AUTORREPRESENTAÇÃO NA IDENTIDADE COLETIVA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SISTEMÁTICA

Publicado em 23/12/2021

DOI
10.29327/154029.10-96  
Título do Trabalho
AUTORREPRESENTAÇÃO NA IDENTIDADE COLETIVA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SISTEMÁTICA
Autores
  • João Paulo de Oliveira Xavier
  • Renata Bernardes Faria Campos
  • Maria Celeste Reis Fernandes de Souza
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 17 - Análises Bibliométricas na Produção Científica Interdisciplinar
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/432539-autorrepresentacao-na-identidade-coletiva--uma-revisao-bibliografica-sistematica
ISSN
Palavras-Chave
identidade coletiva, autorrepresentação, narrativa
Resumo
Introdução Este trabalho busca compreender o conceito de autorrepresentação, enquanto expressões coletivas de identidade de um grupo. Tão subjetivo quanto o falar de si, entender esse conceito de autorrepresentação, pela perspectiva interna de uma identidade coletiva. A proposta é observar o conceito nos estudos que analisam ou apresentam a autorrepresentação de coletividade como produção de grupo, não do estado ou de uma só pessoa. Partilhar o que somos como parte de algo e algo como parte do que somos, uma ambivalência muito natural atualmente. O surgimento de canais comunicacionais independentes, que fogem à regra hegemônica das mídias tradicionais, tem criado novas narrativas e com elas uma nova percepção de espaço desses grupos e por esses grupos. São assim, as técnicas como próprio meio, exposto por Santos (2006). As técnicas antes usadas por poucos meios e canais midiáticos hegemônicos, atualmente disputam a atenção dos seus receptores com um universo múltiplo de narrativas e representações. A comunicação como vemos hoje é múltipla, convergente e transmidiática como proposto por Jenkins (2009), onde todos somos emissores, receptores e interlocutores de conteúdos, informações e narrativas. A convergência das tecnologias e popularização das técnicas, aliadas ao imediatismo da informação na internet, tem criado cada vez mais narrativas representativas. Fugindo às regras da apropriação da cultura e da identidade, como colocado por Bauman (2001) “Os ‘estamentos’ enquanto lugares a que se pertencia por hereditariedade vieram a ser substituídos pelas “classes” como objetivo de pertencimento fabricado”. E abraçando a autorrepresentação como um falar de si mesmo na representação dos valores de um grupo e como parte do todo. Compreender o conceito de autorrepresentação pela perspectiva da identidade coletiva de grupos é o objetivo central deste trabalho. Fundamentação teórica Para chegar à compreensão de tal conceito é preciso dialogar com outros autores que também o utilizaram da expressão em seus argumentos teóricos. Assim, para ir na base dos conceitos de identidade, recorreremos a Stuart Hall e Erving Goffman. Nas discussões de narrativas contemporâneas contamos com Zygmunt Bauman e Henry Jenkins. Para falar de grupos é preciso falar sobre território, onde o aporte teórico conta com Milton Santos. No cerne da autorrepresentação está a identidade cultural. Porém, a representação de uma identidade cultural na modernidade não emana apenas de um poder dominante, considerando as contribuições de RAFFESTIN (1993), acerca das relações de poder e as representações culturais de um território. Mesmo que as resistências permaneçam frente às supressões das diferenças, em um contexto global elas já dispõem de recursos e se apropriaram da técnica para exprimir suas próprias narrativas SANTOS (2006). Assim, mesmo detendo os meios e condições tecnológicas para se o “falar de si” as identidades tornam-se desvinculadas na pós-modernidade, como exposto por HALL (2020), “Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de nós), dentre às quais parece possível fazer uma escolha”. Desta forma, o desalojar da das identidades culturais que não se faz conectada de forma convergente, é o resultado claro de um sistema de comunicação globalmente interligado. Nas concepções de JENKINS (2009) e BAUMAN (2001) as autorrepresentações coletivas estão mais ligadas às identificações do que às identidades pré-estabelecidas. Segundo os autores, as narrativas estão em constante construção e desconstrução e podem emanar de focos identitários que não tenham necessariamente uma ligação física, étnica, de gênero ou territorial. Características presentes na comunicação global, também chamada de cibercultura (LÉVY, 2010). Metodologia A revisão bibliográfica sistemática foi a forma de investigação científica escolhida para reunir publicações sobre a questão central. Tal metodologia segue os moldes rígidos de OKOLI (2019, p. 35), onde o mesmo declara “Delineio os passos para assegurar uma revisão rigorosa”, na qual elucida detalhadamente do método, como deve ser. Sem afastar do estudo a possibilidade de uma busca mais expansiva e interdisciplinar. “Essa diversidade não se limita de forma alguma à pesquisa em SI, e este guia é bastante apropriado para todas as ciências sociais, especialmente aquelas que empregam metodologias mistas” OKOLI (2019, p.4). Outro ponto exposto por Okoli (2019) sobre o da revisão bibliográfica sistemática, é que a descrição dos procedimentos seguidos é tão importante quanto o rigor colocado na própria pesquisa. Desta forma, detalharei a seguir a forma como a revisão para este artigo foi feita. Começando com a utilização do portal de periódicos da Capes como banco de referências foi a opção escolhida para este estudo. O referido portal tem em sua plataforma meios tecnológicos que vão de encontro com os métodos rigorosos de abrangência literária, por meio de filtragens e condicionantes. Tal sistemática por trás da revisão tem o objetivo de evitar uma seleção de artigos enviesada, focando nos resultados obtidos por uma busca sintetizada e integrada ao campo semântico significativo do portal escolhido. A pesquisa conta com os artigos publicados e disponibilizados no banco de dados do portal de periódicos da Capes. Para aumentar o alcance da pesquisa, a busca foi realizada com acesso aos conteúdos da Universidade Vale do Rio Doce, por meio do CAFe. O termo utilizado na busca sistemática foi “autorrepresentação”, que resultou em 151 resultados, no total. O filtro “Periódicos revisados por pares” foi acionado para aumentar a confiabilidade dos resultados encontrados e dispensando publicações sem revisões. Esta filtragem reduziu os resultados para 117 trabalhos. Em seguida foram selecionados os artigos publicados na última década, com o recorte dos trabalhos publicados entre 2010 e 2021, reduzindo o número dos resultados a 113. E por fim, foram excluídos os trabalhos publicados em outras línguas, a não ser o português, reduzindo os resultados a 70 trabalhos. A partir dos resultados advindos da filtragem anterior, foi feita uma análise pormenorizada e criteriosa, descartando conscientemente os resultados que não estavam ligados ao objetivo da pesquisa. O que os estudos não abordam é que, por se tratar de um termo polissêmico, muitos dos resultados podem não corresponder ao sentido da expressão autorrepresentação. objetivo deste artigo, a busca por autores e estudos que tratem da autorrepresentação como expressão coletiva. Assim, muitos dos resultados estavam ligados à ideia de autorrepresentações com uma percepção individual do sujeito ou obra, foram conscientemente excluídos de uma análise pormenorizada. Sendo descartados 63 trabalhos ligados diretamente a biografias, autor, indivíduo e representação literária, poética, autorretratos e representação fotográfica. A parte final da análise metodológica consistiu em uma leitura mais detalhada de 7 trabalhos que tratavam ou continham a ideia de representação como processo social, mesmo que o conceito de autorrepresentação não tenha sido um tema central nas reflexões. Conclusões Desde o início da pesquisa foi identificado que o termo em questão é polissêmico, sendo utilizado de variadas formas em diversas situações. Portanto, o foco das leituras em trabalhos que tratam sobre questões de autorrepresentação em identidades coletivas foi consciente. Temas correlacionados foram cruciais para o entendimento do uso do conceito como expressão de identidade coletiva. Os resultados advindos do método de busca sistemática garantiram uma diversidade de temáticas abordadas usando a autorrepresentação como conceito importante nas discussões. Temas como: processo social e político, identidade denegada, mídias nativas, autenticidade e tradição, meios de produção, criação coletiva, raça, gênero e colonialismo. Da mesma forma, a obtenção dos resultados mostrou-se satisfatória para alcançar conclusões preliminares, a utilização do conceito de autorrepresentação coletiva, assim como suas relações com as identidades próprias e/ou pré-concebidas socialmente ou por agentes políticos e hegemônicos. De acordo com Santos, 2006, o conceito está mais ligado na percepção da identidade dos sujeitos que estão sob influências dos contextos de lugar e nas utilizações das técnicas para criar ou reproduzir as narrativas sob suas próprias perspectivas. Portanto, conclui-se que a autorrepresentação necessita da técnica e dos sujeitos para a construção de narrativas em seus lugares de fala. Seria assim a utilização da técnica em contraponto às narrativas e discursos de quem detém maior poder de fala (RAFESTIN, 1993). Em todos os casos, a autorrepresentação coletiva parte da utilização de técnicas por um grupo de indivíduos para a construção de narrativas que os identifiquem como um grupo. Bibliografia: BAUMAN, Zygmunt (2001-04-16T22:58:59). Modernidade Líquida. Zahar. Edição do Kindle. CANEVACCI, Massimo. Autorrepresentação: movimentar epistemologias no contexto da cultura digital e da metrópole comunicacional. Novos Olhares, v. 4, n. 1, p. 16-20, 2015. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 12ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2020. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Tradução: Suzana L. de Alexandria. ed. 2. São Paulo. Aleph, 2009. p.428 LEVY, Pierre. Cibercultura. Editora 34, 2010. p.272 RAFFESTIN, Claude. (1993). Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993. p. 270 SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. 2. reimpr. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. - (Coleção Milton Santos; 1)
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

XAVIER, João Paulo de Oliveira; CAMPOS, Renata Bernardes Faria; SOUZA, Maria Celeste Reis Fernandes de. AUTORREPRESENTAÇÃO NA IDENTIDADE COLETIVA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SISTEMÁTICA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/432539-AUTORREPRESENTACAO-NA-IDENTIDADE-COLETIVA--UMA-REVISAO-BIBLIOGRAFICA-SISTEMATICA. Acesso em: 09/06/2025

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