MEMÓRIA, PAISAGEM URBANA E TERRITÓRIO: UMA DISPUTA ENTRE CULTURA DOMINANTE E ALTERNATIVA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
MEMÓRIA, PAISAGEM URBANA E TERRITÓRIO: UMA DISPUTA ENTRE CULTURA DOMINANTE E ALTERNATIVA
Autores
  • Ingrid Gomes Ferreira
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 08 - Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/433977-memoria-paisagem-urbana-e-territorio--uma-disputa-entre-cultura-dominante-e-alternativa
ISSN
Palavras-Chave
Memória, fotografia, cidade, história oral, Maré
Resumo
Introdução Entre os anos de 2012 e 2021, a cidade do Rio de Janeiro recebeu dois títulos provenientes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) referentes, respectivamente, à eleição de paisagem cultural urbana, em 2012, e a capital mundial da arquitetura no ano de 2019. Enquanto, que no ano de 2021 será a cidade-sede do 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA 2021 Rio). Dessa forma, a relação entre paisagem e a noção de patrimônio, em suas dimensões material e imaterial, se estreitou de maneira notória. Considerando as formulações do geógrafo Denis Cosgrove (2012) a respeito da imbricação entre paisagem, cultura e poder, entendendo que as paisagens expressam culturas dominantes e alternativas, o que se pretende realizar neste trabalho é uma contraposição das imagens referentes à construção hegemônica da visualidade sobre a cidade do Rio de Janeiro, tomando como ponto de partida as fotografias disponibilizadas por portais oficiais do Estado que representam o patrimônio mundial, com as imagens e memórias capturadas por meio da história oral, produzidas por artistas periféricos, como os registros imagéticos e discursos oriundos dos fotógrafos Bira Carvalho, Francisco Valdean e Jean Barreto do Complexo da Maré e que retratam a paisagens dos seus territórios e as experiências cotidianas dos corpos que as modificam ao longo do tempo. Sobretudo, identificando e dando visibilidade as práticas culturais que dão forma e conteúdo a este espaço. Portanto promovendo uma reflexão sobre as diferenças dos elementos que constituem a paisagem hegemônica e a alternativa via iconografia fotográfica na cidade do Rio de Janeiro no início do século XXI. Nesse caso a paisagem hegemônica seria a que é reconhecida como patrimônio da humanidade, cujo sítio está localizado na área sul do município carioca e na ponta oeste de Niterói, em contraposição a paisagem alternativa do Complexo da Maré, na área norte da cidade, que também está situada entre a montanha e o mar. 1. Fundamentação teórica Visto que, como aponta Beatriz Piccolotto (2012), dentro da perspectiva cara à história da urbanização a cidade e o território são forjados como artefato social atrelados a diversos elementos sociais que o formam historicamente. O conceito de território, aqui utilizado é o desenvolvido pelo geógrafo Marcelo Lopes de Souza (2013), que o define pelas relações de poder que se dão sobre a espacialidade, ou seja, os tensionamentos e conflitos se fazem presentes com frequência, visto que forças distintas estão numa posição de disputa nas relações de poder. Adicionalmente, vale destacar que de acordo com Haesbaert (2007, pp. 20-21) “em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não apenas ao tradicional "poder político". Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais explícito, de dominação, quanto ao poder no sentido mais implícito ou simbólico, de apropriação”. O território tem a sua dimensão material/física e simbólica, ligadas ao substrato material, nesse caso a terra, e as formas de dominação, que podem se fazer presentes também no campo do imaginário social. Portanto, dentro do campo dos objetivos, o que se pretende realizar neste trabalho é uma reflexão acerca do conceito de paisagem e suas categorias analíticas interiores, como paisagem cultural e a paisagem alternativa excluída, além de problematizar o seu enquadramento no que está definido como patrimônio e a imbricação dessas diferentes representações na construção histórica da imagem de cidade e território, aproximando História com fotografia (MAUAD, 1996). Justificando-se a realização desta breve pesquisa no âmbito social, ao possibilitar a construção de uma contranarrativa vinda dos grupos sociais subdominantes por meio da produção cultural independente e do resgate de sua memória, já levando essa discussão para o ambiente acadêmico, destacando a sua dimensão empírica ao analisar documentos derivados de diferentes atores sociais e posterior material que contenha a sistematização e conclusão dos dados e discussão levantada. 2. Resultados alcançados Para isso, a metodologia utilizada estava alicerçada numa análise do material imagético disponibilizado nos sítios eletrônicos oficiais do IPHAN, UNESCO, UIA 2021 e Rio Capital Mundial da Arquitetura, a saber: ? Publicações oriundas do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, como as revistas eletrônicas, relatório de gestão, livros e guias; ? Mapas, iconografias e documento de candidatura; ? Notícias veiculadas pelos sítios eletrônicos dessas instituições e pela mídia hegemônica, que atuaram na construção do discurso de apoio ao reconhecimento e valorização de determinado patrimônio; ? Decretos e leis sobre reconhecimento de preservação do patrimônio no Brasil; Além da produção independente advinda dos fotógrafos Bira Carvalho, Francisco Valdean e Jean Barreto, principalmente com o acesso ao acervo eletrônico disponível em suas páginas pessoais/projetos desenvolvidos. Adicionalmente houve a coleta de entrevistas, seguindo a metodologia da história oral, conforme consta no Manual de História Oral (2005), escrito por José Carlos Sebe Bom Meihy, as dimensões sociais e culturais são indissociáveis dessa metodologia devendo ser pensada conjuntamente com a dinâmica autônoma derivada do indivíduo entrevistado, assim: “A observância em relação à pessoa em sua unidade é condição básica para se formular o respeito à experiência individual que justifica o trabalho com o depoimento. Nesse sentido, a história oral é sempre social. Social sobretudo porque o indivíduo só se explica na vida comunitária. Daí a necessidade de definição dos ajustes identitários culturais” (p. 79). Posteriormente houve a obtenção dos resultados que se deram a partir da sistematização e análise dos dados e informações levantadas, que tiveram como produto final a escrita de um texto contendo a explicitação desses resultados. Conclusões As conclusões foram traçadas, a partir do material imagético e dos dados/informações dos documentos oficiais, com os alternativos derivados dos trabalhos dos fotógrafos autônomos permitindo identificar e traçar um contraponto entre as diferentes paisagens culturais e seus respectivos patrimônios, que não estão inseridos na lógica das instituições oficiais. Assim, observou-se a perpetuação da imagem vitrine da cidade do Rio de Janeiro, que chega a ser tomada como metonímica representando todo o país, num processo de longa duração, desde o século XIX até os dias atuais, além das novas estratégias utilizadas por determinado grupo social alternativo que utiliza da tecnologia atual para promover a disputa da imagem de cidade e da memória que se tem dela. Referências bibliográficas BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Introdução. An. mus. paul. São Paulo, v. 20, n. 1, p. 11-40, June 2012 . COSGROVE, Denis. A geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.). Geografia cultural: uma antologia (1). Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012. 344p. HAESBAERT, R. Território e multiterritorialidade: um debate. Geographia, Niterói, UFF, Ano 9, n. 17, 19-46, 2007. MAUAD, Ana Maria. Apresentação. In: MAUAD, Ana Maria (org.). Fotograficamente, Rio a cidade e seus temas. Niterói: PPGHistória – LABHOI – UFF/FAPERJ, 2016. MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História Oral. 5ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FERREIRA, Ingrid Gomes. MEMÓRIA, PAISAGEM URBANA E TERRITÓRIO: UMA DISPUTA ENTRE CULTURA DOMINANTE E ALTERNATIVA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/433977-MEMORIA-PAISAGEM-URBANA-E-TERRITORIO--UMA-DISPUTA-ENTRE-CULTURA-DOMINANTE-E-ALTERNATIVA. Acesso em: 15/05/2025

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