS ENTRE 2009 E 2019.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/434497-DESIGUALDADE-SOCIAIS-EM-SAUDE-NA-CARACTERIZACAO-DA-TUBERCULOSE-EM-ALAGOAS-ENTRE-2009-E-2019. Acesso em: 25/05/2025

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