DEBAIXO DA FLORESTA, TEM GENTE: REDE MOCORONGA E AUTORREPRESENTAÇÃO AUDIOVISUAL DAS JUVENTUDES RIBEIRINHAS DO PARÁ

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
DEBAIXO DA FLORESTA, TEM GENTE: REDE MOCORONGA E AUTORREPRESENTAÇÃO AUDIOVISUAL DAS JUVENTUDES RIBEIRINHAS DO PARÁ
Autores
  • Marcella Tovar
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 15] Narrativas Midiáticas, Representação e Tecnologia
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113424-debaixo-da-floresta-tem-gente--rede-mocoronga-e-autorrepresentacao-audiovisual-das-juventudes-ribeirinhas-do-par
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Juventude, Audiovisual, Autorrepresentação
Resumo
A Amazônia é conhecida por ser a maior floresta tropical do mundo, nela está localizado quase 60% do território do Brasil e vivem 23 milhões de pessoas. Apesar dos números expressivos, a população das florestas possui representação pequena e/ou estereotipada no imaginário brasileiro. Neste contexto, nasceu a Rede Mocoronga de Comunicação Popular em 1998. O projeto oferece a jovens de comunidades ribeirinhas do Pará capacitação técnica para produção de jornais, programas de rádio, filmes e conteúdo para web. A Mocoronga é um instrumento da organização não-governamental Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental, nome fantasia do Projeto Saúde & Alegria (PSA). Com o lema “Saúde, alegria do corpo. Alegria, saúde da alma.”, o PSA atua desde 1987 fomentando processos participativos de desenvolvimento comunitário e sustentável na Amazônia. Ao encontrar uma situação em que muitas doenças poderiam ser evitadas, o Saúde e Alegria, liderado pelo infectologista Eugênio Scannavino, além do atendimento médico, incorporou a comunicação como ferramenta de educação e mobilização na área de saúde. Entre inúmeras ações comunicacionais, uma delas foi a criação da Mocoronga. A experiência se consolidou gradualmente numa proposta de desenvolvimento comunitário integrado e começou a se multiplicar de forma horizontal para novas áreas, com a gestão compartilhada com os próprios comunitários. O nome da rede foi inspirado no termo “mocorongo”, que provém da cultura indígena e designa quem nasce no município de Santarém ou vive na região do Rio Tapajós. Originalmente, a expressão traduzia sentido de pessoas receptivas e calmas. Ao longo do tempo, o termo foi ganhando significado pejorativo. Isso fez com que a população local negasse seu sentido primeiro. Assim, surgiu a ideia de utilizar o nome para a Rede como uma provocação e como uma estratégia de ressignificar a palavra “mocoronga” retornando ao sentido originário e indo de encontro ao desejo do projeto de repensar, fortalecer e preservar a identidade ribeirinha. Inicialmente, a rede produzia vídeos com aparelhos celulares concedidos pela parceria com empresas como a Vivo e Fundação Telefônica. Nessa época, em 2011, a Mocoronga produziu cerca de 20 vídeos com duração de 30 segundos à três minutos. Os filmes eram e ainda são exibidos nas comunidades e veiculados em redes sociais como o YouTube, Facebook e Twitter do Projeto Saúde e Alegria. Os participantes são estimulados a encontrarem sua própria linguagem e forma de representação. A produção de conteúdo audiovisual tem como enfoque o cotidiano, a comunicação local e a da comunicação. Na perspectiva de refência da produção cultural, Luiz Fernando Santoro (1986) destaca que os vídeos populares surgiram no Brasil no decorrer dos anos 80 e 90 com a democratização das câmeras no Brasil. Eles estão ligados geralmente aos movimentos populares e supriam um vazio estabelecido diante do alto custo do material cinematográfico e da inexistência, na época, de uma televisão com projeto democrático de participação. Para Consuelo Lins e Cláudia Mesquita (2008), a intensificação do uso dos meios audiovisuais provocou debates sobre a identidade social e étnica de grupos minoritários a ponto deles passarem de “objeto” para “sujeito” fílmico e engendrarem processos de constituição de autorrepresentação audiovisual. Ainda que nem sempre chegue à tela grande do cinema, há na atualidade uma série de experimentos (de modo geral através de oficinas de formação audiovisual) que têm como objetivo permitir e estimular a elaboração de representações de si pelos próprios sujeitos da experiência, aqueles que eram – e são ainda – os objetos clássicos dos documentários convencionais. Já na perspectiva da recepção, as tecnologias de comunicação e informação em seus formatos móveis tiveram a mais rápida disseminação na história da humanidade nas últimas duas décadas. A apropriação popular desses aparelhos móveis como instrumentos de comunicação impacta diretamente o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Apesar da queda da telefonia móvel em 2017, ainda assim, há mais aparelhos celulares do que habitantes no país. O aumento do acesso aos smarthphones e seu uso para utilização de plataformas como o YouTube, que tem como missão “dar voz e revelar o mundo” gera bilhões de visualizações, milhares de horas de vídeo por dia, mas de um conteúdo homogenizado em sua maioria. Este estudo propõe-se a abordar a autorrepresentação dos povos da floresta e o uso do YouTube como uma nova ferramenta de Comunicação Comunitária e de enunciação a partir da análise de dois vídeos de autorrepresentação produzidos nas oficinas de formação audiovisual. Além de analisar as manifestações dos jovens, esta pesquisa é uma oportunidade de estudar as possibilidades e limites da autorrepresentação audiovisual e sua aptidáo à memória, a divulgação, a discussão e ao fortalecimento de identidade e cidadania, em um trabalho de existência para resistência.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TOVAR, Marcella. DEBAIXO DA FLORESTA, TEM GENTE: REDE MOCORONGA E AUTORREPRESENTAÇÃO AUDIOVISUAL DAS JUVENTUDES RIBEIRINHAS DO PARÁ.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113424-DEBAIXO-DA-FLORESTA-TEM-GENTE--REDE-MOCORONGA-E-AUTORREPRESENTACAO-AUDIOVISUAL-DAS-JUVENTUDES-RIBEIRINHAS-DO-PAR. Acesso em: 21/07/2025

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