“O HOMEM; AS VIAGENS”: O QUE NOS DIZ DRUMMOND SOBRE A CONTEMPORANEIDADE?

Publicado em 16/05/2016 - ISSN: 2238-2208

Campus
DeVry | Facid
Título do Trabalho
“O HOMEM; AS VIAGENS”: O QUE NOS DIZ DRUMMOND SOBRE A CONTEMPORANEIDADE?
Autores
  • EMANOELA MOREIRA MACIEL
  • Selena Mesquita de Oliveira Teixeira
Modalidade
Comunicação Oral
Área temática
Psicologia
Data de Publicação
16/05/2016
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/viimostradevry/33051-O-HOMEM-AS-VIAGENS--O-QUE-NOS-DIZ-DRUMMOND-SOBRE-A-CONTEMPORANEIDADE
ISSN
2238-2208
Palavras-Chave
Análise, Poema, Drummond, Sociedade, Contemporaneidade.
Resumo
Estamos vivendo, na contemporaneidade, a era de excessos onde tudo, do afeto ao conhecimento, é produzido, consumido e descartado numa velocidade vertiginosa. Nessa perspectiva, a busca por uma felicidade “comprável” torna-se uma constante. Há um convencimento social de que o consumo exacerbado pode proporcionar a completude que nos levaria à felicidade plena. Nesse contexto, produzimos sujeitos sociais angustiados sofrendo de um vazio existencial que marca a busca irrefreada do sentido da vida pelas veredas do consumo, do culto à beleza, da tentativa de eternizar a existência. O ter sobressai ao ser e a vida padece em um calvário guiado por um júbilo ilusório. Partindo dessa ideia, analisamos o poema “O Homem; As Viagens”, de Carlos Drummond de Andrade e estabelecemos conexões com a realidade contemporânea. O autor em tela registra a insatisfação humana e a busca incessante por uma completude que, além de não chegar nunca, impede o deleite de viver o momento em toda sua essência. O poeta diz: “O homem, bicho da terra tão pequeno, chateia-se da terra lugar de muita miséria e pouca diversão, faz um foguete, uma cápsula, um módulo [...] toca para a lua [...] humaniza a lua [...] Lua humanizada: tão igual à terra. O homem chateia-se na lua. Vamos para Marte – ordena a suas máquinas”. No excerto de seu texto, Drummond ilustra o movimento do descontentamento humano que torna o indivíduo capaz de realizar coisas insólitas com o objetivo de sentir-se pleno. Articulamos a produção do foguete para ir à lua – uma tentativa alucinada de ir a outro lugar, mesmo com tanto a ser feito por aqui - com as intervenções de beleza extravagantes que algumas pessoas se submetem no esforço de conservar uma juventude que, necessariamente, um dia se esvai. Há tanto para vivenciar aqui, há tanto para experienciar agora, mas a “prevenção” da velhice sobrepuja a exploração do momento e as aprendizagens advindas disso. Outro aspecto que ganha realce no trecho transcrito diz respeito às relações interpessoais estabelecidas atualmente, muitas vezes marcadas pelo binômio oprimido-opressor, pelas convivências pautadas no poder do “mais abastado” e que entravam o desenvolvimento da essência humana e podem nos deixar automatizados. “Ordena a suas máquinas. Elas obedecem” nos faz refletir sobre o ritmo impresso nas escolas, nos locais de trabalho, nas famílias, que tende a igualar os diferentes, a padronizar pessoas, a homogeneizar desejos: um massacre às características humanas mais instigantes: subjetividade e individualidade. No decorrer do poema, o homem de Drummond coloniza a Lua, coloniza Marte, coloniza Júpiter e até mesmo o Sol. Humaniza todos eles. Então ele esgota as possibilidades de colonização do sistema solar e fora dele. Ainda assim, não se vê feliz, completo, pleno. Resta então o sistema mais difícil de ser colonizado e humanizado: si mesmo. A referência poética à vida humana é clara: consumimos o último celular lançado, vestimos a roupa de grife, propagamos na rede social a viagem para o exterior, divulgamos uma felicidade completa, mas deixamos de nos ver “De si a si mesmo”, esquecemo-nos de descortinar nossas “próprias inexploradas entranhas” e, nessa direção, deixamos de lado o “con-viver”: Viver “con-nosco”, viver com o outro, viver com o hoje, viver com a falta, viver com expectativas futuras, viver com a tristeza e com a frustração, viver com a explosão de alegria, viver com uma vida complexa e imprevisível. Por fim, a partir dessa reflexão, concluímos que a sociedade contemporânea deve se permitir, um dia, ser menos o “Homem de Drummond” e ser mais o sujeito de Sócrates que “Conhece-te a ti mesmo” e, assim, seja uma sociedade senão mais feliz, pelo menos mais humana.
Título do Evento
VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

MACIEL, EMANOELA MOREIRA; TEIXEIRA, Selena Mesquita de Oliveira. “O HOMEM; AS VIAGENS”: O QUE NOS DIZ DRUMMOND SOBRE A CONTEMPORANEIDADE?.. In: Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil. Anais... BELÉM, CARUARU, FORTALEZA, JOÃO PESSOA, MANAUS, RECIFE, SALVADOR, SÃO LUÍS, SÃO PAULO, TERESINA: DEVRY BRASIL, 2016. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/viimostradevry/33051-O-HOMEM-AS-VIAGENS--O-QUE-NOS-DIZ-DRUMMOND-SOBRE-A-CONTEMPORANEIDADE. Acesso em: 28/03/2024

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