AS REPRESENTAÇÕES DA MULHER NA MÚSICA COMO MOVIMENTO SOCIAL DE REIVINDICAÇÃO E EMPODERAMENTO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
AS REPRESENTAÇÕES DA MULHER NA MÚSICA COMO MOVIMENTO SOCIAL DE REIVINDICAÇÃO E EMPODERAMENTO
Autores
  • ANA CAROLINA CARVALHO BARRETO
  • Ian Eduardo de Carvalho
  • Tais Elaine Vieira do Nascimento
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 09] Estudos de gênero, sexualidades e corporalidades
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113922-as-representacoes-da-mulher-na-musica-como-movimento-social-de-reivindicacao-e-empoderamento
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
mulher; linguagem artística; feminismo; gênero.
Resumo
Pretende-se neste presente trabalho analisar a luta pela autonomia feminina em seus diferentes momentos históricos por meio da música, pensando e analisando as diferentes conotações com que a mulher é representada na realidade social, estando repleta de sentido e significação que transcende a linguagem artística musical e tem se alicerçado no contexto sócio-cultural da sociedade brasileira. As diferentes representações são papéis sociais legítimos ou imorais, profanos ou sagrados, podendo estar presentes não só na veia criadora da(o) letrista, mas também de forma implícita na constituição da própria atribuição dos papéis sociais. Os mais variados estilos musicais refletem diferentes maneiras de se perceber mulher, em um processo de luta por representação, significação e ressignificação de gênero e de classe. Sabe-se que a linguagem é mediadora de todas as relações mantidas em nossas vidas por ser um meio de expressão e comunicação estabelecido pelas conjunturas sociais (estruturas internas), políticas (poder ideológico), históricas (fatores cronotópicos) e culturais (identidade). Ela favorece para uma espécie de junção entre a experiência vivida e formulação de uma conotação artística subjetiva com características históricas. Neste contexto, a poesia e a música são consideradas grandes expressões de paradigmas, valores, construção de identidades, sentimentalidades, ou seja, estas são utilizadas como forma de comunicação, contribuindo para a constituição da cultura e de seus elementos. Entre tais questões encontramos a relação de gênero e suas modificações de atribuições de papéis sociais sexuais ao longo da história, no desenrolar da dinâmica social. A música, como forma de expressão, tem sido uma das bases de formação social que traduz em sua métrica maneiras de se perceber a mulher em diferentes contextos, significações e representações sociais - e é a partir deste fato que pretendemos realizar as análises. Para isso, pretendemos utilizar a análise de discurso como instrumento de interpretação e análise, além de fundamentações teóricas sociológicas e antropológicas acerca do gênero e suas distintas definições que estão refletidas e manifestadas na música brasileira. A naturalização dos papéis e das relações de gênero fazem parte de uma ideologia que tenta se definir a partir das questões biológicas, de maneira a trazer uma atribuição da essência masculina e feminina, como se homens e mulheres fossem desde a tênue idade. Entretanto, sabe-se que tais atribuições são determinações sociais que foram construídas ao longo da história, modificadas por estarem dentro da dinâmica social, ou seja, as pessoas aprendem a se constituir homens e mulheres dentro de uma lógica cultural, histórica, repleta de sentidos e significações, que trazem definições de seus papéis, ações e maneiras de se perceberem enquanto seres sociais em diferentes relações sociais. Esta questão social tem ganhado diferentes repercussões na linguagem artística, em particular, na música, demonstrando os diferentes papéis das mulheres a partir das construções musicais de nossas(os) compositoras(es). É desta forma que percebemos que a mulher, sempre fonte de inspiração, tem sido constituída por diferentes prismas na música brasileira. Mas o que isso significa? Quem são estas mulheres? O papel da mulher na música popular brasileira (MPB), primeiramente, foi de submissa, como "Ai, que saudade da Amélia", que "não tinha a menor vaidade e era mulher de verdade". Hoje, ao pensar na música entrelaçada ao movimento feminista, nos deparamos com um drama frequente no tecido social. A mulher moderna se constitui de representações de papéis ainda cobrados na sociedade e pela sociedade. As representações destes papéis sexuais definidos como masculinos e femininos determinam funções, características, valores, ações e espaços. Transitar na modernidade tornou-se difícil e necessário. Não mais só musa, nem só amante, não mais só feminina, nem só ser frágil, a mulher, fonte de inspiração, desejo e especulação (se o que faz é certo ou errado), por instantes se perde diante da fluidez de sua identidade que está em constante construção. Acaba por ser uma mistura de personagens: ora renega o sentido de ser mulher definido socialmente como frágil, bela, que segue a ditadura da beleza, sensível e feita apenas para amar e cuidar dos seus; ora se diferencia e refaz seu percurso dentro do feminismo, com ações cotidianas sendo sujeito social que deseja, que quer, que renega o que antes fora definido para ela, com novas constituições do sentido de ser mulher. Representando estas questões no Rock temos a música "Pagu", cantada por Rita Lee, que com toda sua ironia descreve esta mulher feminista que se firma e se afirma na sociedade contemporânea. Necessário também destacar a canção da cantora Pitty, “Descontruindo Amélia”, que relata uma nova mulher polivalente “nem serva, nem objeto, já não quer ser o outro, hoje ela é um também”. No funk e no rap, vários são os subgêneros que surgiram. É possível destacar várias artistas que conquistaram seu espaço, lançaram letras que rejeitam os valores tradicionais impostos, que exaltam a importância do prazer sexual feminino e várias outras questão de gênero e empoderamento, como Karol Conka e Valesca Popozuda. Já no pop, a Pablo Vittar desconstrói até o paradigma do que é ser mulher, ampliando o debate sobre o alcance do gênero na sociedade contemporânea, obtendo reconhecimento pela sua realidade, sustentando o discurso de empoderamento feminino e dando visibilidade e voz para várias pautas até então tratadas como marginalizadas, sendo expoente na música brasileira. O tema ainda permite outros questionamentos e ponderações que se farão com o entrelaçamento das obras: BOURDIEU, Pierre, “A dominação masculina”, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. ESSINGER, Silvio, “Batidão: uma história do funk”, Rio de Janeiro: Record, 2005. GOFFMAN, Erving,“A representação do eu na vida cotidiana”, Petrópolis: Vozes, 2011 GOFFMAN, Erving, “Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada”, Rio de Janeiro: LTC, 1975 LANDOWSKI, Eric,“Presenças do outro”, São Paulo: Perspectiva, 2012 MURARO, Rose Marie. Feminismo e masculino: uma nova consciência para os encontros das diferenças. RJ: Sextante, 2002. SCOTT, J. História das mulheres. In: BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. SP: UNESP, 1992.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BARRETO, ANA CAROLINA CARVALHO; CARVALHO, Ian Eduardo de; NASCIMENTO, Tais Elaine Vieira do. AS REPRESENTAÇÕES DA MULHER NA MÚSICA COMO MOVIMENTO SOCIAL DE REIVINDICAÇÃO E EMPODERAMENTO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113922-AS-REPRESENTACOES-DA-MULHER-NA-MUSICA-COMO-MOVIMENTO-SOCIAL-DE-REIVINDICACAO-E-EMPODERAMENTO. Acesso em: 06/05/2025

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