O ECOFEMINISMO E O SAGRADO FEMININO NO VÍDEO A TERRA É UMA MULHER E O MEU ÚTERO, O UNIVERSO, DE MÓNICA GUERRA

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
O ECOFEMINISMO E O SAGRADO FEMININO NO VÍDEO A TERRA É UMA MULHER E O MEU ÚTERO, O UNIVERSO, DE MÓNICA GUERRA
Autores
  • AGNES ROCHA DE ALMEIDA
  • Maria Celeste Reis Fernandes de Souza
  • Fernanda Cristina de Paula
  • Renata Bernardes Faria Campos
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 22 - Estudos de gênero, feminismos e interdisciplinaridade.
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/432855-o-ecofeminismo-e-o-sagrado-feminino-no-video-a-terra-e-uma-mulher-e-o-meu-utero-o-universo-de-monica-guerra
ISSN
Palavras-Chave
Ecofeminismo, Sagrado Feminino, Mulher, Terra, Universo, Mónica Guerra
Resumo
Introdução Em sua palestra, A Terra é uma Mulher e o meu Útero, o Universo, com mais de 707.000 visualizações, Mónica Guerra da Rocha relata trechos de sua vida e traz para os ouvintes, de forma indireta, temas abordados em movimentos ecofeministas e fundamentos do sagrado feminino. Embora Mónica seja declaradamente feminista, ela não traz esse conceito durante a palestra e seu vídeo é recomendado em páginas e blogs sobre o sagrado feminino. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é identificar nas falas da palestrante Mónica Guerra da Rocha, conceitos teóricos do ecofeminismo e do sagrado feminino. A metodologia utilizada foi a análise de discurso, analisando historicamente o discurso (GIL, 2008), buscando as construções teórico-ideológicas na fala da participante. 1. Fundamentação teórica O ecofeminismo se desenvolveu a partir de outros movimentos sociais, são eles, os movimentos feministas, os pacifistas e os ecologistas. A feminista Françoise d´Eaubonne foi a primeira a utilizar o termo de tal forma nos anos de 1970 e com os desastres naturais foi ganhando notoriedade até se fortalecer através da Conferência sobre ecofeminismo em Março de 1980 (SHIVA & MIES, 2013). Ao escrever o prólogo da segunda edição ampliada do livro Ecofeminismo: Teoria, critica e perspectivas (SHIVA & MIES, 2013), Yago Herrero adianta que as autoras Shiva e Mies descrevem o ecofeminismo como uma potente corrente de pensamento e um movimento social que liga a ecologia e o feminismo, apresenta o movimento como uma prática ativista contra um modelo colonizador ocidental que se mantém com a colonização das mulheres, dos povos estrangeiros, suas terras e a natureza. O capitalismo imperante neste modelo de estrutura se sustenta através da exploração da natureza, povos tradicionais e das mulheres e, portanto, impulsiona os movimentos do ecofeminismo que além de propor um modelo de atuação compatível com a biosfera, oferece uma resposta as diferentes formas de desigualdade. Em sua nova edição, o livro conta com o prólogo de Ariel Salleh que inicia trazendo a perspectiva de “apenas conectar”, em seu ponto de vista o ecofeminismo é o único marco político que explica com detalhes os vínculos históricos entre capitalismo neoliberal e os mais diversos de tipos de violências sociais e que fornece soluções como a organização da vida cotidiana em torno da subsistência, soberania alimentar, democracia participativa com os ecossistemas naturais, acrescenta que mesmo depois de 20 anos da publicação da primeira edição do livro os problemas socioculturais ainda permanecem. Além da vertente política, o ecofeminismo possui uma outra vertente, a espiritual. Uma dimensão que de acordo com Shiva e Mies (2013) foi negada e denegrida por um materialismo capitalista e marxista, essa dimensão espiritual emergiu da compreensão das feministas de uma espiritualidade originária das mulheres que eram consideradas bruxas por possuírem conhecimentos e sabedorias alcançados através da estreita relação com a natureza. Para as autoras essa vertente espiritual era compreendida de duas formas, em uma delas essa compreensão vinha na forma de uma religião, mas não uma religião de origem cristã, judaica ou islâmica, mas uma religião baseada em religião da Deusa. A outra forma, chamada de princípio feminino que habita em todas as coisas e em todos os seres humanos, trata da indissociabilidade do espiritual e do corpo material. As autoras consideram a importância desta dimensão espiritual uma vez que “encontra o redescobrimento do caráter sagrado da vida, da qual se desprende que sua conservação só será possível se as pessoas voltarem a considerar sagradas todas as formas de vida e as respeitá-las como tal” (SHIVA & MIES, 2013, p 66 – tradução nossa). Não ignorando as críticas feitas por movimentos feministas a esse ecofeminismo espiritual, mas, partindo de um fundamento de que essa vertente não propõe tirar a mulher do ambiente educacional, de trabalho, político ou econômico, mas permitir que ela possa ocupar todo e qualquer papel sem precisar ceder aos moldes patriarcais impostos pelo capitalismo. Seja pela religião da Deusa ou pelo princípio feminino, chega-se ao culto do sagrado, mais precisamente, ao culto do sagrado feminino. De acordo com Faur (2001) o sagrado feminino se origina na reverência a um divino feminino que nutre a existência humana, a natureza é representada como a Grande Mãe, a Terra, o próprio mundo e como mãe, tem na figura da “Deusa” sua expressão. O culto ao sagrado feminino permite não apenas a possibilidade da vivência de uma espiritualidade no qual as mulheres são representações do sagrado, uma vez que seu próprio corpo simboliza a energia da Deusa e a sacralidade da terra, mas também permite uma melhor relação com o planeta, uma vez que a Deusa se torna um símbolo da consciência ecológica (FAUR, 2011, p 33). 2. Resultados alcançados Dentre os discursos selecionados para compor o trabalho completo, destaca-se aqui um trecho do vídeo que permite uma abordagem teórica-ideológica sobre o ecofeminismo e o sagrado feminino. A gente mapeou, abriu uma planilha de Excel e mapeou a onde cada uma “tava” menstruando. Nós gerenciamos todo o projeto com base nesse calendário: Eu estou mais menstruada, né, “tô” para menstruar nesse momento, então passa tudo que texto para eu ler passa para mim porque eu tô bem introspectiva. Nossa, mas eu tô na lua crescente, tudo que é planilha, manda para mim porque eu tô ótima para produzir planilha. Eu tô na fase ovulatória, tem opinião? Deixa que eu lidere a reunião. O projeto fluiu maravilhosamente. Imagine o que que seria introduzir isto dentro das empresas? Todas as mulheres poderem analisar os seus mapas menstruais e entender a potência que existe dentro de cada um deles. (GUERRA, 2018, 07m21s) Quando Monica Guerra trata do ciclo menstrual e a possibilidade de aproveitar as características que a mulher apresenta em cada um desses momentos, ela faz referência à sua vivência dentro de uma consciência do sagrado feminino. Neste mesmo sentido, Faur (2020) recomenda que as mulheres façam um diário do seu ciclo menstrual, “anotando no calendário, o início de sua menstruação, a fase da lua, suas mudanças de humor, disposição, nível energético, comportamento social e sexual, preferências, sonhos e outras observações que queira” (FAUR, 2020, 498). Faur compreende que a mulher moderna não pode se isolar em uma tenda durante a sua menstruação, portanto ela deve compreender seu momento, suas sensações e refletir como será sua interação com o mundo exterior, ou seja, implementar em sua rotina, tal como Mônica Guerra expressou ao montar uma planilha em seu grupo de trabalho definindo as atividades conforme o clico menstrual de cada uma. No momento em que Mônica diz: “imagine o que que seria introduzir isto dentro das empresas?”, vemos a crítica aos movimentos feministas do Norte, feita pelos movimentos femininos do Sul quando acusam as mulheres do Norte de buscarem os privilégios dos homens em seus países (SHIVA e MIES, 2013) e ao invés de aceitar as diferenças e buscar o reforço da identidade, da cultura, da etnia e assim implantar mudanças em uma escala local, reforçam um modelo uniforme e homogêneo do modelo patriarcal e capitalista. Conclusões Em sua palestra, A Terra é uma Mulher e o meu Útero, o Universo, Mónica Guerra da Rocha faz um relato de vida e busca relacionar o seu corpo cíclico com a natureza cíclica, sem fazer referência direta a nenhuma abordagem teórica metodológica é É possível identificar sua compreensão do movimento ecofeminista e práticas relacionadas ao respeito ao sagrado feminino. Através de referências bibliográficas como, Shiva e Mies (2013) e Faur (2011), é possível analisar o discurso da palestrante e identificar conceitos tanto do ecofeminismo quanto do sagrado feminino. Referências bibliográficas SHIVA, Vandana; MIES, Maria. Ecofeminismo. Barcelona: Icaria Editorial SA, 2014. FAUR, Mirela. O anuário da Grande Mãe: guia prático de rituais para celebrar a Deusa. São Paulo: Editora Alfabeto, 2020 GILL, Rosalind. Análise de Discurso. IN BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, p. 244-270, 2008. GUERRA, Mónica Rocha. A terra é uma mulher e o meu útero, o universo, 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sNRi9A6LaHM
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ALMEIDA, AGNES ROCHA DE et al.. O ECOFEMINISMO E O SAGRADO FEMININO NO VÍDEO A TERRA É UMA MULHER E O MEU ÚTERO, O UNIVERSO, DE MÓNICA GUERRA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/432855-O-ECOFEMINISMO-E-O-SAGRADO-FEMININO-NO-VIDEO-A-TERRA-E-UMA-MULHER-E-O-MEU-UTERO-O-UNIVERSO-DE-MONICA-GUERRA. Acesso em: 12/05/2025

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