MARCAS DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: ROMANTIZAÇÃO E SIGNIFICADOS SÓCIO-HISTÓRICOS E POLÍTICOS NO BRASIL

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
MARCAS DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: ROMANTIZAÇÃO E SIGNIFICADOS SÓCIO-HISTÓRICOS E POLÍTICOS NO BRASIL
Autores
  • MARIA GABRIELA SOARES DOS SANTOS RUAS
  • MARIA ISABEL GONÇALVES BEZERRA
  • Claudilane Soares Oliveira
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 05] Diversidade e políticas de afirmação
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113323-marcas-da-abolicao-da-escravatura--romantizacao-e-significados-socio-historicos-e-politicos-no-brasil
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Escravatura, abolição, romantização
Resumo
A escravatura foi um período histórico que marcou a sociedade brasileira, cujo debate é de profunda relevância para conhecer o passado e problematizar aspectos do Brasil do século XXI. É nessa direção que o trabalho que se segue objetiva problematizar os processos circunscritos à abolição da escravatura, propondo reflexão crítica acerca dos interesses permeados nela, bem como entender os reais significados da mesma na construção histórica do país. Como metodologia foi realizada pesquisa bibliográfica com análise crítica para embasamento teórico da temática, os autores deste trabalho utilizam referências que trabalham a abolição da escravatura e discutem os processos a ela inerentes. A partir da pesquisa, nota-se que a difusão dos ideais franceses de liberdade, igualdade e fraternidade entre as classes populares constitui fator importante no processo de na resistência à escravidão. Tais valores impulsionaram os escravos e as camadas sociais pró-abolicionistas na luta pelo fim da escravidão. A incoerência do discurso revolucionário francês e o regime escravocrata que subjugava o ser humano a condição de propriedade de outro ser humano constituiu base de inspiração para a luta. O ideário disseminado na Revolução Francesa influenciou ações de resistência dos negros escravizados. Durante a escravidão e no efervescer do assunto abolição, várias revoltas se espalharam pelo país. As revoltas não eram de cunho exclusivamente libertário e nem todos os escravos se empenhavam nelas. Algumas revoltas eram reformistas, e não pretendiam a supressão do regime escravista. A escravidão e a violência a ela indissociável iam muito além do chicote, interferindo substancialmente na sua condição humana de dignidade, subjugando os escravos a um tratamento humilhante pior que aquele dado a animais. A abolição da escravatura se dá por imposições da Inglaterra, que tinha objetivos essencialmente econômicos. Com a Revolução Industrial no século XVIII a produção inglesa cresceu excepcionalmente com uso dos recursos e descobertas alavancadas pela Revolução. Para sustentar esse crescimento, era necessário que o mundo gerasse recursos para subsidiar a expansão econômica inglesa. Com vistas à efetivação da determinação que proíba o tráfico negreiro e que era burlada sem pudor, a Inglaterra coloca navios de guerra em alto mar para atacar os novos navios negreiros e fazer valer a abolição. A abolição da escravidão ofereceu ao negro uma liberdade cruel, visto que o “ex-escravo” estava livre para disputar seu espaço no mundo competitivo do trabalho assalariado. Sua subsistência não está mais garantida, ainda que o fosse à forma desumana do trabalho escravo. No ponto de vista dos proprietários de terra, o fim da escravidão foi executado tendo em vista a inviabilidade econômica de manter escravos que não produziam o suficiente para acompanhar o desenvolvimento capitalista. Com o trabalho assalariado a lógica da produção muda, e os boicotes já não são mais viáveis como forma de protesto, o que era uma prática comum dos escravos. Com a abolição da escravatura, o chamado trabalho branco é o novo perfil que é assumido para a produção rural brasileira. Os contextos de pobreza presentes na Europa durante os primeiros anos da industrialização, em especial na Itália, fornece a massa de pobres que irá substituir a mão negra. A partir dos estudos realizados, entende-se a abolição da escravatura como uma imposição dada pelo avanço do modelo capitalista de produção, que torna inviável, por diversos fatores, o tráfico negreiro e a comercialização e escravidão humana. A romantização desse processo se dá na medida em que os contextos históricos, econômicos e sociais são ignorados, no interesse de construir a ideia do homem branco que se atentou à questão dos escravos, o que se constitui numa inverdade. Em um contexto específico de desenvolvimento das forças produtivas, o Império Brasileiro se viu obrigado a ceder às pressões inglesas para sua inserção na ordem competitiva capitalista. Com as pressões externas para a abolição da escravidão no Brasil, observam-se mudanças significativas na estrutura demográfica, econômica e social das grandes cidades do Brasil no século XIX. A cidade torna-se palco das relações econômicas e sociais, centro de oportunidades para as massas, nas quais os negros foram abruptamente lançados para sobreviverem na competição capitalista. Essas oportunidades já nascem limitadas as classes de poder e a “plebe urbana”, a população “de cor” da cidade, se vê ingressada na proletarização de forma atrasada e diluída no trabalho sem nenhuma reflexão ou consciência coletiva de classe ou de raça. Essa inserção se dá em grande parte em meios de trabalho braçal, semiqualificado ou sem qualificação nenhuma, imprimindo ao negro aspectos de subalternidade até hoje visíveis na sociedade capitalista brasileira. A inserção do negro na cidade oferece a este um sentimento, ainda que limitado de “ser gente”, que lhe impulsiona na busca por um lugar ao sol. O negro é também força de trabalho, e anseia por uma “vida melhor” e por ascender socialmente junto com o branco pobre. Entretanto, a inserção da população “de cor” no meio competitivo da cidade se dá de forma individualizada e tende a desagregar o movimento negro. Na luta pela sobrevivência, iniciativas unilaterais inibem a consolidação de uma consciência racial no sentido de uma afirmação. Os anseios por sair da miséria e do passado de escravidão permeiam o meio negro e coloca cada um em uma corrida individual pela sobrevivência. As ações entre os negros ex-escravos possuem natureza apolíticas alheias à união pela auto-identificação e afirmação de sua raça. As dificuldades encontradas na disputa com os brancos são suportadas com a forte esperança de que sua vez também chegará, sem a consciência e um enfrentamento das desigualdades sociais impostas no modelo de sociabilidade pós-escravocrata. Diante das pesquisas aqui apontadas observa-se a importância de debater e problematizar o processo de abolição da escravatura e os significados decorrentes da mesma.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RUAS, MARIA GABRIELA SOARES DOS SANTOS; BEZERRA, MARIA ISABEL GONÇALVES; OLIVEIRA, Claudilane Soares. MARCAS DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA: ROMANTIZAÇÃO E SIGNIFICADOS SÓCIO-HISTÓRICOS E POLÍTICOS NO BRASIL.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113323-MARCAS-DA-ABOLICAO-DA-ESCRAVATURA--ROMANTIZACAO-E-SIGNIFICADOS-SOCIO-HISTORICOS-E-POLITICOS-NO-BRASIL. Acesso em: 08/06/2025

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