Artes, Diversidade Cultural E Educação

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Resumo

Título do Trabalho

ARTES, DIVERSIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO

Autores

Gilmar Rocha
Adriana Russi de Melo Tavares
Juliana Da Silva Pinto Carneiro
Érica Silva Mendonça Neves

Modalidade

Resumo Expandido e Trabalho Completo

Área temática

GT 21- Pesquisa, Extensão Universitária e Intervenção Social

Data de Publicação

23/12/2021

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/xc22021/432398-artes-diversidade-cultural-e-educacao

ISSN

Palavras-Chave

Arte-educação. Produtos didáticos digitais. Diversidade cultural.

Resumo

Introdução O artigo relata o processo de construção e aplicação do projeto de extensão “Artes, Diversidade Cultural e Educação” no ano de 2021, e também recupera dados desde sua implementação. Tal ação tem formato de curso de extensão de formação continuada direcionado a educadores da rede municipal de Rio das Ostras e Macaé, e ocorre simultaneamente com a disciplina homônima da graduação do curso de Produção Cultural da Universidade Federal Fluminense (polo de Rio das Ostras). Desde 2020 o curso tem funcionado de forma remota, devido ao contexto da pandemia da COVID-19. Sendo assim, o curso se divide entre atividades online síncronas e assíncronas perfazendo um total de 90 horas de carga horária. Nos encontros síncronos ocorre o desenvolvimento teórico-metodológico de conceitos como diversidade cultural e arte-educação. As atividades assíncronas são destinadas à elaboração e desenvolvimento de projetos de produtos digitais para apoio didático, com ênfase em temas da diversidade cultural. Na versão 2021 adicionamos um novo objetivo: analisar as experiências anteriores, visando creditar a extensão no currículo da graduação de Produção Cultural. A presente ação tem como objetivo principal ampliar e aprofundar, do ponto de vista teórico-metodológico e prático, reflexões e ações em torno da diversidade cultural e sua interface com as artes e a educação. 1. Fundamentação teórica O século XXI trouxe à tona questões próximas ao campo da cultura. Vivemos em um cenário cultural complexo e muito dividido, por esse motivo cresce a importância de se discutir questões deste cenário. Nossa hipótese é que a reflexão compartilhada com os envolvidos na ação deverá possibilitar a compreensão de alguns conceitos e como essas questões afetam de forma prática o cotidiano. Dentre os pontos que norteiam as ideias do projeto destacamos alguns. Primeiro, a importância de abordar a diversidade cultural com a educação por meio da arte. De acordo com Clifford Geertz (1998), o processo de apreensão da arte requer também a apreensão da cultura, simultaneamente. Segundo ele: A participação no sistema particular que chamamos de arte só se torna possível através da participação no sistema geral de formas simbólicas que chamamos de cultural, pois o primeiro sistema nada mais é que um setor do segundo. Uma teoria da arte é portanto uma teoria da cultura e não um empreendimento autônomo. (Geertz, 1998; 65) Dessa forma, arte não se pensa sem cultura, e vice-versa. Um próximo ponto importante são as novas abordagens, para velhos problemas. Nestor Canclini (1999) defende a ideia de que uma política cultural voltada ao patrimônio não pode ser uma política cultural voltada ao passado. As práticas de preservação do patrimônio cultural devem ter vínculo com o que é representativo hoje para os grupos aos quais interessa. É um processo de organizar o que é memória coletiva e também, transmitir tradições. Assim, o projeto se ocupa em promover e difundir conhecimento sobre o patrimônio cultural local (Rio das Ostras e Macaé, quiçá Região dos Lagos) destacando aspectos da arte e da diversidade cultural no campo da educação. Outro aspecto que contribui em nossa ação vem de Paulo Freire, educador brasileiro, que diz: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” (1981; 79). A partir de trocas e diálogos entre os professores da rede municipal, alunos da graduação e a coordenação do projeto que o curso se desenvolve no âmbito da extensão. A dimensão pedagógica do curso se apoia no saber e no fazer dos grupos locais. Investigar esses modos de saber e de fazer é algo que vem sendo construído há alguns anos com início no Programa de Educação Patrimonial em Oriximiná/PA. A etnoeducação (ROCHA; RUSSI; ALVAREZ, 2013), pode contribuir de modo significativo na construção de conhecimento e no processo de ensino e aprendizagem do curso. Por definição, temos que etnoeducação é: “o processo metodológico multidisciplinar no campo da Educação Patrimonial que visa a valorização dos saberes e das tradições e o respeito pelo outro (...)”. Outra importante interlocução vem da arte educadora Ana Mae Barbosa (2002) que difundiu no Brasil a abordagem triangular no ensino de artes: o fazer artístico, a apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica. Finalmente, segundo Alfredo Bossi (1991), seria possível compreender a arte em três dimensões: a arte como fazer; a arte como conhecimento e a arte como expressão. Tal abordagem coaduna com as práticas da etnoeducação num fazer / aprender significativo que instiga o conhecer da própria realidade, estreita a relação com o patrimônio e permite que o sentimento de pertencimento venha à tona. 2. Resultados alcançados A fim de desenvolver o projeto em formato de curso e cumprir com o objetivo da análise da política cultural em torno da diversidade e seus impactos territoriais, aulas expositivas, em formato remoto, são propostas. Essa foi a mesma metodologia adotada para o objetivo de explorar as correlações entre cultura, artes e educação a partir de questões como diversidade, diferença e desigualdade. Para que esses produtos sejam desenvolvidos, disponibilizamos um roteiro para elaboração de projeto. Momentos de supervisão de cada equipe também aconteceram em formato remoto síncrono. O desenvolvimento dos projetos e dos produtos aconteceram de forma paralela às aulas, devendo o conteúdo abordado nas mesmas ser utilizado para inspirar o que cada grupo desenvolveria. Outro desafio dizia respeito a uma possível forma de creditação da carga horária de extensão na matriz curricular do curso de Produção Cultural da UFF Rio das Ostras (exigência essa estabelecida pela política do governo federal). Para tanto a equipe se reuniu de forma remota a fim de analisar antigas edições e produtos do presente curso. Desde então trocas de experiências e divulgação das ações, tem possibilitado a criação de vínculos com os parceiros (Secretaria Municipal de Educação de Rio das Ostras - SEMED; Secretaria Municipal de Educação de Macaé e Colégio Estadual Jacintho - de Rio das Ostras) visando tornar mais forte, a interação com os mesmos. A edição de 2021 também transcorreu em formato remoto, devido a pandemia da COVID - 19. Sete professores da rede participaram das atividades, sendo cinco deles de Rio das Ostras e dois de Macaé. Entre os discentes da graduação de Produção Cultural, vinte e dois alunos computaram horas como parte de sua carga horária em disciplina optativa da graduação. Ao fim do curso, foram apresentados seis produtos desenvolvidos pelos grupos: dois ebooks, um webfólio, um projeto fotográfico, um projeto de cineclube com produção textual e uma cartilha virtual. Esses produtos abordam diversas temáticas, como a diversidade étnica, modos de brincar em diversas localidades do Brasil, a relação dos povos indígenas com a permacultura, etc. Todos esses materiais desenvolvidos estão disponíveis online (http://patrimoniocultural.uff.br). Certificados foram entregues para os professores da rede que estiveram no projeto e a equipe do projeto se dedicou a analisar os resultados descritos até então. Um grupo de diálogo foi formado a fim de que possíveis desdobramentos e projetos futuros sejam conversados. Essa interlocução tem acontecido de maneira direta com parceiros como a SEMED. Por fim, outro resultado já alcançado pelo projeto de extensão foi a certificação e validação para estar presente no Catálogo de Tecnologias Sociais 2021. Após a inscrição no Edital de Chamamento e Registro de Experiências de Tecnologia Social 02/2021 AGIR/PROPPI da Universidade Federal Fluminense e algumas fases de seleção o projeto foi aprovado. Indicando assim, a relevância temática do projeto. Conclusões A despeito das adversidades do momento pandêmico e de um curso em formato remoto, pode-se dizer que os objetivos propostos foram cumpridos. A equipe do projeto vem trabalhando para delinear e definir novos parâmetros para o projeto em 2022, analisando o que foi construído até o momento presente. Esse momento de reflexão permite pensar edições anteriores, como a de 2019, e analisar seus pontos positivos. Por fim, percebe-se a potência da extensão universitária em diálogo com a comunidade, fazendo cumprir a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Os muros da universidade se romperam a partir dos diálogos que o curso promoveu, alcançando a população com êxito e de forma efetiva, e oxigenando o próprio ensino da graduação, numa relação em que todos têm algo a ensinar e aprender. Referências bibliográficas BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ed. Atica, 1991. CANCLINI, Nestor. “Los usos sociales del patrimoniocultural”. In: AGUILAR CRIADO, Encarnacion (Ed.). Patrimonio etnológico: nuevas perspectivas de estúdio. Sevilla: Ed. Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico/ Fundación Machado, 1999. p.16-33. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. GEERTZ, Clifford. O saber local –novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis, Vozes, 1998. ROCHA, Gilmar; RUSSI, Adriana; ALVAREZ, Johnny. “Etnoeducação patrimonial –reflexões antropológicas em torno de uma experiência de formação de professores. Pro-Posiçoes, Campinas, v. 24, n. 2, p. 55-67, 2013.

Título do Evento: 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

ROCHA, Gilmar et al.. ARTES, DIVERSIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/432398-ARTES-DIVERSIDADE-CULTURAL-E-EDUCACAO. Acesso em: 27/05/2025