Anais VII CONINTER

PARA TUDO SE ACABAR NA QUARTA-FEIRA?

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

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DOI
10.29327/163912.113498  
Título do Trabalho
PARA TUDO SE ACABAR NA QUARTA-FEIRA?
Autores
  • Karla Fatima Barroso de Siqueira
  • Leila Beatriz Ribeiro
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 22] Turismo, Hospitalidade e Lazer: memória e etnossaberes
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113498-para-tudo-se-acabar-na-quarta-feira
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
SAMBA-ENREDO, MEMÓRIAS, TURISMO.
Resumo
Partindo do pressuposto que o turismo também se constitui de narrativas permeadas de temas identitários, místicos e até mesmo utópicos. Esse trabalho analisa a contribuição do samba-enredo para a construção dessas narrativas compartilhadas sobre a cidade do Rio de Janeiro, nos elementos do seu cotidiano, o carnaval e no diálogo com suas representações culturais. O samba-enredo é um gênero específico do universo das escolas de samba sendo o elemento norteador para a elaboração do desfile carnavalesco. Consiste em letra e música feita para ser cantada e dançada por toda escola simultaneamente. Ele narra episódios, exalta personagens ou a própria agremiação, falam sobre as experiências do cotidiano, dá vida aos fatos ao narrar e contar uma história. Assim está definido no Dicionário da História Social do Samba (LOPES; SIMAS, 2015, p.257). O desfile das escolas de samba faz parte do calendário turístico da cidade do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo são representações culturais, memórias de determinados grupos sociais. São também percebidas como lugares de saberes e conhecimentos afro-brasileiros. Para o trabalho a seleção de dois sambas-enredo baseados na metodologia de Barbosa (2009). A análise e interpretação do samba é realizada dentro do diálogo com os elementos, códigos culturais e das categorias temáticas do gênero musical presentes no léxico atrelados na proposição de Contursi e Ferro (2000), visando o samba-enredo como construtor de memórias. Em 1977 a Escola de Samba União da Ilha do Governador levou para a avenida o samba-enredo intitulado Domingo: “Vem amor, vem à janela ver o sol nascer, na sutileza do amanhecer, um lindo dia se anuncia.”. Eram seus primeiros versos, um convite para o tão almejado domingo de lazer para os cariocas. E vai prosseguindo: “Veja o despertar da natureza, olha amor quanta beleza, o domingo é de alegria”. Nesse diálogo amoroso a beleza da cidade e a natureza se fundem. Até para o morador da cidade a natureza ainda impressiona. E tem o refrão: “Domingo, colorido pelo sol, as morenas na praia, que gingam no samba e o meu futebol”. O turismo assim como a memória lida com a construção de identidades: morenas, samba, futebol, praia, dias ensolarados. Está tudo bem descrito no samba. A segunda parte do samba apresenta situações emblemáticas do domingo nessa cidade: “Veleiros que passeiam pelo mar, e as pipas vão bailando pelo ar, e num cenário de tão lindo matiz, o carioca teve um domingo feliz...” O samba se divide em duas partes o dia e a noite no Rio de Janeiro: “Vai o sol e a lua traz no manto, novas cores mais encanto, a noite é maravilhosa, o povo na boate ou gafieira, esquece da segunda-feira nessa cidade formosa...” É um samba descritivo sobre o domingo no Rio de Janeiro, o lazer, a diversão, as opções culturais, a cidade possível cantada, desejada e imaginada pelos seus habitantes e os de fora. As belezas naturais que fazem parte da paisagem carioca desde os retratos dos viajantes, na literatura, no cinema, presentes nos cartões postais ou nas experiências vividas estão no samba-enredo. A narrativa do samba-enredo Domingo é atemporal. É uma crônica sobre o lazer na cidade e transcende o carnaval. Ela aponta algo caro no jeito de ser do carioca. Talvez, um jeito que só percebemos nas memórias e lembranças da cidade utópica na permanência desse samba ensolarado, do encontro do seu habitante com um estado de espírito reconhecido como sua própria maneira de encarar a vida. Foi no ano de 1979 que a Escola de Samba Portela abordou a relação do carioca com o carnaval em: Incrível, Fantástico e Extraordinário. O samba cantado na primeira pessoa assim se iniciava: “Chegou o carnaval, vou me abraçar com a cidade, eu quero saber só da folia, nesta festa que irradia, sonhos mil e felicidade”. A integração do carioca com seu ambiente, ele abraça a cidade no carnaval e mostra sua entrega aos festejos. E continua: “Oh! Quanto esplendor, há palhaços, colombinas, arlequins e pierrôs”. São fantasias tradicionais do carnaval e estão presentes também nas letras das marchas carnavalescas. E vai: “O povo vai viver doce ilusão, se extasiando no jardim da sedução”. A ideia do carnaval como outro espaço-temporal. A lacuna onde tudo é possível. E no refrão: “Oooooo, alegria já contagiou, a ordem do rei é brincar, quatro dias sem parar”. Para o folião é tempo de alegria quem comanda a cidade é o Rei Momo que durante o carnaval substitui o prefeito. É algo simbólico. Depois o samba descreve o ciclo do carnaval e o ciclo do cotidiano. O sentido de pertencimento, o jeito especial do carioca e sua ligação com o carnaval dessa maneira: “Incrível, fantástico e extraordinário, o talento de um povo, que mantém acesa a chama da tradição, o carioca tem um ‘que’, sabe amar e viver, ao dançar no salão ou no cordão”. Enumerando os atores do carnaval e como ocorre o seu ciclo. O trabalho conclui que nas narrativas de algumas temáticas de samba-enredo, as memórias representadas corroboram com uma das ideias difundidas pelo turismo na cidade do Rio de Janeiro e do povo carioca. A sua vocação para o lazer e a festa do carnaval, o samba-enredo enaltece e reforça as experiências almejadas e compartilhadas quando imaginamos a cidade como destino turístico.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

SIQUEIRA, Karla Fatima Barroso de; RIBEIRO, Leila Beatriz. PARA TUDO SE ACABAR NA QUARTA-FEIRA?.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113498-PARA-TUDO-SE-ACABAR-NA-QUARTA-FEIRA. Acesso em: 28/05/2025

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