DESEJO E CIDADE: DO EXCESSO DE REGULAMENTAÇÃO À PERDA DE SENTIDO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
DESEJO E CIDADE: DO EXCESSO DE REGULAMENTAÇÃO À PERDA DE SENTIDO
Autores
  • felipe dias ramos loureiro
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 12] Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113273-desejo-e-cidade--do-excesso-de-regulamentacao-a-perda-de-sentido
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Desejo; Cidade; Subjetividade.
Resumo
Do desejo nasce e cresce a cidade, ele existe nela e por ela. O eros é uma força difícil de se disciplinar, certas cidades conseguem organizá-lo de maneira a fortalecer a sociabilidade por meio da organização de uma estrutura afetiva vinculada à dimensão pública. Outras são invadidas pelo desejo e remodelam completamente sua estrutura sentimental. Algumas, entretanto, tentam cancelar o desejo, ou, circunscrevê-lo de maneira rígida. Os três exemplos acima podem denotar respectivamente a pólis ateniense, espaço da Philia, reconhecida como sustentáculo da cidadania, razão e sentido da atenas clássica. A Paris da Belle Époque, berço da modernidade e lugar da aceleração do tempo e ampliação do espaço. Uma cidade que convidava as pulsões de vida a se expressar. Por fim, a Berlim Nazista, lugar da racionalidade e do controle do Eros, em prol de uma pulsão de morte tenebrosa. Mas não apenas estas. Analisar as transformações na maneira de ser e sentir é o que interessa neste trabalho. Entretanto, é de fundamental importância ressaltar que as expressões do desejo, ou seja, as práticas desejantes vistas no espaço urbano, oferece indícios para compreender o desejo e a cidade. Vale ressaltar também que os comportamentos individuais não se apresentam de maneira uniforme no espaço, nem no tempo. Dentro dessa perspectiva, o trabalho a seguir problematiza o percurso das ferramentas de regulação do desejo na cidade. Reconhecendo nisso, uma possibilidade de compreender como as cidades tematizaram e tematizam a sexualidade. É perceptível que, ao longo da história, as cidades foram, a partir de jogos de verdade, construindo e reconstruindo discursos que estabelecem o que é normal sentir e o que não é. O questionamento que me leva a esse artigo é, portanto, a possibilidade de investigar algumas camadas de discursos responsáveis por regulamentar a sexualidade, além de consolidar emoções e afetos considerados legítimos, visando desvendar o verdadeiro incômodo deste texto: como se dá a relação entre desejo e sociabilidade numa cidade em que estimula, acelera, cancela, suprime, circula, cria e proíbe seus indivíduos de desejar concomitantemente? Dentro dessa perspectiva, é importante esclarecer que o corpus analítico desse trabalho é composto por elementos do discurso artístico, nomeadamente as artes visuais. A partir de um diálogo com um arcabouço teórico interdisciplinar, pautado na metodologia indiciária, reconstituída por Carlo Ginzburg, pretendo compreender como a relação entre desejo e sociabilidade operam na construção cotidiano do que entendemos por "Cidade pós-moderna". O desejo é fruto do impossível, reside no imaginário, habita os sonhos, é originado pela linguagem e nela permanece. Faz parte do preço que pagamos por sermos humanos, racionais e civilizados. Dentro dessa perspectiva, percebemos que a civilização, em suas diversas etapas, construiu discursos que comportavam mecanismos que podem ser chamados de processos de exclusão. Ao fazer uma leitura Foucaultiana, é possível perceber que a interdição é um desses processos de exclusão, incidindo sobre muitos âmbitos; principalmente, sobre a sexualidade e a política. Na obra do filósofo francês, é notável a percepção de um poder positivo, que, no lugar de simplesmente reprimir o sexo, coloca-o em discurso. Torna-se fundamental falar, confessar e revelar, pois a interdição se direciona ao que é dito. Em vez de negar, fala-se, o sexo é compreendido e, em certa medida, encurralado por um discurso que pretende não lhe permitir obscuridade nem sossego. (Foucault, 1988:24) Porém, tematizar a sexualidade faz com que o discurso acerca de tal questão se torne uma arena de disputas, tanto sobre o que é dito quanto sobre a capacidade de dizer. Nesse sentido, o que acontece com o desejo na cidade pós-moderna? Depois da construção de estruturas regulamentares ao longo do processo civilizador, experimenta-se, na pós-modernidade, uma cidade que incentiva os sujeitos a ultrapassar os limites, provocando o desejo de maneira incessante; enquanto tenta, sem sucesso, enunciar alguns interditos sobre os indivíduos. Isso sem dúvida afeta o processo de subjetivação. Por isso, duas interessantes questões surgem: como desejo e sociabilidade se articulam na contemporaneidade? A cidade ainda é compreensível para quem nela vive?
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOUREIRO, felipe dias ramos. DESEJO E CIDADE: DO EXCESSO DE REGULAMENTAÇÃO À PERDA DE SENTIDO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113273-DESEJO-E-CIDADE--DO-EXCESSO-DE-REGULAMENTACAO-A-PERDA-DE-SENTIDO. Acesso em: 02/08/2025

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