A “ESCREVIVÊNCIA” DE CAROLINA MARIA DE JESUS EM "DIÁRIO DE BITITA": UMA ANTROPOÉTICA DA MEMÓRIA

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
A “ESCREVIVÊNCIA” DE CAROLINA MARIA DE JESUS EM "DIÁRIO DE BITITA": UMA ANTROPOÉTICA DA MEMÓRIA
Autores
  • Paolla dos Santos Souza
  • Milena Ferreira Hygino Nunes
  • Talita Vieira Barros
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 12] Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113433-a-escrevivencia-de-carolina-maria-de-jesus-em-diario-de-bitita--uma-antropoetica-da-memoria
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Carolina Maria de Jesus, Diário de Bitita, Escrevivência, Literatura de testemunho.
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo identificar no “Diário de Bitita”, de Carolina Maria de Jesus, traços da literatura de testemunho. Ao considerar a obra como autobiográfica, a análise perpassa pela teoria de Seligamann-Silva (2003), quando diz ser o trauma o principal requisito para a compreensão e validação da literatura de caráter testemunhal. Nesse sentido, parece claro compreender que a questão maior desta pesquisa não está em averiguar a realidade histórica existente ou não nos poemas de Noémia de Sousa, mas como a mesma percebeu e conseguiu simbolizá-la por meio da linguagem poética, a qual passa pela experiência traumática da sua condição de subalternidade. Assim, o foco desta pesquisa é teorizar o conceito, estendendo-o às temáticas da condição de mulher, negra e subalterna na sociedade brasileira. Para tanto foi eleito três passagens da obra para uma breve análise do que se está considerando como antropoética da memória, são elas: “Infância”, “Ser pobre”, e “Os negros”. Contudo, é necessário explicar o termo “escrevivência”, o qual é emprestado de Conceição Evaristo, escritora brasileira que reflete em suas obras a condição da mulher negra no Brasil, seu passado e seu presente, a fim de sustentar um futuro afirmativo cuja reflexão constrói-se pela identidade e representatividade de seu povo. Portanto, é escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo. Como ela nos diz em Becos da Memória (2017), é uma forma de experimentação em construir um texto ficcional misturando escrita e vivência. Já a antropoética é um conceito que une antropologia (etnografia) e literatura para se pensar na construção do sujeito e dos atores sociais, os quais por meio da poesia como dão voz às tensões existentes no campo sociocultural. (Laplantine, 2011). Falar de uma atropoética da memória é evocar um lugar social de discurso da autora, que em condições de miséria tenta rememorar suas vivências de quando morava na favela, reconstruindo, assim, sua própria identidade. As passagens da narrativa selecionada para o desdobramento desta pesquisa contemplam essa experiência, comprovando que sua literatura passa pelo momento denominado de antropóetica da memória. O que Carolina Maria de Jesus faz é representar por meio da arte da palavra, mais do que o cenário político da época, mas os traumas e possibilidades de reinvenção que a cultura escravocrata fomentou na sociedade brasileira. Desvelando sua memória individual para fortalecer uma memória coletiva. É mais do que um processo de empatia e identificação, mas um exercício de alteridade. Ou seja, a memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, uma vez que todos os indivíduos são sujeitos culturais e sociais. Por isso, pode-se perceber na narrativa marcas dos traumas e de esperanças que o período de colonização e pós- colonização deixou no fazer literário de Carolina Maria de Jesus. Toda a reflexão sobre o tema foi construída de forma dialógica e esta adquiriu forma através da escrita e da memória, no entanto, ao tomarmos a palavra e escrevermos este trabalho, é necessário dizer que esta pesquisa é um discurso, e como todo discurso pode ser reconstruído, ela pode propor novas inquietações para a literatura contemporânea. Se a palavra tem o poder de comunicar, velar ou desvelar, o que se coloca em xeque neste texto é como a autora Carolina Maria de Jesus descreve sua experiência feminina, ao questionar os valores da sociedade brasileira, testemunhando, assim, parte da história que se inscreve na linguagem, lugar por onde o trauma e suas subjetividades perpassam.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUZA, Paolla dos Santos; NUNES, Milena Ferreira Hygino; BARROS, Talita Vieira. A “ESCREVIVÊNCIA” DE CAROLINA MARIA DE JESUS EM "DIÁRIO DE BITITA": UMA ANTROPOÉTICA DA MEMÓRIA.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113433-A-ESCREVIVENCIA-DE-CAROLINA-MARIA-DE-JESUS-EM-DIARIO-DE-BITITA--UMA-ANTROPOETICA-DA-MEMORIA. Acesso em: 08/08/2025

Trabalho

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