ARTE E MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE RESISTÊNCIA NO ACAMPAMENTO PEDAGÓGICO DA JUVENTUDE SEM TERRA

Publicado em 23/12/2021

DOI
10.29327/154029.10-115  
Título do Trabalho
ARTE E MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE RESISTÊNCIA NO ACAMPAMENTO PEDAGÓGICO DA JUVENTUDE SEM TERRA
Autores
  • Isabel Soares de Carvalho
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 08 - Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/431731-arte-e-memoria-na-construcao-de-identidades-de-resistencia-no-acampamento-pedagogico-da-juventude-sem-terra
ISSN
Palavras-Chave
Acampamento pedagógico, Juventude, arte, memória, identidade, resistência;
Resumo
ARTE E MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE RESISTÊNCIA NO ACAMPAMENTO PEDAGÓGICO DA JUVENTUDE SEM TERRA Isabel Soares de Carvalho Aluna do Programa de Pós-Graduação em Cidades Territórios e Identidade - PPGCITI isabel.carvalho@abaetetuba.ufpa.br Introdução Esse estudo pretende apresentar uma das atividades artísticas protagonizadas por jovens no Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves Pereira, refletindo sobre arte, memória e identidade. O acampamento é realizado na PA-150, local onde ocorreu em 1996, o massacre de 19 trabalhadores rurais sem terra, na curva do S, município de Eldorado dos Carajás, sudeste do estado do Pará. O confronto entre a polícia militar estadual e o grupo de pessoas acampadas gerou o ataque violento da PM que marcou para sempre a vida de muitas famílias, sequelas drásticas da violência no campo. O nome do acampamento é uma homenagem ao jovem Oziel Alves, torturado e brutalmente assassinado aos 17 anos na época. O acampamento acontece no período de 10 a 17 do mês de abril, todos os anos desde 2006. O Acampamento pedagógico é um dos principais atos políticos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST na região. Durante o acampamento pedagógico, ocorre várias performances artísticas, entre estas, um ato cultural na pista, na PA 150, realizado durante toda a semana, as 17 horas (horário em que ocorreu o massacre). Os participantes do evento pensam, planejam e organizam esse momento: a estrada é fechada e trafegam somente casos de emergência. Nesse momento, os participantes usam a pista como palco de apresentações, cantando e dançando para relembrar os mortos e saudar a luta. O acampamento pedagógico transforma a paisagem do local, no sentido de embelezamento e atos simbólicos para não deixar esquecer esse triste acontecimento. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Ao pautar essa discussão sobre a identidade da juventude sem terra e sua relação com a arte, é importante contextualizar a compreensão da sensibilidade estética, para perceber, refletir e questionar sobre as formas de produção humana, a relação com a natureza e as formas de articulação, para entender de que forma cultura e a arte se estabelecem na formação humana, no processo de identidade cultural e social. Tratamos aqui da arte como engajamento, não apenas como produto artístico final. São formas de denuncia. de resistência e de repúdio. Compreender, entender a fruição da arte, dialogar com os objetos artísticos, o processo de elaboração da arte. Menegat (2005) pontua a necessidade de conhecer a historia humana, para compreender que a arte faz parte da cultura, como uma práxis social, conceituar a arte que se desenvolve junto a sociedade. Assim, pode parecer simples, mas esta é uma questão para refletir profundamente os signos da grandeza da capacidade de produção humana, pelo viés da arte. Entendendo também o efeito catastróficos quando não há eficácia desse desenvolvimento na esfera da sociedade. Para Bauman (2004, p.26), A ideia de identidade surge do pertencimento, ou melhor da crise do pertencimento. Identidade não é estática, ela surge e ressurge, uma esfera pela qual o que se é e o que se torna vai se conectando como forma de construção e reconstrução. Importante conhecer esse processo pra compreender os enlaces e o desenvolvimento da identidade. Por seu turno, Castells (2018) comenta sobre certos tipos de construção de identidade de resistência, importante para contextualizar essa discussão. A identidade é um conjunto de significados, a afirmaçao de pertencimento, de experiências. Assim essas afirmações essencial para diaologar com o estudo proposto sobre identidade, memória, resistência e arte. A memória é primordial para alimentar e definir a essência de um povo. Conhecimentos passados de geração em geração, o antes o agora, o acompanhamento das transformações. Memória é sabedoria, faz parte da construção da existência, a qual vai formulando e refletindo sobre as ações, as dores, as alegrias e a esperança. A memória representa uma conexão entre o passado e o agora, e define situações de resistência, que é a capacidade de reagir, de ser persistente quando se trata da luta social, articulada ao desejo de mudança, as quais poderão fazer diferença na vida comunitária. 2. RESULTADOS ALCANÇADOS Essa performance artística no acampamento pedagógico, é um momento de vivência coletiva e organicidade, ação de resistência e também um espaço educativo. A arte se constitui com autenticidade e resistência por meio da cultura. O propósito desse ato cultural é denunciar a impunidade, a violência, defender a biodiversidade, a Amazônia, as terras indígenas e a educação. A memória se faz presente. O que aconteceu na curva do S, gerou uma memória dolorida, os gritos de injustiça ecoam naquela curva. Devido a essa memória é que centenas de jovens dos seus respectivos assentamentos e acampamentos se organizam pra participar desse momento, não apenas como meros espectadores, eles fazem parte do processo de construção. A arte não é apenas uma questãoo de estética (Canclini, 2019), pois o que acontece no acampamento da juventude, é uma afirmação de que a arte faz parte dos processos de construção da identidade, memória e resistência. Ao tratar da juventude camponesa considerando o viés de luta, este é um claro exemplo de resistência. È o sujeito sem terra que vai se forjando na luta por direitos, por melhoria de condições de vida. O acampamento pedagógico da juventude Oziel Alves Pereira, se configura como espaço de resistência, ao entender o protagonismo participativo e político de jovens marcando um espaço territorial, que foi marcado por violento conflito no sudeste do estado do Pará, como argumenta Pereira (2019). A arte como resistência é uma conexão necessária para a compreensão de mundo, a socialização de ideias, o entendimento de quem se é, e a que lugar pertence. CONSIDERAÇÕES FINAIS Importante ressaltar que essa pesquisa está em desenvolvimento. Percebe-se que o acampamento pedagógico da juventude é fundamental para a autonomia desses jovens. Os meios pelos quais a arte se manifesta são formas de expressão e comunicação, lugar de memória e também de resistência. Ainda são muitos os desafios na perspectiva de sistematização da pesquisa como parte importante de considerar e perceber a resistência da juventude acampada, engajada na produçãoo artística, no processo de aprendizagem, na luta política. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vechi. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. CANCLINI, Nestor G. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da Modernidade. Tradução Heloisa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa; Tradução da introdução Gênese Andrade. 4ª ed., 8ª reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. CASTELLS, Manuel. O poder da identidade: a era da informação, v. 2. Tradução Klauss Brandini Gerhardt. 9ª ed., ver. ampl. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018. MENEGAT, Marildo. Da arte de nadar para o reino da liberdade. In______. Ensaio sobre Arte e Cultura na Formação. Rede de Cultura da Terra – Caderno das artes. São Paulo: Anca, 2005. PEREIRA, Antonio de Jesus. O massacre de Eldorado dos Carajás/PA (1996-2019) e o desdobramento da luta de classes: narrativas dos sobreviventes e formação política. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais/UFG, Goiânia 2020.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
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Como citar

CARVALHO, Isabel Soares de. ARTE E MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE RESISTÊNCIA NO ACAMPAMENTO PEDAGÓGICO DA JUVENTUDE SEM TERRA.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/431731-ARTE-E-MEMORIA-NA-CONSTRUCAO-DE-IDENTIDADES-DE-RESISTENCIA-NO-ACAMPAMENTO-PEDAGOGICO-DA-JUVENTUDE-SEM-TERRA. Acesso em: 07/05/2025

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