A FOME COMO FENÔMENO POLÍTICO? O RETORNO DO BRASIL AO MAPA DA FOME

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
A FOME COMO FENÔMENO POLÍTICO? O RETORNO DO BRASIL AO MAPA DA FOME
Autores
  • Douglas Rodrigues Saluto
  • Tauã Lima Verdan Rangel
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 18 - Direito, Interdisciplinaridade e o Novo Normal" Pandêmico
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/427453-a-fome-como-fenomeno-politico-o-retorno-do-brasil-ao-mapa-da-fome
ISSN
Palavras-Chave
Fome; Pandemia; Brasil
Resumo
Introdução O presente texto tem por escopo a discussão da teoria apresentada por Josué de Castro, segundo a qual, a fome no mundo se deve ao posicionamento da maioria de governantes. Nesse ínterim, Josué de castro observou que, em meados do século XX, parte majoritária da população apresentava carências nutricionais, em virtude de má alimentação. Todavia, no ano de 2020, com o advento da pandemia causada pelo novo coronavírus, várias empresas tiveram que fechar, temporariamente, enquanto que outros sofreram falência, o que corroborou para um elevado índice de desemprego. Por conseguinte, mais da metade da população brasileira incorria em algum grau de insegurança alimentar. 1. Fundamentação teórica Depois que a Segunda Guerra Mundial terminou, alguns líderes mundiais passaram a abrir mão de certos interesses econômicos em prol do bem-estar social. Contudo, isto não foi suficiente para se resolver os principais problemas que a população mundial passava e, ainda, passa. Neste sentido, o Brasil, juntamente com outros países da América Latina, incorria na mazela da fome e desnutrição. Assim, no que se refere e essa temática, Josué de Castro (1984) trouxe uma resposta ao porquê de sua permanência: dado que a produção mundial de alimentos era, em tese, suficiente para um contingente de pessoas maior que a população mundial, a resposta estava na ingerência, incompetência e apatia dos políticos e governantes (CASTRO, 1984). Dessa forma, Castro (1984) se dedicou a estudar e compreender como a fome se dava no Brasil, o que o levou a certas constatações, até então surpreendentes. Ora, a falta de alimentação adequada fazia com que os trabalhadores da América Latina tivessem um rendimento menor que os norte-americanos e Europeus. Ademais, agora, em contexto brasileiro, as crianças mais bem alimentadas – filhas das classes superiores – eram quase 10 centímetros mais altas que as classes das classes proletárias. Nesta senda, 80% da população brasileira não contavam com alimentação adequada (CASTRO, 1984). Em decorrência disso, pode-se perceber que o Brasil, até o início do século XXI, nunca contou uma política pujante de combate à fome e à miséria, pois, foi apenas com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva que esta assumiu lugar importante na agenda política, com o programa “Fome Zero”. Contudo, após a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, sofrer processo de impeachment, os governos seguintes “deixaram de lado”esta pauta, de modo que passaram a limitar os gastos públicos e adotar certas medidas “liberalizantes” na economia. Dessa forma, os programas que buscavam estimular a agricultura familiar tiveram seu orçamento reduzido. Ademais, Jair Bolsonaro, presidente eleito em 2018, no primeiro ano de seu mandato, alegou que nenhuma pessoa no Brasil passava fome, pois não era possível ver ninguém com “físico esquelético” na rua. Contudo, nesse mesmo ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertava para o risco iminente de o país retornar ao Mapa da Fome, o qual este saíra em 2014 (CARTA CAPITAL, 2017; NORONHA, 2017; PINHATA, 2019; MOTTA, 2020). 2. Resultados alcançados O advento da pandemia trouxe, em primeira mão, uma elevação do desemprego, pois várias empresas precisaram fechar, em virtude do isolamento social. Desta feita, o número de desempregados aumentou, chegando a 14,8 milhões de pessoas. Por conseguinte, a insegurança alimentar amentou ainda mais, de modo que, em torno de 116,8 milhões de brasileiros incorreram, em 2020, em algum grau de insegurança alimentar. Nesse grupo de pessoas, 19,1 milhões passaram fome – insegurança alimentar grave -. Ademais, em virtude da pandemia, o preço dos alimentos subiu exponencialmente, o que prejudicou ainda mais o poder aquisitivo das famílias mais vulneráveis. A título de exemplo, cita-se o arroz, que teve aumento de 47% em seu preço e o óleo de soja, que teve seu preço aumentado em 82% (SILVEIRA; CARVALHO, 2021; PODER 360, 2021; ALEGRETTI, 2021; PAJOLLA, 2021). Desse modo, o Brasil retornou ao mesmo patamar de insegurança alimentar apresentado em 2004, período em que este estava no “Mapa da Fome”. Contudo, o Congresso Nacional, ao votar a Lei Orçamentário Anual (LOA), reduziu em 40% o orçamento do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e, em 27%, o orçamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) (PAJOLLA, 2021). Todavia, há algo a ser salientado, pois a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) não utiliza mais o mesmo índice, ademais, não utiliza mais o “antigo” Mapa da Fome. Assim, se fala que o Brasil retornou a ele, pois apresenta situação semelhante à vivenciada, em 2004, período em que o país, ainda, estava no Mapa da Fome (PAJOLLA, 2021). Conclusões Diante dos fatos supracitados, observa-se que carência de alimentos, em grande parte do mundo, se deve à ausência do poder aquisitivo, por parte da população. Assim,se faz premente a necessidade de decisões mais contundentes, por parte dos líderes mundiais, de modo que o direito à alimentação possa ser garantido a todos. Referências bibliográficas ALEGRETTI, Laís. Não é só efeito da pandemia: por que 19 milhões de brasileiros passam fome. In: BBC News, portal eletrônico de informações, 8 jun. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57530224. Acesso em: 25 jul. 2021. CARTA CAPITAL. Temer esvazia programas para o campo e põe em risco a merenda escolar. In: Carta Capital, portal eletrônico de informações, 19 dez. 2017. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/brasil-debate/temer-esvazia-programas-para-o-campo-e-poe-em-risco-a-merenda-escolar/. Acesso em: 23 jul. 2021. MOTTA, Cláudia. Lula, sobre programas de combate à fome: tanto tempo para construir, tão fácil destruir: Em live sobre soberania alimentar, ex-presidente lamentou que quase toda política de inclusão social construída nos 13 anos de governos petistas, a direita destruiu em poucos anos. In: Rede Brasil Atual, portal eletrônico de informações, 16 out. 2020. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br. Acesso em: 23 jul. 2021. NORONHA, Gustavo. O caminho da fome: Se o ajuste de Dilma e Levy já comprometia o orçamento das políticas públicas para o campo e a floresta, os números do fanatismo ultraliberal do atual governo mostram o trailer de um filme de terror. O projeto em curso, de destruição completa do Estado, é o da insegurança alimentar. In: Brasil Debate, portal eletrônico de informações, 13 set. 2017. Disponível em: https://brasildebate.com.br/o-caminho-da-fome/. Acesso em: 23 jul. 2021. PAJOLLA, Murilo. Afinal, o Brasil está ou não no Mapa da Fome da ONU?: Após mudanças de abordagem, a Organização não utiliza mais a ferramenta para comunicar os dados da fome no mundo. In: Brasil de Fato, portal eletrônico de informações, 30 jun. 2021. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br. Acesso em: 25 jul. 2021. PINHATA, Thais. Relatório da ONU indica que fome no Brasil, que antes diminuía, voltou a crescer: O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura indica, para nós, grandes retrocessos. A curva de desnutrição, há muito descendente, passou a crescer. In: Justificando, portal eletrônico de informações, 22 jul. 2019. Disponível em: https://www.justificando.com. Acesso em: 24 jul. 2021. PODER 360. Quase 117 mi de brasileiros não se alimentam como deveriam, indica pesquisa. In: Poder 360, portal eletrônico de informações, 5 abr. 2021. Disponível em: https://www.poder360.com.br/economia/quase-117-mi-de-brasileiros-nao-se-alimentam-como-deveriam-indica-pesquisa/. Acesso em: 25 jul. 2021. SILVEIRA, Daniel; CARVALHO, Laura. Desemprego fica em 14,6% e atinge 14,8 milhões no trimestre encerrado em maio, aponta IBGE: Taxa de desemprego foi a segunda mais alta da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012 e desacelerou na comparação com os dois trimestres imediatamente anteriores, que registraram taxa de 14,7%, recorde até então. In: G1, portal eletrônico de informações, 30 jul. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 30 jul. 2021.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SALUTO, Douglas Rodrigues; RANGEL, Tauã Lima Verdan. A FOME COMO FENÔMENO POLÍTICO? O RETORNO DO BRASIL AO MAPA DA FOME.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/427453-A-FOME-COMO-FENOMENO-POLITICO-O-RETORNO-DO-BRASIL-AO-MAPA-DA-FOME. Acesso em: 21/05/2025

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