SER INTERDISCIPLINAR: “DESPACITO” A GENTE CHEGA LÁ!

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
SER INTERDISCIPLINAR: “DESPACITO” A GENTE CHEGA LÁ!
Autores
  • Leonardo de Oliveira Muniz
  • Ana Guimarães Correa Ramos Muniz
  • Observatório UFF
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 17] Pesquisas interdisciplinares em mídia, democracia e escola
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113472-ser-interdisciplinar--despacito-a-gente-chega-la
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Interdisciplinaridade, fragmentação do saber, educação.
Resumo
O objetivo deste artigo é analisar como o conceito de interdisciplinaridade, usual à prática do pesquisador da educação, pode constituir-se em ferramenta para a promoção de rupturas epistemológicas em sala de aula. A defesa da interdisciplinaridade demanda superação de obstáculos e uma postura opositiva à fragmentação do saber. Além, é um convite ao leitor a refletir sobre a necessidade do diálogo entre as mais diversas áreas do conhecimento, uma vez que tal caminho tende a atribuir real sentido ao que se quer ensinar e aprender. A editora Thomson Reuters divulgou uma lista, em janeiro de 2016, com os nomes dos cientistas mais notáveis do mundo, intitulada The world’s most influential scientific minds 2015 (As mentes científicas mais influentes do mundo 2015). O ranking foi formado a partir da análise de artigos científicos mais citados entre os anos de 2003 e 2013, abrangendo 21 áreas do conhecimento. Nove milhões de pesquisadores foram contabilizados a fim de que os mais referidos fossem destacados. Pesquisas são de extrema relevância. A construção deste artigo é fundamentada em trabalhos de pesquisadores que, antes de nós, fizeram o que fazemos agora. Nossa escrita é possível porque pessoas pesquisaram e ofereceram resultados de adequações necessárias para que uma formalidade fosse estabelecida e a comunicação fosse teorizada, com elementos passíveis de identificação. Fórmulas nos norteiam hoje porque houve alguém que se debruçou em pesquisas. Doenças são investigadas porque há alguém que se propõe a estudá-las e, oxalá, curá-las. É interessante saber que quatro brasileiros foram citados numa lista mundial, aparecendo em diversas bases de pesquisa científica e acadêmica. O “engavetamento” de disciplinas isoladas não é uma prática atual. Paulo Freire (2005), exímio educador brasileiro, já denunciara a chamada educação bancária, entendida como a prática de o professor “depositar” conteúdos apenas. Por outro lado, também não negamos a necessidade de o conteúdo elaborado se fazer necessário na escola, “um conhecimento erudito, sistematizado”, como defende Saviani (2002, p.19). Nosso questionamento se manifesta na escolha (desnecessária) radical por uma única forma de se ensinar/aprender. Segundo Georges Gusdorf (apud Japiassu, 1976), a opção por uma única forma de ensinar/aprender nos colocaria em “ilhas epistemológicas”, num horizonte extremamente reduzido. A ideia, grosso modo, pode ser resumida assim: se não nos atentarmos à nossa práxis, seremos reféns intelectuais de um saber bolorento. Convidamos o leitor a renunciar o confinamento de sua especialidade e se unir a nós em uma caminhada, ainda que não muito longa, de reflexão a respeito do conhecimento e a presença do homem, a nossa presença, no mundo. Nossa curta trajetória não contará com grandes abstrações ou “verdades” que não dizem nada. Pretendemos que nosso encontro seja no ideal de entendermos possíveis formas de convergências entre saberes a serem restabelecidas, não o contrário. Termos, talvez, um início de uma consciência interdisciplinar, que sobrepuje nossas especialidades, promova o discernimento de nossas limitações e coopere para que nos abramos às contribuições de outros saberes. Segundo Alves et al. (2004), Hilton Japiassu introduziu, a partir de 1976, as ideias sobre interdisciplinaridade no Brasil. Na verdade, enquanto Japiassu veicula o tema sob o viés da epistemologia, Ivani Fazenda o faz no da pedagogia, sendo esse o motivo de os dois autores serem nomes importantes no estudo dessa temática. Se o leitor acredita que a história das ciências se limita à multiplicação de disciplinas, devo comunicar que, felizmente, tal pensamento não é verdadeiro. Ela também abarca rupturas entre fronteiras, os conceitos que circulam entre disciplinas, enfim, a constituição de multiplicidades. Morin (2003, p.107)11 fala sobre a história oficial da ciência, de fato, ser “da disciplinaridade, uma outra história, ligada e inseparável, (...) das inter-poli-transdisciplinaridades”. Apesar de gostarmos do termo abrangente proposto por Morin, isto é, do termo “inter-poli-transdisciplinaridade” (Morin, 2003, p.107), decidimos por nos ater à interdisciplinaridade (pelo menos nessa caminhada aqui iniciada) e consideramos fundamental destacar que ela, a interdisciplinaridade, é muito mais do que integrar disciplinas. As discussões a respeito da interdisciplinaridade são abundantes. Talvez, até aqui, através da leitura, o leitor saiba o que a interdisciplinaridade não é. Continuamos: o conceito de interdisciplinaridade ainda está em construção. Conforme Leis (2005, p.7), “a tarefa de procurar definições finais para a interdisciplinaridade não seria algo propriamente interdisciplinar, senão disciplinar”. Sabemos que temos uma necessidade (legítima) de obter conceitos. A grande questão é que o conceito de interdisciplinaridade se funde ao conceito de conhecimento. Assim, ela sempre será uma reação ao engessamento normalizador disciplinar e, independentemente das definições dadas por diversos autores, a interdisciplinaridade é pensada como a “possibilidade de superar a fragmentação das ciências e dos conhecimentos produzidos por elas e onde simultaneamente se exprime a resistência sobre um saber parcelado”. (THIESEN, 2008, p.547) Se pudéssemos “arriscar” e “rabiscar” uma noção (não conceito fechado) de interdisciplinaridade, talvez diríamos que a ela, ou seja, a interdisciplinaridade, seria uma resposta à cristalização disciplinar nos mais variados objetos de estudo. Além, ela se manifestaria como uma possibilidade de superação da fragmentação de saberes e dos conhecimentos produzidos pelas ciências: uma superação com movimento de resistência à segmentação do saber. A responsabilidade pela implementação de uma educação interdisciplinar não pode ser apenas individual, mas faz-se interessante ser coletiva, do contrário, teríamos um modelo fundamentado em uma só voz, uma única experiência, um único modo de "ler" o mundo e isso é oposto ao que se entende por educar. Como ação coletiva, a interdisciplinaridade requer um diálogo entre os atores que contracenam juntos no ambiente escolar e (re)pensar essa prática deve fazer parte da nossa práxis, uma vez que existe a possibilidade de ressignificação tanto do ensinar quanto do aprender.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MUNIZ, Leonardo de Oliveira; MUNIZ, Ana Guimarães Correa Ramos; UFF, Observatório. SER INTERDISCIPLINAR: “DESPACITO” A GENTE CHEGA LÁ!.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113472-SER-INTERDISCIPLINAR--DESPACITO-A-GENTE-CHEGA-LA. Acesso em: 16/07/2025

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