O NORTE DE MINAS GERAIS COMO NOVA FRONTEIRA MINERAL E OS DISCURSOS DO DESENVOLVIMENTO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
O NORTE DE MINAS GERAIS COMO NOVA FRONTEIRA MINERAL E OS DISCURSOS DO DESENVOLVIMENTO
Autores
  • João Lucas Gomes Oliveira
  • Patrícia Morais Lima
  • Rômulo Barbosa
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 02] Conflitos Socioambientais
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113338-o-norte-de-minas-gerais-como-nova-fronteira-mineral-e-os-discursos-do-desenvolvimento
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Palavras-Chave: Norte de Minas, Mineração, Desenvolvimento.
Resumo
O Norte de Minas compõe uma das doze mesorregiões do Estado de Minas Gerais. Característico por suas paisagens naturais, a região localiza-se em uma área de transição entre os biomas Cerrado, Caatinga, Mata Seca e a Mata Atlântica, com predominância do clima semiárido. Configura uma diversidade ecológica e cultural que vem de processos históricos que contribuiu para a transformação e manutenção dos espaços socialmente vividos e habitados e que são politicamente dominados por categorias de poder e resistência. Sobre as populações que constituem o Norte de Minas a intensa relação com o meio ambiente pode ser identificada {...} num processo histórico de coevolução social e ecológica que propiciou o surgimento de grupos sociais com identidades culturais diferenciadas, (DAYRELL, 1998, p. 75). Espaço social habitado por distintos grupos coletivos: Indígenas, quilombolas, vazanteiros, geraizeiros, catingueiros, apanhadores de flor sempre-vivas e comunidades rurais. Identificam-se nestes processos históricos as dimensões políticas e sociais que entram em jogo a promoção de mecanismos de “desenvolvimento” que nem sempre comportam os diferentes agentes sociais do lugar. A partir do ano de 2008 o Norte de Minas Gerais passou a ser considerada como Nova Fronteira Mineral do Estado ou nova meca da mineração. Tal reconhecimento partiu da aquisição por parte de empresas nacionais e internacionais do direito minerário e de pesquisa de áreas com potencial na região, projetos já em execução, outros em fase de licenciamento. A expansão da fronteira mineral é identificada neste contexto a partir de dois processos, de licenciamento em curso para extração de ferro e a reativação de mineração de ouro no Município de Riacho dos Machados-MG, que será o escopo de análise do trabalho. Este cenário insere-se em um contexto de aquecimento e alta demanda para o setor econômico. Atrelado ao processo de expansão da fronteira mineral está o discurso de desenvolvimento que permeia a implantação deste tipo de atividade. Para Sachs (2000) “O desenvolvimento é muito mais que um simples empreendimento socioeconômico; é uma percepção que molda a realidade, um mito que conforta sociedades, uma fantasia que desencadeia paixões”. (SACHS, 2000: 12). Projetos deste porte são vistos por empresas capitalistas e governo como promotores de desenvolvimento regional e nacional uma vez que movimentam a economia extrativa voltada para exportações e canaliza o potencial regional onde se inserem como geradores de renda, emprego e infraestrutura o que seria um avanço para estas regiões tidas como carentes e pouco desenvolvidas. A ideologia do desenvolvimento, junto aos interesses econômicos e capitalistas consolida-se em redes de comércio mundiais que demandam altos volumes destes recursos minerais o que tem chocado diretamente com as consequências geradas por estes grandes empreendimentos. A reativação de uma mineração de ouro na região por multinacional canadense já em atividade tem apontado para sérios conflitos e tensões em torno da apropriação dos recursos naturais, em especial o território e a água, revelando um conjunto de desigualdades sobre a apropriação dos recursos pelo empreendimento. A análise deste estudo de caso permite contrariar o discurso do desenvolvimento que desde o início acompanhou a retomada das atividades, os conflitos gerados por tais empreendimentos revelam contradições que na perspectiva abordada por Acselrad (2004), apontam para a disputa entre agentes sociais e projetos de apropriação material e simbólica dos ambientais. Sobre a área de estudo caracterizada, incide movimentos sociais, pastorais, Ongs, sindicatos rurais e populações que vão contra tal exploração gerando descontentamento social. De um lado empresas mineradoras, investidores e subsídios governamentais e, de outro, grupos e organizações que têm se posicionado contrários a este tipo de projeto. É mister compreender que a hegemonia do desenvolvimento por traz de grandes projetos capitalistas tem contribuído para geração de conflitos e desigualdades ambientais, a desconstrução deste discurso valorativo apresenta-se como desafio epistêmico e colaborativo para grupos minoritários que nem sempre são incluídos neste modelo de desenvolvimento.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

OLIVEIRA, João Lucas Gomes; LIMA, Patrícia Morais; BARBOSA, Rômulo. O NORTE DE MINAS GERAIS COMO NOVA FRONTEIRA MINERAL E OS DISCURSOS DO DESENVOLVIMENTO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113338-O-NORTE-DE-MINAS-GERAIS-COMO-NOVA-FRONTEIRA-MINERAL-E-OS-DISCURSOS-DO-DESENVOLVIMENTO. Acesso em: 15/05/2025

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