A MESTIÇAGEM CULTURAL E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA NOS MEADOS DO SÉCULO XX

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
A MESTIÇAGEM CULTURAL E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA NOS MEADOS DO SÉCULO XX
Autores
  • Rebeca Evelin Sales Silva
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 22] Turismo, Hospitalidade e Lazer: memória e etnossaberes
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113562-a-mesticagem-cultural-e-a-formacao-da-identidade-brasileira-nos-meados-do-seculo-xx
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Cultura, Identidade, Brasil, Mestiçagem.
Resumo
A formação cultural do Brasil possui variadas origens. Esse multiculturalismo torna a tarefa de estudar a cultura brasileira, extremamente complexa. Dentro desta imensa variação de definições e abordagens das diferentes culturas existentes dentro do Brasil, é muito difícil desmembrá-las para um estudo individual e imparcial, pois todas elas se fundem interculturalmente e se completam. Por exemplo, o bairro da Liberdade na cidade de São Paulo, foi reduto de escravos provenientes da África, durante o período colonial. Por volta de 1912, com a vinda dos imigrantes japoneses, estes passaram a se estabelecer na região. Atualmente a Liberdade é um bairro com características japonesas, porém, permanecem resquícios do período colonial no bairro, como o nome de algumas ruas e a Capela Nossa Senhora dos Aflitos, reduto de orações dos escravos naquela época. A cantora Carmen Miranda, que foi uma das mais importantes artistas de sua geração, era de nacionalidade portuguesa, mas que cresceu no Brasil, tendo assim um contato muito intenso com a cultura brasileira. Sendo assim, por mais portuguesa que Carmen Miranda fosse por ter nascido em Portugal, ela era brasileira por todos os hábitos e aspectos adquiridos em sua criação. Isso prova a mestiçagem cultural, no qual uma cantora nascida em Portugal representou e representa a cultura brasileira internacionalmente. Carmen Miranda foi uma figura que marcou a nossa cultura. Contudo, o Brasil sempre esteve em busca de definir uma identidade cultural, e teve sempre o dilema de ter uma originalidade dentro de sua identidade. O Brasil sempre teve o chamado “Complexo de Zé Carioca”. Segundo SCHWARCZ (1995), o assunto da identidade se parece com uma obsessão, surgindo nos momentos mais inesperados, nas piores horas; por vez como elogio, outrora como demérito e acusação. Toda ocasião propícia parece pretexto suficiente para que se articule um velho e conhecido jogo de construção e reconstrução de nossa identidade nacional. Isso ocorre, a partir de aspectos peculiares em nossa cultura, como o samba, a gastronomia e em aspectos naturais de nosso país. Estas são características singulares brasileiras, que internacionalmente se tornaram ligadas ao Brasil. Mas frequentemente são relacionadas como os únicos aspectos culturais interessantes em nosso país. Um forte exemplo deste estereótipo cultural foi durante a década de 1940, quando os Estados Unidos desejavam fortalecer relações com o Brasil. Foi neste período que a Disney lançou o personagem Zé Carioca, um papagaio que possui uma personalidade simpática e malandra, o estereótipo do típico brasileiro. Com o lançamento desse personagem vieram os filmes, “Alô amigos” de 1942 e “Você já foi à Bahia?” de 1944. O mais interessante de se observar nos dois filmes é que o Brasil é retratado com essas características bem ressaltadas. Embora seja uma produção para fins de entretenimento, é possível analisar que embora o samba tenha origem africana, a maior parte das pessoas que aparecem no filme é branca, além de que, parte do filme “Você já foi à Bahia” se passa na Bahia, localidade com grande presença negra. Esse desencontro de características que condizem com a nossa cultura, teve muita influência dos estudos étnicos do começo no final do século XIX, no qual estudiosos com diferentes linhas de pesquisa, afirmavam que o negro era inferior intelectualmente com relação ao branco. E relacionando o cruzamento racial com a criminalidade e com a degeneração. De acordo com CORREA (1996) brancos e negros se opunham como categorias discretas e sua mistura, portanto, tinha um efeito de paleta de pintor: tonalidades correspondiam também a atitudes ou comportamentos, ou seja, quanto mais escura a tonalidade da pele, mais pré-disposições negativas, o indivíduo teria. Essa linha de pensamento, chamada de “Racismo Científico”, desvalorizou e marginalizou ainda mais a população negra, gerando uma ideologia de branqueamento da sociedade. Somente a partir dos anos 30, com uma maior valorização da cultura brasileira, essa linha de pensamento perde um pouco de força, mas ainda assim é presente principalmente no que fiz respeito às nossas relações socioculturais. A população negra era a maior parte da população brasileira na década de 40 e mesmo sendo a maioria, raramente era utilizada para representar o povo brasileiro. Assim, nota-se que existia um multiculturalismo brasileiro, porém, muitas vezes ele não é representado desta forma, principalmente no que diz respeito à cultura negra em nosso país. Segundo SCHWARCZ (1995), a mestiçagem surgia nesse contexto, portanto, como uma grande incógnita, uma ambiguidade instaurada bem no meio do mito otimista das três raças. Era a aura romântica de uma fábula que surgia arranhada, quando os índios e, sobretudo os negros começavam a ser considerados como incapazes de chegar à civilização. Atualmente, temos a imagem de um Brasil multicultural muito além da definição das três raças: branca, indígena e negra. Contudo, o que temos no panorama atual é a segregação racial, assim como, a segregação por gênero, religiosa e a xenofobia. Ao mesmo tempo, que o Brasil é multicultural, tendo culturas que interagem entre si, mas de diferentes origens, há a presença do preconceito. Principalmente quanto a imigrantes que têm chegado a nosso país nos últimos anos, oriundos de localidades que passam por dificuldades econômicas ou por guerras. LESSER (2014) afirma em seu texto que os imigrantes não resolvem deixar para trás seus países de origem. Os que pensam na possibilidade de emigrar costumam avaliar o mercado de trabalho internacional, a economia e a cultura do país de destino com toda a informação a eles disponível. Mais do que isso, muitas vezes o indivíduo não tem escolha, e vê em outro país a única alternativa para a sua sobrevivência. É necessário deixar o pensamento retrógrado de meados do século XIX, para trás. Aceitar as diferenças entre os povos, estudá-las e acima de tudo respeitá-las, para que o Brasil continue com a sua pluralidade cultural já existente e que contemple as novas e variadas culturas que têm sido incorporadas com o passar dos anos.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Rebeca Evelin Sales. A MESTIÇAGEM CULTURAL E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA NOS MEADOS DO SÉCULO XX.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113562-A-MESTICAGEM-CULTURAL-E-A-FORMACAO-DA-IDENTIDADE-BRASILEIRA-NOS-MEADOS-DO-SECULO-XX. Acesso em: 08/05/2025

Trabalho

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