A PERMANÊNCIA ESCOLAR COMO OBJETO NA EDUCAÇÃO: UM PERCURSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA NO ÂMBITO DO NUCLEAPE

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
A PERMANÊNCIA ESCOLAR COMO OBJETO NA EDUCAÇÃO: UM PERCURSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA NO ÂMBITO DO NUCLEAPE
Autores
  • DAYANE GRACIELE DE JESUS MIRANDA CONTARATO
  • Mara Cristina Ramos Quartezani
  • Rozana Quintanilha Gomes Souza
  • CAMILLE AUATT DA SILVA
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 05 - Permanência na Educação
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/432148-a-permanencia-escolar-como-objeto-na-educacao--um-percurso-de-construcao-coletiva-no-ambito-do-nucleape
ISSN
Palavras-Chave
Permanência Estudantil, Nucleape, Grupos Operativos, Sala de Aula, Protagonismo estudantil
Resumo
Introdução Este trabalho objetiva abordar os caminhos teóricos e metodológicos que temos nos dedicado para pensar e escrever sobre a permanência escolar enquanto objeto de pesquisa epistemologicamente diferente da evasão escolar, os quais se configuram como um percurso de construção coletiva, que encontra assento na lógica de grupo operativo, característica principal que demarca o objetivo do Nucleape. A discussão sobre a origem e a institucionalização das práticas e estratégias de operação que se impulsionaram e vem se fortalecendo ao longo do tempo de existência deste núcleo, além de revelar as ações que o caracterizam como um espaço de aprendizagem compartilhada e prática colaborativa, fortalece o seu entendimento como lócus privilegiado para produção e compartilhamento de saberes relativos à permanência escolar como temática em emersão. Serão apresentadas as ações que têm sido impulsionadas para as pesquisas acadêmicas, concluídas e em andamento, sobre o objeto permanência escolar, especialmente a partir de três pressupostos-guias que buscam abordá-lo em uma perspectiva diferente daquela assumida pelos estudos da evasão escolar. 1. Fundamentação teórica Assumindo a partir de Pichon-Riviére (1986) a condição de grupo operativo, o Nucleape conduz suas atividades sob a ótica de um trabalho coletivo que caracteriza a existência de um Esquema Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO). Nessa lógica interativa-comunicativa, seus integrantes pensam, sentem, escrevem e agem de forma comunitária (ainda que flexível), abordando a permanência escolar a partir de um olhar ampliado sobre as relações existentes nos processos ensino-aprendizagem, em busca de formulações teóricas e possíveis dados pragmáticos. No âmbito do Nucleape, a permanência escolar é pensada sob o exercício da Paciência do Conceito (GALLO, 2009), pois a entendemos como um conceito em contínua construção, que exige um processo constante de escavação e emersão de ideias, bem como de práticas, que possibilitem a tarefa de pensar sobre este conceito, pela perspectiva da criação e da produção. Por meio deste exercício coletivo, os pesquisadores do Nucleape percorrem um caminho de escrever, pensar e agir sobre a permanência escolar enquanto processo que se institui, o que chamamos de experiência instituinte (BRAGANÇA, 2003), que a partir do discutido por Carmo e Silva (2016) busca a compreensão da origem da permanência escolar a partir da investigação, das tensões e desafios enfrentados pelos próprios pesquisadores e grupos envolvidos, contrapondo-se à fragmentação do processo de pesquisa e se afirmando como uma experiência que é compartilhada por um grupo cujo foco é alargar as concepções sobre este objeto de pesquisa. Admitindo esta postura, nos debruçamos a investigar a permanência escolar por meio de um arcabouço teórico-metodológico constituído a partir da compreensão da dimensão do objeto permanência como indicador estruturante da qualidade do ensino. Neste sentido, nos reportamos à produção acadêmica de Vincent Tinto o qual entre 1970 e 1999 direcionou suas pesquisas ao objeto evasão escolar e a partir de 2000 passou a dar ênfase à permanência. Vinte artigos do autor produzidos entre 2000 e 2017 foram traduzidos pelo Nucleape, o qual está em processo de sistematização de entendimentos, análise, práticas e levantamento de hipóteses. Vincent Tinto tece suas primeiras impressões sobre a permanência escolar a partir da análise do primeiro ano do Ensino Superior, considerado por ele como crítico, uma vez que nesta etapa os estudantes enfrentam seus maiores desafios no curso de graduação. Além de considerar os aspectos inerentes aos fatores internos e externos ao estudante, que influenciam em suas decisões para permanecer no curso, o autor discute o ínfimo investimento das instituições de ensino superior para o alcance da permanência. Ainda nesta direção de análise do papel da universidade, Tinto (2000) compreende como primordial para o sucesso dos estudantes, o estabelecimento das comunidades de aprendizagem. Para o autor, elas se constituem por movimentos espontâneos entre os próprios estudantes, que por meio de criação de grupos em curso, se mobilizam e desmobilizam na construção da trajetória acadêmica, mas também aponta a necessidade da universidade direcionar esforços para que elas sejam promovidas de maneira eficaz. Outra análise de Tinto são as cinco condições para a permanência, quais sejam: a expectativa, o envolvimento, o apoio, o feedback e a aprendizagem (TINTO, 2003). Para o autor, a convergência dessas condições dá suporte à permanência/persistência do estudante. Nesse sentido, Tinto discorre que a maioria dessas condições se revelam na sala de aula, entendida como uma das comunidades de aprendizagem, espaço o qual os estudantes passam maior tempo e constroem suas relações consigo e com os outros. Direcionar esforços para a compreensão da sala de aula com foco no envolvimento do estudante deve ser uma das ações que a universidade precisa encaminhar para que se compreenda o impacto das experiências nela vivenciadas. Tinto (2003), ao realizar estudos sobre experiências em sala de aula, conclui que, debruçar-se sobre a análise das construções estudantis nela ocorridas, funciona e enriquece a aprendizagem. Avançando um pouco nesta compreensão, nos apegamos ao conceito de Autoeficácia, a partir de Bandura (1994), e o aproximamos de Carmo (2021) para relacioná-lo à permanência e ao protagonismo estudantil, e demarcar formas de pesquisar com (e não somente sobre) os estudantes. Um dos pressupostos do Nucleape é o de que, conforme os estudantes estabelecem relações com o saber (CHARLOT, 2013), e se envolvem em comunidades socioacadêmicas espontâneas, os estudantes tendem a persistir no meio acadêmico, sendo esta uma condição para a permanência escolar (TINTO, 2003). Assim, a partir das discussões desses autores, o Nucleape tem empenhado esforços para aumentar as pesquisas que tenham como foco estes quatro elementos, quais sejam a sala de aula, a autoeficácia, o protagonismo estudantil e a permanência escolar. 2. Resultados alcançados Os estudos conduzidos no âmbito do Nucleape têm sido direcionados a partir de três pressupostos: 1) a permanência escolar possui diferença epistemológica significativa em relação à evasão escolar, o que nos dá indícios da necessidade de buscar diferentes e ampliadas formas de abordagem da temática. Essa hipótese-guia nos aproxima de Vincent Tinto, nosso principal referencial teórico, cuja produção inicialmente marcada por pesquisas sobre a evasão escolar sofre uma inflexão a partir de 2006, quando o autor passa a se dedicar sobre a vertente da permanência, dando especial destaque à investigação da sala de aula no ensino superior. 2) A nível de Brasil, este momento de ruptura coincide com o surgimento de publicações que começam a apontar a importância do direcionamento do olhar para a permanência escolar (SANTOS, 2007), e a partir de então, esta temática se torna emergente nas publicações (CARMO; CARMO, 2014), tal como semente que brota, e timidamente começa a ganhar robustez Essas mudanças nos levam a inferir que se tratou de um sistema reativo a anos de pesquisas infrutíferas sobre a evasão escolar, que, ao se resumirem em dados numéricos e teorias de abandono, pouco contribuíram para pensar questões práticas que levem à permanência. 3) O objeto permanência escolar realiza um olhar ampliado sobre as relações de aprendizagem, pois procura realizar uma leitura (pro)positiva do que há na sala de aula e nas relações entre os estudantes. Essa hipótese gera outra, a de que a permanência é uma função, na qual o estudante processa saberes socioacadêmicos, que ora se mobilizam, ora se desmobilizam, o impactando diretamente. Esses pressupostos nos levam a “pensar aquilo que ninguém pensou daquilo que todo mundo vê” (SCHOPENHAUER, 2010, p.157), na sala de aula. Nesta vertente, o Nucleape se insere, a partir de 2019, na sala de aula, sendo o primeiro lócus o curso de Administração Pública da UENF, para realizar estudos sobre o objeto permanência escolar, explorando-o a partir das relações com os saberes socioacadêmicos e com a construção de comunidades acadêmicas espontâneas, a fim de conhecer como essas relações impulsionam o protagonismo estudantil, e permitem que os estudantes se afetem e se apoiem mutuamente, como resistência aos desafios do curso. Como continuidade, e por meio de pesquisas de caráter interinstitucional, em andamento, o Nucleape se insere também na sala de aula do Ifes em 2021/1, no curso de Administração do campus Barra de São Francisco, e em 2021/2, no curso de Engenharia Elétrica do campus São Mateus. As investigações buscam desvelar dados empíricos sobre a implementação de ações práticas de destaque ao protagonismo estudantil em sala de aula, para conhecer a sua implicação na permanência escolar no Ensino Superior, o que poderá permitir, a partir de então, a proposta de institucionalização destas ações. Conclusões O Nucleape, por meio de pesquisas concluídas e em andamento, tem buscado promover o anúncio do que há na instituição e no curso, mantendo foco no pensar e escrever sobre a permanência escolar enquanto objeto de estudo. Distinguindo-se e firmando-se na contramão dos estudos da evasão escolar, suas pesquisas têm se preocupado em compreender a permanência por uma vertente (pro)positiva, em que destacamos a sua relação com a sala de aula, com os estudantes, e com o protagonismo estudantil.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CONTARATO, DAYANE GRACIELE DE JESUS MIRANDA et al.. A PERMANÊNCIA ESCOLAR COMO OBJETO NA EDUCAÇÃO: UM PERCURSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA NO ÂMBITO DO NUCLEAPE.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/432148-A-PERMANENCIA-ESCOLAR-COMO-OBJETO-NA-EDUCACAO--UM-PERCURSO-DE-CONSTRUCAO-COLETIVA-NO-AMBITO-DO-NUCLEAPE. Acesso em: 13/05/2025

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